Capítulo 13
— Aquilo são toalhinhas de
papel — exclamou Violet. — Esta caixa
está cheia de toalhinhas de papéis — E
era verdade. Espalhadas por todo o palco, derramando-se do que restava da caixa
de papelão, havia centenas e centenas de toalhinhas de papel redondas, rendadas
em volta, do tipo que você poderia usar para enfeitar um pratinho de biscoitos,
ou para pôr embaixo do copo em uma festa sofisticada.
— É claro — disse o homem
de óculos escuros. Ele se aproximou do palco e tirou os óculos escuros, e os
Baudelaire puderam ver que ele não era um dos asseclas de Gunther, afinal. Era
só um participante do leilão, usando terno risca-de-giz. — Eu ia dar ao meu irmão, de presente de
aniversário. São Caprichosos Suportes de Copos. Que mais poderia significar
C.S.C?
— Sim — disse Gunther,
sorrindo para as crianças. — Que mais
poderia significar, faz favor?
— Não sei — disse Violet, —
mas o que os Quagmire descobriram não foi um segredo sobre toalhinhas de papel
sofisticadas. Onde você os pôs, Olaf?
— O que é Olaf, faz favor?
— perguntou Gunther.
— Ora, Violet — disse
Jerome. — Nós não combinamos que não
íamos mais discutir com Gunther? Por favor, desculpe as crianças, Gunther. Acho
que elas devem estar doentes.
— Não estamos doentes! —
exclamou Klaus. — Nós fomos enganados!
Esta caixa de suportes de copos era um red herring!
— Mas o Lote 48 é que era
um arenque vermelho — disse alguém na multidão.
— Crianças, estou muito
perturbado com o seu comportamento — disse o Sr. Poe. — Parece que vocês não se
lavam há uma semana. Vocês estão gastando o seu dinheiro em coisas ridículas.
Vocês ficam acusando todo mundo de ser o conde Olaf disfarçado. E agora, vocês
me fazem uma grande confusão de toalhinhas pelo chão. Alguém é capaz de levar
um tombo, com todas essas toalhinhas de papel liso espalhadas por aí. Eu pensei
que os Squalor estavam criando vocês melhor.
— Nós não vamos mais
criá-los — disse Esmé. — Não depois de
eles terem feito esse papelão. Sr. Poe, eu quero que essas crianças horríveis
sejam tiradas da minha tutela. Não vale a pena ter órfãos, mesmo que sejam in.
— Esmé! — exclamou Jerome. — Elas perderam os pais! Aonde mais poderiam
ir?
— Não discuta comigo —
cortou Esmé. — E vou lhe dizer aonde
elas podem ir. Elas podem ir...
— Comigo, faz favor — disse
Gunther, e pôs uma das suas mãos ossudas no ombro de Violet. Violet lembrou-se
de quando aquele vilão traiçoeiro arquitetara um plano de se casar com ela, e
estremeceu debaixo daqueles dedos gananciosos.
— Eu muito gosta crianças.
Eu muito feliz, faz favor, de criar três crianças só meus. — Ele pôs a outra mão ossuda no ombro de Klaus,
depois veio para a frente, como se fosse pôr uma das suas botas no ombro de
Sunny , para que todos os três Baudelaire ficassem travados em um abraço
sinistro. Mas o pé de Gunther não desceu no ombro de Sunny . Ele desceu em uma
toalhinha, e um segundo depois a previsão do Sr. Poe, de que alguém ia
escorregar e cair, se realizou. Com um baque de tombo empapelado, Gunther foi
ao chão de repente, os braços se agitando freneticamente no meio das toalhinhas
e as pernas se agitando loucamente no chão do palco. — Faz favor! — ele gritou ao cair, mas os
braços e pernas se abanando só fizeram com que escorregasse ainda mais, e os caprichosos
suportes de copos começaram a se espalhar para o outro lado do palco e a cair
no piso do Veblen Hall. Os Baudelaire ficaram olhando as toalhinhas
sofisticadas flutuarem em volta deles, produzindo leves ruídos sussurrantes ao
cair, mas então ouviram dois sons ponderosos, um após o outro, como se a queda
de Gunther tivesse feito cair alguma coisa mais pesada e, quando voltaram as
cabeças na direção do som, viram as botas de Gunther caídas no chão, uma aos
pés de Jerome e uma aos pés do Sr. Poe.
