Capítulo 7 – Em que Jared finalmente está feliz por ter um irmão gêmeo

Mallory saltou adiante, brandindo sua espada. Simon também levantou a rede, numa imitação bem desajeitada. O unicórnio balançou a cabeça, a crina esvoaçando enquanto ele galopava silenciosamente nas profundezas da floresta.
— Ah, não! — disse o elfo de chifre-folha. — Agora vemos o verdadeiro caráter dos seres humanos!
— Soltem meu irmão! — berrou Mallory.
Jared repentinamente teve uma ideia.
— Jared, socorro! —gritou Jared, esperando que Simon e Mallory entendessem a dica.
Simon ficou só olhando para ele, confuso.
Jared — disse Jared. — Você precisa me ajudar.
Então Simon sorriu para ele, os olhos iluminando-se com a compreensão.
Simon, você está bem?
— Estou ótimo, Jared. — Jared puxou a perna para arrancá-la das raízes com toda a força. — Mas eu não consigo me mexer.
— Nós voltaremos com o Guia, Simon — disse Simon —, e então eles terão que libertar você.
— Não — disse Jared. — Se vocês voltarem, eles prenderão todos nós. Vocês precisam obrigá-los a fazer uma promessa!
— Nós honramos a nossa palavra — sussurrou a elfa de olhos verdes.
— Mas vocês ainda não nos deram a sua palavra — disse Mallory, que olhava para os irmãos cada vez mais preocupada.
— Prometam que Jared e Mallory podem sair do bosque em segurança e que, quando voltarem, não ficarão presos contra sua vontade — disse Jared.
Mallory parecia pronta para protestar, mas ficou calada.
Os elfos olharam para os irmãos com certa hesitação. Finalmente, Lorengorm concordou.
— Que assim seja. Jared e Mallory podem sair do bosque. Eles não serão mantidos aqui contra sua vontade nem agora, nem mais tarde. Se eles não nos trouxerem o Guia, prenderemos seu irmão Simon, para todo o sem-pre. Ele ficará aqui, conosco, sem envelhecer, debaixo da colina, por centenas e centenas de anos. E se tentar fugir, assim que pisar no chão, envelhecerá todos os anos que passou conosco de uma só vez.
O verdadeiro Simon estremeceu e aproximou-se de Mallory.
— Andem logo — disse o elfo.
Mallory olhou para Jared cuidadosamente. A ponta da espada dela tinha entortado, mas ela ainda a mantinha à sua frente e não fazia nenhum movimento para sair do bosque. Jared tentou sorrir para encorajá-la, mas ele esta-va apavorado e sabia que seu rosto denunciava o medo.
Balançando a cabeça, Mallory seguiu Simon. Depois de alguns passos eles se viraram e o avistaram, em segui-da começaram a subir pela colina íngreme. Em poucos minutos, sumiram no meio das folhagens. Jared disse:
— Você precisa deixar que eu vá.
— E por que isso? — perguntou o elfo de chifre-folha. — Você ouviu nossa promessa. Nós só o liberta-remos depois que seus irmãos nos entregarem o Guia.
Jared balançou a cabeça.
— Você disse que não libertaria o Simon. Eu sou o Jared.
— O quê? — perguntou Lorengorm.
O elfo de coroa deu um passo na direção de Jared, as mãos curvadas como se fossem garras.
Jared engoliu em seco.
— Você deu a sua palavra. Agora precisa me liberar.
— Preciso de uma prova, menino — disse a elfa de olhos verdes. Os lábios apertados.
— Olhem aqui. — Jared tirou a mochila das costas com as mãos trêmulas. No alto, três letras formavam um monograma impresso na lona vermelha: JEG. — Vejam. Jared Evan Grace.
— Vá — disse o elfo de chifre-folha, pronunciando a palavra como se fosse uma maldição. — Aproveite bem essa sua liberdade até nosso próximo encontro, com você ou com seus dois irmãos sem coração.
Diante disso, as raízes se soltaram das pernas de Jared. Ele saiu correndo para fora do bosque o mais rápido possível. Nem sequer olhou para trás.
Quando alcançou o alto da colina, ele ouviu uma ri-sada.
Olhou para as árvores nas proximidades, mas não havia nem sinal do phooka. Mesmo assim, Jared ficou só um pouco surpreso quando ouviu aquela voz que agora lhe era bem familiar.
— Já vi que vocês não encontraram o seu tio. Que pena. Se vocês fossem um pouco menos inteligentes, tal-vez tivessem mais sucesso.
Jared balançou os ombros e desceu correndo do outro lado da colina; ele corria tanto que mal conseguiu parar quando chegou ao meio da estrada. Atravessou a rua e os portões de ferro entrando em seu jardim, sem fôle-go.
Mallory e Simon o esperavam na escada. Sua irmã não disse nada, mas o abraçou de um jeito muito diferente e pouco típico dela. Jared deixou que ela o abraçasse.
— Eu não tinha a menor ideia do que você ia fazer — disse Simon dando risadas. — Esse truque foi demais!
— Obrigado por entrar na jogada — disse Jared com um sorriso. — O phooka me disse uma coisa no caminho de volta.
— Alguma coisa que fizesse sentido? — perguntou Mallory.
— Bem, eu estava pensando — disse Jared. — Lembram de como os elfos me disseram que me mante-riam no mundo das fadas?
— Que eles manteriam você? — perguntou Simon. — Eles disseram Simon.
— É, mas pense no que eles iam fazer. Eles iam me manter preso para sempre. Sem envelhecer, lembra? Para sempre.
— Então, você acha... — a voz de Mallory sumiu.
— Quando eu estava fugindo, o phooka disse que se eu tivesse sido menos inteligente, teria tido mais sucesso para encontrar o meu tio.
— Quer dizer que Artur pode ter sido preso pelos elfos? — perguntou Simon enquanto subia os degraus da casa.
— Eu acho que sim — disse Jared.
— Então, ele ainda está vivo — disse Mallory.
Jared abriu a porta detrás e entrou no quarto dos fundos. Ele ainda tremia por causa de seu encontro com os elfos, mas o sorriso em seu rosto aumentava. Talvez Artur não tivesse abandonado a família. Talvez ele fosse prisioneiro dos elfos. E talvez — se Jared foi inteligente o suficiente — Artur fosse resgatado.
Enquanto imaginava como seria o resgate, Jared mal percebeu o brilho prateado aos seus pés antes de cair. Uma coisa pontuda apertou a coxa de Jared e espetou a mão que ele estendeu para tocá-la. Simon também tropeçou, batendo em Jared e Mallory, que vinham logo atrás, e despencou em cima dos dois.
— Droga! — gritou Jared, olhando ao seu redor. O chão estava coberto de pedrinhas e bolinhas de gude.
— Uau! — disse Simon, tentando sair de baixo do irmão. — Me tire daqui, Mal.
— Uau pra você — disse Mallory, levantando-se.
— Eu vou matar aquele micro-diabrete. — Ela fez uma pausa. — Quer saber de uma coisa, Jared? Se nós encontrarmos o Guia de campo de Artur, eu acho que devemos guardá-lo.
Jared olhou para ela.
— Você acha?
Ela fez que sim com a cabeça.
— Eu não sei o que vocês acham, mas eu já não aguento mais ficar obedecendo a esses seres fantásticos.

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