Capítulo 14 - Oz

Já não tinha começado bem. Abby estava em algum lugar com a América, tentando conversar com ela sobre o término com Shepley, e Shepley estava roendo suas unhas na sala de estar, esperando Abby fazer um milagre.
Eu tinha levado o cachorro para fora uma vez, a paranoia de que a América iria subir a qualquer momento e arruinar a surpresa. Mesmo que eu o tenha alimentado e dado a ele uma toalha para aconchegar-se, ele estava choramingando. Simpatia nunca foi o meu ponto forte, mas ninguém poderia culpá-lo. Sentar em uma pequena caixa não era uma boa ideia para passar o tempo. Felizmente, segundos antes de elas voltaram, o vira-lata tinha se acalmado um pouco e foi dormir.
"Elas estão de volta!" Shepley disse, pulando no sofá.
"Tudo bem", disse eu, calmamente isolando Shepley da porta atrás de mim.
"Fica na...-" Antes que minha sentença estivesse completa, Shepley tinha aberto a porta e descido as escadas. A porta foi um ótimo local para assistir o sorriso de Abby vendo a reconciliação ansiosa entre Shepley e América. Abby enfiou as mãos nos bolsos de trás e veio até o apartamento. As nuvens baixas lançavam uma sombra cinza por cima de tudo, mas o sorriso de Abby era como o verão. Cada passo que ela dava e chegava mais perto de onde eu estava meu coração batia mais forte contra meu peito.”E eles viveram felizes para sempre", eu disse, fechando a porta atrás dela. Nós nos sentamos juntos no sofá, e eu puxei as pernas dela no meu colo.
"O que você quer fazer hoje, Beija-Flor?"
"Dormir. Ou descansar... ou dormir.”
"Primeiro posso te dar o seu presente?"
Ela empurrou meu ombro.”Cala boca. Você vai me dar um presente? "
"Não é um bracelete de diamantes, mas eu pensei que você ira gostar."
"Eu vou amá-lo, mesmo sem tê-lo visto". Eu levantei as pernas dela para fora do meu colo e fui pegar seu presente. Eu tentei não balançar a caixa, esperando que o cachorro não acordasse e fizesse qualquer barulho avisando-a.
"Ssshhhh, homenzinho. Sem chorar, ok? Seja um bom garoto.”
Sentei-me com a caixa a seus pés, agachado na frente dela.”Depressa, eu quero que você se surpreenda."
"Depressa?", ela perguntou, erguendo a tampa. Sua boca se abriu.”Um filhote de cachorro", ela gritou, alcançando dentro da caixa. Ela levantou o cachorro para o seu rosto, tentando afastar o agito de como ele balançou e esticou o pescoço, desesperado para cobrir a boca dela com beijos.
"Você gosta dele?"
"Ele? Eu o amo! Você me deu um cachorro!"
"É um Cairn Terrier. Eu tive que dirigir três horas para buscá-lo quinta-feira depois da aula.”
"Então, quando você disse que estava indo com Shepley levar seu carro para a loja...”
"Nós fomos pegar o seu presente." Eu afirmei.
"Ele rebola!" Ela riu.
"Toda garota do Kansas precisa de uma Totó," eu disse, tentando não deixar a bola de pelo cair do seu colo.
"Ele se parece com Totó! É assim que eu vou chamá-lo", disse ela, torcendo o nariz para ele.
Ela estava feliz, e isso me deixou feliz.
"Você pode mantê-lo aqui. Eu vou cuidar dele para você quando estiver de volta ao Morgan, e é a minha segurança de que você vai me visitar quando o mês acabar."
"Eu teria voltado de qualquer maneira, Trav."
"Eu faria qualquer coisa por esse sorriso que está no seu rosto agora."
Minhas palavras a fizeram parar, mas ela rapidamente voltou sua atenção para o cão.
"Eu acho que você precisa de uma soneca, Totó. Sim, você precisa."
Eu balancei a cabeça, puxando-a para o meu colo, e depois a ergui comigo e a mantive.
"Vamos lá, então."
