Capítulo 28 - Sr. e Sra.

Abby estava sobre a calçada com a mão segurando os dois únicos dedos que eu tinha livre. O resto estava segurando sacolas ou tentando acenar para a América. Nós tínhamos dirigido com o Honda para o Aeroporto dois dias antes, por isso Shepley teve que deixar sua namorada com seu carro. América insistiu em ser a única a nos pegar e todo mundo sabia o porquê.
Quando ela parou no meio-fio, ela olhou para frente. Ela nem sequer saiu para ajudar com as malas. Abby abaixou o banco do passageiro e entrou, cuidando do lado que ela recém tinha tatuado o meu sobrenome.
Joguei as malas no porta-malas, e em seguida, puxei a maçaneta da porta. "Uh... , " Eu disse, puxando-a novamente. "Abra a porta Mare".
"Eu não acho que eu vá abrir", disse ela, chicoteando a cabeça para olhar para mim. Ela puxou para frente um pouco, e Abby ficou tensa. "Mare, pare."
América pisou no acelerador e levantou uma sobrancelha. "Você quase matou a minha melhor amiga em uma de suas lutas estúpidas, então você a levou para Las Vegas e se casou com ela enquanto eu estava fora da cidade, então eu não só não pude ser a dama de honra, mas não pude nem mesmo testemunhar?"
Eu puxei a maçaneta novamente. "Vamos lá, Mare. Eu gostaria de poder dizer que sinto muito, mas eu estou casado com o amor da minha vida."
"O amor de sua vida é uma Harley!" América fervia. Ela puxou pra frente novamente.
"Não mais!" Eu implorei.
"América Mason... " Abby começou. Ela tentou parecer intimidante, mas a América lançou um olhar em sua direção tão grave que deixou Abby encolhida contra a porta. Os carros atrás de nós buzinavam, mas a América estava muito enfurecida para prestar atenção.
"Tudo bem", eu disse, segurando uma das mãos. "Tudo bem. E se nós uh... E se nós tivéssemos um outro casamento neste verão? Com vestido, os convites, as flores, tudo. Você pode ajudá-la a planejar. Você pode estar ao lado dela, dar uma festa de despedida, o que quiser."
"Não é a mesma coisa!" América rosnou, mas a tensão em seu rosto relaxou um pouco. "Mas é um começo." Ela desacelerou e puxou o bloqueio da porta. Eu puxei a alça e sentei no banco, cuidando para não falar de novo até chegar ao apartamento. Shepley estava limpando seu Charger quando chegamos ao estacionamento do apartamento.
"Hey!" Ele sorriu e me abraçou primeiro e depois Abby. "Parabéns pra vocês dois."
"Obrigada", disse Abby, ainda sentindo desconfortável pelo temperamento da America.
"Eu acho que é uma boa coisa que América e eu já estávamos discutindo em ter a nossa própria casa."
"Oh, você estavam", disse Abby, inclinando a cabeça para a amiga. "Parece que não fomos os únicos a tomar decisões por conta própria."
"Nós estávamos indo para falar sobre isso com você," América disse defensivamente.
"Sem pressa", disse eu. "Mas eu gostaria de alguma ajuda hoje para trazer o resto das coisas de Abby."
"Sim, com certeza. Brasil recém chegou em casa. Eu vou dizer a ele que precisamos da sua camionete."
Os olhos de Abby correram entre nós três. "Vamos dizer a ele?"
América não conseguia conter o sorriso presunçoso. "Vai ser difícil negar com essa pedra enorme em seu dedo".
Eu fiz uma careta. "Você não quer que ninguém saiba?"
"Bem, não, não é isso. Mas, nós fugimos, baby. As pessoas vão pirar.”.
"Você é a Sra. Travis Maddox agora. Que se fodam", eu disse, sem hesitar.
Abby sorriu para mim, e depois olhou para seu anel. "Eu sou. Acho que melhor representar a família de forma adequada."
"Oh, merda," eu disse. "Temos que contar para o papai."
Rosto de Abby virou branco. "Nós temos?"
América riu. "Você com certeza está esperando muito dela já. Passos de bebê, Trav, Jesus."
Eu zombei dela, ainda irritado por ela não ter me deixado entrar no carro no aeroporto. Abby esperou por uma resposta. Eu dei de ombros. "Nós não temos de
fazer isso hoje, mas muito em breve, ok? Eu não quero que ele ouça isso de ninguém."
Ela assentiu com a cabeça. "Eu entendo. Vamos apenas deixar o fim de semana e desfrutar de nossos primeiros dias como recém-casados, sem convidar a todos para o nosso casamento ainda."
Eu sorri, puxando nossa bagagem do porta-malas do Honda. "De acordo. Exceto uma coisa."
"O que é?"
"Podemos passar os primeiros dias à procura de um carro? Eu tenho certeza que eu te prometi um carro."
"Sério?" Ela sorriu.
"Escolha uma cor, baby."
Abby pulou em mim novamente, envolvendo suas pernas e braços em volta de mim e cobrindo o rosto com beijos.
