Capítulo 20 - Você Ganha Um Pouco, Você Perde Um Pouco
Abby mal falou enquando nós
arrumavamos as malas, e ainda menos no caminho para o aeroporto. Ela olhava
para o nada na maior parte do tempo, a menos que um de nós lhe fizesse uma
pergunta. Eu não tinha erteza se ela estava se afogando em desespero, ou apenas
focada no desafio iminente à frente.
No check-in do hotel, America
resolveu tudo, sacodindo sua identidade falsa, como se ela já tivesse feito
isso umas mil vezes antes.
Ocorreu-me, então, que ela
provavelmente já tinha feito isso antes. Vegas era o lugar onde elas
haviam conseguido as tais identidades falsas perfeitas, e o porquê de America
nunca ter parecido se preocupar com o que Abby poderia lidar. Elas tinham visto
tudo isso antes, nas entranhas da cidade do pecado.
Shepley era um turista inconfundível,
sua cabeça se inclinou para trás, olhando feito um idiota para o ostentoso
teto. Nós colocamos nossa bagagem no elevador, e eu puxei Abby para o meu lado.
"Você está bem?" Eu perguntei,
tocando meus lábios em sua têmpora.
"Eu não quero estar aqui",
ela disse de forma abafada.
As portas se abriram, revelando o
complexo padrão do tapete que se alinhava no corredor. America e Shepley foram
para um lado, Abby e eu para o outro. Nosso quarto era no final do corredor.
Abby colocou a chave cartão na
abertura da porta e, em seguida, a abriu. O quarto era grande, fazendo com que
a cama king-size no meio dele parecesse pequena.
Deixei a mala encostada na parede,
apertando todos os botões até que a cortina mais grossa abrisse, revelando as
luzes agitadas e brilhantes e o transito da Las Vegas Strip. Outro botão fez
abrir um segundo conjunto de cortinas.
Abby não prestou atenção na janela.
Ela nem mesmo se preocupou em olhar para cima. O brilho e o dourado tinham
perdido o seu encanto anos atrás.
Eu ajeitei nossa bagagem de mão no
chão e olhei ao redor do quarto. "Isso aqui é legal, hein?" Abby me
encarou. "O que?"
Ela abriu a mala em um movimento, e
balançou a cabeça. "Não estamos de férias, Travis. Você nem deveria estar
aqui."
Em dois
passos, eu estava atrás dela, cruzando os braços ao redor de sua cintura. Ela
estava diferente aqui, mas eu não estava. Eu ainda podia ser alguém com quem
ela podia contar, alguém que pudesse protegê-la dos fantasmas do seu passado.
"Vou para onde você for,"
eu disse em seu ouvido.
Ela inclinou a cabeça para trás
contra o meu peito e suspirou. "Eu tenho que descer. Você pode ficar aqui
ou dar uma volta pela Strip. Te vejo mais tarde, ok?"
"Eu vou com você."
Ela se virou para mim. "Eu não
quero você lá, Trav."
Eu não esperava isso dela,
especialmente o tom frio em sua voz.
Abby tocou meu braço. "Se eu vou
ganhar catorze mil dólares em um fim de semana, eu tenho que me concentrar. Eu
não gosto de quem eu vou me tornar quando eu estiver naquelas mesas, e eu não
quero que você veja isso,ok?"
Eu tirei os cabelos de seus olhos, e
depois beijei sua bochecha. "Ok, Flor." Eu não podia fingir entender
o que ela quis dizer, mas eu iria respeitá-la.
América bateu na porta e, em seguida,
entrou usando o mesmo vestido nude que ela usou na festa de casais. Os saltos
eram muito altos, e ela tinha passado duas camadas extras de maquiagem. Ela
aprentava dez anos mais velha.
Acenei para a America e, em seguida,
peguei a chave extra na mesa. America já estava montando Abby para sua noite,
lembrando-me de um treinador oferecendo uma conversa estimulante a seu lutador
antes de uma grande luta de boxe.
Shepley estava em pé no corredor,
olhando para três bandejas com sobras de comida deixadas no chão por hospedes.
