Capítulo 23
Depois do trabalho nas noites de
sábado e domingo, em vez de esperar Taylor ir até o Bucksaw depois do seu
turno, eu entrava no carro e saía dirigindo. Mantinha o pé no acelerador até
ficar cansada demais para continuar, me perdendo e encontrando o caminho de
volta.
Na segunda-feira, eu disse a mim
mesma que Taylor não teria coragem de aparecer no meu trabalho, mas, às onze e
meia, ele e sua equipe chegaram. Kirby, já sabendo o que fazer, os levou para a
mesa dos fundos, e Phaedra anotou os pedidos. Fiz o possível para ignorá-los,
mas Dalton fez questão de me cumprimentar.
Fiquei na minha, vendo Taylor
apenas de canto de olho. Ele estava me encarando, esperando que eu olhasse para
ele, mas passei direto.
— Falyn! Pedido pronto! — gritou
Chuck.
Meus pés se moveram ainda mais
rápido que o normal na direção da voz de Chuck. Não havia comida no passa-pratos,
então eu sabia que ele estava me dando um tempo para me recompor. Passei pelas
portas duplas e fugi para o meu balcão, deixando-o suportar meu peso enquanto
me apoiava nele.
— Você está bem, querida? — Chuck
perguntou.
Balancei a cabeça rapidamente.
Respirei fundo e usei as duas mãos para passar de repente pelas portas vaivém.
Se eu parecesse insegura na decisão de terminar tudo ou demonstrasse um segundo
de fraqueza, Taylor seria incansável até que eu cedesse. Se suas atitudes
depois da viagem à ilha eram alguma indicação, ele nunca me deixaria em paz.
Taylor não tentou fazer uma cena.
Ele comeu e pagou a conta, depois eles foram embora.
À uma da tarde do dia seguinte,
achei que eu não fosse mais vê-lo, mas ele chegou para almoçar de novo — dessa
vez, com Trex a reboque. Phaedra os serviu novamente.
Passei pela mesa deles, e Taylor
estendeu a mão para mim.
— Falyn. Pelo amor de Deus.
Apesar de o desespero em sua voz
me fazer ter vontade de ceder, eu o ignorei, e ele não disse mais nada. Apenas
algumas das mesas mais próximas perceberam, mas Phaedra franziu a testa.
— Falyn, querida — disse Phaedra
—, isso não pode continuar assim.
Fiz que sim com a cabeça,
empurrando as portas duplas, sabendo que Phaedra estava indo para a mesa de
Taylor. Quando voltou, olhei para ela de soslaio, envergonhada por fazê-la
lidar com os meus problemas.
— Falei para ele que pode
continuar vindo, mas só se prometer não fazer cena. Ele concordou em não te
incomodar.
Eu assenti, abraçando minha
cintura.
— Devo pedir para ele não voltar?
— ela perguntou. — Odeio ser má com o pobre garoto. Ele parece um gatinho
perdido.
— Acho que ele não aceitaria isso
numa boa. É só durante o verão, certo? Ele não pode vir aqui todo dia quando
voltar para Estes Park. No próximo verão, se eles voltarem, ele já vai ter
superado.
Phaedra deu um tapinha no meu
braço.
— Não sei, querida. Pelo que
estou vendo, não parece que nenhum de vocês vai superar. — Ela contorceu o
rosto. — Tem certeza que você não quer tentar resolver? Eu sei que é
complicado, mas é mais fácil consertar as coisas juntos.
Balancei a cabeça e me levantei
antes de empurrar as portas da cozinha e servir minhas mesas como se meu
coração não estivesse partido.
Fiquei deitada na cama naquela
noite, jurando expulsar todas as lembranças de Taylor — o modo como ele me
abraçava, como seus lábios aqueciam os meus e como sua voz se suavizava sempre
que ele dizia que me amava.
Era melhor do que a agonia de
sofrer por ele.
Isso continuou durante dias, e
cada vez que ele aparecia eu dizia a mim mesma que ficaria mais fácil vê-lo.
Mas não ficou. Como ele dissera, eu tinha que aceitar que a dor constante fosse
parte do meu dia. Eu não podia desperdiçar mais um instante, uma lágrima,
pensando nele. A vida dele tinha se desviado do caminho em que estávamos. Se
ele não me deixasse esquecê-lo, eu teria que aprender a conviver com a dor.
Maio terminou e junho começou.