"Ah, pare com isso, vocês dois", disse América. Abby desceu e América a puxou por seu pulso. "Vamos entrar eu quero ver como você está!"
As meninas correram até as escadas deixando eu e Shepley com a bagagem. Eu o ajudei com as numerosas malas de América, sacolas pesadas e segurando a minha e da Abby também. Nós soltamos a bagagem ao subir as escadas e ficamos agradecidos que a porta tinha sido deixada aberta.
Abby estava deitada no sofá, seu jeans desabotoado e dobrado, olhando para baixo com a América inspecionando as suas curvas delicadas, a tinta preta ao longo da pele de Abby.
América olhou para Shepley, que estava com o rosto vermelho e suado. "Estou tão feliz que não somos loucos, baby."
"Eu também", disse Shepley. " E eu espero que você queira estas aqui, porque eu não vou leva-las de volta para o carro."
"Eu quero, obrigada." Ela sorriu docemente, retornando à tatuagem de Abby. Shepley estava satisfeito quando desapareceu em seu quarto, voltando com uma garrafa de vinho em cada mão.
"O que é isso?" Abby disse.
"Sua recepção", Shepley disse com um largo sorriso.
Abby lentamente estacionou em um espaço de estacionamento vazio, verificando cuidadosamente cada lado. Ela havia escolhido um novo Toyota Camry prata no dia anterior e as poucas vezes que eu poderia deixa-la ao volante, ela o guiou como se estivesse secretamente com o Lamborghini de alguém. Depois de duas paradas, ela, finalmente, colocou a alavanca de câmbio no lugar e desligou o motor.
"Nós vamos ter que ter um cartão de estacionamento", disse ela, verificando o espaço ao seu lado novamente.
"Sim, Flor. Eu vou cuidar disso", eu disse, pela quarta vez.
Eu me perguntei se eu deveria ter esperado uma semana ou mais antes de adicionar o stress de um carro novo. Nós dois sabíamos que até o final do dia o boato seria espalhado da notícia do nosso casamento, juntamente com um escândalo de ficção ou dois.
Abby propositadamente usava jeans skinny e um suéter bem apertado para afastar as inevitáveis perguntas sobre a gravidez. Poderíamos ter nos casado agora, mas as crianças eram um nível totalmente novo e nós dois estávamos satisfeitos em esperar.
Algumas gotas caíram do céu na primavera cinzenta, quando começamos a nossa caminhada para nossas aulas no campus. Eu puxei meu boné vermelho pra baixo na minha testa e Abby abriu seu guarda-chuva. Nós dois olhamos para Keaton Hall quando nós passamos, observando a fita amarela e tijolo enegrecido acima de cada janela. Abby agarrou no meu casaco e eu a segurei, tentando não pensar sobre o que tinha acontecido.
Shepley ouviu que Adam havia sido preso. Eu não tinha dito nada a Abby, com medo de que eu fosse o próximo e que iria lhe causar preocupações desnecessárias. Parte de mim pensou que a notícia sobre o incêndio iria manter uma atenção menor sobre o anel no dedo de Abby, mas eu sabia que a notícia do nosso casamento seria uma distração bem-vinda para a dura realidade de perder colegas de forma tão horrível. Como eu esperava, quando chegamos ao refeitório, meus irmãos de fraternidade e do time de futebol foram nos felicitando sobre nosso casamento e nosso filho iminente.
"Eu não estou grávida", disse Abby, balançando a cabeça.
"Mas... vocês estão casados, né? "Lexi disse, duvidosa.
"Sim", Abby disse simplesmente.
Lexi levantou uma sobrancelha. "Eu acho que nós vamos descobrir a verdade em breve."
Eu empurrei minha cabeça para o lado. "Se manca, Lexi."
Ela me ignorou. "Eu acho que você ouviu falar sobre o fogo?"
"Um pouco", Abby disse, claramente desconfortável.
"Eu ouvi que os alunos estavam dando uma festa lá. Que estavam se esgueirando em porões durante todo o ano."
"É mesmo?" Eu perguntei. Do canto do meu olho eu podia ver Abby olhando para mim, mas eu tentei não olhar muito aliviado. Se isso fosse verdade, talvez eu estivesse fora da mira.
O resto do dia foi de estar sendo observado ou parabenizado. Pela primeira vez, eu não estava sendo parado entre as aulas por diferentes meninas que queriam saber meus planos para o fim de semana. Elas apenas observavam enquanto eu andava, hesitantes em se aproximar de alguém casado. Na verdade, foi um bocado agradável.
Meu dia estava indo muito bem, e eu me perguntava se Abby poderia dizer o mesmo. Até a minha professora de psicologia me ofereceu um pequeno sorriso e acenou enquanto ela esperava minha resposta para pergunta sobre se o boato era verdadeiro. Depois da nossa última aula, eu encontrei Abby no Camry, e joguei as sacolas no banco de trás. "Foi tão ruim quanto você pensou?"