Carreguei a até o quarto, puxei as cobertas, e depois baixei-a para o colchão. Só isso já teria me deixado com tesão, mas eu estava muito cansado. Estendi a mão sobre ela para puxar as cortinas e fechar e depois cai sobre meu travesseiro.
"Obrigado por ficar comigo na noite passada", disse ela, com a voz um pouco rouca e sonolenta.
"Você não precisava dormir no chão do banheiro."
"A noite passada foi uma das melhores noites da minha vida."
Ela virou-se pra mim com um olhar duvidoso.
"Dormindo entre o banheiro e a banheira em um frio e duro chão de ladrilhos com uma idiota vomitando foi uma de suas melhores noites? Isso é triste, Trav.”
"Não, sentado com você quando você estava doente, e você dormindo no meu colo, foi uma das minhas melhores noites. Não foi confortável, eu não dormi merda nenhuma, mas eu passei seu aniversário de dezenove anos com você, e você é realmente muito doce quando você está bêbada.”
"Tenho certeza que eu estava muito charmosa vomitando."
Puxei-a para perto, tirando Totó, que foi aconchegando-se em seu pescoço.”Você é a única mulher que conheço que continua linda mesmo com a cabeça dentro da privada. Acho que isso diz algo sobre você.” “Obrigado, Trav. Eu não vou fazer você de babá de novo”.
Debrucei-me contra o meu travesseiro.”O que seja. Ninguém segura o seu cabelo para trás como eu."
Ela riu e fechou os olhos. Mesmo cansado como estava, era difícil parar de olhá-la. Seu rosto estava sem maquiagem, exceto pela camada fina sob seus cílios inferiores que ainda estava um pouco manchada com máscara. Ela se mexeu um pouco antes de seus ombros relaxarem.
Pisquei algumas vezes, meus olhos ficando mais pesados a cada vez que eu fechava. Parecia que eu tinha acabado de cair no sono quando ouvi a campainha. Abby não se mexeu.
Duas vozes masculinas murmuravam na sala de estar, uma delas era de Shepley. A voz da América era mais alta que a dos dois, mas nenhum deles parecia feliz. Quem quer que fosse não estava apenas fazendo uma visita social. Passos soaram no corredor, e então a porta abriu. Parker estava na porta do quarto. Ele olhou para mim, e depois para Abby, sua mandíbula tensa. Eu sabia o que ele estava pensando, e passou pela minha mente explicar por que Abby estava na minha cama, mas eu não fiz. Em vez disso eu cheguei mais perto e descansei minha mão em seu quadril.
"Feche a porta quando você sair do meu quarto", eu disse, descansando minha cabeça ao lado de Abby.
Parker foi embora sem dizer uma palavra. Ele não bateu a minha porta, em vez disso colocou toda a sua força pra fechar a porta da frente. Shepley espiou dentro do meu quarto.”Merda, mano. Isso não foi bom."
Estava feito; eu não poderia mudar isso agora. As consequências não eram uma preocupação no momento, mas deitado ao lado de Abby, mapeando seu rosto perfeitamente lindo, o pânico me penetrou lentamente. Quando ela descobrisse o que eu tinha feito, ela iria me odiar.
As meninas seguiram para aula na manhã seguinte em uma corrida. Beija-flor mal teve tempo de falar comigo antes de sair, então seus sentimentos sobre o dia anterior foram definitivamente menos do que claros. Eu escovei meus dentes e me vesti, e depois encontrei Shepley na cozinha. Ele se sentou em um banquinho em frente ao balcão, chupando o leite de sua colher. Ele usava um capuz e boxers rosas que América tinha comprado porque pensou que era "sexy".
Eu puxei um copo da máquina de lavar louça e o enchi com suco de laranja.”Parece que vocês dois fizeram excessivamente”.
Shepley sorriu, olhando quase bêbado com contentamento.”Nós fizemos. Eu já disse como
América é na cama logo depois de discutir?"
Eu fiz uma cara.”Não, e por favor não."
"Brigar com ela assim é assustador como o inferno, mas tentador se fizermos assim a cada vez." Quando eu não respondi, Shepley continuou.”Eu vou me casar com essa mulher."
"É. Bem, quando você parar de ser um jumento gay, precisamos ir andando."