O céu ficava mais nebuloso a cada
dia, e as reportagens na televisão circulavam o mundo todo. Os incêndios
florestais na nossa região estavam no auge, os bombeiros e as equipes de elite
atendendo mais ocorrências do que na última década. Mesmo assim, Taylor não
perdia um almoço — às vezes, ele chegava tarde, às duas ou três, e em outros
dias chegava apressado e coberto de suor e fuligem.
No meio de julho, Chuck e Phaedra
pensaram em impedi-lo de frequentar a cafeteria, mas ninguém poderia justificar
essa medida. Ele nunca causava confusão, sempre pedia uma refeição, sempre
pagava, deixava uma boa gorjeta e era educado. Ele nunca se aproximou de mim
nem tentou iniciar uma conversa.
Taylor simplesmente aparecia,
esperando pacientemente que eu cedesse.
O Bucksaw estava fechado havia
meia hora, e Kirby e eu tínhamos acabado de terminar nossas tarefas noturnas
quando Phaedra levantou a questão de como lidar com Taylor.
— Você não pode impedir que ele
venha aqui por amar a Falyn — disse Kirby, indignada com a conversa.
— Simplesmente não é normal —
disse Phaedra. — E também não é saudável para nenhum dos dois, droga. Ele vai
ter um bebê e precisa se preparar para isso.
Concordei.
— Ele é um bom garoto, Phaedra —
disse Chuck. — Ele sente saudade dela. Ele vai voltar para Estes depois da
estação, o bebê vai nascer em dezembro, e ele vai ficar ocupado.
Kirby fez biquinho.
— Vocês estão sendo cruéis.
— Kirby — alertou Phaedra.
— Eu sempre fui sincera com ele.
Não quero nem pensar em adoção — falei.
— Mas o filho é dele! — guinchou
Kirby.
— Você não entende — soltei.
— Não, você está certa. Eu não
entendo — ela disse. — Mas é porque não faz sentido.
— O filho pode ser dele, mas
apresenta os mesmos riscos da adoção... Riscos que não sou emocionalmente capaz
de assumir. Ela pode voltar. Pode querer a guarda compartilhada ou a guarda
integral. Ela pode ganhar, Kirby, e levar o bebê para a Califórnia. Não estou
disposta a perder outro filho.
Ela fez uma pausa.
— O que você quer dizer com...
outro filho?
Cobri o rosto.
Phaedra colocou as mãos nos meus
ombros.
— A Falyn teve um bebê pouco
depois do ensino médio. Ela abriu mão da filha.
Kirby me encarou durante muito
tempo.
— Sinto muito. — Depois que o
choque passou, sua expressão virou repulsa. — Sinto muito. Muito mesmo. Mas ele
estava disposto a abrir mão de uma família por você, e você nem quer pensar na
ideia de ter uma família por ele? — ela perguntou. — Você acha que o está
salvando ou sei lá o quê, mas está só se protegendo. Você está com medo.
— Kirby! — Phaedra exclamou. —
Chega!
Kirby saltou do banco, procurando
alguma coisa para limpar. Ela aumentou o volume da pequena televisão alta no
canto, olhou para a tela e cruzou os braços.
— Falyn? — disse Kirby,
observando a tevê.
— Deixa ela em paz, Kirby — pediu
Chuck.
— Falyn? — disse Kirby de novo,
procurando o controle remoto e aumentando o volume ao máximo.
Todos nós observamos horrorizados
a repórter parada diante de um gramado alto e de árvores em chamas a uns
duzentos metros atrás dela enquanto as palavras EQUIPE ALPINA DE BOMBEIROS DE
ELITE DESAPARECIDA passavam na parte inferior da tela.
— É isso mesmo, Phil. A equipe de
Estes Park que viajou para a região de Colorado Springs para ajudar a controlar
esse incêndio não retornou nem fez contato, e as autoridades os listaram como
desaparecidos.
Corri até a televisão, parando ao
lado de Kirby. No mesmo instante, tudo que jurei esquecer voltou — o modo como
a pele dele roçava na minha, a covinha que afundava no seu queixo, sua risada,
a segurança que eu sentia nos seus braços e a tristeza nos seus olhos quando eu
me afastei dele no hotel.
— Cassandra, as autoridades têm
alguma ideia de onde a equipe possa estar? — perguntou o âncora.
— O último contato registrado com
a equipe de Estes Park foi às seis da tarde de hoje, mais ou menos no momento
em que dois grandes incêndios convergiram.
Peguei as chaves antes de
disparar até o carro. No instante em que o cinto de segurança clicou, virei a
chave na ignição e pisei no acelerador.