"O que você quer fazer
primeiro?" Eu perguntei.
"Eu definitivamente não vou me
casar com você."
"Você é tão engraçado. Vamos
descer."
A porta do elevador se abriu, e o
hotel ganhou vida. Era como se os corredores fossem as veias e as pessoas o
sangue. Grupos de mulheres vestidas como estrelas pornôs, famílias,
estrangeiros, as despedidas de solteiro tradicionais, e os funcionários do
hotel seguiam uns aos outros em um caos organizado.
Levou um tempo para conseguir passar
pelas lojas que cercavam as saídas e alcançar a avenida, mas conseguimos chegar
na rua e caminhamos até avistarmos uma multidão reunida na frente de um dos
cassinos. As fontes estavam funcionando,
fazendo
uma apresentação de alguma canção patriótica. Shepley estava hipnotizado,
aparentemente incapaz de se mover enquanto ele observava o bale das águas.
Devemos de ter pegado os últimos dois
minutos da apresentação, porque as luzes logo se dissiparam, a água parou, e a
multidão imediatamente dispersou.
"O que foi aquilo?" Eu
perguntei.
Shepley ainda olhava para o lago
agora calmo. "Eu não sei, mas foi legal."
As ruas estavam cheias com Elvis,
Michael Jackson, dançarinas e personagens de desenhos animados, todos
prontamente disponíveis para tirar uma foto por um preço. Em um certo momento,
eu continei ouvindo um barulho de batidas, e então eu localizei de onde estava
vindo. Homens estavam em pé na calçada, balançando uma pilha de cartões em suas
mãos. Eles entregaram um para Shepley. Era uma foto de uma mulher de seios
ridiculamente grandes em uma pose sedutora. Eles estavam vendendo prostitutas e
clubes de strip. Shepley jogou o cartão no chão. A calçada estava coberta
deles.
Uma menina passou, olhando-me com um
sorriso bêbado. Ela carregava seus saltos na mão. Conforme ela andou por mim,
notei seus pés enegrecidos. O chão estava imundo, a base para o brilho e o
glamour dos altos edificos.
"Nós estamos salvos", disse
Shepley, caminhando até um vendedor de rua vendendo Red Bull e qualquer licor
que você possa imaginar. Shepley pediu dois com vodka, e sorriu quando ele
tomou seu primeiro gole. "Eu posso querer nunca ir embora."
Eu chequei a hora no meu celular.
"Já passou uma hora. Vamos voltar."
"Você se lembra de onde nós
estávamos? Porque eu não."
"Sim. Por aqui."
Nós refizemos nossos passos. Fiquei
feliz quando finalmente chegamos no nosso hotel, porque na verdade eu não
estava exatamente certo de como voltar também. Não era difícil de andar pela
Strip, mas havia um monte dedistrações ao longo do caminho, e Shepley estava
definitivamente em modo férias.
Eu procurei nas mesas de poker por
Abby, sabendo que era onde ela deveria estar. Eu tive um vislumbre do seu
cabelo caramelo, ela estava sentada de forma ereta e confiante em uma mesa
cheia de homens velhos, e America; as meninas eram um contraste gritante do
resto daqueles que estavam na área de poker.
Shepley
acenou para mim para uma mesa de blackjack, e nós jogamos um pouco para passar
o tempo.
Meia hora depois, Shepley cutucou meu
braço. Abby estava de pé, conversando com um cara com a pele oliva e cabelo
escuro, em um terno e gravata. Ele a tinha pelo braço, e eu imediatamente me
levantei.
Shepley agarrou minha camisa.
"Espera, Travis. Ele trabalha aqui. Dê um minuto apenas. Você pode nos
levar todos chutou para fora se você não manter sua cabeça."
Eu os observei. Ele estava sorrindo,
mas Abby era toda profissional. Então, ele reconheceu a America.
"Elas conhecem ele," eu
disse, tentando ler os lábios deles para descobrir a conversa. A única coisa
que eu consegui ler foi jante comigo do idiota de terno, e Abby dizendo
que eu estou aqui com uma pessoa.
