Capítulo 2 - O Caminho De Volta
Abby
Eu olhei para a pedra cintilante no meu dedo e suspirei novamente. Não era o suspiro arejado que uma jovem menina e recém-noiva podia ter enquanto olhava para o seu diamante. Era cheio de pensamentos. Um pensamento que me pesava e me deixava pensativa. Mas não, eu não mudaria de ideia. Nós não podíamos ficar longe um do outro. O que estávamos prestes a fazer era inevitável, e Travis Maddox me amava da maneira que a maioria das pessoas sonhava. Esse suspiro estava cheio de preocupação e esperança sobre o meu plano estúpido. Eu queria tanto que Travis ficasse bem, que era quase palpável.
"Pare com isso,
Beija-Flor", disse Travis. "Você está me deixando nervoso."
"É apenas... muito grande."
"Ele se encaixa muito bem",
disse ele, sentando-se. Fomos esmagados entre um empresário falando baixinho em
seu telefone celular e um casal de idosos. Uma funcionária da companhia aérea
estava em pé atrás do balcão, falando em algo que parecia um rádio CB1. Eu me pergunto por que eles não
usam apenas um microfone comum. Ela anunciou alguns nomes, depois enganchou o
aparelho em algum lugar na parte de trás de sua mesa.
1 O Serviço
Rádio do Cidadão (português brasileiro) ou Banda do cidadão (português
europeu), usualmente abreviada CB (sigla do inglês Citizens' Band), também
conhecida no Brasil, como Radiocidadão ou Faixa cidadão, é um sistema de
comunicações individual de curta distância via rádio que usa uma banda de
frequências altas (HF), nas denominadas Ondas Curtas.
"Deve ser um voo cheio",
disse Travis. Seu braço esquerdo apoiado na parte de trás da minha cadeira, seu
polegar esfregando meu ombro. Ele tentava fingir estar relaxado, mas seu joelho
balançando o denunciou.
"O diamante é excessivo. Eu
sinto que eu vou ser assaltada a qualquer momento", eu disse.
Travis riu. "Em primeiro lugar,
ninguém vai tocar em você, porra. Em segundo lugar, esse anel foi feito para
estar no seu dedo. Eu soube assim que o vi."
"Atenção passageiros do vôo da
American 2477 para Las Vegas, estamos à procura de três voluntários para tomar
um voo posterior. Estamos oferecendo vouchers de viagem com validade de um ano
a partir dessa data."
Travis
olhou para mim.
"Não."
"Está com pressa?", Ele
perguntou, com um sorriso de satisfação no rosto.
Inclinei-me e o beijei. "Na
verdade, eu estou." Eu estendi a mão e com o dedo limpei uma mancha de
fuligem em seu nariz, que ele tinha esquecido de tirar no chuveiro.
"Obrigado, querida", disse
ele, me apertando ao seu lado. Ele olhou ao redor, com o queixo erguido, os
olhos brilhantes. Ele estava no melhor humor que eu já o tinha visto, desde a
noite em que ele ganhou a nossa aposta. Isso me fez sorrir. Sensata ou não, era
bom ser tão amada, e eu decidi ali mesmo que eu iria parar de me desculpar por
isso. Havia coisas piores do que encontrar sua alma gêmea muito cedo na vida, e
o que era muito cedo afinal?
"Eu tive uma discussão sobre
você com a minha mãe, uma vez", disse Travis, olhando para fora, pelas
janelas a nossa esquerda. Ainda estava escuro. Ele não podia ver muito do outro
lado.
"Sobre mim?Não é meio que...
impossível?"
"Na verdade não. Foi no dia em
que ela morreu."
A adrenalina explodiu dentro de mim e
correu pelo meu corpo, acumulando nos meus dedos das mãos e dos pés. Travis
nunca tinha falado da sua mãe para mim. Eu sempre quis perguntar a ele sobre
ela, mas pensava no sentimento doentio que se apoderava de mim quando alguém me
perguntava sobre minha mãe, então eu nunca fiz.