Menos de dez minutos depois, o
hotel de Taylor apareceu no meu campo de visão. Estacionei, corri para dentro,
e imediatamente vi Ellison parada com um grupo de bombeiros e membros da equipe
de bombeiros de elite de todo o estado. Ela olhava para a grande tevê de tela
plana, incrédula.
— Ellie! — chamei.
Ela correu para me abraçar, quase
me derrubando. Depois me apertou com força, fungando.
— Acabei de saber. Alguma
notícia? — perguntei, tentando não entrar em pânico.
Ela me soltou e balançou a
cabeça, limpando o nariz com um lenço de papel amassado na mão.
— Nada. Chegamos pouco depois das
sete. Tyler dirigiu como um louco. Ele está por aí com as equipes, procurando
por eles.
Eu a abracei.
— Eu sei que eles estão bem.
— Porque eles têm que estar. —
Ela me segurou de longe, forçando um sorriso corajoso. — Ouvi falar do bebê.
Primeiro neto Maddox. Jim está radiante.
Meu rosto desabou.
— Ai, meu Deus. Ah, não. Você...
você não está mais grávida?
Eu a encarei, totalmente confusa
e horrorizada. Ela espelhou minha expressão.
— Você está certa — disse ela. —
Essa não é uma boa hora. Vamos sentar. O Trex está recebendo notícias do
pessoal dele a cada meia hora.
— Pessoal dele?
Ellison deu de ombros.
— Não sei. Ele só disse que era o
pessoal dele.
Sentamos juntas no sofá do
saguão, cercadas de bombeiros, bombeiros de elite e várias autoridades.
Conforme a noite seguia, o grupo ficou menor.
Meus olhos pareciam pesados, e
toda vez que eu piscava parecia mais difícil abri-los de novo. A recepcionista
nos trouxe café e um prato de donuts, mas nem Ellison nem eu tocamos na comida.
Trex se aproximou, sentando na
poltrona ao lado do nosso sofá.
— Alguma notícia? — Ellie
perguntou.
Trex balançou a cabeça,
claramente desanimado.
— E a equipe de resgate? —
perguntei.
— Nada — respondeu Trex. — Sinto
muito. Meu pessoal só passa contatos aéreos, e eles não veem ninguém há uma
hora. Os helicópteros estão no ar com holofotes, mas a fumaça está dificultando
a visão. — Ele olhou de novo para a recepcionista e balançou a cabeça. — Vou
ligar para eles daqui a dez minutos. Eu aviso assim que tiver alguma notícia.
Ellison fez que sim com a cabeça,
depois sua atenção se voltou para a entrada. Taylor entrou, a pele coberta de
sujeira e fuligem. Ele tirou o capacete azul, e eu me levantei, meus olhos se
enchendo de lágrimas no mesmo instante.
Eu me inclinei para a frente, não
sabendo ao certo se ficava ali parada ou se corria até ele.
Ellison se levantou num pulo e
passou correndo por mim, jogando os braços ao redor dele.
Não era Taylor, e sim Tyler. Eu
só tinha sentido tanta desolação assim uma vez na vida — quando Olive foi
tirada dos meus braços.
Faixas limpas iguais desciam pelo
rosto de Tyler enquanto ele abraçava Ellison.
— Não — sussurrei. — Não!
Tyler correu até mim.
— A equipe do Taylor ficou
isolada quando os incêndios convergiram. É possível que eles tenham recuado
para dentro de uma caverna, mas... as temperaturas estão... O cenário não é bom,
Falyn. Eu tentei. Eles me arrancaram de lá. Sinto muito.
Ele me abraçou, e minhas mãos
caíram sem vida na lateral do corpo. Não houve lágrimas, nem dor, nem ondas de
emoção. Não houve nada.
Então meus joelhos cederam, e eu
caí em prantos.
De manhã, Ellison estava dormindo
no colo de Tyler enquanto ele tomava a quarta xícara de café. Seus olhos
estavam grudados na televisão, assim como os meus.
Novas equipes desceram, prontas
para a segunda missão de busca e resgate. A equipe de Tyler se arrastara até o
hotel e subira para descansar.
Trex estava em pé na recepção com
a mulher que nos trouxera café a noite toda. Sua equipe tinha voltado duas
horas antes, esperando até o dia nascer para voltar à busca aérea.
Eu me levantei, e os olhos de
Tyler me seguiram.
— Tenho que ir trabalhar — falei.
— Não posso mais ficar aqui sentada. Preciso me ocupar.
