Capítulo 12 - Beth

Conforme a noite caía, Beth estava de pé, na varanda dos fundos, observando Logan concentrado no tabuleiro de xadrez a sua frente, pensando: "Gosto dele". Quando percebeu que havia acabado de dizer a si mesma, sentiu ao mesmo tempo surpresa e naturalidade.
Ben e Logan estavam em sua segunda partida de xadrez, e Logan estava concentrado em sua próxima jogada. Ben havia ganho a primeira partida facilmente e ela não pôde deixar de perceber a expressão de surpresa de Logan. Ele aceitou bem o fato e até perguntou a Ben o que havia feito de errado. Eles arrumaram o tabuleiro para uma jogada anterior e Ben foi mostrando a Logan a sucessão de erros cometidos por ele, primeiro com a torre e a rainha e, finalmente, com o cavalo.
— Ah, entendi — disse Logan, que sorriu para Ben. — Bom trabalho.
Nem queria imaginar como Keith teria reagido se tivesse perdido para Ben. Na verdade, ela não precisava imaginar. Tinham jogado uma vez uns anos atrás e, quando Ben venceu, ele jogou o tabuleiro, saindo da sala como um trovão. Um pouco depois, enquanto Ben ainda estava recolhendo as peças caídas atrás dos móveis, Keith voltou à sala. Em vez de se desculpar, começou a falar que xadrez era uma perda de tempo e que era melhor que Ben fizesse algo mais importante, como estudar ou treinar beisebol, já que rebatia a bola como se fosse cego.
Às vezes, tinha vontade de estrangular aquele homem. Mas com Logan as coisas eram diferentes. Beth percebeu que Logan estava tendo dificuldades no jogo novamente. Não dava para dizer olhando para o tabuleiro — os detalhes que separavam um bom jogador de um ótimo jogador extrapolavam seu discernimento —, mas sempre que Ben analisava seu adversário, em vez das peças do tabuleiro, sabia que o fim estava próximo, mesmo se Logan não tivesse percebido o que ia acontecer. O que ela mais adorava na cena era o fato de que, apesar da concentração exigida pelo jogo, Logan e Ben ainda conseguiam... conversar. Sobre a escola e os professores de Ben, ou sobre Zeus, quando era filhotinho, e Logan parecia genuinamente interessado. Ben revelou algumas coisas que a surpreenderam, como o fato de outros garotos terem roubado seu almoço algumas vezes e de estar interessado em uma garota chamada Cici. Logan não lhe dava nenhum conselho; em vez disso, perguntava a Ben o que achava que devia fazer. Em sua experiência com homens, a maioria acredita que, quando conversam sobre um problema ou um dilema, é esperado que: dêem sua opinião, mesmo quando tudo que se deseja é que possam apenas ouvir.
A reticência natural de Logan, na verdade, permitia que Ben tivesse espaço para se expressar. Era óbvio que Logan era bem resolvido consigo mesmo. Não estava tentando impressionar Ben ou a ela, mostrando-lhe como facilmente se dava bem com ele.
Apesar de não ter tido muitos relacionamentos nos últimos anos, sentia que muitos pretendentes fingiam que Ben não existia e mal se dirigiam a ele, ou o tratavam de uma maneira muito exagerada, procurando mostrar a ela como eram extremamente amáveis com seu filho. Ben era capaz de distinguir entre os dois tipos desde muito novinho, assim como ela, o que era suficiente para terminar o relacionamento. Isso quando não eram eles que terminavam com ela.
Era óbvio que Ben gostava de ficar com Logan, e o que era ainda melhor, Beth sentia que Logan gostava de ficar com Ben. Silenciosamente, Logan continuava estudando sua jogada; colocou um dedo em cima do cavalo, mas hesitou entre ele e o peão. Ben ergueu as sobrancelhas levemente. Beth não conseguia perceber se ele considerava que Logan havia feito uma jogada boa ou má, mas Logan decidiu-se pelo peão.
A resposta de Ben foi quase que imediata, o que parecia ser um mau sinal para Logan. Um pouco depois, Logan percebeu que não tinha mais como defender seu rei e abanou a cabeça negativamente.
—Você me pegou.
—Peguei mesmo.