Shepley não poderia me segurar desta
vez, mas eu parei a poucos metros de distância, quando eu vi o cara de terno
beijar a bochecha de Abby.
"Foi bom ver você de novo. Até
amanhã... às cinco, ok? Preciso estar aqui embaixo às oito", ele disse.
Meu estômago afundou, e meu rosto
parecia que estava pegando fogo. America puxou o braço de Abby, observando
minha presença.
"Quem era aquele?" Eu
perguntei.
Abby assentiu na direção do cara de
terno. "Aquele é Jesse Viveros. Eu o conheço há muito tempo. "
"Quanto tempo?"
Ela olhou para a cadeira vazia na
mesa de poker. "Travis, eu não tenho tempo para isso."
"Eu acho que ele desistiu da
idéia de ser ministro de jovens", disse America, enviando um sorriso
malicioso na direção de Jesse.
"Esse é o seu ex-namorado?"
Eu perguntei, imediatamente com raiva. "Eu pensei que você tivesse dito
que ele era do Kansas?"
Abby mandou um olhar impaciente para
America, e depois pegou meu queixo em suas mãoa. " Ele sabe que não tenho
idade para estar aqui, Trav. Ele me deu até meia-noite. Eu te explico tudo
depois, mas agora tenho que voltar para o jogo, tudo bem?
Meus
dentes cerraram e eu fechei os olhos. Minha namorada tinha acabado de concordar
em sair com o ex-namorado dela. Tudo dentro de mim queria por para fora um
típico ataque de cólera Maddox, mas Abby precisava que eu fosse maduro e homem
agora. Agindo contra os meus instintos, decidi deixar passar, e me inclinei
para beijá-la. "Tudo bem. Vejo você à meia-noite. Boa sorte."
Eu me virei, fazendo meu caminho
através da multidão, ouvindo a voz de Abby aumnetar pelo menos duas oitavas.
"Cavalheiros?"
Isso me lembrou daquelas meninas que
falavam como crianças quando elas tentavam chamar a minha atenção, com a
esperança de parecerem inocentes.
"Eu não entendo por que ela teve
que fazer qualquer tipo de acordo com aquele Jesse," eu rosnei.
"Para que ela pudesse ficar, eu
acho?" Shepley perguntou, olhando para o teto novamente.
"Existem outros cassinos. Nós
podemos ir para outro."
"Ela conhece as pessoas aqui,
Travis. Ela provavelmente veio para cá porque sabia que, se fosse pega, eles
não a delatariam para a polícia. Ela tem uma identidade falsa, mas eu aposto
que não iria demorar muito para a segurança reconhecer ela. Estes casinos pagam
alto para que as pessoas apontem os trapaceiros, certo?"
"É," eu disse, franzindo a
testa.
Nós encontramos Abby e America na
mesa, observando como America reunia os ganhos de Abby.
Abby olhou para o relógio.
"Preciso de mais tempo."
"Quer tentar as mesas de
blackjack?"
"Eu não posso perder dinheiro,
Trav."
Eu sorri. "Você não pode perder,
Flor".
America balançou a cabeça.
"Blackjack não é o jogo dela."
"Eu ganhei um pouco," eu
disse, cavando em meus bolsos. "Ganhei 600 dólares. Você pode ficar com
eles."
Shepley entregou a Abby suas fichas.
"Eu só consegui trezentos. É seu."
Abby suspirou. "Obrigada
pessoal, mas eu ainda preciso de cinco mil." Ela olhou para o relógio de
novo e, em seguida, olhou para cima para ver Jesse se aproximando.
"Como
se saiu?", ele perguntou, sorrindo.
"Ainda faltam cinco mil, Jess.
Preciso de mais tempo."
"Fiz tudo que eu podia,
Abby."
"Obrigado por me deixar
ficar."
Jesse ofereceu um sorriso
desconfortável. Ele estava obviamente com tanto medo dessas pessoas quanto
Abby. "Talvez eu consiga fazer meu pai conversar com o Benny para
você."
"Essa bagunça é do Mick. Vou pedir
a ele uma extensão do prazo."