Ele continuou: “Ela me disse para
encontrar uma garota pela qual valesse à pena lutar. Uma que não fosse fácil.”
Eu me senti um pouco envergonhada, me
perguntando se isso significava que eu era um grande pé no saco. Sinceramente,
eu era, mas não a esse o ponto.
“Ela disse para nunca parar de lutar,
e eu não parei. Ela estava certa.” Ele respirou fundo, parecendo deixar que o
pensamento se estabelecesse em seus ossos.
A ideia de que Travis acreditava que
eu era a mulher de que sua mãe falava, que ela iria me aprovar, me fez sentir
uma aceitação que eu nunca tinha sentido antes. Diane, que faleceu há quase 17
anos, agora me fez sentir mais amada do que a minha própria mãe.
"Eu amo a sua mãe”, eu disse,
inclinando-me contra o peito de Travis.
Ele
olhou para mim, e depois de uma breve pausa, beijou meu cabelo. Eu não
conseguia ver o rosto dele, mas eu podia ouvir em sua voz o quanto ele foi
afetado.
“Ela teria amado você também. Não
tenho duvida.”
A mulher falou no seu CB novamente.
“Atenção passageiros do vôo da American 2477 para Las Vegas: vamos começar o
embarque em breve. Vamos iniciar com quem necessita de assistência de embarque,
e aqueles com crianças pequenas, em seguida vamos embarcar a primeira classe e
a classe executiva."
"Que tal excepcionalmente
cansado?”, Disse Travis, de pé. "Preciso da porra de um Red Bull. Talvez
devêssemos ter mantido as nossas passagens para amanhã como havíamos
planejado.”
Eu levantei uma sobrancelha.
"Você tem algum problema com a minha pressa de ser a Sra. Travis Maddox?”
Ele balançou a cabeça, me ajudando a
levantar. "Claro que não. Eu ainda estou em estado de choque, se você quer
saber a verdade. Eu só não quero que você se apresse, por estar com medo de
mudar de ideia.”
“Talvez eu tenha medo que você vá
mudar de ideia .”
As sobrancelhas de Travis levantaram,
e ele passou os braços em volta de mim. “Você realmente não pode pensar assim.
Você tem que saber que não há nada que eu queira mais.”
Eu me levantei na ponta dos pés e
beijei seus lábios. "Eu penso que nós estamos nos preparando para embarcar
em um avião para Las Vegas, para que possamos nos casar, isso é o que eu
penso.”
Travis me apertou contra ele, e, em
seguida, me beijou com entusiasmo da bochecha a clavícula. Eu ri quando ele fez
cócegas na minha garganta, e ri ainda mais alto quando ele me levantou do chão.
Ele me beijou uma última vez antes de pegar minha bolsa do chão, me soltou, e
depois me levou pela mão para a fila.
Nós mostramos nossos cartões de
embarque e descemos o corredor de embarque de mãos dadas. A aeromoça olhou para
nós e ofereceu um sorriso. Travis encontrou nossos lugares e me deixou passar,
colocou a nossa bagagem de mão no compartimento de bagagem, e caiu ao meu lado.
"Nós provavelmente deveríamos tentar dormir no caminho, mas eu não tenho
certeza se consigo. Estou muito empolgado, porra.”
“Você
acabou de dizer que precisava de um Red Bull.”
Sua covinha cedeu quando ele sorriu.
“Para de ouvir tudo o que digo. Eu provavelmente não vou fazer sentido pelos
próximos seis meses, enquanto eu tento processar o fato de que eu consegui tudo
que sempre quis.”
Eu me inclinei para trás para
encontrar seus olhos. “Trav, se você quer saber por que eu estou com tanta
pressa para casar com você... o que acabou de dizer é uma das tantas razões.”
“Sim?”
"Sim."