— Faz favor! — gritou
Gunther de novo enquanto se debatia para se levantar, mas quando finalmente
conseguiu se firmar em cima dos pés, todos no salão estavam olhando para eles.
— Olhem! — disse o homem
que antes estava de óculos escuros. — O
leiloeiro estava sem meias! Isto não é muito educado!
— E olhem! — disse uma
outra pessoa. — Ele está com um suporte
de copo preso entre dois dedos do pé! Isto não é muito confortável!
— E olhem! — disse Jerome. — Ele tem um olho tatuado no tornozelo! Ele
não é Gunther!
— Ele não é um leiloeiro! —
gritou o Sr. Poe. — Ele não é nem mesmo
um estrangeiro! Ele é o conde Olaf!
— Ele é mais do que o conde
Olaf — disse Esmé, andando devagar até o terrível vilão. — Ele é um gênio! Ele é um maravilhoso mestre
da arte dramática! E ele é o homem mais lindo e mais in da cidade!
— Não seja absurda! — disse
Jerome. — Impiedosos vilões
seqüestradores não estão in!
— Você está certo — disse o
conde Olaf, e que alívio é poder chamá-lo pelo seu verdadeiro nome! Olaf jogou
fora o seu monóculo e passou um braço em volta de Esmé.
— Nós não estamos in. Nós
estamos out, fora: fora da cidade! Vamos, Esmé!
Com uma gargalhada estridente, Olaf segurou a mão de Esmé e pulou
para fora do palco, abrindo caminho a cotoveladas no meio da multidão in
enquanto começava a correr para a saída.
— Eles estão escapando! —
gritou Violet, e pulou para fora do palco para ir ao encalço deles. Klaus e
Sunny a seguiram o mais rápido que as suas pernas podiam levá-los, mas Olaf e
Esmé tinham pernas mais compridas, o que neste caso era uma vantagem tão
injusta quanto o elemento surpresa. No tempo que os Baudelaire levaram para
correr até o estandarte com a cara de Gunther, Olaf e Esmé já tinham chegado ao
estandarte com a palavra — Leilão — e no
tempo que as crianças levaram para chegar até aquele estandarte, os dois vilões
já tinham passado correndo pelo estandarte ‘’In’’ e atravessado a porta
premiada do Veblen Hall.
— Ó Deus! — exclamou o Sr.
Poe. — Não podemos deixar aquele homem
monstruoso escapar pela sexta vez! Atrás dele, todo mundo! O homem é procurado
por uma grande variedade de crimes violentos e financeiros!
A multidão in entrou em ação e começou a perseguir Olaf e Esmé, e
você pode optar por acreditar, agora que esta história se aproxima do seu
desfecho, que com tanta gente no encalço daquele vilão miserável seria
impossível ele escapar.
Você pode querer fechar este livro sem terminar de ler, e imaginar
que Olaf e Esmé foram capturados, e que os trigêmeos Quagmire foram resgatados,
e que o verdadeiro significado de C.S.C. foi descoberto e que o mistério da
passagem secreta para a mansão Baudelaire destruída foi resolvido e que todos
fizeram um delicioso piquenique para comemorar toda esta boa sorte e que havia
sanduíches de sorvete suficientes para todo mundo. Eu certamente não culparia
você por imaginar essas coisas, pois eu mesmo as imagino o tempo todo. Tarde da
noite, quando nem mesmo o mapa da cidade consegue me reconfortar, fecho os
olhos e imagino todas essas coisas alegres e reconfortantes rodeando as
crianças Baudelaire, em vez de todas aquelas toalhinhas de papel que as
rodearam e trouxeram mais um golpe de infortúnio às suas vidas. Porque quando o
conde Olaf e Esmé Squalor abriram impetuosamente a porta do Veblen Hall,
deixaram entrar uma brisa vespertina que fez todos os caprichosos suportes de
copos esvoaçarem por cima das cabeças dos Baudelaire para depois caírem de novo
no chão atrás deles e, em um escorregadiço momento, todos na multidão in
estavam caindo uns por cima dos outros numa confusão de risca-de-giz
empapelada. O Sr. Poe caiu em cima de Jerome. Jerome caiu em cima do homem que
estava antes usando óculos escuros e os seus óculos escuros caíram em cima da
mulher que tinha dado o lance mais alto pelo Lote 47. Aquela mulher deixou cair
as suas sapatilhas de balé feitas de chocolate e aquelas sapatilhas caíram em
cima das botas do conde Olaf, e aquelas botas caíram em cima de mais três
toalhinhas que fizeram mais quatro pessoas escorregarem e caírem em cima de uma
outra pessoa, e logo a multidão inteira estava metida em um emaranhado sem
saída.
