Capítulo 6 - Vivo Ou Morto
Travis
A porta da limusine bateu forte atrás de mim. "Oh,
merda. Desculpe. Estou nervoso."
O motorista acenou. "Não tem problema. Vinte e dois dólares,
por favor. Eu vou voltar com a limusine.”
A limusine era branca e nova. Abby iria gostar dela.
Entreguei-lhe trinta. "Você vai estar de volta daqui a uma hora e meia,
certo?"
"Sim, senhor! Não vou me atrasar!”
Ele foi embora e me virei. A capela estava iluminada,
brilhando contra o céu da madrugada. Faltava, talvez, meia hora para o sol
nascer. Eu sorri. Abby ia adorar.
A porta da frente se abriu e um casal saiu. Eles eram de
meia-idade, mas ele estava em um smoking e ela estava com um vestido enorme de
noiva. Uma mulher vestindo um terno curto rosa claro estava acenando-lhes um
adeus, e, então, ela me notou.
"Travis?"
"Sim", eu disse, abotoando o paletó.
"Eu poderia apenas comê-lo! Espero que sua noiva
aprecie o quanto você está espetacular!”
"Ela é mais bonita do que eu."
A mulher riu. "Sou Chantilly. Basicamente comando as
coisas por aqui." Ela colocou seus punhos ao longo de seu corpo, em algum
lugar na área de seus quadris. Ela era tão grande quanto era alta e seus olhos
estavam quase escondidos sob longas pestanas falsas. "Venha, docinho!
Entre! Entre!”, disse ela, me apressando para entrar.
A recepcionista do balcão ofereceu-me um sorriso e uma
pequena pilha de papéis. Sim, queremos um DVD. Sim, queremos flores. Sim,
queremos Elvis. Chequei todos os campos apropriados, preenchi os nossos nomes e
informações, em seguida, devolvi os papéis.
"Obrigado, Sr. Maddox", disse a recepcionista.
Minhas mãos suavam. Eu não podia
acreditar que estava aqui.
Chantilly bateu no meu braço, bem, mais no meu pulso,
porque isso é o mais alto que podia alcançar. "Querido, você pode
refrescar-se e esperar por sua noiva aqui. Qual é o nome dela?”
"Uh... Abby..." Eu disse, andando pela porta que
Chantilly mantinha aberta. Olhei em volta, notando o sofá e o espelho rodeado
por milhares de enormes lâmpadas. O papel de parede era intenso, mas agradável,
e tudo parecia limpo e elegante, assim como Abby queria.
"Eu vou avisá-lo quando ela chegar", disse
Chantilly com uma piscadela. "Você precisa de alguma coisa? Água?”
"Sim, isso seria ótimo," disse, sentando-me.
"Volto já", ela disse quando saiu do quarto e
fechou a porta atrás de si. Eu podia ouvi-la cantarolando pelo corredor.
Encostei-me no sofá, tentando processar o que tinha
acontecido, e me perguntando se Chantilly tinha engolido uma bateria de 5 horas
ou se era o normal dela ser tão tagarela. Mesmo que estivesse sentado, meu
coração estava disparado no meu peito. É por isso que as pessoas tinham
testemunhas: era para ajudá-los a manter a calma antes do casamento. Pela
primeira vez, desde que tinha desembarcado, desejei que Shepley e meus irmãos
estivessem ali comigo. Eles teriam me dado algum tipo de merda e ajudado a
manter minha mente fora do fato de que meu estômago estava implorando para
vomitar.
A porta se abriu. "Aqui está! Mais alguma coisa? Você
parece um pouco nervoso. Você já comeu?”
"Não... Eu não tive tempo.”
"Oh, nós não podemos ter você desmaiando no altar!
Vou trazer um pouco de queijo e biscoitos e, talvez, um pouco de salada de
frutas?”
"Uh, sim, obrigado," eu disse, ainda um pouco
perplexo com o entusiasmo de Chantilly.
Ela recuou, fechou a porta, e eu estava sozinho novamente.
Minha cabeça caiu para trás contra o sofá e meus olhos ficaram se movendo pelas
diferentes formas na textura da parede. Fiquei grato por tudo o que me impediu
de olhar para o meu relógio. Será que ela estava vindo? Fechei os olhos com
força, recusando-me a pensar nisso. Ela me amava. Eu confiava nela. Ela
estaria aqui. Maldição, desejei que meus irmãos estivessem aqui. Eu ia sair da
minha mente sempre amorosa.
***
Abby
"Oh, não é que você parece linda!", disse a
motorista quando deslizei para o banco de trás do táxi.
"Obrigada", eu disse, sentindo-me aliviada por
estar fora do cassino. "Capela Graceland, por favor."
"Você quer começar o dia casada ou o quê?", a
motorista disse, sorrindo para mim enquanto me olhava pelo espelho retrovisor.
Ela tinha o cabelo curto, cinza, e seu traseiro preenchia todo o assento e mais
um pouco.
"Apenas vá o mais rápido que puder."
"Você é muito jovem para estar com tanta
pressa."
"Eu sei", eu disse, observando Las Vegas passar
do lado de fora da minha janela.
Ela estalou a língua. "Você está muito nervosa. Se
você está com dúvidas é só me avisar. Eu não me importo de voltar. Está tudo
bem, querida.”
"Eu não estou nervosa sobre me casar."
"Não?"
"Não, nós nos amamos. Eu não estou nervosa sobre
isso. Eu só quero saber se ele está bem.”
"Você acha que ele está com dúvidas?"
