Capítulo Seis
nesse momento, quero dar um salto
à frente no tempo. ou, se isso não funcionar, fico com voltar no tempo.
quero saltar no tempo porque em
vinte horas estarei com isaac em chicago, e estou disposto a pular tudo nesse
meio-tempo pra chegar a ele mais rápido. não ligo se em dez horas eu ganhasse
na loteria, ou se em 12 horas tivesse a chance de terminar mais cedo o ensino
médio. não me importo se em 14 horas eu pudesse tocar uma punheta e ter o
orgasmo mais revelador de toda a história não registrada. avançaria à frente de
tudo isso pra estar com isaac em vez de ter de me resignar a pensar nele.
quanto a voltar no tempo, é muito
simples — quero voltar e matar o cara que inventou a matemática. por quê?
porque neste exato momento estou na mesa do almoço e derek está dizendo
derek: você não está empolgado
com as olimpíadas de matemática amanhã? essas simples palavras — olimpíadas de
matemática — fazem com que cada grama de anestesia que já coletei em meu corpo
se esvaia imediatamente.
eu: puta que o p…
há quatro atletas de matemática
em nossa escola. eu sou o número quatro. derek e simon são os números um e
dois, e para participar das competições são necessários pelo menos quatro
membros. (o número três é um calouro cujo nome eu deliberadamente esqueço. o
lápis dele tem mais personalidade que ele.)
simon: você lembrava, não é?
ambos puseram os burgers de carne
no prato (é assim que o cardápio da cantina chama os hambúrgueres — burgers de
carne), e estão me olhando com expressões tão vazias que juro que posso ver as
telas dos computadores refletidas em seus óculos.
eu: não sei. não estou me
sentindo muito inclinado à matemática. Talvez vocês devessem me subtrair...
derek: isso não tem graça.
eu: rá-rá! não era para ter!
simon: eu já disse — não precisa
fazer nada. numa olimpíada de matemática, você entra como uma equipe, mas é
julgado individualmente.
eu: vocês sabem que sou o maior
apoiador de vocês nas olimpíadas de matemática. mas eu, hã, meio que fiz outros
planos pra amanhã.
derek: não pode fazer isso.
simon: você disse que iria.
derek: prometo que vai ser divertido.
simon: ninguém mais vai querer
ir.
derek: vamos nos divertir.
posso ver que derek está chateado
pois parece que está considerando ter uma breve resposta emocional aos
estímulos informacionais que lhe estão sendo apresentados. talvez seja demais,
porque ele larga o burger de carne, pega a bandeja, murmura algo sobre multas
na biblioteca e deixa a mesa. não há a menor dúvida na minha cabeça de que vou
dar um bolo nesses caras. a única questão é se posso ou não fazer isso sem me
sentir um merda. acho que é um sinal de desespero, mas resolvo contar a simon
algo remotamente próximo à verdade.
eu: olhe, você sabe que
normalmente eu estaria vibrando com a olimpíada. mas isso é tipo uma
emergência. marquei um... acho que você pode chamar de encontro. e preciso
muito, muito ver essa pessoa, que está vindo de muito longe pra me ver. e se
houvesse alguma maneira de fazer isso e ir à competição de matemática com
vocês, eu iria. mas não posso. é tipo... se um trem está viajando a 150
quilômetros por hora e ele precisa partir da competição de matemática e chegar
ao meio de chicago em, assim, dois minutos para um encontro, nunca vai chegar a
tempo. então, tenho de pular no expresso, porque os trilhos que levam ao
encontro só estão sendo assentados dessa vez, e, se eu pegar o trem errado, vou
ficar mais infeliz do que qualquer equação poderia explicar.
é uma sensação tão estranha
contar isso a alguém, principalmente a simon.
simon: não importa. você disse
que iria e precisa ir. esse é um caso em que quatro menos um é igual a zero.
eu: mas, simon...
simon: pare de se lamentar e
encontre outro corpo quente pra colocar no carro do sr. nadler com a gente. ou
até mesmo um corpo frio, se ele puder ser mantido na posição vertical por uma
hora. seria bom pra variar ter alguém que saiba de fato somar, mas juro que não
serei exigente, seu traste.