Ele afundou em seu assento, e depois
deitou a cabeça no meu ombro, acariciando meu pescoço algumas vezes antes de
relaxar. Eu encostei meus lábios em sua testa, e então olhei para fora da
janela, esperando que os outros passageiros passassem e rezando silenciosamente
para que o piloto acelerasse o inferno fora de lá.
Eu nunca tinha sido tão agradecida
por minha cara de paisagem incomparável. Eu queria levantar e gritar para que
todos se sentassem, para que o piloto pudesse nos tirar do chão, mas eu me
proibi de ficar inquieta, e desejei que os meus músculos relaxassem.
Os dedos de Travis encontraram o
caminho para os meus, e se entrelaçaram com eles. Sua respiração aquece o local
em que toca meu ombro, e envia calor por todo o meu corpo. Às vezes eu só
queria me afogar nele. Pensei no que poderia acontecer se o meu plano não
funcionasse. Travis sendo preso, julgado em um tribunal, e o pior cenário
possível: sendo enviado para a prisão. Sabendo que era possível que eu fosse
separada dele por um longo tempo, eu senti que a promessa de estar com ele para
sempre não era suficiente. Meus olhos se encheram de lágrimas, e uma escapou,
caindo pelo meu rosto. Limpei rapidamente.
Droga, cansaço sempre me deixou mais
emotiva.
Os outros passageiros foram guardando
as malas e afivelando o cinto de segurança, executando os movimentos sem a
menor ideia de que nossas vidas estavam prestes a mudar para sempre.
Eu me virei para olhar para fora da
janela. Qualquer coisa para manter minha mente fora da urgência de sair do
chão. "Depressa”, eu sussurrei.
***
Travis
Foi fácil relaxar quando eu descansei minha cabeça na curva do pescoço de Abby. Seu cabelo ainda cheirava um pouco como fumaça, e suas mãos ainda estavam rosa e inchadas de tentar forçar a janela do porão para abrir. Tentei tirar aquela imagem da minha cabeça: as manchas de fuligem no rosto, os olhos assustados vermelhos e irritados por causa da fumaça, enfatizada pelo rímel preto manchado em torno deles. Se eu não tivesse ficado para trás, ela poderia não ter conseguido. A vida sem Abby não soava muito como uma vida em tudo. Eu não queria nem imaginar como seria perdê-la. Indo de uma situação de pesadelo para uma que eu tinha sonhado foi uma experiência chocante, mas ali encostado em Abby enquanto o avião zumbia e a aeromoça cantarolava os anúncios através do sistema de PA, fez a transição um pouco mais fácil.
Estendi a mão para os dedos de Abby,
entrelaçando os meus com os dela. Sua bochecha pressionada contra o topo da
minha cabeça tão sutilmente, que se eu tivesse prestando atenção em que corda
puxar para acionar a inflação automática do meu colete salva-vidas, eu poderia
ter perdido sua pequena demonstração de afeto.
Em poucos meses, a mulher pequena ao
meu lado tinha se tornado o meu mundo inteiro. Eu fantasiava sobre o quão
bonita ela estaria em seu vestido de noiva, eu voltando para casa para ver Abby
em nosso apartamento, comprar o nosso primeiro carro, e fazer todos os dias
coisas que as pessoas casadas fazem, como lavar os pratos e fazer compras no
supermercado juntos. Eu imaginei vê-la caminhar pelo palco em sua formatura.
Depois que ambos encontrássemos emprego, nós provavelmente começaríamos uma
família. Isso estava apenas a três ou quatro anos de distância. Nós dois
tivemos lares desfeitos, mas eu sabia que Abby seria uma maldita boa mãe.
Pensei em como eu reagiria quando ela me desse à notícia de estar grávida, e eu
já me sentia um pouco emocionado sobre isso.
Não seria tudo luz do sol e
arco-íris, mas passando por uma fase difícil foi quando estivemos no nosso
melhor, e nós tínhamos atravessado estradas ásperas o suficiente para saber que
poderíamos superá-las.