"Não", eu disse, rindo desta vez. Eu encontrei
seus olhos no espelho. "Você é casada?"
"Uma ou duas vezes", disse ela, piscando para
mim. "Eu me casei nesta mesma capela a primeira vez, assim como Bon Jovi.
"
"Ah, é?"
"Você sabe o Bon Jovi? Tommy costumava trabalhar nas
docas”, ela cantou e muito bem, para minha surpresa.
"Sim! Ouvi falar dele”, eu
disse, divertida e grata pela distração.
"Eu o adoro. Aqui! Eu tenho o CD." Ela colocou-o
e ouvimos os maiores sucessos de Jon pelo resto da viagem. "Wanted Dead or
Alive", "Always", "Bed of Roses", "I’ll Be There
for You” estava terminando quando paramos no meio-fio em frente à capela.
Eu retirei uma nota de cinquenta. "Mantenha o troco.
Bon Jovi ajudou.”
Ela me devolveu o troco. "Não posso, querida. Você me
deixou cantar."
Eu fechei a porta e acenei para ela quando partiu. Travis
já estava aqui? Fui até a capela e abri a porta. Uma mulher mais velha com
cabelo grande e muito brilho labial me cumprimentou. "Abby?"
"Sim", eu disse, brincando com o meu vestido.
"Você está deslumbrante. Meu nome é Chantilly e vou
ser uma de suas testemunhas. Deixe-me pegar suas coisas. Vou guardá-las e elas
estarão seguras até que você tenha terminado.”
"Obrigada," eu disse, olhando para ela quando
pegou a minha bolsa. Alguém cochichou algo quando ela entrou, mas não consegui
identificar o que exatamente. "Oh, espere! O..." Eu disse, observando
enquanto ela caminhava de volta para mim segurando a minha bolsa. "O anel
de Travis está aí. Sinto muito."
Os olhos dela eram apenas fendas enquanto sorria, fazendo
com que seus cílios falsos ficassem ainda mais perceptíveis. "Está tudo
bem, querida. Apenas respire.”
"Eu não me lembro como," eu disse, deslizando o
anel no meu dedo.
"Aqui," ela disse, estendendo a mão. "Dê-me
o seu anel e o dele. Eu darei a cada um de vocês quando chegar a hora. Elvis
estará pronto daqui a pouco para levá-la até o altar.”
Olhei para ela, meu rosto em branco. "Elvis?".
"Como O Rei?"
"Sim, eu sei quem é Elvis, mas..." Minhas
palavras sumiram quando tirei o meu anel com um pequeno puxão e coloquei na
palma de sua mão, próximo ao anel de Travis.
Chantilly sorriu. "Você pode usar este tempo para
refrescar-se. Travis está esperando e Elvis estará chegando a qualquer minuto.
Vejo vocês no final do corredor!"
Ela me observou enquanto fechava a
porta. Eu me virei, assustada com o meu próprio reflexo no enorme espelho atrás
de mim. Ele tinha sido cercado por grandes luzes redondas, assim como uma atriz
poderia usar antes de um show da Broadway. Sentei-me à penteadeira, olhando
para mim mesma no espelho. É isso o que eu era? Uma atriz?
Ele estava me esperando. Travis estava no final do
corredor, esperando por mim para se juntar a ele, para que possamos prometer o
resto de nossas vidas um ao outro.
E se o meu plano não funcionar? E se ele for para a prisão
e tudo foi por nada? E se eles nem insistissem em rastrear na direção de Travis
e isso tudo foi inútil? Eu já não tinha a desculpa de que eu tinha me casado,
antes mesmo de eu poder beber, porque eu estava salvando ele. Será que
precisaria de uma desculpa se o amava? Por que alguém se casa? Por amor? Nós
tínhamos isso em mente. Eu tinha tanta certeza de tudo no início. Eu costumava
ter certeza sobre um monte de coisas. Eu não sentia tanta certeza agora. Sobre
qualquer coisa.
Eu pensei sobre o olhar no rosto de Travis se ele
descobrisse a verdade, e então eu pensei sobre o que afiançar faria com ele. Eu
nunca quis que ele se machucasse e eu precisava dele como se ele fosse uma
parte de mim. Dessas duas coisas eu tinha certeza.
Duas batidas na porta praticamente me enviaram para um
ataque de pânico. Eu me virei, segurando a parte superior do encosto da
cadeira. Era de arame branco, redemoinhos e curvas formavam um coração no meio.
"Senhorita?", disse Elvis com uma voz profunda,
no sul. "Está na hora."
"Oh," eu disse calmamente. Eu não sei porquê.
Ele não podia me ouvir.
"Abby? Seu ‘hunka hunka queimando de amor’ está pronto para você. "
7 O cantor Elvis fez a frase “Hunka hunka burnin' love"
popular quando ele lançou sua canção "Burning Love" em 1972.
Revirei os olhos. "Eu só... preciso de um
minuto."
O outro lado da porta estava quieto. "Tudo bem?"
"Sim", eu disse. "Só um minuto, por
favor."
Depois de mais alguns minutos, houve outra batida na
porta. "Abby?" Era Chantilly. "Posso entrar, querida?"
"Não. Sinto muito, mas não. Eu
vou ficar bem. Eu só preciso de um pouco mais de tempo e vou estar
pronta."
Depois de mais cinco minutos, três batidas na porta
fizeram com que gotas de suor brotassem ao longo do meu couro cabeludo. Esses
golpes eram familiares. Mais fortes e mais confiantes.
"Beija-Flor?"
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