é incrível como em geral consigo
chegar ao fim do dia sem perceber que não tenho muitos amigos. isto é, uma vez
que você saia dos top cinco vai encontrar muito mais a equipe de manutenção do
que membros do corpo de estudantes. e, embora o zelador jim não se importe se
eu roubar um rolo de papel higiênico de vez em quando pra “ projetos de arte”,
tenho a sensação de que ele não estaria disposto a perder a noite de
sexta-feira numa viagem com os calculidiotas e suas tietes do corpo docente.
sei que só tenho uma chance, e
essa não é das mais fáceis. maura esteve o dia todo de bom humor — bem, uma
versão bem-humorada de maura, o que significa que a previsão anuncia chuvisco
em vez de tempestade. ela não mencionara a história de ser ou não gay, e deus
sabe que eu também não. espero até a última aula, sabendo que, sob pressão, é
mais provável que ela diga sim. embora estejamos sentados perto um do outro,
pego o telefone e, debaixo da carteira, mando uma mensagem de texto pra ela.
eu: o q vc vai fazer amanhã à
noite?
maura: nada. quer fazer alguma
coisa?
eu: quem dera. tenho de ir a
chicago com minha mãe.
maura: diversão?
eu: preciso que vc me substitua
nas olimpíadas de matemática. senão s&d estão fodidos.
maura: vc está brincando, não é?
eu: não, eles vão estar fodidos
mesmo.
maura: e pq eu iria?
eu: pq eu vou te dever 1. e vou
te dar 20 pratas.
maura: me deve 3 e me paga 50.
eu: feito.
maura: estou salvando estas
mensagens.
a verdade? provavelmente acabei
de livrar maura de uma tarde passeando no shopping com a mãe, ou fazendo dever
de casa, ou espetando uma caneta nas veias pra conseguir algum material pra
poesia. depois das aulas, digo a ela que sem dúvida conhecerá um quarto
elemento da equipe de alunos, um malandro de alguma cidade da qual nunca
ouvimos falar, e os dois vão dar uma escapada pra fumar um cigarro de cravo e
falar como todos os outros são estúpidos, enquanto derek e simon e aquele
calouro idiota são esmagados em teoremas e rombazoides. na realidade, estou
fazendo maravilhas pela vida social dela.
maura: não abusa.
eu: juro, vai ser legal.
maura: quero 20 pratas
adiantadas.
fico feliz por não ter precisado mentir
e dizer que ia visitar minha avó doente ou alguma coisa assim. esse tipo de
mentira é perigoso, porque você sabe que, no minuto que disser que sua avó está
doente, o telefone vai tocar, e sua mãe vai entrar no quarto com notícias muito
ruins sobre o pâncreas da sua avó, e embora você saiba que mentirinhas brancas
não causam câncer, ainda assim vai se sentir culpado pelo resto da vida. maura
me faz mais perguntas sobre a viagem a chicago com minha mãe, e faço parecer
que é pra passarmos mais tempo juntos, e como maura tem pai e mãe felizes, e eu
tenho só uma mãe deprimida, ganho seu voto de simpatia. estou pensando tanto em
isaac que fico completamente apavorado de deixar escapar o nome dele, mas
felizmente o interesse de maura me mantém alerta.
quando chega a hora de ela seguir
seu caminho e eu, o meu, ela faz mais uma tentativa pela verdade.
maura: tem alguma coisa que você
queira me dizer?
eu: sim. quero te dizer que meu
terceiro mamilo está produzindo leite e que as bandas da minha bunda estão ameaçando
se sindicalizar. o que acha que devo fazer?
maura: tenho a sensação de que
você não está me contando alguma coisa.
eis o problema com maura: tudo
gira em torno dela. sempre. Normalmente não me importo com isso, porque se tudo
gira em torno dela, então nada precisa me dizer respeito. mas, às vezes, o
apego dela aos holofotes me envolve e é isso que eu detesto.
