Capítulo 25 - June
Faltam poucos minutos para chegarmos à fronteira da República.
Isso quer dizer que, à velocidade em que estamos indo (facilmente
mais de 12.800 quilômetros; todos sentimos uma súbita mudança de pressão quando
rompemos a barreira do som, como se estivéssemos sendo arrancados de um denso
lamaçal), estamos a uns trinta quilômetros ou mais da frente de batalha, e a
várias centenas de quilômetros de Denver.
Day me conta tudo que Kaede disse a ele sobre os Patriotas, sobre quem
é o verdadeiro Razor, sobre Éden, e finalmente sobre a determinação do
Congresso de depor o Eleitor. Tudo que eu já havia descoberto e mais alguma
coisa. Minha cabeça estava enevoada quando saímos às pressas do quarto e
abrimos caminho até o telhado do hospital. Agora, depois de respirar o ar
fresco e frio, e do impacto da velocidade das manobras aéreas de Kaede, tenho
condições de analisar todos os detalhes um pouco mais claramente.
- Estamos nos aproximando da frente de batalha - diz Kaede.
No instante em que essas palavras saem da sua boca, ouço o som distante
de explosões. As explosões são abafadas, mas devemos estar a centenas de metros
acima do solo e ainda posso sentir o choque todas as vezes em que elas
acontecem. Há uma repentina ascensão e me agarro ao assento. Kaede está
tentando levar o jato ao limite para que não sejamos atingidos no ar por
mísseis disparados da terra. Eu me obrigo a respirar fundo e calmamente
enquanto continuamos a subir. Meus ouvidos estalam sem parar. Observo Kaede
entrar em formação com uma esquadrilha das Colônias.
- A gente logo vai precisar se afastar deles - ela resmunga. Sua
voz exprime dor, causada pelo ferimento de bala. - Agüentem firme!
- Day! - consigo gritar.
Não escuto nada, e por um instante acho que ele desmaiou, mas então
ele responde:
- Estou aqui.
Ele parece desligado, como se estivesse lutando para se manter consciente.
- Denver está só a alguns minutos de distância - revela Kaede.
Nós voltamos a nos estabilizar. Quando espreito pela janela da
cabine para os grupos de nuvens embaixo, longe de nós, recupero o fôlego.
Dirigíveis - uns cento e cinquenta, no mínimo, que é o mais longe que a vista alcança
- pontilham o céu como adagas em miniatura pairando a grande altura no ar,
estendendo-se em filas no horizonte. Todos os dirigíveis das Colônias têm uma
listra dourada nítida no meio da pista, o que podemos enxergar mesmo daqui de
cima. Não muito distante, à frente deles, há uma larga faixa de espaço aéreo
vazio, onde centelhas de luzes e fumaça se espalham para trás e para frente, e
do outro lado estão fileiras de dirigíveis que consigo reconhecer. São da
República, marcados com uma estrela vermelha na lateral de cada casco. Jatos
travam combates aéreos. Devemos estar a mais de cento e cinqüenta metros deles,
mas não sei bem se essa distância é segura o suficiente.
Um alarme bipa no painel de controle de Kaede, a voz de um
estranho invade a cabine:
- Piloto, você não tem autorização para esta área. - É uma voz
masculina, com sotaque das Colônias. - Esta não é sua esquadrilha. Suas ordens são
para aterrissar imediatamente no DesCon Nove.
- Negativo - responde. Kaede embica o nariz do jato para cima e continua
subindo.
- Piloto, eu repito: suas ordens são para aterrissar imediatamente
no DesCon Nove.
Kaede desliga o microfone por um instante e olha para nós. Ela
está um pouco satisfeita demais com a nossa situação para o meu gosto. Seu olhar
é debochado.
- Estamos com dois deles bem na nossa cola. - Ela então religa o microfone
e responde veementemente: - Negativo, DesCon. Vou te despachar pra outra
galáxia.
A pessoa no outro avião se mostra então atônita e zangada:
- Altere seu curso imediatamente e siga...
