Capítulo 11 - A Caminho de Casa
Travis
Abby assistiu Las Vegas passar por
sua janela. Apenas a visão dela me fez querer tocá-la, e agora que ela era
minha esposa, esse sentimento foi amplificado. Mas eu estava tentando muito
duro não fazê-la se arrepender de sua decisão. Jogar friamente costumava ser o
meu super poder. Agora eu estava perigosamente perto de ser Shepley.
Incapaz de me parar, eu deslizei
minha mão e mal toquei o dedo mindinho dela. "Eu vi fotos de casamento dos
meus pais. Eu pensei que minha mãe era a noiva mais linda que eu já vi. Então
eu vi você na capela, e eu mudei de ideia."
Ela olhou para nossos dedos se
tocando, entrelaçando seus dedos nos meus, e então olhou para mim. "Quando
você diz coisas assim, Travis, faz eu me apaixonar por você mais uma vez."
Ela aninhou-se contra mim, e, em seguida, beijou meu rosto. "Eu gostaria
de poder tê-la conhecido."
"Eu também." Eu parei, me
perguntando se eu deveria dizer o pensamento que estava na minha cabeça.
"E a sua mãe?"
Abby sacudiu a cabeça, inclinando-se
em meus braços. "Ela não era assim tão legal antes de nos mudarmos para
Wichita. Depois que chegamos lá, sua depressão piorou. Ela simplesmente fechou
a conta. Se eu não tivesse conhecido América, eu teria ficado sozinha."
Ela já estava em meus braços, mas eu
queria abraçar minha esposa em seus próprios dezesseis anos de idade também. E
sua própria infância, a propósito. Havia tanta coisa que tinha acontecido com
ela das quais eu não podia protegê-la.
"Eu... Eu sei que não é verdade,
mas Mick me disse tantas vezes que eu o arruinei. A ambos. Eu tenho esse medo
irracional de que eu vou fazer o mesmo com você.”
"Beija-flor" eu repreendo,
beijando seu cabelo.
"Isso é estranho, certo? Que
quando eu comecei a jogar, sua sorte foi para o sul. Ele disse que eu tirei a
sorte dele. Como se eu tivesse esse poder sobre ele. Isso fez alguns sérios
conflitos emocionais para uma adolescente."
A dor
nos olhos dela causou um incêndio familiar vindo em cima de mim, mas eu
rapidamente apaguei as chamas com uma respiração profunda. Eu não tinha certeza
se ver Abby magoada sempre iria me fazer sentir nada menos do que um pouco
louco, mas ela não precisa de um namorado cabeça quente. Ela precisava de um
marido compreensivo. "Se ele tivesse algum senso do caralho, ele teria
feito você seu amuleto da sorte, em vez de seu inimigo. É realmente perda pra
ele, Beija Flor. Você é a mulher mais incrível que eu conheço."
Ela pegou em suas unhas. "Ele
não queria que eu fosse a sua sorte."
"Você poderia ser minha sorte.
Estou me sentindo muito fodidamente sortudo agora."
Ela alegremente me deu uma cotovelada
nas costelas. "Vamos mantê-lo assim."
"Eu não tenho a menor dúvida de
que nós vamos. Você não sabe ainda, mas você apenas me salvou."
Algo acendeu nos olhos de Abby, e ela
apertou a bochecha contra meu ombro. "Eu espero que sim."
***
Abby
Travis me abraçou para o seu lado,
deixando passar apenas o tempo suficiente para que possamos seguir em frente.
Nós não éramos o único casal excessivamente carinhoso esperando na fila do
balcão de check-in. Era o fim de férias de primavera, e o aeroporto estava
lotado.
Uma vez que tivemos os nossos cartões
de embarque, fizemos o nosso caminho lentamente pela segurança. Quando
finalmente chegamos à frente da fila, Travis manteve disparado o detector,
então o agente TSA14 o
fez tirar o anel.
14 TSA – Transportation Security Administration – agência do
governo americano, responsável pela segurança em locais de viagem, como
aeroportos, rodoviárias.
Travis a contragosto obedeceu, mas
uma vez que passou pela segurança e se sentou em um banco próximo para calçar
nossos sapatos, Travis resmungou alguns palavrões inaudíveis, e depois relaxou.
"Está tudo bem, baby. Ele está
de volta em seu dedo", eu disse, rindo de sua reação exagerada.
Travis
não falou, apenas beijou minha testa antes de sairmos da segurança para o nosso
portão. Os outros viajantes de férias de primavera pareciam tão exaustos e
felizes como nós. E vi outros casais que chegaram de mãos dadas, que pareciam
tão nervosos e animados como Travis e eu estávamos quando chegamos a Vegas.
Eu rocei os dedos de Travis com os
meus.