— Pensei que tivesse melhorado meu jogo.
— E melhorou.
— Até?
— Até a segunda jogada.
Logan riu.
— Piada de enxadrista?
— Há várias piadas desse tipo — disse Ben, obviamente orgulhoso de si mesmo. Apontou para o quintal. — Já não está bem escuro?
— Acho que sim. Zeus, está pronto para brincar?
Zeus levantou as orelhas e inclinou a cabeça para o lado. Quando Logan e Ben se levantaram, ele veio logo atrás.
— Você vem, mamãe?
— Estou bem atrás de você — disse, levantando-se da cadeira.
Seguiram o caminho em meio à escuridão na frente da casa. Beth parou no meio da escada.
— Talvez fosse melhor pegar uma lanterna.
— Isso é trapaça! — disse Ben, desaprovando a ideia.
—Não é para o cachorro. É para você. Para que não se perca.
— Não vai se perder — Logan garantiu. — Zeus vai encontrá-lo.
— É fácil falar quando não se trata do seu filho.
— Não vai acontecer nada comigo — disse Ben.
Ela olhou para um e para o outro e acabou balançando a cabeça. Não estava totalmente à vontade com a situação, mas Logan não parecia nada preo-cupado.
— Então ta — suspirou. — Vou pegar uma para mim. Tudo bem?
— Tudo — concordou Ben. — O que devo fazer?
— Esconda-se. E vou mandar Zeus ao seu encontro.
— Posso ir para qualquer lugar?
— Por que não se esconde daquele lado? — sugeriu Logan, apontando para uma área arborizada, a oeste do riacho, do lado oposto da entrada do canil. — Não quero ver você caindo acidentalmente no riacho. Além disso, seu cheiro deve estar mais forte desse lado. Lembra-se de que vocês dois estavam brincando por aqui antes do jantar? Agora, assim que ele te achar, siga-o até aqui, está bem? Assim você não se perde.
Ben deu uma olhada na mata.
— Tudo bem. Como vou saber que ele não vai olhar?
— Vou levá-lo para dentro e contar até 100 antes de soltá-lo.
— Promete que não vai deixá-lo olhar?
—Prometo — Logan concentrou sua atenção em Zeus ordenando: Venha! — abriu a porta, mas fez uma pausa. — Tudo bem se ele entrar?
Beth concordou com a cabeça.
— Tudo bem.
Logan fez sinal para Zeus entrar e deitar e, depois, fechou a porta.
— Certo. Pode ir.
Ben correu para dentro da mata e Logan iniciou a contagem em voz alta.
— Conte mais devagar — gritou Ben, que aos poucos desapareceu em meio à escuridão, deixando de ser visto mesmo antes de entrar no meio das árvores. Beth cruzou os braços.
— Preciso dizer que não estou gostando nada disso.
— Por que não?
— Por que será, né? Será que é porque meu filho está escondido, à noite, no meio da mata?
— Vai dar tudo certo. Zeus vai encontrá-lo em dois ou três minutos. No máximo.
— Você confia cegamente no seu cachorro.
Logan sorriu e eles ficaram um pouco na varanda, sentindo a noite agradável. O ar úmido já não era tão quente e tinha um aroma de terra, uma mistura de carvalho e pinheiro e a própria terra, um odor que sempre fazia com que Beth se lembrasse de que, mesmo em um mundo em que tudo mudava constantemente, aquele lugar em especial parecia ficar sempre igual.
Tinha consciência de que Logan a tinha observado a noite toda, tentando não encarar, e ela sabia que tinha feito o mesmo com ele. Gostava da maneira como ele a fazia se sentir. Gostava de ter percebido que ele a achava atraente, porém sem possuir nenhuma urgência ou desejo ansioso que os homens frequentemente demonstravam quando olhavam para ela. Pelo contrário, parecia feliz simplesmente pelo fato de estar ao lado dela, e, sem saber o motivo, era exatamente isso de que precisava.
—Estou feliz que tenha ficado para jantar — disse Beth, sem saber o que mais poderia falar. — Ben está se divertindo muito.
— Também estou feliz.
—Você agiu tão bem com ele. Durante o jogo de
xadrez, digo.
— Não é difícil.
— Você não acha, não é mesmo?