Kaede solta um grito ensurdecedor.
-Vamos dividir o céu ao meio, rapazes!
Ela arremessa o jato para frente e para cima a uma velocidade
estonteante, depois faz o avião entrar em parafuso. Raios de luz passam velozmente
pela janela da cabine. Os dois jatos que nos perseguiam devem ter se aproximado
o suficiente para abrir fogo. Sinto náuseas quando Kaede nos arremessa num
súbito mergulho, causando a parada do nosso motor. Caímos a um ritmo que faz
com que minha visão só enxergue em branco e preto. Eu me sinto desfalecer.
Um instante depois acordo, sobressaltada: devo ter apagado. Estamos
caindo. Os dirigíveis abaixo de nós aumentam de tamanho; parece que estamos nos
dirigindo diretamente para o deque de um deles.
Estamos rápidos demais. Seremos despedaçados. Mais rajadas de luz passam
voando pela lateral da aeronave. Então, sem avisar, Kaede aciona os motores de
novo. O ronco é de estourar os tímpanos. Ela puxa com força uma alavanca para
trás e todo o jato gira em meio círculo, de modo que o nariz do avião está de
novo de frente. Sou quase sugada para meu assento com essa mudança repentina.
Minha visão escurece novamente, e desta vez não tenho idéia de
quanto tempo se passou. Alguns segundos? Minutos?
Percebo que estamos nos elevando de novo no céu. Os outros jatos
se precipitam para baixo. Estão tentando nos alcançar, mas é tarde demais.
Atrás de nós, uma enorme explosão nos sacode com violência em nossos assentos.
Os jatos devem ter atingido o deque do dirigível com a força de uma dúzia de
bombas. Labaredas laranjas e amarelas se revolvem agitadamente para cima de uma
das aeronaves das Colônias.
Estamos agora subindo em grande velocidade no espaço aéreo vazio entre
os dois países, e Kaede faz o jato entrar em mais um parafuso, que nos salva de
uma barragem de fogo. Conseguimos atravessar o espaço aéreo acima dos
dirigíveis da República. Um solitário jato das Colônias, perdido em
meio ao caos. Fico de boca aberta com o panorama, e me pergunto se a
República está confusa porque as Colônias atacaram um de seus próprios jatos.
No mínimo, foi isso que nos deu tempo suficiente para cruzar os céus da frente
de batalha.
- Aposto que essa foi a melhor split-S que vocês já viram! - diz
Kaede, com uma risada mais tensa do que de costume.
Não muito longe de nós, estão as gigantescas torres de Denver e
sua ameaçadora Muralha escondida numa vastidão permanente de nevoeiro e
neblina. Atrás de nós, ouço os primeiros sons de tiroteio, quando jatos republicanos
começam a nos seguir, numa tentativa de nos derrubar.
- Como é que a gente vai entrar? - Day grita para Kaede quando ela
põe o avião em parafuso, dispara um míssil para trás e aumenta a nossa velocidade.
- Deixa comigo. Eu consigo - ela grita em resposta.
- Nós não vamos conseguir se subirmos mais! - respondo. - A
Muralha tem mísseis enfileirados em toda a sua extensão. Eles vão nos derrubar
antes que a gente consiga entrar na cidade.
- Nenhuma cidade é impenetrável - Kaede replica, e arremessa o
jato ainda mais baixo, mesmo enquanto os jatos da República não deixam de nos
perseguir. - Sei o que estou fazendo.
Estamos nos aproximando rapidamente de Denver. Já posso ver os ameaçadores
contornos da Muralha se elevando à nossa frente, uma barricada única na
República, e os maciços pilares cinzentos - com um intervalo de trinta metros
entre eles - enfileirados aos seus lados. Fecho os olhos. Sem chance. Não tem como
Kaede nos livrar dessa agora.Talvez uma esquadrilha de jatos conseguisse,
mas, ainda assim, a possibilidade seria bem remota.