ela está fazendo beicinho pra mim
agora, e, a seu favor, trata-se de um beicinho genuíno. não que ela esteja
tentando me manipular, fingindo estar aborrecida. maura não faz esse tipo de
bobagem e é por isso que eu a tolero. posso dizer tudo na cara dela, e isso é
valioso em um amigo.
eu: vou te contar quando tiver
alguma coisa pra contar, ok? agora vá pra casa e estude matemática. aqui... fiz
alguns fichamentos pra você memorizar.
procuro na mochila os fichamentos
que fiz na sétima aula, meio que sabendo que maura diria sim. não são
exatamente fichas, já que não ando por aí com um punhado de papéis de fichário
na mochila pra fichar emergências. mas eu fiz umas linhas pontilhadas no papel
de modo que ela vai saber onde cortar. Cada um deles tem sua própria equação.
2 + 2 = 4
50 x 40 = 2000
834620 x 375002 = quem se importa
com esta porra?
x + y = z
pau + xoxota = um casal
homem-mulher feliz
azul + vermelho = roxo
eu - olimpíadas de matemática =
eu + gratidão a você
maura olha pra eles por um
segundo, então dobra o pedaço de papel seguindo as linhas pontilhadas, fazendo
várias dobras, como um mapa. ela não sorri nem nada parecido, mas parece não
puta comigo por um segundo.
eu: não deixe derek e simon
ficarem muito animadinhos, ok? leve sempre uma proteção no bolso.
maura: acho que vou conseguir
manter minha virgindade numa competição de matemática.
eu: você diz isso agora, mas
vamos ver daqui a nove meses. se for uma menina, você deve chamá-la logorreia.
se for um menino, escolha trigo.
e de fato me ocorre que, do jeito
que a vida é, maura provavelmente vai conseguir algum cara gato incapacitado
para a matemática pra colocar o mais dele no menos dela, enquanto dá tudo
errado pra mim com isaac e eu volto pra casa, pro consolo da minha própria mão.
decido não dizer nada disso a
maura, afinal, pra que agourar nós dois? maura me dá um “ bom-dia” de verdade
antes de ir e parece ter mais alguma coisa a dizer, mas decidiu não fazê-lo.
outra razão pra me deixar grato. agradeço a ela outra vez. e outra vez. e outra
vez.
com isso resolvido, sigo pra casa
e troco e-mails com isaac assim que ele chega da escola — hoje ele não tem
trabalho. repassamos nosso plano umas duas mil vezes. ele diz que um amigo
sugeriu que nos encontrássemos em um lugar chamado frenchy’s, e como não
conheço chicago tanto assim, tirando os lugares aonde se vai nas excursões
escolares, digo a ele que tudo bem por mim, e imprimo as instruções que ele me
manda.
quando acabamos, vou ao facebook
e olho seu perfil pela milésima milionésima vez. ele não o atualiza com muita
frequência, mas é um lembrete suficientemente bom pra mim de que ele é real.
quero dizer, nós trocamos fotos e conversamos o bastante pra que eu saiba que
ele é real — não se trata de alguém de 46 anos que já preparou um lugar pra mim
na traseira de sua van sem identificação. não sou tão idiota assim. vamos nos
encontrar em um local público e vou estar com meu celular. mesmo que isaac
tenha um surto psicótico, estarei preparado.
antes de ir dormir, olho todas as
fotos que tenho dele, como se já não tivesse memorizado todas elas. tenho
certeza de que vou reconhecê-lo no momento em que o vir. e tenho certeza de que
será um dos melhores momentos da minha vida.
