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Mostrando postagens de dezembro, 2014

A Sala dos Répteis

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  Lemony Snicket é um autor que não pode ser acusado de falta de franqueza. Sabe que nem todo mundo suporta as tristezas que ele conta e por isso - para que depois ninguém reclame - faz questão de avisar: 'Se você esperava encontrar uma história tranquila e alegre, lamento dizer que escolheu o livro errado. A história pode parecer animadora no início, quando os meninos Baudelaire passam o tempo em companhia de alguns répteis interessantes e de um tio alto-astral, mas não se deixem enganar... Os Baudelaire têm mesmo uma incrível má sorte, mas pode-se afirmar que a vida deles seria bem mais fácil se não tivessem de enfrentar o tempo todo as armadilhas de seu arqui-inimigo: o conde Olaf, um homem revoltante, gosmento e pérfido. Em 'Mau Começo' ele deu uma pequena amostra do que é capaz de fazer para infernizar a vida de Violet, Klaus e Sunny Baudelaire - e aqui as coisas só pioram. Para Beatrice — Meu amor por você viverá para sempre. Você não teve a mesma sorte.

Capítulo 13

O Sr. Poe ficou abismado. Violet ficou aliviada. Klaus ficou desoprimido, palavra elegante que quer dizer o mesmo que ''aliviado'' e que ele aprendeu num artigo de revista. Sunny ficou triunfante. A pessoa que não parecia nem homem nem mulher ficou desapontada. E o conde Olaf — que alívio poder chamá-lo por seu próprio nome — a princípio pareceu amedrontado, mas, num piscar de seu olho brilhante, operou a transformação que deu ao rosto dele um ar abismado como o do Sr. Poe.  – Minha perna! – gritou o conde Olaf, com uma falsa alegria na voz.    – Cresceu-me uma nova perna! É incrível! Maravilhoso! É um milagre da medicina!  – Ora, francamente – , disse o Sr. Poe, cruzando os braços.  – Essa não pega. Até uma criança pode ver que sua perna de pau era falsa.  – Uma criança viu de fato – sussurrou Violet para Klaus.  – Na verdade, três crianças viram.   – Tudo bem, digamos que minha perna de pau fosse mesmo falsa – admitiu o conde Olaf, recuando um passo.  – Mas

Capítulo 12

– Bem-vindos a bordo – disse o capitão Sham, com um sorriso malvado que deixava ver seus dentes repulsivos.  – Fico feliz por encontrá-los. Pensei que tivessem morrido quando a casa da velha desmoronou morro abaixo, mas ainda bem que meu sócio me contou que vocês haviam roubado um barco e fugido. E quanto a você, Josephine, achei que tinha tido mesmo o bom senso de pular da janela.  – Tentei fazer o que me ditava o bom senso – disse tia Josephine com amargura.  – Mas essas crianças vieram e me pegaram. O capitão Sham sorriu. Com extrema habilidade, ele havia manobrado sua embarcação para encostá-la no barco roubado pelos Baudelaire, e assim tia Josephine e as crianças puderam passar por cima das sanguessugas e efetuar o transbordo. Com um gorgolejante uooouch! o barco abandonado foi engolido pelas águas e rapidamente afundou nas profundezas do lago. As sanguessugas acorreram aos montes ao barco que naufragava, rilhando os dentinhos de frustração.  – Vocês não vão agradecer, órfã

Capítulo 11

– Oh, não – disse tia Josephine. As crianças nem prestaram atenção. O pior do Furacão Hermano já havia passado, e a travessia do lago escuro no barco a vela não parecia oferecer grande perigo. Violet movimentava a vela com facilidade, agora que o vento se acalmara. Klaus, olhando para trás, orientava-se pela luz lavanda do farol e guiava Confiantemente o barco de volta ao Cais de Dâmocles. E Sunny movia a cana do leme com a mestria de quem não havia feito outra coisa na vida. Só tia Josephine estava apavorada. Ela usava dois coletes salva-vidas em vez de um, e a cada instante gemia:   – Oh, não – embora nada de atemorizador estivesse acontecendo.  – Oh, não – disse tia Josephine,  – e agora estou falando sério.  – Qual é o problema, tia Josephine? – disse Violet, já sem paciência. O barco estava quase no meio do lago. As águas continuavam razoavelmente calmas, e ainda se via o brilho do farol, como uma cabeça de alfinete cor de púrpura clara. Não parecia haver motivo para alar

Capítulo 10

As boas pessoas que editam este livro estão preocupadas, e me disseram por quê. Estão preocupadas com a possibilidade de que leitores como vocês leiam a minha história dos órfãos Baudelaire e tentem imitar algumas das coisas que eles fazem. Assim, tendo chegado a esta altura da história, e a fim de tranquilizar os editores — isto é, de fazer com que parem de arrancar os cabelos de preocupação —, permitam-me, por favor, dar-lhes um conselho, mesmo sem saber nada sobre vocês. O conselho é o seguinte: se alguma vez vocês precisarem chegar com urgência à Gruta do ‘’P’’, não devem em nenhuma circunstância roubar um barco e tentar atravessar o Lago Lacrimoso durante um furacão, porque é muito perigoso e as chances de vocês sobreviverem são praticamente nulas. Não façam isso, sobretudo se vocês, como os órfãos Baudelaire, tiverem apenas uma vaga idéia de como funciona um barco a vela. O (A) amigo(a) do conde Olaf, de pé no cais e brandindo um dos punhos cerrado no ar, foi diminuindo, dimin