Imagino um míssil nos atingindo, nossos assentos nos ejetando nos céus
da cidade, os tiros que vão disparar contra nossos paraquedas, o que fará
nossos corpos mergulharem verticalmente até o chão. A Muralha está perto agora.
Eles já deviam estar nos observando há algum tempo, com as armas apontadas em
nossa direção. Aposto como nunca viram um jato das Colônias de perto antes.
E então, Kaede faz o jato mergulhar. Não foi um mergulho qualquer;
estamos rumando para baixo a quase noventa graus, prontos para nos esborracharmos
no solo. Atrás de mim, Day grita um palavrão. Os edifícios lá em baixo se
precipitam contra nós. Ela perdeu o controle do jato, sei que perdeu.
Fomos atingidos.
No último segundo, Kaede consegue fazer o avião se elevar.
Planamos acima dos prédios à velocidade do som, e tão próximo deles que parece que
os telhados vão estraçalhar o fundo do nosso jato. Imediatamente Kaede começa a
diminuir a velocidade do avião, até estarmos voando a uma velocidade que mal é
suficiente para nos manter no ar.
De repente, percebo o que Kaede vai fazer. E completamente insano.
Ela não vai sobrevoar a Muralha: ela vai tentar espremer o jato
pela abertura que os trens usam para entrar e sair de Denver. Os mesmos túneis
que vi quando fiz aquela viagem de trem com o Primeiro Eleitor. E claro. Os
sistemas de mísseis terra-ar montados na extensão da Muralha não são projetados
para atingir nada como o nosso avião do solo, porque não conseguem disparar de
um ângulo tão baixo. E as metralhadoras nas paredes não são suficientemente
potentes. Entretanto, se Kaede não mirar com a máxima precisão, vamos explodir
contra a Muralha e arder em chamas. Estamos próximos o bastante para eu ver
soldados correndo para lá e para cá no topo dos muros da Muralha. Mas isso já não
importa muito. Em um segundo a Muralha está a algumas centenas 273 de metros de
nós, no segundo seguinte, estamos acelerando em direção à entrada escura de um
túnel de trem.
- Segurem-se! - grita Kaede. Ela dirige o jato para mais baixo,
como se isso fosse possível. A entrada nos espera, com sua boca aberta.
Não vamos conseguir. O túnel é muito pequeno.
Mas, em seguida, estamos dentro dele e, por um instante, o túnel é
tão negro quanto breu. Centelhas ardentes saem de cada extremidade do jato, à
medida que as asas esbarram nas laterais da entrada. Percebo que estão se
apressando para fechar a entrada, mas é tarde demais agora.
Mais um instante. Saímos a toda velocidade da entrada e entramos em
Denver. Kaede aciona com força a alavanca do jato para o lado oposto, na
tentativa de diminuir a velocidade ainda mais.
- Sobe, sobe! - berra Day. Mal conseguimos ver os prédios que
passam rapidamente por nós. Estamos a pouquíssima altitude do solo, e nos dirigindo
diretamente para a lateral de um dos altos quartéis.
Kaede então desvia. Por muito pouco não batemos no edifício. Em seguida,
estamos ainda mais perto do chão, perto mesmo. O jato atinge o solo e derrapa,
fazendo com que nossos corpos se lancem violentamente contra ao cintos dos
assentos. Sinto como se meus membros estivessem sendo arrancados. Civis e
soldados correm para sair do caminho nos dois lados da rua. Algumas centelhas
racham a cabine de comando; percebo que são tiros disparados a esmo por
soldados perplexos.
Multidões lotam as ruas a vários quarteirões de nós: estão de boca
aberta ã visão do jato em plena rua.
Finalmente paramos, quando uma das asas atinge a lateral de um prédio,
o que faz com que nosso avião se espatife em um beco. Sou jogada com violência
contra meu assento. A parte superior da cabine se abre antes mesmo que eu possa
recuperar o fôlego.
Consigo desafivelar o cinto de segurança, e salto, meio
estonteada, até a beira da cabine.