a tarde de sexta-feira após a
escola é cruel. quero cometer um assassinato de umas mil maneiras diferentes, e
é o meu armário a vítima. não tenho a menor ideia do que vestir — e eu não sou
absolutamente o tipo de cara o-que-vou-usar, então é como se eu sequer
compreendesse a tarefa diante de mim. cada maldita peça de roupa que tenho
parece ter escolhido este exato momento pra revelar seus defeitos. visto essa
camisa que sempre pensei que ficasse bem em mim, e de fato ela faz meu peito
parecer ter alguma definição. mas então percebo que está tão pequena que, se eu
levantar os braços um centímetro sequer, os pelos púbicos na minha barriga
ficarão totalmente expostos. então experimento essa camisa preta que faz
parecer que estou me esforçando muito para impressionar, e então essa camisa
branca que está legal até eu encontrar uma mancha perto da bainha, que espero
que seja suco de laranja, mas que é provavelmente de quando eu enfiei a camisa
na calça sem balançar antes. camisetas de bandas são óbvias demais — se eu usar
a camisa de uma das bandas favoritas dele, vou parecer puxa-saco, e se usar a
de uma que ele não gosta, ele vai pensar que tenho mau gosto. minha camisa
cinza de capuz está blergh demais, e essa camisa azul é praticamente da mesma
cor do jeans, e usar azul da cabeça aos pés é algo que somente o come-come da
Vila Sésamo pode fazer.
pela primeira vez na vida percebo
uma outra utilidade para os cabides, quando, depois de 15 minutos
experimentando coisas e jogando-as de lado, tudo que tenho vontade de fazer é
pendurar um deles no alto da porta do armário, pôr meu pescoço no buraco e
deixar meu peso cair. minha mãe vai chegar e pensar que se trata de uma prática
de asfixia autoerótica em que nem mesmo tive tempo de pôr o pau pra fora, e não
vou estar vivo pra dizer a ela que acho que a asfixia autoerótica é uma das
coisas mais idiotas em todo o universo, lá no topo da lista, ao lado de
republicanos gays. mas, sim, estarei morto. e vai ser como um episódio de CSI,
e os investigadores virão e passarão 43 minutos mais comerciais vasculhando
minha vida e no fim vão levar minha mãe até a delegacia e fazê-la sentar-se e
lhe dizer a verdade.
policial: senhora, seu filho não
foi assassinado. ele só estava se arrumando pra um primeiro encontro.
estou meio que sorrindo,
imaginando como a cena seria filmada, e então me lembro de que estou sem camisa
no meio do quarto, e que tenho um trem pra pegar. finalmente escolho essa
camisa que tem uma figurinha de um robô feito com silver tape ou coisa
parecida, com as palavras garoto robô em letras pequenas e minúsculas embaixo
dela. não sei por que gosto dessa blusa, mas gosto. e não sei por que acho que
isaac vai gostar, mas acho.
sei que devo estar nervoso,
porque na verdade estou pensando como está meu cabelo, mas quando olho no
espelho do banheiro, decido que ele vai ficar do jeito que quiser, e, como em
geral ele fica melhor quando está ventando, vou simplesmente pôr a cabeça pra
fora da janela do trem durante o percurso ou algo do gênero. eu poderia usar os
produtos de cabelo da minha mãe, mas não tenho a menor vontade de cheirar como
borboletas no campo. então, por fim, estou pronto.
disse à mamãe que a competição de
matemática é em chicago — achei que, se era pra mentir, então ela poderia
pensar que chegamos às finais estaduais. disse a ela que a escola havia fretado
um ônibus, mas em vez disso sigo para a estação de trem, sem problemas. meus
nervos estão completamente em frangalhos a essa altura. tento ler o sol é para
todos para a aula de inglês, mas é como se as letras fossem um belo desenho na
página e não significassem mais para mim do que os padrões nos assentos do
trem. poderia ser um filme de ação chamado corra que o sol vai derreter! e
ainda assim eu não estaria prestando atenção. assim, fechei os olhos e fiquei
ouvindo meu ipod, mas é como se ele tivesse sido programado por um cupido
cruel, porque todas as músicas me fazem pensar em isaac. ele se tornou a pessoa
de quem as canções falam. e embora parte de mim saiba que ele provavelmente
vale a pena, outra parte está gritando pra mim: mais devagar com essa porra.
embora vá ser emocionante ver isaac, também vai ser constrangedor. o importante
será não deixar esse constrangimento tomar conta da gente.
levo cerca de cinco minutos pra
pensar em meu histórico de encontros — cinco minutos é, de fato, todo o tempo
que posso preencher — e sou levado de volta à traumática experiência de,
bêbado, me pegar com carissa nye na festa de sloan mitchell alguns meses atrás.