Ele suspirou.
Sua resposta me pegou desprevenida.
Era pesada e cheia de estresse. Quanto mais perto chegávamos do portão, mais
devagar ele andava. Fiquei preocupada com a reação que iria enfrentar em casa,
também, mas eu estava mais preocupada com a investigação. Talvez ele estivesse
pensando a mesma coisa e não queria falar comigo sobre isso.
No portão 11, Travis sentou ao meu
lado, mantendo sua mão na minha. Seu joelho estava pulando, e ele continuou
tocando e puxando os lábios com a mão livre. Sua barba de três dias se
contorcia toda vez que ele movia sua boca. Ou ele estava pirando interiormente,
ou ele tinha bebido uma garrafa de café sem eu saber.
"Beija-flor", ele disse
finalmente.
Oh, graças a Deus. Ele vai falar
comigo sobre isso.
"Sim?"
Ele pensou sobre o que ele poderia
dizer, e então suspirou novamente. "Nada".
Fosse o que fosse, eu queria
consertar isso. Mas se ele não estava pensando sobre a investigação ou
enfrentando as consequências do incêndio, eu não queria trazer isso. Não muito
tempo depois, tomamos nosso acento, a primeira classe estava sendo chamada para
embarcar. Travis e eu ficamos com todos os outros para entrar na fila para a
classe econômica.
Travis passava de um pé para o outro,
esfregando a parte de trás do seu pescoço e apertando a minha mão. Ele então
obviamente queria me dizer alguma coisa. Isso o estava consumindo, e eu não
sabia mais o que fazer, além de apertar sua mão de volta.
Quando o nosso grupo de embarque
começou a formar uma fila, Travis hesitou. "Eu não consigo me livrar desse
sentimento", disse ele.
"O que você quer dizer? Como um
sentimento ruim?" Eu disse, de repente, muito nervosa. Eu não sabia se ele
se referia ao avião, ou Vegas, ou a ida para casa. Tudo o que
poderia dar errado entre o nosso próximo passo e nossa chegada de volta ao
campus, passou pela minha mente.
"Eu tenho esse sentimento louco
que uma vez que chegarmos em casa, eu vou acordar. Como se nada disso fosse
real." Preocupação brilhou em seus olhos, tornando-os vidrados.
De todas as coisas com que se
preocupar, e ele estava preocupado em me perder, assim como eu me preocupava em
perdê-lo. Foi então que, naquele momento, eu soube que tínhamos feito a coisa
certa. Que sim, nós éramos jovens, e sim, que éramos loucos, mas estávamos tão
apaixonados como ninguém. Nós éramos mais velhos do que Romeu e Julieta. Mais
velhos do que meus avós. Poderia não ter sido há tanto tempo atrás desde que
éramos crianças, mas havia pessoas com dez ou mais anos de experiência que
ainda não tinham isso juntos. Nós não tínhamos tudo isso junto, mas nós
tínhamos um ao outro, e isso era mais do que suficiente.
Quando nós voltamos, era provável que
todos estariam esperando o colapso, esperando a deterioração de um casal casado
muito jovem.
Só de imaginar os olhares e histórias
e sussurros fazia minha pele se arrepiar. Poderia levar uma vida inteira para
provar a todos que isso funcionaria. Nós tínhamos cometido tantos erros, e sem
dúvida que cometeríamos milhares mais, mas as chances estavam a nosso favor.
Nós tínhamos provado que todos eles estavam errado antes.
Depois de levar o tempo de uma
partida de tênis com preocupações e garantias, eu finalmente passei meus braços
em volta do pescoço do meu marido, tocando meus lábios sempre tão levemente nos
seus.
"Eu apostaria meu primogênito.
Isso é o quão certa eu estou." Esta era uma aposta que eu não iria perder.
"Você não pode estar tão certa",
disse ele.
Eu levantei uma sobrancelha, a minha
boca puxando para o lado. "Quer apostar?"
Travis relaxou, pegando o seu cartão
de embarque dos meus dedos, e entregando-o à atendente.
"Obrigada", disse ela,
olhando-o e, em seguida, entregando-o de volta. Ela fez o mesmo com o meu, e
assim como nós tínhamos feito pouco mais de vinte e quatro horas antes, nós
andamos de mãos dadas até a ponte de embarque.
"Você
está insinuando alguma coisa?", Perguntou Travis. Ele parou. "Você
não está... é por isso que você queria se casar?"
Eu ri, balancei minha cabeça, e
puxei-o junto. "Deus, não. Acho que demos um passo grande o suficiente
para durar um tempo."
Ele acenou com a cabeça uma vez.
"Muito justo, Sra. Maddox." Ele apertou minha mão, e nós embarcamos no
avião para casa.
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