- Kaede! - Aperto os olhos para vê-la e a Day através da fumaça. -
Nós precisamos...
Não consigo concluir minha frase. Kaede está afundada no assento do
piloto, com o cinto de segurança ainda no corpo. Seus óculos de piloto estão no
alto da cabeça; acho que ela nem se deu o trabalho de colocá-los. Seus olhos
apontam vagamente para os botões no painel de controle. Uma pequena mancha de
sangue lhe encharca a frente da blusa, perto do ferimento que ela recebeu logo
que entramos no jato. Um dos disparos havia conseguido atravessar o vidro da
cabine, quando nos espatifamos ao chegar ao solo. Logo Kaede, que poucos minutos
atrás parecia invencível.
Por um momento, fico paralisada. O som do caos ao meu redor se amortece,
e a fumaça cobre tudo, exceto o corpo de Kaede preso no assento do piloto. Uma
vozinha consegue ecoar na minha cabeça, penetrando a neblina preta e branca do
entorpecimento; é uma luzinha conhecida que pulsa e me faz voltar a agir.
Ela me diz: Mexa-se! Agora!
Desvio os olhos e procuro freneticamente por Day, mas ele já não está
sentado no jato. Movimento-me com dificuldade até a beira da asa, e deslizo sem
ver pela fumaça e os destroços, até cair com as mãos e os joelhos no chão. Não
enxergo nada.
E então, através da fumaça, Day corre para mim e me põe de pé. De súbito
me lembro da primeira vez em que o vi, materializando-se do nada, com seus
olhos azuis e o rosto empoeirado, estendendo a mão para mim.
Seu rosto está marcado pela agonia. Ele também deve ter visto a
Kaede.
-Aí está você! Pensei que já tivesse saído - murmura, enquanto nos
mexemos, desajeitados, em meio aos destroços do jato. -Vamos nos misturar à
multidão.
Minhas pernas doem. Nossa aterrissagem conturbada deve ter
provocado em mim edemas dos pés à cabeça. Paramos debaixo de uma das asas
destroçadas no momento em que soldados correm até o avião. Metade deles forma
uma barreira temporária para afastar os civis; eles estão de costas para nós.
Outros soldados apontam lanternas para a fumaça e os metais retorcidos,
tentando encontrar sobreviventes. Um deles deve ter avistado Kaede porque ele
grita alguma coisa para os outros, e faz sinais para que se aproximem.
- É um jato das Colônias - grita, parecendo incrédulo. - Um
jato conseguiu ultrapassar a Muralha e entrar direto em Denver.
Nós dois estamos temporariamente escondidos debaixo desta asa, mas
logo, logo eles vão nos ver. A barricada temporária de soldados nos separa da
multidão.
Ao nosso redor e em toda a cidade há sons de vidros se quebrando, incêndios
barulhentos, gritos, pessoas entoando cantos. Só mesmo os que estão mais perto
dos destroços do nosso jato sabem que um caça das Colônias acabou de se
espatifar no centro de Denver. Olho de relance para onde avulta a Capital
Tower. A voz de Anden se faz ouvir em todas as esquinas, em todos os
alto-falantes: um pronunciamente dele deve estar sendo transmitido em todos os
telões da cidade... e de toda a nação. Observo vários desordeiros furiosos
atirar coquetéis molotov contra os soldados.
O povo nem imagina que o Congresso só está esperando que a raiva deles
transborde para pôr Razor no lugar de Anden. Imagino os mesmos protestos se
alastrando no país, em todas as ruas e cidades. Anden nunca vai conseguir
acalmar essa multidão. Se os Patriotas tivessem conseguido divulgar
publicamente o assassinato do Primeiro Eleitor pelos transmissores da Capitol Tower,
já teria acontecido uma revolução.
- Agora - diz Day.
Saímos correndo de sob a asa, pegando os soldados totalmente desprevenidos.