"Fecha essa boca, Travis. Não pense que eu sou alheio ao que está acontecendo com você."
Eu cruzei meus braços.”E o que está acontecendo comigo?"
"Você está apaixonado pela Abby."
"Pft. Você está obviamente fazendo merda na sua cabeça para manter sua mente longe da América."
"Você está negando isso?" Os olhos de Shepley não vacilaram, e eu tentei olhar em todos os lugares, menos para eles.
Depois de um minuto, eu me mexi nervosamente mas permaneci em silêncio.
"Quem está sendo um jumento gay agora?"
"Foda-se".
"Admita."
"Não."
"Não, você não está negando que você está apaixonado por Abby, ou não, você não vai admitir isso? Porque, de qualquer forma, idiota, você está apaixonado por ela."
"... Então? "
"Eu sabia!" Shepley disse, chutando a parte de trás do banco, fazendo-o derrapar para o chão de madeira onde tinha um tapete na sala de estar.
"Eu... apenas... cale-se, Shep ", eu disse. Meus lábios formaram uma linha dura.
Shepley apontou para mim enquanto caminhava para o seu quarto.”Você acabou de admitir isso. Travis Maddox apaixonado. Agora eu já ouvi de tudo."
"Basta colocar sua cueca, e vamos embora!"
Shepley riu para si mesmo em seu quarto, e eu olhava para o chão. Dizer em voz alta para outra pessoa, tornou real, e eu não sabia o que fazer com isso. Menos de cinco minutos depois, eu estava brincando com o rádio no Charger enquanto Shepley estava dirigindo para fora do estacionamento do nosso complexo de apartamentos.
Shepley parecia estar em um clima excepcionalmente bom enquanto nós íamos através do tráfego e diminuiu apenas o suficiente para não jogar pedestres sobre o capô. Ele finalmente encontrou um estacionamento adequado e espaçoso, e fomos para Inglês Comp II- uma aula que nós tínhamos juntos. A linha de ordem tinha sido eu e Shepley em assentos novos por várias semanas em uma tentativa de me libertar do rebanho de fêmeas malas que geralmente lotavam minha mesa.
Dr. Park entrou rapidamente na sala de aula, jogando uma bolsa, uma pasta de documentos e uma xícara de café em sua mesa.”Cristo! Está frio!", ela disse, puxando seu casaco apertado em torno de seu corpo minúsculo.”Está todo mundo aqui? "Mãos levantaram, ela balançou a cabeça, não realmente prestando atenção.”Ótimo. Boas notícias. Teste relâmpago!"
Todos gemeram, e ela sorriu.”Vocês ainda vão me amar. Papel e caneta, pessoas, eu não tenho o dia todo".
A sala encheu com o mesmo som quando todos pegaram a prova. Rabisquei meu nome no topo do meu papel e sorri para os sussurros de pânico do Shepley.
"Por quê? Teste relâmpago em Comp II? Foda é Ridículo", ele disse.
O questionário era bastante inofensivo, e sua palestra terminou com um outro questionário para ser entregue até o final da semana. Nos últimos minutos de aula, um cara na linha diretamente à minha frente esticou o pescoço para trás. Eu o reconheci da aula. Seu nome era Levi, mas eu só sabia porque eu ouvi Dr. Park chamando ele várias vezes. Seu cabelo oleoso escuro estava sempre penteado para trás, para longe de seu rosto cheio de marcas. Levi nunca foi no refeitório, ou em qualquer fraternidade. Ele não estava no time de futebol, e em nenhuma parte. Enfim, nenhum lugar que eu frequentava, de qualquer maneira. Eu olhei para ele, e então voltei minha atenção de volta para Dr. Park, que estava compartilhando uma história sobre a última visita de sua amiga gay favorita. Eu olhei pra ele novamente. Ele ainda estava olhando.
"Precisa de algo?" Eu perguntei.
"Acabei de ouvir sobre a festa do Brasil neste fim de semana. Boa jogada."
"Hein?"
A menina à sua direita, Elizabeth, virou também, seu forte cabelo castanho claro. Elizabeth foi a namorada de um dos meus irmãos de fraternidade. Seus olhos se iluminaram.”É. Desculpe eu perdi esse show."
