Capítulo 3 – Em que surgem muitos enigmas
Jared observou o quarto. Era uma pequena biblioteca, com uma mesa
enorme no meio. Nela havia um livro aberto e um par de óculos redondos fora de
moda que refletiam a luz da vela. Jared se aproximou. A escuridão brilhou
iluminando um título quando ele estava examinando as prateleiras. Tudo era
estranho: Uma história dos duendes escoceses, Compêndio sobre Gnomos,
Visitas ao redor do mundo e Anatomia dos insetos e outras
criaturas voadoras.
Uma coleção de vidros contendo grãos, plantas secas Um deles cheio
de pedras aquáticas estranhas estava em uma ponta da mesa. Perto, uma aquarela
mostrava cena de uma garotinha e um homem brincando na grama.
Os olhos de Jared pousaram num bilhete largado sobre um livro
aberto, ambos cobertos por uma fina camada de pó. O papel estava amarelado de
tão velho, ma nele estava escrito à mão um pequenino e esquisito poema:
No tronco de um homem vocês acharão
Meu segredo para toda a população
Se falsa ou verdadeira for a mesma história
Logo vocês saberão da minha glória
Para cima, para cima, para cima outra vez
Bastante sorte para vocês
Jared apanhou o papel e leu com todo cuidado. Era como se uma
mensagem houvesse sido deixada ali especialmente para ele. Mas por quem? O que
significava aquel poema?
Ele ouviu um barulho vindo debaixo.
— Mallory! Simon! O que vocês estão fazendo?
Jared resmungou. Aquilo só podia significar que mamãe chegara da
mercearia bem agora.
— Tinha um esquilo na parede. — Jared pôde ouvi Mallory dizendo.
A mãe deles a interrompeu.
— Onde Jared está? — Nenhum dos irmãos responde coisa alguma.
— Traga o elevador para baixo agora. Se o seu irmã estiver nele...
Jared correu e chegou a tempo de ver a caixa desaparece dentro da
parede. Sua chama de vela chocou-s com a cera e vacilou por causa do movimento
brusco mas não apagou.
— Olha aí! — disse Simon baixinho.
O elevadorzinho deve ter aparecido vazio.
— Certo, então onde ele está?
— Eu não sei — respondeu Mallory. — Na cama, dormindo?
Sua mãe sorriu.
— Ótimo, então vão vocês também para a cama. Agora!
Jared ouvia os passos enquanto eles fugiam. Os dois teriam que
esperar um pouco antes de escapar para trazê-lo de volta. Isto é, se eles não
estiverem pensando que o elevadorzinho o deixou no andar de cima. Provavelmente
ficariam surpresos ao não encontrá-lo na cama. Como poderiam saber que
ele estava aprisionado em um quarto sem porta?
Houve um barulho por trás dele. Jared girou ao redor. Vinha da
mesa.
Quando Jared apanhou sua lanterna improvisada, viu que tinha
alguma coisa rabiscada no pó da mesa. Alguma coisa que não estava lá antes.
Clack Zás, olhe para trás
Jared deu um pulo, fazendo a vela se inclinar. A cera escorrendo
apagou a chama. Ele ficou parado na escuridão, de tão assustado se mexia com
muita dificuldade.
Alguma coisa estava ali, no quarto, e podia escrever!
O menino foi em direção ao fosso vazio, mordendo o lado de dentro
dos lábios para não gritar. Ele podia ouvir o ruído das sacolas lá embaixo
enquanto sua mãe desempacotava as compras.
— O que está aí? — sussurrou ele na escuridão. — O que é você?
Somente o silêncio o respondeu.
— Eu sei que você está aí — afirmou Jared.
Mas não houve nem resposta nem outro ruído. Então ele ouviu sua
mãe nas escadas, uma porta batendo e mais nada. Nada; só um silêncio forte e
pesado que o assustava. Ele sentia que mesmo sua respiração alta iria denunciar
sua localização. A qualquer momento a coisa poderia estar em cima dele. Houve um
barulho dentro da parede. Assustado, Jared deixou cair o pires, e então
percebeu que era somente o elevadorzinho. Ele encontrou o caminho no meio
da escuridão.
— Entre — sussurrou sua irmã para o alto do poço.
Jared deslizou para dentro da caixa de metal. Ele estava tão
aliviado que quase nem percebeu a descida até a cozinha. Assim que saiu,
começou a falar.
— É uma biblioteca. Uma biblioteca secreta com livros misteriosos.
E tinha também alguma coisa lá, que escreveu no pó.
— Chiii, Jared — disse Simon. — Mamãe vai nos ouvir.
Jared balançava o pedaço de papel com o poema.
— Olhe para isso. Tem uma espécie de instrução nele.
— Você realmente viu alguma coisa? — perguntou Mallory.
— Vi a mensagem no pó. Dizia: “olhe para trás” — respondeu Jared
animado.
Mallory balançou a cabeça.
— Pode ter sido escrito há décadas.
— Não foi — insistiu Jared. — Eu vi a mesa e não tinha nada
escrito antes.
— Fica quieto! — disse Mallory.
— Mallory, eu vi aquilo!
Mallory agarrou com o punho a camiseta dele.
— Sossega!
— Mallory! Largue seu irmão! — A mãe deles estava no último degrau
da pequenina escada da cozinha com uma expressão de poucos amigos. — Acho que
já falamos sobre isso. Se eu vir um de vocês fora da cama, vou trancá-los
dentro dos quartos.
Mallory soltou a camiseta de Jared com um sorriso.
Quando eles subiram as escadas, Jared e Simon se mandaram para o quarto
deles. Jared escondeu a cabeça debaixo das cobertas e fechou os olhos com toda
força.
— Eu acredito em você... acredito no bilhete e em tudo — sussurrou
Simon, mas Jared não respondeu. O menino se sentia muito feliz por estar na
cama. Ele achava que poderia ficar ali por uma semana inteirinha.
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