Jesse balançou a cabeça. "Você
sabe que isso não vai acontecer, Docinho, não importa com quanto dinheiro você
apareça. Se for menos do que ele deve, o Benny vai mandar alguém atrás dele. E
você, fique o mais longe possível.”
"Eu tenho que tentar",
disse Abby, sua voz quebrada.
Jesse deu um passo a frente,
inclinando-se para manter a voz baixa. "Entre em um avião, Abby. Você está
me ouvindo?"
"Estou", ela disparou.
Jesse suspirou, e seus olhos ficaram
pesados com simpatia. Ele passou os braços em torno de Abby e depois beijou seu
cabelo. "Eu sinto muito. Se o meu trabalho não estivesse em jogo, você
sabe que eu ia tentar pensar em alguma coisa."
Os cabelos na parte de trás do meu
pescoço ficaram em pé, algo que acontecia somente quando eu me sentia ameaçado
e estava prestes a soltar minha ira completa contra alguém.
Pouco antes de eu atacá-lo, Abby se
afastou.
"Eu sei", ela disse.
"Você fez o que podia."
Jesse levantou o queixo dela com o
dedo. "Vejo você amanhã às cinco." Ele se abaixou para beijar o canto
da boca dela e depois foi embora.
Foi então que eu notei que meu corpo
estava inclinado para a frente, e Shepley estava mais uma vez segurando minha
camisa, os nós dos dedos dele brancos.
Os olhos de Abby estavam fixos no
chão.
"O que é que tem às cinco?"
Eu fervia.
"Ela concordou em jantar com
Jesse se ele a deixasse ficar. Ela não teve escolha, Trav," America disse.
Abby olhou para mim com seus grandes
olhos se desculpando.
"Você
tinha escolha", eu disse.
"Alguma vez você já lidou com a
máfia, Travis? Sinto muito se seus sentimentos estão feridos, mas um jantar de
graça com um velho amigo não é um preço alto a se pagar para manter o Mick
vivo."
Eu apertei meu maxilar, recusando me
a deixá-lo aberto para que eu dissesse palavras das quais mais tarde eu iria me
arrepender.
"Vamos lá pessoal, temos que
encontrar o Benny," America disse, puxando Abby pelo braço.
Shepley andou ao meu lado enquanto
seguimos as meninas pela Strip até o prédio de Benny. Era a um quarteirão das
luzes brilhantes, mas era um lugar onde o dourado nunca tinha tocado – e não
era destinado a ser. Abby fez uma pausa, e então andou alguns passos em direção
a uma porta grande e verde. Ela bateu, e eu segurei sua outra mão para evitar
que ela tremesse.
O porteiro apareceu na porta aberta.
Ele era enorme - negro, intimidante, e tão largo quanto alto - com o
esteriotipo desprezível de Vegas em pé ao lado dele. Correntes de ouro, olhos
suspeitos, e uma pança causada por tanta comida da mamãe.
"Benny", Abby respirou.
"Ora, ora... Você não é mais a
Lucky Thirteen, não é? O Mick não me contou que você tinha ficado tão bonita.
Eu estava esperando por você, Docinho. Ouvi dizer que tem um pagamento para
mim."
Abby assentiu, e Benny apontou para o
resto de nós. "Eles estão comigo", ela disse, com a voz
surpreendentemente firme.
"Eu receio que seus companheiros
terão que esperar do lado de fora", o porteiro disse em um tom grave
incomum.
Tomei Abby pelo braço, virando meu
ombro em uma postura protetora. "Ela não vai entrar aí sozinha. Eu vou com
ela."
Benny me olhou por um momento, e
então sorriu para o seu porteiro. "É justo. O Mick ficará feliz em saber
que você tem um amigo tão bom."
Nós o seguimos para dentro. Eu me
mantive segurando firme o braço de Abby, me certificando de estar entre ela e a
maior ameaça - o porteiro. Nós andamos atrás de Benny, seguindo-o até um
elevador, e depois subimos quatro andares.