Shepley se inclinou para frente.”O quê? Minha briga com Mare?? "
O cara riu.”Não. Festa da Abby."
"A festa de aniversário?", eu perguntei, tentando pensar no que ele poderia estar se referindo. Várias coisas tinham acontecido que poderiam gerar rumores, mas nada que um cara aleatório do esquecimento iria ouvir falar. Elizabeth verificou para ver se o Dr. Park estava olhando na nossa direção, e então se virou.
"Abby e Parker."
Outra menina virou.”Oh, sim. Ouvi que Parker achou vocês dois na manhã seguinte. É verdade?"
"Você ouviu onde?" Eu perguntei, minha adrenalina gritando nas minhas veias.
Elizabeth deu de ombros.”Em todo lugar. As pessoas estavam falando sobre isso na minha aula esta manhã."
"Na minha também", disse Levi.
A outra garota apenas balançou a cabeça.
Elizabeth virou-se um pouco mais, inclinando-se em minha direção.”Será que ela realmente foi com Parker no corredor do Brasil, e depois foi para casa com você?"
Shepley franziu a testa.”Ela está ficando lá com a gente."
"Não", a menina ao lado de Elizabeth disse.”Ela e Parker estavam fazendo no sofá do Brasil, e em seguida ela se levantou e dançou com Travis, isso deixou Parker puto, e ela saiu com Travis... e Shepley ".
"Isso não é o que eu ouvi," Elizabeth disse, visivelmente tentando conter seu entusiasmo.”Eu ouvi que era um tipo de ménage à Trois. Então... qual é, Travis? "
Levi parecia estar gostando da conversa.”Eu sempre soube que era o contrário."
"O que isso quer dizer?" Eu perguntei, já irritado com seu tom.
"Parker recebeu uns medíocres segundos".
Estreitei meus olhos. Quem quer que fosse esse cara, ele sabia muito mais sobre mim do que deveria. Inclinei-me para baixo.”Isso é um pouco mais do que seu negócio do caralho, idiota."
"Tudo bem", disse Shepley, colocando a mão sobre a minha mesa. Levi imediatamente se virou, e as sobrancelhas de Elizabeth subiram antes que ela o seguisse.
"Porra de saco de merda," eu resmunguei. Eu olhei para Shepley.”O almoço está próximo. Alguém vai dizer algo para ela. Eles estão dizendo que nós dois pegamos ela. Foda-se. Porra, Shepley o que eu faço? "Shepley imediatamente começou a empurrar suas coisas em sua mochila, e eu fiz o mesmo.”Liberados", disse Park.”Caiam fora e sejam cidadãos produtivos hoje." Minha mochila bateu contra minhas costas enquanto eu corria pelo campus, fazendo um caminho mais curto para a cafeteria. América e Abby entram na minha vista, a poucos passos da entrada. Shepley agarrou o braço da América.”Mare", ele soprou. Peguei meus quadris, tentando recuperar o fôlego.”Há uma multidão de mulheres furiosas atrás de você?" Abby brincou.
Eu balancei a cabeça. Minhas mãos tremiam, por isso agarrei as alças da minha mochila.”Eu estava tentando pegar você... antes de você... entrar ", eu respirei.
"O que está acontecendo?" América perguntou a Shepley.
"Há um boato", Shepley começou.”Todo mundo está dizendo que Travis levou Abby para casa e ... os detalhes são diferentes, mas é muito ruim.”
"O quê? Você está falando sério?" Abby gritou.
América revirou os olhos.”Quem se importa, Abby? As pessoas têm especulado sobre você e Trav por semanas. Não é a primeira vez que alguém o acusou de que vocês dormem juntos."
Olhei para Shepley, esperando que ele tivesse uma saída para a situação em que eu tinha me metido.
"O que?" Abby disse.”Não há nada mais, não é?"
Shepley estremeceu.”Eles estão dizendo que você dormiu com Parker no Brasil, e então você deixou Travis... levar você pra casa, e você sabe o que quero dizer.”
"Sua boca se abriu.”Ótimo! Então, eu sou a puta da escola agora?"