Ele hesitou.
— Estamos falando do seu ex-namorado novamente?
— É tão óbvio assim? Mas você está certo. Estamos falando dele. O imbecil — ela encostou na coluna da varanda.
Ele encostou na coluna do outro lado da escada, de frente para ela.
— E?
— Só queria que as coisas fossem diferentes. Ele hesitou novamente, e ela sabia que ele estava pensando se deveria dizer alguma coisa ou não. Acabou optando por se calar.
— Você não ia gostar dele. Na verdade, acho que ele também não ia gostar de você.
— Não?
— Não. E pode se considerar uma pessoa de sorte. Você não está perdendo nada.
Ele olhou fixamente para ela, sem dizer nada. Supôs que deveria estar pensando na forma como ela havia se fechado antes. Afastou os cabelos que caíam na frente dos olhos, imaginando se realmente deveria continuar. — Quer ouvir a minha história?
— Só se você quiser me contar.
Beth sentiu seus pensamentos flutuando do presente para o passado e suspirou.
— É a mesma velha história de sempre... eu era uma nerd, terminando o ensino médio, e ele era um pouco mais velho que eu, mas desde pequenos frequentávamos a mesma igreja, então eu sabia exatamente quem ele era. Começamos a namorar um pouco antes da minha formatura. Ele era de família rica e sempre saía com as meninas mais populares, então acho que me deixei envolver por esse tipo de fantasia. Ignorei problemas óbvios, inventei desculpas para outros, e acabei descobrindo que estava grávida. Subitamente, minha vida tinha mudado totalmente, sabe? Não ia começar a faculdade no início do outono, não tinha a menor idéia do que era ser mãe, muito menos mãe solteira; não sabia como lidar com tudo aquilo. A última coisa que esperava no mundo é que ele fosse me pedir em casamento. Mas, não sei por quê, ele pediu, e eu disse sim, e apesar de querer acreditar que ia dar certo e de ter feito o máximo para convencer Nana de que sabia o que estava fazendo, sei que nós duas sabíamos que aquilo era um erro antes mesmo que a tinta da minha assinatura na certidão de casamento secasse. Literalmente, não tínhamos nada em comum. Então, brigávamos constantemente e acabamos nos separando logo depois que Ben nasceu. E depois me senti totalmente perdida.
Logan juntou as mãos.
— Mas isso não a impediu de continuar.
— Continuar o quê?
— De finalmente ir para a faculdade e se tornar professora. E aprender a ser mãe solteira. E, de alguma forma, lidar com tudo aquilo.
O sorriso de Beth mostrava gratidão.
— Com a ajuda de Nana.
— Mesmo assim — ele cruzou as pernas e pareceu examiná-la antes de dar um sorriso maroto. — Quer dizer que é nerd.
— No ensino médio? Com certeza eu era.
— Acho difícil acreditar.
— Acredite se quiser.
— E como foi a faculdade?
— Você quer dizer, por causa do Ben? Não foi fácil. Mas eu já tinha alguns créditos por causa do meu histórico escolar do ensino médio, o que me ajudou a sair na frente. Depois, frequentei a faculdade local até Ben sair das fraldas. Ia à faculdade duas ou três vezes por semana e Nana cuidava de Ben, e eu ficava em casa e estudava quando não estava exercendo minha função de mãe. O mesmo aconteceu quando consegui minha transferência para a Universidade da Carolina do Norte, em Wilmington, que era perto o suficiente para que pudesse voltar para casa à noite. Levei seis anos para me formar e conseguir meu diploma, mas não podia explorar Nana e não queria dar ao meu ex uma razão para conseguir a guarda total. E. naquela época, ele podia até ter pedido a guarda, era só ele querer.
— Ele parece ser uma pessoa adorável. Ela sorriu.
— Você nem imagina.
— Quer que eu dê uma surra nele?
Ela riu.
— Engraçado. Houve uma época em que eu até aceitaria sua oferta, mas agora já passou. Ele só é... imaturo. Acha que toda mulher que encontra fica louca por ele, fica nervoso diante de coisas sem importância, e culpa os outros quando algo dá errado para ele. Já passou dos 30 anos e parece que tem 16, se é que você me entende — pelo canto do olho, percebia que ele a observava. — Mas chega de falar dele. Fale alguma coisa de você.