Com pensamentos de um futuro em que
Abby estava inchada do nosso primeiro filho correndo pela minha mente, meu
corpo relaxou contra o assento do avião, e eu adormeci.
O que eu estava fazendo aqui? O cheiro de fumaça queimou meu nariz, e os choros e gritos à distância fizeram meu sangue congelar, embora o suor escorresse pelo meu rosto. Eu estava de volta nas entranhas do Keaton Hall.
"Beija-Flor",
eu gritei. Tossi e pisquei os olhos, como se isso fosse me ajudar a ver através
da escuridão. "Beija-Flor!"
Eu já senti essa sensação antes. O
pânico, a pura adrenalina de estar realmente com medo de morrer. A morte estava
apenas há alguns minutos, mas eu não pensava sobre o que seria a sensação de
sufocar ou queimar vivo. Eu só pensava em Abby. Onde ela estava? Ela estava
bem? Como eu poderia salvá-la?
Uma única porta ficou à vista, com
destaque para as chamas que se aproximavam. Virei à maçaneta e vi uma sala de
dez por dez. Eram apenas quatro paredes de blocos de concreto. Uma janela. Um
pequeno grupo de meninas e um par de rapazes estavam contra a parede oposta,
tentando alcançar a sua única saída.
Derek, um dos meus irmãos da
fraternidade, estava segurando uma das meninas, e ela estava tentando
desesperadamente chegar à janela. "Você pode alcançar, Lindsey?" Ele
resmungou, respirando com dificuldade.
"Não! Eu não posso alcançá-la”,
ela gritou, agarrando acima dela. Ela estava vestindo uma camiseta rosa Sigma
Kappa molhada de suor.
Derek acenou para o amigo. Eu não sei
o nome dele, mas ele estava na minha classe de humanidades. "Levante
Emily, Todd! Ela é mais alta!”
Todd inclinou-se e entrelaçou os
dedos, mas Emily tinha se achatado contra a parede, congelada de medo.
"Emily, venha aqui."
Seu rosto comprimiu. Ela parecia uma
menina. "Eu quero a minha mãe", ela choramingou.
"Venha. Aqui. Porra! "Todd
ordenou.
Depois de um pequeno momento ela
encontrou sua coragem, Emily se afastou da parede e subiu nas mãos de Todd. Ele
a empurrou para cima, mas ela não conseguia alcançar, também.
Lainey observava sua amiga chegar próximo
a janela, percebeu as chamas que se aproximavam, e, em seguida, fechou as mãos
em punhos em seu peito. Ela apertou-as tão forte, que elas tremeram.
"Continue tentando, Emily!"
"Vamos tentar um outro
caminho!" Eu disse, mas eles não me ouviram. Talvez eles já houvessem
tentado várias rotas, e esta foi a única janela que conseguiram encontrar. Eu
corri para o corredor escuro e olhei em volta. Era um beco sem saída. Não tinha
mais para onde correr.
Voltei,
tentando pensar em algo para nos salvar. Lençóis empoeirados cobriam o
mobiliário espalhado ao longo das paredes, e o fogo estava usando-os como um
caminho. O caminho levava para o quarto em que estávamos.
Eu recuei alguns passos e, em
seguida, virei-me para ver as crianças atrás de mim. Seus olhos se arregalaram,
e eles se espremeram contra a parede. Lainey estava tentando subir nos blocos
de cimento em puro terror.
"Vocês viram Abby
Abernathy?", eu disse. Eles não me ouviram. "Hey!" Eu gritei
novamente. Nenhuma dessas crianças me reconheceu. Eu andei até Derek e gritei
para ele. "Hey!" Ele olhou para a direita através de mim, para o
fogo, um olhar de horror em seu rosto. Eu olhei para os outros. Eles não me
viam, também.
Confuso, fui até a parede, e pulei,
tentando alcançar a janela, e então eu estava ajoelhado no chão ao lado de
fora, observando. Derek, Todd, Lainey, Lindsey, e Emily ainda estavam lá
dentro. Eu tentei abrir a janela, mas ela não se movia. Eu continuei tentando,
de qualquer forma, esperando que a qualquer momento ela abriria e eu poderia
retirá-los.