Quando
as portas se abriram, uma grande mesa de mogno surgiu. Benny mancou até sua
cadeira de pelúcia e se sentou, apontando para nós sentarmos nas duas cadeiras
vazias em frente da mesa dele. Sentei, mas a adrenalina estava fluindo pelas
minhas veias, me fazendo contrair e inquietar. Eu podia ouvir e ver tudo na sala,
incluindo os dois bandidos em pé nas sombras atrás da mesa de Benny.
Abby estendeu a mão para pegar a
minha, e eu apertei sua mão, tentando tranquilizá-la.
"Mick me deve 25 mil. Eu
acredito que você tenha o valor total ", disse Benny, rabiscando algo em
um bloco de notas.
"Na verdade," Abby fez uma
pausa, limpando a garganta, "faltam cinco mil, Benny. Mas eu tenho o dia
todo amanhã para conseguir isso. E cinco mil não é problema, certo? Você sabe
que eu sou boa nisso."
"Abigail", Benny disse,
franzindo a testa: "Assim você me decepciona. Você conhece muito bem as
minhas regras."
"Por... por favor, Benny. Eu
estou pedindo para você pegar os dezenove mil e novecentos, e eu terei o resto
amanhã."
Os olhos redondos de Benny se moviam
entre Abby e eu. Os bandidos saíram dos cantos escuros e os cabelos na parte de
trás do meu pescoço estavam em pé novamente.
" Você sabe que não aceito nada
além do valor total. O fato de você estar tentando me entregar menos que isso
me diz algo. Sabe o quê? Que você não tem certeza se vai conseguir tudo."
Os bandidos deram mais um passo para
a frente. Eu olhei em seus bolsos e em suas roupas buscando por qualquer forma
que gritasse arma. Ambos tinham algum tipo de faca, mas eu não vi nenhuma arma.
Isso não significava que eles não tinham uma enfiada em uma bota, mas eu
duvidava que qualquer um fosse tão rápido quanto eu. Se precisasse, eu poderia
tirá-la deles e nos tirar de lá o mais rápido possível.
"Eu posso conseguir o seu
dinheiro, Benny," Abby riu de forma nervosa. "Eu ganhei oito mil e
novecentos em seis horas."
"Então você está me dizendo que
vai me trazer oito mil e novecentos em mais seis horas?" Benny sorriu seu
sorriso diabólico.
"O
prazo é até amanhã à meia-noite," eu disse, olhando para trás e vendo a
sombra de um homem se aproximando.
"O... o que você está fazendo,
Benny?" Abby perguntou, sua postura rígida.
"Mick me ligou hoje à noite. Ele
disse que você está cuidando da dívida dele."
"Eu estou fazendo um favor para
ele. Eu não te devo nenhum dinheiro ", ela disse com firmeza.
Benny inclinou seus cotovelos gordos
e curtos sobre a mesa. "Estou pensando em ensinar uma lição ao Mick, e
estou curioso para saber até onde vai a sua sorte, criança."
Instintivamente, eu pulo da minha
cadeira, puxando Abby comigo. Eu coloco ela atrás de mim, andando de costas em
direção a porta.
"Josiah está do lado de fora,
meu jovem. Para onde exatamente você acha que vai fugir?"
“Travis", Abby advertiu.
Não tinha mais conversa. Se eu
deixasse qualquer um destes capangas passarem por mim, eles iriam machucar
Abby. Eu movi Abby para trás de mim.
"Espero que você saiba, Benny,
que, quando eu derrubar os seus homens, não é com a intenção de te
desrespeitar. Mas eu estou apaixonado por essa garota e eu não posso permitir
que você a machuque."
Benny explodiu em uma gargalhada
alta. "Eu tenho que te dar crédito, filho. Você é o cara mais corajoso que
já passou por essa porta. Vou te preparar para o que você está prestes a
enfrentar. O camarada mais alto à sua direita é o David. Se ele não conseguir
derrubar você com os punhos dele, ele vai usar a faca que ele tem no coldre. O
homem à sua esquerda é o Dane, e ele é meu melhor lutador. Aliás, ele tem uma
luta amanhã, e nunca perdeu uma. Tome cuidado para não machucar as mãos, Dane.
Apostei alto em você."
Dane sorriu para mim com olhos
selvagens e divertidos. "Sim, senhor".