Eu tinha feito isso, e é claro que Abby tinha recebido a pior parte.”Isto é culpa minha. Se fosse qualquer outra pessoa, não estariam dizendo isso sobre você”. Eu entrei na lanchonete, as minhas mãos em punhos ao meu lado. Abby se sentou, e fiz questão de sentar em algum lugar longe dela. Rumores tinham sido espalhados sobre mim pegando meninas antes, e às vezes o nome de Parker foi mencionado também, mas eu nunca liguei até agora. Abby não merecia ser pensada dessa forma só porque ela era minha amiga.
"Você não tem que se sentar aí, Trav. Vamos, venha sentar, "Abby disse, batendo no banco vazio ao lado dela.
"Ouvi dizer que teve um perfeito aniversário, Abby," Chris Jenks disse, jogando um pedaço de alface no meu prato.
"Não provoque ela, Jenks," eu avisei, carrancudo.
Chris sorriu, pressionando para cima seu rosto redondo e rosado.”Eu ouvi que Parker ficou furioso. Ele disse que foi para o seu apartamento ontem, e você e Travis ainda estavam na cama."
"Eles estavam tirando uma soneca, Chris," América zombou.
Os olhos de Abby dispararam para mim.”Parker veio?"
Eu me mexi desconfortavelmente na cadeira.”Eu ia te dizer."
"Quando?" Ela estalou.
América se inclinou em sua orelha, provavelmente explicando o que todo mundo sabia, menos Abby.
Abby colocou os cotovelos sobre a mesa, cobrindo o rosto com as mãos.”Isso está ficando cada vez melhor."
"Então, vocês realmente não fizeram a façanha?" Chris perguntou.
"Porra, que merda. Aqui, eu pensei que Abby era certa para você depois de tudo, Trav.”
"É melhor parar agora, Chris", Shepley advertiu.
"Se você não dormiu com ela, se importa se eu experimentar?" Chris disse, rindo para seus companheiros. Sem pensar, pulei do meu assento, e subi em cima da mesa de Chris. Seu rosto transformado em câmera lenta de um sorriso para os olhos arregalados e boca aberta. Peguei Chris pela garganta com uma mão, e um punhado de sua camiseta na outra. Meus dedos mal sentiram a conexão com seu rosto. Minha raiva estava sendo completamente saciada e eu estava brevemente largando tudo pelos ares. Chris cobriu o rosto, mas eu continuei batendo nele.
"Travis!" Abby gritou, correndo em volta da mesa.
Meu punho congelou em pleno vôo, e então eu larguei a camisa de Chris, o deixando desmoronar como uma bola no chão. A expressão de Abby me fez hesitar, ela estava com medo do que ela tinha acabado de ver. Ela engoliu em seco, e deu um passo para trás. Seu medo só me fez ficar com mais raiva, não dela, mas porque eu estava com vergonha de mim mesmo. Eu assumia o que aconteceu com ela e avancei através de todos os outros no meu caminho. Dois a dois. Primeiro, eu consegui ajudar a começar um boato sobre a garota que eu era apaixonado, e depois eu a assustei até a morte. A solidão do meu quarto parecia que era o único lugar para mim. Eu estava muito envergonhado até pra buscar o conselho de meu pai. Shepley me alcançou. Sem uma palavra, ele entrou no Charger junto comigo e ligou o motor. Nós não falamos enquanto Shepley dirigiu para o apartamento. A cena inevitavelmente viria abaixo quando Abby decidisse voltar para casa e era algo que minha mente não desejava processar. Shepley levou seu carro e parou em seu estacionamento no local de costume, e eu saí, subindo as escadas como um zumbi. Não havia possibilidade de um final feliz. Ou Abby ia sair porque ela estava com medo do que ela viu, ou pior ainda, eu teria que liberá-la da aposta para que ela pudesse sair, mesmo que ela não quisesse. Meu coração estava dividido no meio com Abby partindo sozinha e decidindo que estava tudo ok em ela prosseguir a maior
parte do tempo no alojamento das garotas, no segundo andar de uma casa de fraternidade. Uma vez lá dentro, eu joguei minha mochila contra a parede, e fiz questão de bater a porta do quarto atrás de mim. Não me fez sentir melhor, de fato, batendo o pé como uma criança me fez lembrar o quanto do tempo da Abby eu estava prejudicando por persegui-la - se isso poderia ser chamado assim. O zumbido agudo do Honda da América parou brevemente antes que ela desligasse o motor. Abby deveria estar com ela. Ela entraria gritando, ou completamente o oposto. Eu não tinha certeza do que iria me fazer sentir pior.