Mas os Baudelaire nem relancearam para trás, para ver a última
desgraça que as toalhinhas haviam causado. Mantiveram os olhos fixos na dupla
de pessoas odiosas que corria pelos degraus do Veblen Hall abaixo na direção de
uma grande caminhonete preta. Atrás do volante da caminhonete estava o
porteiro, que por fim fizera a coisa sensata e enrolara as mangas exageradas;
mas esta deve ter sido uma tarefa difícil, pois quando as crianças olharam para
dentro da caminhonete, viram de relance que havia dois ganchos onde deveriam
estar as duas mãos do porteiro.
— O homem de mãos de
gancho! — exclamou Klaus. — Ele estava
bem debaixo dos nossos narizes o tempo todo!
Assim que chegou à caminhonete, o conde Olaf voltou-se para zombar
das crianças.
— Ele pode ter estado bem
debaixo dos seus narizes — ele rosnou arreganhando os dentes, — mas logo estará
nas suas gargantas. Eu voltarei, órfãos Baudelaire! Em breve as safiras
Quagmire serão minhas, mas não esqueci da fortuna de vocês!
— Gonope? — gritou Sunny ,
e Violet apressou-se em traduzir.
— Onde estão Duncan e
Isadora? — disse ela. — Aonde você os
levou? — Olaf e Esmé se entreolharam e
desandaram a rir enquanto se esgueiravam para dentro da caminhonete preta. Esmé
apontou um polegar de unha comprida para a carroceria, que é a palavra que se
usa para a parte de trás de uma caminhonete, onde são colocadas as coisas a
transportar. — Usamos dois red herrings
para enganá-los — disse ela quando o motor da caminhonete despertou rugindo
para a vida. As crianças puderam ver, na parte de trás da caminhonete, o grande
arenque vermelho que tinha sido o Lote 48 no Leilão In.
— Os Quagmire! — exclamou
Klaus. — Olaf os prendeu dentro da
estátua! — Os órfãos desceram correndo
as escadas do salão e, mais uma vez, você poderá achar mais agradável pôr de
lado este livro, fechar os olhos e imaginar para esta história um fim melhor do
que o que tenho de escrever. Você poderia imaginar, por exemplo, que assim que
os Baudelaire chegaram à caminhonete, eles ouviram o som do motor falhando em
vez do toque de buzina quando o homem de mãos de gancho acelerou, levando
embora os seus patrões. Você poderia imaginar que as crianças ouviram sons dos
Quagmire escapando da estátua de arenque em vez do ‘’Bai-bai!’’ saído da boca
ignóbil de Esmé. E você poderia imaginar o som das sirenes da polícia enquanto
o conde Olaf era por fim agarrado, em vez do choro dos órfãos Baudelaire
enquanto a caminhonete preta dobrava a esquina e desaparecia de vista.
Porém a sua imaginação seria ersatz, como toda imaginação. Seria
tão inverdade quanto o leiloeiro ersatz que encontrou os Baudelaire na
cobertura dos Squalor, e o elevador ersatz do lado de fora da porta da frente,
e a tutora ersatz que os empurrara para dentro do abismo profundo do poço do
elevador. Esmé escondera o seu plano maligno debaixo da sua reputação como a
sexta consultora financeira mais importante da cidade, e o conde Olaf escondera
a sua identidade atrás de um monóculo e umas botas pretas, e a passagem secreta
escondera seus segredos atrás de um par de portas deslizantes de elevador, mas
por mais que me doa contar a vocês que os órfãos Baudelaire ficaram parados nos
degraus do Veblen Hall chorando, cheios de angústia e frustração, enquanto o
conde Olaf fugia com os trigêmeos Quagmire, não posso esconder as verdades desafortunadas
das vidas dos Baudelaire atrás de um final feliz ersatz. Os órfãos Baudelaire
ficaram parados nos degraus do Veblen Hall chorando, cheios de angústia e
frustração, enquanto o conde Olaf fugia com os trigêmeos Quagmire, e a visão do
Sr. Poe emergindo da porta premiada com uma toalhinha de papel presa no cabelo
e uma expressão de pânico nos olhos só serviu para fazê-los chorar ainda mais
sentido.