Antes que algum deles possa nos capturar ou atirar em nós, desaparecemos,
esquivando-nos na multidão e nos misturando às pessoas. Day abaixa a cabeça e
nos conduz através dos grupos maciços de armas e pernas. Sua mão agarra
fortemente a minha. Minha respiração está interrompida e ofegante, mas eu me
recuso a ir mais devagar agora. Sigo em frente. As pessoas gritam, surpresas,
quando passamos por elas.
Atrás de nós, soldados dão o alarme:
-Ali! - berra um deles.
Ouvem-se alguns disparos. Estão nos perseguindo.
Avançamos ainda mais entre os manifestantes. De vez em quando escuto
alguém exclamar: 'Aquele é Day?", "Day voltou num jato das Colônias?"
Quando olho de relance para trás, percebo que metade dos soldados está no
caminho errado sem conseguir saber a rota que tomamos. Alguns outros nos
seguem, no entanto. Agora estamos a apenas um quarteirão da Capitol Tower, mas,
para mim, parecem quilômetros.
De vez em quando, dou uma olhadela para verificar a distância, em
meio a todos os corpos que puxam e empurram. Os telões mostram Anden de pé numa
varanda; é um vulto minúsculo e solitário, vestido de preto e vermelho,
erguendo as mãos num gesto de conciliação.
Ele precisa da ajuda do Day.
Na nossa cola, quatro soldados pouco a pouco se aproximam. A
perseguição esgota o resto de forças que tenho. Estou resfolegando, lutando para
respirar. Day já está indo mais devagar para acompanhar o meu ritmo, mas sei
que, dessa forma, jamais conseguiremos escapar. Aperto a mão dele e balanço a
cabeça.
-Você precisa continuar sem mim - digo firmemente a Day.
-Você só pode estar louca - ele responde. Franze os lábios e nos
puxa mais para frente. - Estamos quase chegando.
- Não dá. - Eu me encosto nele à medida que continuamos a
abrir caminho entre as pessoas. - Esta é nossa única oportunidade. Nenhum de
nós vai conseguir chegar, se continuarmos juntos.
Day hesita, indeciso. Já estivemos separados uma vez antes, e
agora ele está se perguntando se algum dia vai voltar a me ver, se soltar minha
mão, mas não temos tempo para isso agora.
- Não posso correr direito, mas posso me esconder na multidão. Confie
em mim.
Sem aviso, ele me abraça forte e me beija ardorosamente na boca. Meus
lábios estão em fogo. Eu retribuo o beijo impetuosamente e o abraço com todas
as forças que me restaram.
Ele respira fundo e diz:
- Desculpa eu não ter confiado em você. Esconda-se, fique a salvo.
A gente se vê logo.
Ele aperta minha mão e desaparece. Inalo um pouco de ar gelado e penso:
Anda logo. Não há tempo a perder.
Paro onde estou, giro o corpo e me agacho bem na hora em que os soldados
me alcançam. O primeiro nem consegue ver o que o atingiu. Num minuto ele já
está correndo, no outro eu o derrubo de costas no chão. Não me atrevo a olhar;
volto cambaleante até a multidão enraivecida, costurando o caminho entre as
pessoas, de cabeça baixa, até os soldados me perderem de vista.
Não dá pra acreditar na quantidade de pessoas que estão aqui. Brigas
entre civis e os policias municipais irrompem em todos os lugares. Acima de
tudo isso, os telões exibem imagens ao vivo do rosto de Anden, com uma
expressão séria, atrás dos óculos protetores. Ele está fazendo um apelo.
Passam-se seis minutos. Estou a apenas uns dez metros da base da Capital
Tower quando reparo que as pessoas ao meu redor lentamente ficam em silêncio.
Já não estão concentradas em Anden.
- Lá! - grita alguém.
Estão apontando para um garoto com cabelos claros, empoleirado em
uma varanda da Capital Tower no mesmo andar de Anden, no lado oposto. O vidro
protetor da sacada reflete parte da luz da rua e, daqui, o menino resplandece.
Respiro fundo e faço uma pausa: é o Day.
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