"Travis?" Shepley disse, abrindo a porta.
Eu balancei a cabeça, e depois me sentei na beira da cama. Ela afundou sob o meu peso.
"Você não sabe o que ela vai dizer. Ela poderia só estar verificando você."
"Eu disse que não."
Shepley fechou a porta. As árvores lá fora eram marrons e começando a mudar para a cor que permaneceria. Logo as folhas cairiam. No momento em que as últimas folhas caíssem, Abby teria ido. Porra, eu me sentia deprimido.
Poucos minutos depois, outra batida na porta.
"Travis? Sou eu. Abra."
Eu suspirei.”Vá embora, Beija-Flor".
A porta rangeu quando ela entrou. Eu não me virei. Eu não precisava. Totó estava atrás de mim, e sua pequena cauda estava batendo nas minhas costas com a visão dela.
"O que está acontecendo com você, Trav?", ela perguntou.
Eu não sabia como lhe dizer a verdade, e parte de mim sabia que ela não iria me ouvir, enfim, então eu só olhei para fora da janela, contando as folhas que caíam. Com cada uma que se destacava e flutuava para o chão, nós estávamos mais perto de Abby desaparecer da minha vida. Minha ampulheta natural.
Abby ficou ao meu lado, cruzando os braços. Eu esperei para ela gritar, ou castigar-me de alguma forma pelo colapso no refeitório.
"Você não vai falar comigo sobre isso?"
Ela começou a se dirigir para a porta, e eu suspirei.”Você sabe que no outro dia, quando o Brasil me provocou e você correu para minha defesa? Bem... foi o que aconteceu. Eu só me excedi um pouco."
"Você já estava com raiva antes de Chris dizer qualquer coisa", disse ela, sentando ao meu lado na cama. Totó imediatamente rastejou em seu colo, implorando por atenção. Eu sabia qual era o sentimento. Todas as palhaçadas, minhas estúpidas acrobacias, tudo foi de alguma forma para obter a sua atenção, e ela parecia alheia a tudo isso. Até o meu louco comportamento.
"Eu quis dizer o que eu disse antes. Você precisa ir embora, Beija-flor. Deus sabe que eu não posso ficar longe de você."
Ela pegou meu braço.”Você não quer que vá embora."
Ela não tinha ideia de como certa e de como errada, ela estava. Meus sentimentos conflitantes sobre ela eram enlouquecedores. Eu estava apaixonado por ela, não podia imaginar a vida sem ela, mas, ao mesmo tempo, eu queria que ela tivesse o melhor. Com isso em mente, o pensamento de Abby com alguém era insuportável. Nenhum de nós poderia ganhar, e ainda assim eu não poderia perdê-la. A constante ida e volta estava me deixando exausto. Puxei Abby contra mim, e depois beijei sua testa.
"Não importa o quanto eu tente. Você vai me odiar quando tudo estiver terminado."
Ela colocou os braços em volta de mim, ligando os dedos em torno do meu ombro.”Temos que ser amigos. Eu não vou aceitar um não como resposta.”
Ela tinha roubado a minha frase do nosso primeiro encontro no Pizza Shack. Isso pareceu como cem vidas atrás. Eu não tinha certeza de quando as coisas se tornaram tão complicadas.
"Eu fico te olhando muito quando você dorme", eu disse, envolvendo-a em meus braços.”Você sempre parece tão pacífica. Eu não tenho esse tipo de paz. Eu tenho toda essa raiva dentro de mim em ebulição, exceto quando eu vejo você dormir.”