"Benny, pare! Posso conseguir o
dinheiro!" Abby gritou.
"Ah não... isso vai ficar
interessante muito rápido." Benny riu, recostando-se em sua cadeira.
David veio para cima de mim. Ele era
desajeitado e lento, e antes mesmo que ele tivesse a chance de alcançar a
faca,eu incapacitei ele, empurrando o rosto dele para
baixo e
dando-lhe uma joelhada certeira. Eu, então, dei dois socos no rosto dele.
Sabendo que esta não era uma luta de porão, e que eu estava lutando para tirar
eu e Abby dali vivos, eu coloquei tudo de mim em cada movimento. Eu me senti
bem, como se cada pequena porção de raiva reprimida dentro de mim pudesse
finalmenteser solta. Dois socos mais e uma cotovelada depois, David estava no
chão, caído em uma poça de sangue.
Benny jogou a cabeça para trás, rindo
histericamente e socando a mesa, com a mesma alegria de uma criança assistindo
desenho animado no sábado de manhã. "Bom, vá em frente, Dane. Ele não
assustou você, assustou?"
Dane se aproximou de mim com mais
cautela, com o foco e a precisão de um lutador profissional. Seu punho voou em
direção ao meu rosto, mas eu desviei para o lado, batendo meu ombro nele com
força total. Nós cambaleamos para trás e caímos na mesa de Benny.
Dane agarrou-me com os dois braços,
me jogando no chão. Ele era mais rápido do que eu tinha imaginado, mas não
rápido o suficiente. Nós brigamos no chão por um momento, enquanto eu ganhava
tempo para conseguir garrá-lo de forma firme, mas então Dane ganhou terreno,
posicionando-se para dar alguns socos em mim enquanto eu estava preso debaixo
dele no chão.
Agarrei as bolas de Dane e as torci.
Isso o chocou e ele gritou, parando apenas tempo suficiente para que eu obter
vantagem. Eu me ajoelhei sobre ele, segurando-o pelo seu longo cabelo, lançando
soco após soco na lateral de sua cabeça. O rosto de Dane batia com força na
mesa de Benny a cada, e então ele ficou de pé, desorientado e sangrando.
Eu o observei por um momento, e
depois ataquei novamente, deixando minha raiva fluir por mim a cada golpe. Dane
se esquivou uma vez e acertou meu maxilar com os nós dos dedos.
Ele pode ter sido um lutador, mas
Thomas batia muito mais forte do que ele. Isso ia ser fácil.
Eu sorri e levantei meu dedo
indicador. "Essa foi sua vez."
A risada desenfreada de Benny encheu
a sala enquanto eu terminava com seu capanga. Meu cotovelo acertou o centro do
rosto de Dane, nocauteando-o antes dele cair no chão.
"Que
jovem incrível! Simplesmente incrível! " Benny disse, batendo palmas com
prazer.
Imediatamente eu agarrei Abby,
puxando-a para trás de mim quando Josiah encheu a porta com sua estrutura
maciça.
"Devo cuidar disso,
senhor?" Josiah perguntou. Sua voz era profunda, mas inocente, como se ele
estivesse apenas fazendo o único trabalho em que ele era bom, e não desejasse
realmente ferir qualquer um de nós de verdade.
"Não! Não, não..." Benny
disse, ainda atordoado com o desempenho improvisado. "Qual é o seu
nome?"
"Travis Maddox," eu disse
ofegante. Eu limpei o sangue de Dane e Davi das minhas mãos em minha calça
jeans.
"Travis Maddox, acredito que
você possa ajudar a sua namoradinha aqui a sair dessa encrenca."
"Como?" eu perguntei,
soltando o ar.
"Dane deveria lutar amanhã à
noite. Eu apostei alto nele, mas não me parece que ele esteja em condições de
lutar tão cedo. Sugiro que você assuma o lugar dele e ganhe uma grana pra mim,
e eu perdoo os cinco mil e cem restantes da dívida do Mick."
Eu me virei para Abby.
"Beija-flor?"