Tyler esfregou a nuca, como
Taylor fazia quando estava preocupado ou nervoso.
— Eu te aviso assim que tiver
alguma notícia.
— Você vai voltar pra lá? —
perguntei.
— Não sei se vão deixar. Pode ser
que eu tenha socado uma ou duas pessoas antes de me tirarem da área.
— Ele é seu irmão. Eles vão
entender.
Os olhos de Tyler ficaram
vidrados, e seu lábio inferior tremeu. A cabeça caiu para frente, e Ellison
tocou no ombro dele, sussurrando palavras de consolo.
Saí para o estacionamento, me
movendo em câmera lenta.
A viagem até o Bucksaw foi um
borrão. Não pensei em nada. Não chorei. Tudo era automático: respirar, frear,
virar o volante.
Minha vaga estava ocupada, então
estacionei em outro lugar, mas, quando pisei na área de refeições, já tinha
esquecido.
Eu me arrastei pelo chão usando a
mesma roupa do dia anterior, meu avental ainda amarrado na cintura.
— Jesus amado — disse Phaedra, se
aproximando rápido e me envolvendo com o braço. Ela me acompanhou até a
cozinha. — Alguma notícia?
Kirby passou correndo pelas
portas vaivém, cobrindo a boca quando me viu. Chuck, Hector e Pete pararam o
que estavam fazendo e me encararam.
— Nada. Eles obrigaram Tyler a...
eles desistiram da busca pouco depois da meianoite.
Saíram de novo hoje de manhã.
— Falyn — disse Kirby —, você
dormiu?
Balancei a cabeça.
— Tudo bem. Kirby, tem alguns
comprimidos na minha bolsa. Leva lá para cima. Vem, bebê, você precisa dormir.
Escapei do abraço de Phaedra.
— Não posso. Preciso trabalhar.
Preciso me ocupar.
Chuck balançou a cabeça.
— Querida, você não está em
condições de servir mesas.
— Então a Kirby e eu podemos
trocar, hoje. — Implorei a Kirby com os olhos.
Kirby esperou a aprovação de
Phaedra.
— Falyn... — começou Phaedra.
— Por favor! — gritei, fechando
os olhos. — Por favor. Só me deixa trabalhar. Não posso subir e ficar deitada
sozinha naquela cama, sabendo que ele está por aí, em algum lugar.
Chuck fez um sinal de positivo
com a cabeça para a esposa, e ela cedeu.
— Está bem. Kirby, você vai
servir. Eu te ajudo.
Kirby passou pelas portas duplas
e foi direto para as mesas. Fui para a recepção, cuidando das mesas e limpando
o chão entre um cliente e outro.
Uma família entrou — um pai com
os dois braços fechados de tatuagens, a mãe sem tatuagens, e duas meninas e um
menino, todos com menos de seis anos. O mais novo, talvez com uns seis meses,
estava aninhado na mãe com um sling enquanto dormia, e eu engoli as emoções
inesperadas provocadas pela visão.
Eu os sentei na mesa de trás,
onde Taylor sentara nos últimos dois meses, e lhes passei os cardápios.
— Kirby será sua garçonete hoje
de manhã. Divirtam-se.
Congelei quando reconheci o homem
parado em pé ao lado da recepção como Taylor. Coberto numa lama densa, ele
ainda estava usando todos os seus equipamentos, inclusive a mochila e o
capacete. As rugas perto dos seus olhos eram a única parte da pele do rosto que
não estava coberta de fuligem.
Cobri a boca, abafando um soluço.
Ele deu um passo e tirou o
capacete.
— Me disseram que você esperou a
noite toda no hotel.
Não consegui responder. Eu sabia
que, se abrisse a boca, só ia conseguir chorar.
— É verdade? — ele perguntou, os
olhos ficando vidrados. E mexeu no capacete.
Todo mundo no salão encarou o
homem imundo com cheiro de fumaça, e depois todos olharam para mim.
Assim que fiz que sim com a
cabeça, minhas pernas cederam, e eu caí de joelhos, com a mão ainda sobre os
lábios trêmulos.
Taylor correu para o chão, caindo
de joelhos também.
Ele tocou meu rosto, e eu o
abracei, puxando-o para mim, agarrando suas roupas como se ele pudesse ser
levado a qualquer momento. Deixei escapar um soluço, e meu choro encheu a
cafeteria.
Ele me abraçou pelo tempo que eu
precisei, me permitindo abraçá-lo com a força que eu queria. Seu casaco e sua
mochila eram difíceis de contornar, mas não prestei atenção a isso.