a parte dos beijos, na verdade, foi excitante, mas, quando ficou mais sério, o
rosto dela exibindo aquela expressão estupidamente ardente, eu quase caí na
gargalhada. tivemos alguns problemas sérios com o sutiã cortando a circulação
do sangue para o cérebro, e quando eu finalmente tive os peitos dela nas minhas
mãos (não que eu tivesse pedido isso), eu não sabia o que fazer com eles,
exceto acariciá-los, como se fossem cachorrinhos. os cachorrinhos gostaram, e
carissa resolveu me dar uma esfregada ou duas também, e eu gostei, porque
quando se trata disso, mãos são mãos, e o
que é toque, e seu corpo reage da maneira que seu corpo reage. ele não dá a mínima
para a conversa que se vai ter depois — não só com carissa, que queria ser
minha namorada e de quem tentei me desvencilhar suavemente, mas acabei magoando
de qualquer maneira. não, também precisei lidar com maura, porque o momento em
que ela soube o que aconteceu (não pela minha boca), ficou puta (exclusivamente
comigo). disse que achava que carissa estava me usando, e agia como se pensasse
que eu estava usando carissa, quando na verdade o negócio todo foi qualquer
coisa, e independentemente de quantas vezes eu dissesse isso a maura, ela se
recusava a me deixar em paz. durante semanas precisei aturar ela gritando “
bem, por que você não liga pra carissa, então?” todas as vezes que
discordávamos. só por isso, a pegação já não valeu a pena.
isaac, é claro, é completamente
diferente. não só no aspecto do amasso. embora ele certamente exista. não estou
indo pra capital só pra me pegar com ele. essa pode não ser a última coisa em
minha mente, mas também não é nem de perto a primeira.
pensei que fosse chegar cedo, mas
naturalmente, quando me aproximo do local aonde vamos nos encontrar, estou mais
atrasado que a menstruação de uma grávida. caminho pela michigan avenue com as
garotas e os garotos turistas a poucos minutos da hora de ir pra casa, e todos
eles parecem que acabaram de sair de um treino de basquete ou de assistir a um
jogo de basquete na tv.
definitivamente dou uma olhada em
alguns espécimes, mas é puramente pesquisa científica. pelos próximos, hã, dez
minutos, posso me guardar pra isaac.
me pergunto se ele já está lá. se
está tão nervoso quanto eu. se passou tanto tempo quanto eu escolhendo uma
camisa. se por alguma aberração da natureza estaremos usando a mesma coisa.
como se estivéssemos assim tão predestinados que deus decidisse tornar isso
totalmente óbvio. mãos suadas. confere. ossos trêmulos. confere. a sensação de
que todo o oxigênio do ar foi substituído por gás hélio. sim. olho o mapa 15
vezes por segundo. faltam cinco quadras. faltam quatro quadras. faltam três
quadras. Faltam duas quadras. state street. a esquina. à procura da frenchy’s.
pensando que vai ser uma lanchonete fashion. ou um café. ou uma loja de discos
independentes. ou mesmo um restaurante decadente. então chegando lá e
descobrindo... é uma sex shop.
pensando que talvez a sex shop
tenha recebido o nome de algum estabelecimento próximo. talvez esse seja o
bairro frenchy’s, e tudo tenha o nome frenchy’s, como quando se vai ao centro
da cidade e se encontra a lanchonete do centro e a lavanderia do centro e o
instituto de ioga do centro. mas não. dou a volta no quarteirão. tento o outro
lado. verifico o endereço várias vezes.
e lá estou eu. de volta àquela
porta. lembro que foi o amigo de isaac que sugeriu o lugar. ou pelo menos foi o
que ele disse. se isso é verdade, talvez seja uma piada e o pobre isaac chegou
aqui primeiro e está à minha espera lá dentro, mortificado. ou talvez seja
algum tipo de teste cósmico. tenho de atravessar o rio de extremo
constrangimento a fim de alcançar o paraíso do outro lado. que se foda,
concluo. com o vento frio soprando à minha volta, eu entro.
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