— O quê, por exemplo?
— Qualquer coisa, sei lá. Por que você escolheu antropologia?
Ele refletiu sobre a pergunta.
— Acho que por personalidade.
— O que você quer dizer com isso?
— Sabia que não tinha intenção de me formar em nada prático, como administração ou engenharia, e, no fim do meu primeiro ano de faculdade, comecei a trocar idéias com outras pessoas que estavam se formando em artes liberais. As pessoas mais interessantes que encontrei eram os estudantes de antropologia. Achei significativo.
—Você está brincando.
— Não estou não. É por isso que fiz as aulas introdutórias, pelo menos. Depois disso, percebi que antropologia é uma grande mistura de história, hipó-teses e mistério, e me interesso por tudo isso. Acabei ficando viciado.
— E as festas?
— Nunca gostei muito.
— Jogos de futebol?
— Também não.
— Alguma vez sentiu que estava deixando de aproveitar as oportunidades reais que a faculdade te oferecia?
— Não.
— Eu também não. Pelo menos, não depois do nascimento de Ben.
Ele concordou, depois apontou em direção à mata.
— Hum... será que não está na hora de Zeus ir atrás de Ben?
— Ai, meu Deus! — seu tom não conseguia esconder o pânico. — Claro. Ele consegue encontrá-lo, não consegue? Quanto tempo já foi?
— Não muito. Cinco minutos, talvez. Deixe-me buscar o Zeus. E não se preocupe. Não vai levar muito tempo.
Logan abriu a porta e Zeus veio para fora, abanando o rabo, depois foi até a escada. Imediatamente levantou uma perna ao lado da varanda, depois subiu a escada voltando para perto de Logan.
— Cadê o Ben? — Logan perguntou.
Zeus levantou as orelhas. Logan apontou na direção em que Ben havia ido. — Procure o Ben.
Zeus virou-se e começou a caminhar em círculos, sempre com o focinho no chão. Em segundos, achou a pista e desapareceu no meio da escuridão.
— Devemos segui-lo? — perguntou Beth.
— Você quer?
— Quero.
— Então, vamos.
Mal chegaram às primeiras árvores e ouviram o feliz latido de Zeus, seguido da voz de Ben, que mais parecia um grito de felicidade. Quando ela se virou para Logan, ele deu de ombros.
— Você não estava mentindo, não é mesmo? Quanto tempo levou? Dois minutos?
— Não foi difícil para ele. Sabia que Ben não poderia ter ido tão longe.
— Qual foi a maior pista que eleja teve de seguir?
— Foi a de um veado. Seguiu-a por mais de 10 quilômetros ou algo assim. Poderia ter continuado, mas encontrou uma cerca pelo caminho. Estávamos no Tennessee.
— Por que seguiu o veado?
— Para se exercitar. É um cachorro esperto. Gosta de aprender e usar suas habilidades — enquanto falava, Zeus apareceu no meio das árvores, com Ben logo atrás dele. — E é por isso que essa brincadeira é tão divertida para ele quanto é para Ben.
— Foi impressionante — disse Ben. — Ele veio direto até mim. E eu estava bem quietinho.
— Quer fazer de novo? — Logan perguntou.
— Posso? — Ben implorou.
— Se sua mãe deixar.
Ben virou-se para a mãe e ela levantou as mãos. — Vá em frente!
— Legal! Tranque-o dentro de casa de novo. E vou me esconder muito bem dessa vez.
— Pode deixar.
Da segunda vez que Ben se escondeu, Zeus o encontrou em uma árvore. Na terceira, Ben tentou disfarçar a trilha em uma tentativa de enganar Zeus e ele o encontrou a meio quilômetro de distância, na sua casa da árvore, próxima ao riacho. Beth não se entusiasmou muito com sua última escolha; a ponte instável e a plataforma sempre pareceram bem mais perigosas à noite, mas, a essa altura, Ben já estava ficando cansado e pronto para desistir mesmo.
Logan os acompanhou até em casa. Depois de se despedir de Ben, virou-se para Beth e pigarreou.
— Gostaria de lhe agradecer pela noite maravilhosa, mas é melhor ir andando.