"Sim." Ela respirava.
"Eu acho que hoje não seria um bom dia para encontrar o meu pai, então, hein?"
"Não, mas é melhor. Você está certo, eu não quero que ele ouça a notícia em outro lugar. "
Sua resposta me surpreendeu, mas eu não questionei isso. Abby tentou me deixar dirigir, mas eu recusei, insistindo que ela deveria se sentir confortável ao volante. O tempo até a casa de papai do campus não demorou muito, mas mais do que se eu tivesse conduzido.
Abby obedeceu todas as leis de trânsito, principalmente porque ela estava nervosa sobre a ser parada e, acidentalmente, entregar ao policial a identidade falsa.
Nossa pequena cidade parecia diferente, uma vez que passamos, ou talvez eu é que não era o mesmo. Eu não tinha certeza se ser um homem casado era o que me fez
sentir um pouco mais relaxado, descontraído, ou até mesmo se eu tivesse finalmente resolvido em minha própria vida. Eu estava em uma situação onde eu não tinha que provar a mim mesmo, porque a única pessoa que me aceitava plenamente, minha melhor amiga, era agora um elemento permanente em minha vida.
Parecia que eu tinha terminado uma tarefa, vencido um obstáculo. Pensei na minha mãe e as palavras que ela disse para mim quase uma vida atrás. É quando tive uma visão: ela me pediu para não me acomodar, para lutar pela pessoa que eu amava, e pela primeira vez, eu fiz o que ela esperava de mim. Eu tinha finalmente vivido para ser o que ela queria que eu fosse.
Eu dei uma respiração profunda, limpa e estendi a mão para descansar sobre o joelho de Abby.
"O que é isso?", Perguntou ela.
"O que é o quê?"
"Este olhar em seu rosto."
Seus olhos entre mim e a estrada, extremamente curiosos. Eu imaginava que era uma nova expressão, mas eu não poderia começar a explicar o que podia parecer.
"Estou feliz, baby."
Abby meio que cantarolou, meio rindo. "Eu também."
É certo que eu estava um pouco nervoso sobre contar ao meu pai sobre a nossa fuga para Las Vegas, mas não porque ele ficaria louco. Eu não conseguia pensar no que ele poderia dizer, mas as borboletas no estômago mexeram mais rápido e mais difícil a cada quadra mais perto de chegarmos à casa do meu pai. Abby entrou na rua de cascalho, encharcada da chuva, e parou ao lado da casa.
"O que você acha que ele vai dizer?", ela perguntou.
"Eu não sei. Ele vai ficar feliz, eu sei disso."
"Você acha?" Abby perguntou, pegando minha mão.
Eu apertei os dedos entre os meus. "Eu sei que sim."
Antes que pudéssemos chegar na porta da frente o pai saiu para a varanda.
"Bem, Olá, crianças", ele disse, sorrindo. Seus olhos amassados como suas bochechas que empurravam as bolsas abaixo dos olhos. "Eu não tinha certeza de quem estava aqui fora. Você ter um carro novo, Abby? É bom."
"Ei, Jim." Abby sorriu. "Travis comprou."
"É nosso", disse, tirando meu boné. "Nós pensamos em parar."
"Estou feliz que você tenha feito... feliz que você veio. Teremos um pouco de chuva, eu acho."
"Eu acho," eu disse, meus nervos sufocando qualquer habilidade que eu tinha para conversa fiada. O que eu achava que eram os nervos era só emoção de compartilhar a notícia com o meu pai. Papai sabia que algo estava errado.
"Você teve um bom intervalo de primavera?"
"Foi... interessante", disse Abby, inclinando-se para o meu lado.
"Ah?"
"Fizemos uma viagem, pai. Nós ficamos em Vegas por um par de dias. Decidimos uh... decidimos nos casar."
Papai parou por alguns segundos e então seus olhos rapidamente procuraram a mão esquerda de Abby. Quando ele encontrou a validação do que ele estava procurando, ele olhou para Abby, e depois para mim.
"Pai?" Eu disse, surpreso com a expressão vazia no rosto.
Os olhos do meu pai pararam um pouco e depois os cantos de sua boca se virou lentamente para cima. Ele estendeu os braços me envolvendo e a Abby, ao mesmo tempo. Sorrindo, Abby olhou para mim. Eu pisquei de volta para ela.
"Eu me pergunto o que mamãe diria se estivesse aqui", eu disse.
Pai puxou de volta, com os olhos molhados de lágrimas felizes. "Ela diria que você fez bem filho." Ele olhou para Abby. "Ela diria obrigado por dar algo de volta a seu filho, algo que faltava nele quando ela partiu."
"Eu não sei nada sobre isso", disse Abby, enxugando os olhos. Ela foi claramente dominada pelo sentimento do meu pai. Ele nos abraçou, rindo e apertando ao mesmo tempo.

"Quer apostar?"

Comentários

Postar um comentário

Nada de spoilers! :)

Postagens mais visitadas deste blog

Trono de Vidro

Os Instrumentos Mortais

Trono de Vidro