"Você está bem", ela
perguntou, limpando o sangue do meu rosto. Ela mordeu o lábio, seu rosto se
enrugando em torno de sua boca. Seus olhos se encheram de lágrimas.
"Não é o meu sangue, baby. Não
chore."
Benny se levantou. "Eu sou um
homem ocupado, filho. Topa ou passa?"
"Topo", eu disse. "Me
diga quando e onde e eu estarei lá."
"Você vai lutar com o Brock
McMann. Ele não é nenhuma mocinha. Foi barrado do UFC no ano passado."
Eu conhecia o nome. "Apenas me
diga onde eu preciso estar."
Benny me deu a informação, então um
sorriso de tubarão se espalhou pelo seu rosto. "Eu gosto de você, Travis.
Eu acho que vamos ser bons amigos. "
"Eu duvido", eu disse. Eu
abri a porta para Abby e mantive uma postura protetora ao seu lado até que
saímos pela porta da frente.
"Jesus
Cristo!" America gritou ao ver o sangue cobrindo minha roupa. "Vocês
estão bem?" Ela agarrou os ombros de Abby e examinou seu rosto.
"Eu estou bem. Apenas mais um
dia no escritório. Para nós dois ", Abby disse, enxugando os olhos.
Com sua mão na minha, nós corremos
para o hotel, com Shepley e America nos seguindo bem de perto.
A única pessoa que pareceu notar
minhas roupas sujas de sangue foi o garoto no elevador.
Uma vez que estávamos todos de volta
no meu quarto e de Abby, eu arranquei as roupas e entrei no banheiro para lavar
toda a sordidez de mim.
"Que diabos aconteceu lá?"
Shepley finalmente perguntou.
Eu podia ouvir as suas vozes
murmurando enquanto eu ficava de pé embaixo da água, recordando a última hora.
Tão assustador quanto foi ter Abby em tal perigo real, foi incrivelmente
fantástico poder me soltar com os dois capangas de Benny, David e Dane. Era
como a melhor droga que pudesse existir.
Eu me perguntei se eles já tinham
acordado ou se Benny tinham apenas os arrastado para fora e os deixado no beco.
Uma estranha calma tomou conta de
mim. Socar os homens de Benny foi uma válvula de escape para cada pequena
porção de raiva e frustração que eu tinha acumulado ao longo dos anos, e agora
eu me sentia quase normal.
"Eu vou matar ele! Eu vou matar
aquele filho da puta!" America gritou.
Eu desliguei o chuveiro e enrolei uma
toalha em volta da minha cintura.
"Um dos caras que eu nocauteei
tinha uma luta amanhã à noite", disse a Shepley. "Vou assumir o lugar
dele e, em troca, Benny vai perdoar os cinco mil que faltam da dívida do
Mick."
America se levantou. "Isso é
ridículo! Por que estamos ajudando Mick, Abby? Ele te jogou aos lobos! Eu vou
matá-lo!"
"Não se eu matar ele
primeiro", eu fervia de ódio.
"Entre na fila", disse
Abby.
Shepley andava impacientemente.
"Então você vai lutar amanhã?"
Eu balancei a cabeça uma vez.
"Em um lugar chamado Zero’s. Às seis horas. É com o Brock McMann,
Shep."
Shepley
balançou a cabeça. "De jeito nenhum. Nem ferrando, Trav. O cara é um
maníaco!"
"É", eu disse, "mas
ele não está lutando por sua garota, está?" Eu tomei Abby em meus braços,
beijando o topo de sua cabeça. Ela ainda estava tremendo. "Você está bem,
Beija-flor?"
"Isso é errado. Isso é errado em
tantos sentidos. Não sei com qual deles devo tentar te convencer a não fazer
isso em primeiro lugar."
"Você não me viu hoje à noite?
Eu vou ficar bem. Eu já vi o Brock lutar antes. Ele é duro na queda, mas não é
imbatível."
"Eu não quero que você faça
isso, Trav."
"Bem, eu não quero que você vá
jantar com seu ex-namorado amanhã à noite. Acho que nós dois vamos ter que
fazer algo desagradável para salvar a pele do seu pai imprestável."
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