Simplesmente agarrei tudo que minhas mãos encontravam e o puxei para mim.
— Baby — ele sussurrou, me
encarando. Então secou meu rosto, provavelmente manchado com as camadas de
cinzas que ele carregava na pele e na roupa. — Estou bem. Estou aqui.
— O Tyler sabe?
— Sabe. Foi ele que me disse que
você estava no hotel. Quem diria que ele seria um bebezão da porra quando eu
tivesse um problema? — Ele sorriu, tentando aliviar o clima.
— Por onde você andou? —
perguntei, tremendo descontroladamente.
— Nós fizemos um buraco. Deixamos
o incêndio passar por cima da gente. Usamos nossos abrigos de incêndio. E
finalmente saímos hoje de manhã.
Eu o abracei de novo e pressionei
minha boca na dele, sem me importar se sua pele estava preta de uma fuligem
densa. Ele me abraçou, e todos no Bucksaw soltaram um suspiro de alívio e
emoção.
Quando finalmente o soltei, seus
olhos brilharam.
— Meu Deus, mulher. Se eu
soubesse que tinha que passar por uma experiência de quase morte para chamar
sua atenção, teria pulado num incêndio meses atrás.
— Não fala isso — comentei,
balançando a cabeça, as lágrimas borrando minha visão.
— Onde estão o Dalton e o Zeke?
Eles estão bem?
Taylor sorriu, seus dentes
reluzindo de brancos contra o rosto escuro.
— Todo mundo escapou. Eles estão
no hotel. Vim direto para cá quando Ellie me disse que você esperou com eles.
Chuck e Phaedra se aproximaram,
ambos aliviados e felizes de verem Taylor.
— Leva ele lá para cima, Falyn,
para tomar um banho. Vamos preparar um belo café da manhã para ele. Tenho
certeza que o Taylor está morrendo de fome — disse Phaedra.
Ele se levantou, me puxando
junto.
— Sim, senhora — ele disse, me
puxando escada acima.
Eu o segui, ainda em choque.
Quando entramos no loft, fechei a
porta e me recostei nela. Não parecia real. A noite toda eu havia pensado que
ele estava morto e ruminei a ideia de realmente perdê-lo para sempre. Agora,
ele estava parado a poucos passos de mim e, apesar de as circunstâncias não
terem mudado, tudo estava diferente.
— Você pode me dar um saco de
lixo? Um bem grande — disse Taylor, com cuidado para não entrar sujo daquele
jeito.
Fui até o armário embaixo da pia
e tirei um grande saco de lixo preto da caixa. Eu o sacudi antes de lhe
entregar.
Taylor soltou a mochila dentro do
saco, e ela bateu com força no chão. Tirou a jaqueta amarela, depois as botas.
Cada vez que tirava uma peça da roupa de proteção, ele a colocava dentro do
saco.
Quando terminou, fechou a parte
de cima.
— Não quero que a sua casa fique
com cheiro de fumaça.
Balancei a cabeça.
— Não me importo.
Ele sorriu.
— Você vai se importar. Ele não
some por um bom tempo. E é difícil tirar o preto do carpete. Pode acreditar. —
Usando apenas uma boxer, ele amarrou o saco e o colocou no corredor. — Vou
tomar um banho — disse.
Dei uma risadinha. Agora que ele
estava sem roupa, a pele só estava suja do pescoço para cima.
Ele seguiu até o banheiro na
ponta dos pés, e eu ouvi o chuveiro abrir. Cobri a boca, abafando um choro
inesperado. Ele estava bem. Ele estava vivo e no meu banheiro.
Pensei no que Kirby dissera —
sobre os sacrifícios que ele estava disposto a fazer e como eu tinha sido cruel
quando chegou a hora de eu assumir um risco. Bati na porta aberta do banheiro,
o vapor subindo por trás da cortina. O espelho estava embaçado. Tudo estava
enevoado de novo.
— Taylor?
— Espera — ele disse. — Eu sei o
que você vai dizer. Sei que o que aconteceu ontem à noite não muda nada. Mas eu
consegui sua atenção, porra. Quero conversar.
— Sobre o quê? — perguntei.
Taylor fechou a torneira, e,
quando abriu a cortina, peguei uma toalha limpa na prateleira e estendi para
ele. Taylor secou o rosto, desceu pelo peito e pelos braços e enrolou a toalha
na cintura.
— Você não vai fazer isso. Nós
nos amamos. Isso não mudou — ele disse.
