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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Capítulo 6

O despertador tocou perto do meu ouvido e eu estendi a mão, batendo nele até desligar. O sol da manhã entrava pelas persianas abertas — eu as deixara desse jeito de propósito, para me obrigar a sair da cama. Minha entrevista na Opinião das Montanhas aconteceria em noventa minutos. Infelizmente, J. W. Chadwick era dono do bar do qual eu havia sido expulsa mais de uma vez, o que tornava a entrevista um pouco mais complicada. Abri o armário, tentando pensar no que as pessoas usavam em entrevistas. Quando digitei no Google “O que vestir em uma entrevista de emprego em uma revista”, a busca resultou em milhares de roupas que eu jamais usaria, incluindo um vestido de festa com um decote absurdo e uma saia transparente que eu tinha certeza de que ninguém usaria, exceto em um desfile de moda. Apoiei as costas na parede e deslizei até o chão, colocando os cotovelos sobre os joelhos e apoiando a testa nos punhos. Eu era conhecida por coisas muito piores nesta cidade do que ser filha do b

Capítulo 5

— Eu disse não — falei, cutucando a madeira da mesa monstruosa da sala de jantar de Sterling. — É perfeito pra você — argumentou Sterling, já na terceira taça de vinho tinto. Ele ainda estava se recuperando das feridas da noite com Finley. Ao contrário do que dissera quando me convidou para ir à sua casa, Sterling não estava nem um pouco interessado em me dar ideias para encontrar um emprego em Estes Park. — Bartender? — indaguei. — As pessoas da cidade sabem quem eu sou... principalmente os bartenders. Eles vão rir da minha cara e me expulsar se eu aparecer procurando emprego. Não vão acreditar que eu preciso de um. — Eles não podem te discriminar, Ellie. Se você for mais qualificada que os outros candidatos, eles vão ter que te dar o emprego. — Não é assim que funciona. Eles contratam parentes nesta cidade. E não. Não quero ser bartender. Acabei de ser expulsa do Turk. Eles vão ficar com medo de eu beber o estoque todo. Ainda mais agora que o José recebeu ordens de tirar to

Capítulo 4

Finley entrou cambaleando no meu quarto, envolvida em um roupão branco de plush e segurando uma caixa embrulhada em papel branco e um laço de fita colorido. Ela acendeu a luz e se encolheu. O rímel borrado tinha sumido, e ela estava como seu eu maravilhoso de sempre, sem a maquiagem desnecessária. Ela notou que Paige estava nua, deitada de bruços na minha cama, e se juntou a mim no assento perto do peitoril da janela. Então me passou a caixa e se apoiou na parede. — Abre. Fiz o que ela pediu, puxando o laço bem atado, tirando o papel e finalmente chegando à tampa de papelão. Dentro, havia outra caixa de papelão. Levantei a tampa e vi a foto de uma câmera fotográfica. — O que é isso? — Não é a câmera mais cara para amadores que existe, mas é a melhor. Pelo menos foi o que o Google disse. — Isso foi ideia sua? Ela deu de ombros. — Do Marco. Ele falou que você estava entediada em Maui até roubar a câmera dele. Ele ficou bem impressionado com algumas fotos que você tiro

Capítulo 3

Finley embolou o casaco de vison e jogou os óculos Chopard Grey sobre a mesa de mármore na entrada. Ela não era descuidada; só queria que todo mundo soubesse que os seiscentos dólares que gastara para proteger os olhos dos raios solares não a preocupavam — ela não dava a mínima se eles caíssem de um iate alugado no mar do sul da China, na viagem da próxima semana. Finley girou o piercing de diamantes no nariz no sentido anti-horário, depois colocou uma pastilha de hortelã na boca. — Vou ter que andar de avião fretado daqui para a frente. Até a primeira classe está nojenta. E os aeroportos... eca! Vestindo uma camiseta cinza-chumbo como um modelo da Banana Republic, Marco colocou a bagagem dos dois no saguão e cumprimentou Maricela e José em português, quando ambos vieram apanhar as malas. — Eles falam espanhol, Marco — comentei sem emoção. Marco tirou os óculos, sorrindo para mim como se soubesse de uma história — ou cinco — que me contaria mais tarde, na frente de Finley,