"Isso é o que eu estava fazendo quando Parker entrou, eu estava acordado, e ele entrou, e só ficou lá com este olhar chocado em seu rosto. Eu sabia o que ele estava pensando, mas eu não fui honesto. Eu não expliquei, porque eu queria que ele achasse que algo aconteceu. Agora toda a escola pensa que você ficou com nós dois na mesma noite. Sinto muito."
Abby encolheu os ombros.”Se ele acredita na fofoca, o problema é dele."
"É difícil pensar qualquer outra coisa quando ele nos viu juntos na cama."
"Ele sabe que eu estou ficando aqui com você. Eu estava completamente vestida, pelo amor de Cristo."
Eu suspirei.”Ele estava provavelmente muito chateado para notar. Eu sei que você gosta dele, Beija-flor. Eu deveria ter explicado. Sinto muito."
"Isso não importa."
"Você não está louca?" Eu perguntei, surpreso.
"É por isso que você está tão chateado? Você pensou que eu ia ficar com raiva de você quando você me dissesse a verdade?"
"Você deveria estar. Se alguém, sozinho afundasse a minha reputação, eu ficaria um pouco puto."
"Você não se importa com reputações. O que aconteceu com o Travis, que não dá a mínima para o que alguém pensa?", brincou ela, cutucando-me com o cotovelo.
"Isso foi antes de eu ver o olhar em seu rosto quando você ouviu o que todo mundo está dizendo. Eu não quero que você se machuque por minha causa."
"Você nunca faria nada para me magoar."
"Eu prefiro cortar meu braço." Eu suspirei.
Eu relaxei minha bochecha contra seu cabelo. Ela sempre cheirava tão bem, eu me sentia tão bem. Estar perto dela era como um sedativo. Meu corpo inteiro relaxava, e de repente eu estava tão cansado, que eu não queria me mover. Sentamos juntos, os braços em torno um do outro, com a sua cabeça aninhada contra meu pescoço, por um longo tempo. Nada além daquele momento era garantido, então eu fiquei lá, dentro dele, com Beija-flor. Quando o sol começou a se pôr, ouvi uma batida leve na porta.”Abby?" A Voz da América soava baixa, do outro lado da porta.
"Entre, Mare," eu disse, sabendo que ela provavelmente estava preocupada porque nós estávamos tão quietos.
América entrou com Shepley, e ela sorriu ao ver-nos enrolados nos braços um do outro.
"Nós estávamos indo comer alguma coisa. Você dois querem ir comer no Pei Wei? "
"Ugh... comida chinesa de novo, Mare? Sério? "Eu perguntei.
"Sim, de novo", disse ela, parecendo um pouco mais relaxado.”Vocês vêm ou não?"
"Eu estou morrendo de fome", disse Abby.
"É claro que você está, você não comeu nada no almoço," eu disse, franzindo a testa. Eu levantei, trazendo-a comigo.
"Vamos lá. Vamos pegar um pouco de comida."
Eu não estava pronto para deixá-la ir ainda, então eu mantive meu braço em torno dela durante o percurso ao Pei Wei. Ela não pareceu se importar, e até se apoiou em mim no carro enquanto eu concordava em partilhar a refeição-número quatro com ela.
Assim que encontramos uma mesa, eu me livrei do meu casaco ao lado da Abby e fui para o banheiro. Era estranho como todos estavam fingindo que eu não tinha agredido alguém há algumas horas, como se nada tivesse acontecido. Minhas mãos formaram um copo sob a água, e joguei na minha cara, olhando para o espelho. A água escorria do meu nariz e queixo. Mais uma vez, eu ia ter de engolir o mal-estar e ir me juntar aos outros com o humor mais falso de todos. Como se nós tivéssemos que nos manter fingindo para ajudar Abby a mudar a realidade para a sua pequena bolha de ignorância em que ninguém sentiu qualquer coisa, e tudo era claro e inequívoco.
"Droga! A comida não chegou ainda”? Eu perguntei, deslizando para a cadeira ao lado de Abby. O telefone dela estava sobre a mesa, então eu peguei, liguei a câmera, fiz uma cara de idiota, e tirei uma foto.
"O que diabos você está fazendo?" Abby disse com uma risadinha.
Procurei meu nome, e então anexei a imagem.”Assim você vai se lembrar de quanto você me adora quando eu ligar."