— Como? Como você ainda pode me
amar? Se eu merecia isso antes, eu definitivamente não sei — falei, exasperada.
Ele deu de ombros.
— Eu simplesmente te amo. Não
paro para questionar se você vale a pena ou não. Mas você não pode continuar me
obrigando a fazer escolhas que não são minhas.
Eu o tinha queimado duas vezes.
Qualquer outra pessoa já teria fugido, mas ele ainda me amava.
— Você está certo. Você está
absolutamente certo. Eu sei que disse que não tinha medo de você, mas menti.
Tentei não me apaixonar por você, mas não queria tentar demais. Agora, estamos
aqui, e todas as vezes que eu tento fazer a coisa certa, dá errado. Eu te
magoei, como eu sabia que ia acontecer.
Ele deu um passo na minha
direção, entrelaçando os dedos nos meus. Em seguida roçou os lábios na minha
bochecha até sua boca sussurrar no meu ouvido:
— Ninguém podia estar preparado
para esses acontecimentos. Não te culpo. Não quero um pedido de desculpas. Só
quero que pare com essas besteiras, Ivy League. Você é inteligente, mas nem
sempre é mais inteligente que eu.
Olhei para ele, os cantos da
minha boca se curvando.
— Temos um bebê a caminho — ele
disse.
— Você tem um bebê a caminho.
— Não, esse bebê é nosso. Você
disse, desde o início, que isso tudo estava acontecendo exatamente como
deveria. Você não pode escolher. É o destino ou não é.
— E se ela mudar de ideia? E se
ela voltar?
— A gente resolve. Não vamos
surtar.
Meus olhos se encheram de
lágrimas.
— Estou com medo. Você está me
pedindo muita coisa.
— Não estou pedindo. — Ele
segurou minha nuca e me beijou, fechando bem os olhos, como se fosse doloroso.
Ele segurou o meu rosto e me olhou profundamente. — Você escapou de mim duas
vezes, Falyn. Vou voltar para Estes daqui a poucos meses. Vou ser pai em
dezembro. Estou apavorado, porra. Mas eu te amo, e isso supera o medo.
Mesmo depois de meses separados,
estar nos braços dele parecia normal, como se sempre tivesse sido assim e
sempre fosse continuar sendo. Eu não podia partir o coração dele de novo, mesmo
que isso significasse partir meu coração depois. Eu não sabia mais qual era a
coisa certa a fazer. Eu só sabia que o amava, e que ele também me amava. Isso valia
toda a dor anterior e toda a dor que estivesse por vir.
— Tá bom. Tô dentro.
Ele se afastou e analisou meu
rosto.
— Você tá dentro? De qual parte?
— Estes Park, o bebê... tudo.
Um sorrisinho cuidadoso surgiu em
seus lábios.
— Quando?
— Quando você voltar para lá, eu
vou com você.
— Falyn.
— Sim?
— É difícil para mim acreditar em
você.
— Eu sei. Mas eu prometo.
— Tenho uma condição.
Soltei um suspiro de alívio,
esperando o que ele tinha para me dizer.
— Tá bom. Fala.
Sua boca se curvou para um lado.
— Casa comigo.
Meus lábios se abriram, e minha
respiração ficou presa.
Taylor se abaixou, levou o
polegar até o meu queixo e inclinou a cabeça.
— Diz que sim — sussurrou em meus
lábios.
— Eu... Não é uma boa hora para
tomar decisões que mudam a nossa vida. Acabamos de passar por um acontecimento
traumático. Achei que você tinha morrido.
— Eu quase morri — ele disse, e
sugou meu lábio inferior.
Minha respiração falhou.
— Quando? — perguntei, tropeçando
na palavra.
— Por que esperar? — ele emendou,
com a voz baixa e suave.
Então deixou um rastro de beijos
do canto da minha boca até a pele pouco abaixo da orelha, ao mesmo tempo em que
estendia a mão até onde meu avental estava amarrado.
Com dois puxões, ele se soltou e
caiu no chão. Taylor me fez recuar até a porta, colocando a palma das mãos na
tinta branca descascada de cada lado da minha cabeça.
— Você me ama? — ele perguntou.
— Sim.
— Viu? Não é difícil. É só dizer
que sim. Diz que vai se casar comigo.
Engoli em seco.
— Eu não posso.
Quantas tragédias ainda vão acontecer, essa autora quer matar os leitores, só pode
ResponderExcluirE Falyn por favor né? Diz logo sim, fica fazendo hora, ele quase morreu e vcs se amam, aceita logo