"Espere", eu gritei.
"Socorro!" Eu gritei de novo, esperando que alguém ouvisse.
As meninas se abraçaram, e Emily
começou a chorar. "Este é apenas um sonho ruim. Este é apenas um sonho
ruim. Acorde! Acorde!”, Dizia ela mais e mais.
"Pegue um dos lençóis,
Lainey!", Disse Derek. "Enrole-o e passe debaixo da porta!"
Lainey se moveu para puxar um lençol
de uma mesa. Lindsey a ajudou, e depois assistiu Lainey enfiá-la
desesperadamente debaixo da porta. As duas se afastaram, observando a porta.
"Estamos presos", disse
Todd para Derek.
Os ombros de Derek caíram. Lainey
caminhou até ele, e ele tocou seu rosto com ambas as mãos sujas. Eles olharam
nos olhos um do outro. Uma grossa fumaça preta serpenteava por baixo da porta e
penetrava na sala.
Emily saltou para a janela.
"Levante-me, Todd! Eu quero sair! Eu quero sair daqui!”
Todd a assistia saltar com uma
expressão derrotada no rosto.
"Mamãe!" Emily gritou.
"Mamãe, me ajude!" Seus olhos estavam fixos na janela, mas ainda
assim ela olhou através de mim.
Lindsey
estendeu a mão para Emily, mas ela não quis ser tocada. "Shhh...",
disse ela, tentando confortá-la de onde ela estava. Ela cobriu a boca com as
mãos e começou a tossir. Ela olhou para Todd, lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Nós vamos morrer".
"Eu não quero morrer!"
Emily gritou, ainda pulando.
Quando a fumaça encheu a sala eu
soquei a janela, mais e mais. A adrenalina deve ter sido incrível, porque eu
não podia sentir a minha mão bater no vidro, mesmo que eu estivesse usando todas
as forças que eu tinha. "Ajude-me! Socorro!" Eu gritei, mas ninguém
veio.
A fumaça bateu e rodou contra a
janela, e as tosses e os choros silenciaram.
Meus olhos se abriram, e eu olhei ao redor. Eu estava no avião com Abby, minhas mãos apertando os descansos de braços, e todos os músculos do meu corpo tensionados.
"Travis? Você está suando”,
disse Abby. Ela tocou meu rosto.
"Eu já volto", eu disse,
rapidamente desafivelando meu cinto de segurança. Eu corri para a parte de trás
do avião e abri a porta do banheiro e, em seguida, tranquei-a atrás de mim.
Girando a alavanca de pia, joguei água no meu rosto, em seguida, olhei para o
espelho, observando as gotas de água na minha cara e em cima do balcão.
Eles estavam lá por minha causa. Eu
sabia que Keaton não era seguro, e eu sabia que muitas pessoas estavam naquele
porão, e eu deixei isso acontecer. Eu contribui para dezenas de mortes, e agora
eu estava em um avião para Las Vegas. Que diabos havia de errado comigo?
Voltei para o meu lugar e me apertei
ao lado de Abby.
Ela olhou para mim, percebendo
imediatamente que algo estava errado. "O quê?"
"É minha culpa."
Ela balançou a cabeça, e manteve sua
voz baixa. "Não. Não faça isso.”
"Eu deveria ter dito não. Eu
deveria ter insistido em um lugar mais seguro.”
"Você não sabia o que ia
acontecer." Ela olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava
ouvindo. “Foi medonho. Foi horrível. Mas nós não podíamos fazer nada. Nós não
podemos mudar isso. “
"E se eu for preso, Abby? E se
eu for para a cadeia?”
"Shhh",
disse ela, me lembrando de como Lindsey tentou consolar Emily no meu sonho.
"Isso não vai acontecer", ela sussurrou. Seus olhos estavam focados,
resolutos.
"Talvez deveria."
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