Apesar de já serem quase 22 horas, parte dela não queria que ele fosse ainda.
— Quer uma carona? Ben já vai dormir e posso levar você em casa sem nenhum problema.
— Obrigado, mas não é necessário. Gosto de caminhar.
— Eu sei. Não sei muito sobre você, mas isso é algo que já sei — sorriu. — Então, até amanhã, certo?
— Eu chego às 7 horas.
— Posso alimentar os cães se você quiser chegar um pouco mais tarde.
— Sem problemas. E, além disso, gostaria de ver o Ben antes de ele sair. E tenho certeza de que Zeus também. O coitadinho provavelmente nem vai saber o que fazer sem o Ben para correr atrás dele.
Então, tá — sentiu-se subitamente desapontada ao pensar na partida de Logan.
— Tudo bem se eu usar o caminhão amanhã? Preciso ir até a cidade comprar algumas peças para consertar o breque. Se não der, posso ir andando.
Ela sorriu.
— Eu sei disso. Mas não há problema algum. Tenho de levar o Ben e fazer algumas coisas, mas, se não vir você, deixo a chave debaixo do tapete do lado do motorista.
— Tudo bem — disse, olhando diretamente para ela. — Boa noite, Elizabeth.
— Boa noite, Logan.
Quando ele foi, Beth deu uma olhada em Ben, dando-lhe mais um beijo de boa noite antes de ir para seu quarto. Enquanto se despia, lembrava os momentos vividos durante a noite, refletindo sobre o mistério de Logan Thibault.
"Era diferente de qualquer outro homem que havia encontrado", pensou, e então, imediatamente, censurou-se pela falta de criatividade. Estava na cara que ele era diferente, disse a si mesma. Tinha acabado de conhecê-lo. Não tinha passado muito tempo com ele. Mesmo assim, sabia que tinha maturidade suficiente para reconhecer a verdade quando a via.
Logan era diferente. Deus sabia que Keith não tinha nada a ver com ele. Na verdade, nem ele nem ninguém mais com quem ela havia se relacionado desde o divórcio. A maioria daqueles homens era fácil de se interpretar; não importava o quanto fossem educados e encantadores ou broncos e com péssimos hábitos, tudo o que faziam revelava os esforços transparentes de levá-la para cama. "Lixo de homens", como Nana dizia. E ela sabia que Nana não estava errada.
Mas com Logan... bem, essa era a questão. Não tinha a mínima idéia do que ele queria com ela. Sabia que a achava atraente, e parecia gostar da sua companhia. Mas, além disso, não sabia quais eram as suas intenções, já que parecia gostar igualmente da companhia de Ben. De certa forma, Logan a tratava como alguns homens casados que conhecia: "Você é bem interessante, mas já sou comprometido".
Talvez ele fosse comprometido, então. Poderia ter uma namorada no Colorado, ou talvez tivesse acabado de terminar com o amor da sua vida e ainda estava tentando superar o fato. Pensando bem, percebeu que, apesar de ter falado sobre as coisas que havia feito durante a viagem pelo país, ela ainda não tinha idéia do motivo que o levou a fazer isso, em primeiro lugar, e, em segundo lugar, por que ele havia optado por Hampton como ponto final. A história era tão misteriosa quanto obscura, o que era bem estranho. Se tinha aprendido uma coisa sobre os homens é que eles gostavam de falar deles mesmos, de seus empregos, seus passatempos, realizações passadas e suas motivações. Logan não fazia nada disso. Incompreensível.
Balançou a cabeça, achando que estava fazendo interpretações demais. Afinal de contas, eles nem tinham saído juntos. Tinha sido mais uma reunião de amigos — tacos, xadrez e conversas. Um evento familiar.
Colocou o pijama e pegou uma revista no criado--mudo. Folheou a revista antes de apagar a luz. Mas, quando fechou os olhos, continuou visualizando a forma como os cantos da boca dele levantavam levemente sempre que ela dizia algo engraçado, ou a forma como as sobrancelhas dele se juntavam quando estava concentrado em uma atividade. Rolou na cama por um bom tempo, sem conseguir dormir, imaginando se, talvez, apenas talvez, Logan também estaria acordado, pensando nela.

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