Capítulo 29 - Thibault
Apesar da chuva, Thibault não conseguia se imaginar
voltando para casa. Queria ficar lá fora; sentir-se quente e seco não parecia
correto. Queria punir-se pelo que tinha feito, por todas as mentiras que havia
contado.
Ela estava certa. Não havia sido honesto com ela.
Apesar da dor que sentiu por algumas das coisas que ela lhe disse e da falta de
disposição que demonstrou em ouvi-lo, encontrava justificativa no sentimento de
traição que ela estava sentindo. Mas como explicar Não entendia totalmente os
motivos que a levaram a interpretar as atitudes dele como as de um louco. Era
óbvio que estava obcecado, mas não da forma como ela havia imaginado.
Devia ter contado a ela sobre a fotografia assim que
chegou e esforçava-se para encontrar as razões que o haviam levado a optar por
não contar. Na pior das hipóteses, ela teria ficado surpresa e feito algumas
perguntas, e ia acabar ficando nisso. Suspeitava de que Nana o teria contratado
da mesma forma, e nada disso teria acontecido.
Mais do que tudo, queria dar meia-volta e ir atrás
dela. Queria explicar, contar a história toda desde o início.
Mas não ia fazer isso, ela precisava ficar um tempo
sozinha, ou pelo menos longe dele. Precisava de um tempo para se recuperar e
talvez, apenas talvez, entender que o Thibault que ela havia aprendido a gostar
era o único Thibault que existia. Imaginava se esse tempo sozinha seria capaz
de fazer com que ela lhe perdoasse.
Thibault caminhava, afundando os pés na lama. Percebeu
quando um carro passou lentamente, e a água atingiu seus eixos. Mais para
frente viu o rio tomando o espaço da ma cada vez mais. Decidiu cortar caminho
pela floresta. Talvez fosse a última vez que fizesse esse caminho. Talvez fosse
hora de voltar para o Colorado.
Thibault
continuou caminhando. A folhagem de outono, ainda nas árvores, fornecia um
abrigo parcial à chuva, e, quanto mais penetrava na mata, mais sentia que a
distância entre eles começava a aumentar.
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