"Ou o quanto você é idiota", disse América.
América e Shepley falaram a maior parte do tempo sobre suas aulas e as últimas fofocas, tendo o cuidado para não falar de qualquer pessoa envolvida na briga mais cedo. Abby assistiu eles falarem com o queixo descansando em seu punho, sorridente e sem esforço para ser bonita. Seus dedos eram pequenos, e eu me peguei observando como seu dedo anelar parecia nu. Ela olhou para mim e se inclinou alegremente me empurrando com o ombro. Ela então se endireitou, continuando a ouvir a conversa da América. Nós rimos e brincamos até o restaurante fechar, e então lotamos o Charger e fomos para casa. Eu me sentia exausto, e mesmo que o
dia parecia longo como o inferno, eu não queria que isso acabasse. Shepley carregou América e subiu as escadas com ela nas costas, mas eu fiquei para trás, puxando o braço de Abby. Eu assisti nossos amigos entrarem no apartamento, e então brinquei com as mãos de Abby na minha.
"Eu lhe devo um pedido de desculpas por hoje, então eu sinto muito."
"Você já se desculpou. Está tudo bem."
"Não, eu me desculpei por Parker. Eu não quero que você pense que eu sou um psicopata que anda atacando pessoas por qualquer coisa", eu disse, "mas eu lhe devo um pedido de desculpas, porque eu não a defendi pelo motivo certo."
"E isso seria... , "Ela questionou.
"Eu investi contra ele, porque ele disse que queria ser o próximo na fila, e não porque ele estava provocando você."
"Insinuando que há uma fila é razão o bastante para você me defender, Trav."
"Esse é o meu ponto. Eu estava chateado porque ele deu a entender que ele queria dormir com você."
Abby pensou por um momento, e então agarrou os lados da minha blusa. Ela apertou sua testa contra a minha camiseta, em meu peito.”Sabe o que mais? Eu não me importo", disse ela, olhando para mim com um sorriso.”Eu não me importo com o que as pessoas estão dizendo, ou que você perdeu a razão, ou por que você estragou o rosto de Chris. A última coisa que eu quero é uma má reputação, mas eu estou cansada de explicar a nossa amizade a todos. Para o inferno com eles."
Os cantos de minha boca viraram para cima.”A nossa amizade? Às vezes eu me pergunto se você realmente me ouve".
"O que você quer dizer?"
A bolha em que ela estava cercada era impenetrável, e eu me perguntava o que aconteceria se eu nunca a atravessasse.”Vamos entrar eu estou cansado."
Ela assentiu com a cabeça, e nós caminhamos juntos as escadas, e entramos no apartamento. América e Shepley já estavam murmurando alegremente em seu quarto, e Abby desapareceu no banheiro. Os tubos guincharam, e em seguida, a água do chuveiro bateu contra o azulejo.
Totó me fez companhia enquanto eu esperava. Ela não perdeu tempo, sua rotina noturna estava completa dentro de uma hora. Ela estava deitada na cama, com o cabelo molhado descansando em meu braço. Ela deu um suspiro longo e relaxante.
"Só faltam duas semanas. Qual o drama que você vai fazer quando eu voltar para Morgan?"
"Eu não sei", eu disse. Eu não quero pensar sobre isso.
"Hey." Ela tocou no meu braço.”Eu estava brincando."
Eu queria o meu corpo relaxado contra o colchão, me lembrando de que no momento, ela ainda estava ao meu lado. Não funcionou. Nada funcionou. Eu precisava dela em meus braços. Muito tempo tinha sido desperdiçado.
"Você confia em mim, Beija-flor?" Eu perguntei, um pouco nervoso.
"Sim, por quê?"
"Vem aqui", eu disse, puxando-a contra mim. Esperei ela protestar, mas ela só parou por um momento antes de deixar seu corpo fundir no meu. Seu rosto relaxou contra meu peito.
Instantaneamente, meus olhos ficaram pesados. Amanhã eu tentaria pensar em uma maneira de adiar sua partida, mas naquele momento, dormindo com ela em meus braços era a única coisa que eu queria fazer.

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