— Vou chamar a polícia —
disse o Sr. Poe, — e eles vão capturar o conde Olaf sem mais tardar — mas os
Baudelaire sabiam que esta afirmação era tão ersatz quanto o inglês imperfeito
de Gunther. Eles sabiam que Olaf era esperto demais para ser capturado pela
polícia, e lamento dizer que no momento em que dois detetives encontraram a
grande caminhonete preta, abandonada na frente da Catedral de St. Carl com o
motor ainda funcionando, Olaf já tinha transferido os Quagmire do arenque
vermelho para um lustroso estojo preto de instrumento musical, que ele disse ao
motorista do ônibus tratar-se de uma tuba que estava levando para a tia dele.
Os três irmãos viram o Sr. Poe voltar correndo para o Veblen Hall, para perguntar
às pessoas na multidão in onde poderia encontrar um telefone público, e
perceberam que o banqueiro não ia ser de nenhuma ajuda.
— Acho que o Sr. Poe não
vai ser de muita ajuda — disse Jerome, que tinha saído do Veblen Hall e sentado
nos degraus para tentar consolar as crianças. — Ele vai ligar para a polícia e dar a eles
uma descrição de Olaf.
— Mas Olaf anda sempre
disfarçado — disse Violet muito infeliz, enxugando os olhos. — Você não sabe qual vai ser a aparência dele
até que o veja.
— Bem, vou me certificar de
que vocês jamais o vejam de novo — prometeu Jerome.
— Esmé pode ter partido — e
não vou discutir com ela — mas ainda sou o tutor de vocês e vou levá-los para
muito, muito longe daqui, tão longe que vão esquecer tudo a respeito do conde
Olaf, e dos Quagmire, e tudo o mais.
— Esquecer Olaf? —
perguntou Klaus. — Como vamos esquecer
dele? Nunca esqueceremos a sua traição, não importa onde estivermos vivendo.
— E nós também nunca vamos
esquecer os Quagmire — disse Violet. — Eu
não quero esquecê-los. Temos de descobrir aonde ele está levando os nossos
amigos, e como salvá-los.
— Tercul! — disse Sunny , o
que queria dizer — E nós também não
vamos esquecer tudo o mais — como o corredor subterrâneo que nos levou à nossa
mansão destruída, e o verdadeiro significado de C.S.C.! — ou algo no gênero.
— Minha irmã tem razão —
disse Klaus. — Temos de seguir a pista
de Olaf e descobrir todos os segredos que ele está escondendo de nós.
— Nós não vamos seguir a
pista de Olaf — disse Jerome estremecendo só de pensar.
— Teremos sorte se ele não
seguir a nossa pista. Como tutor de vocês, não posso permitir que tentem
encontrar um homem tão perigoso. Vocês não preferem viver em segurança comigo?
— Sim — admitiu Violet, — mas
os nossos amigos estão em sério perigo. Precisamos salvá-los.
— Bem, não quero discutir —
disse Jerome. — Se vocês já decidiram,
então decidiram. Vou dizer ao Sr. Poe para encontrar um outro tutor.
— Quer dizer que não vai
nos ajudar? — perguntou Klaus. Jerome suspirou e beijou cada um dos Baudelaire
na testa. — Vocês crianças me são muito
queridas — disse ele, — mas não tenho a sua coragem. A sua mãe sempre disse que
eu não era muito valente, e acho que ela estava certa. Boa sorte, jovens
Baudelaire. Acho que vão precisar.
As crianças ficaram olhando em total perplexidade enquanto Jerome
se afastava, sem sequer olhar para trás, para os três órfãos que estava
abandonando. Elas sentiram os olhos marejando de lágrimas mais uma vez enquanto
o viam se afastar e desaparecer de vista. Nunca mais tornariam a ver a
cobertura dos Squalor, nem passariam mais uma noite em seus quartos, nem
passariam um momento sequer usando os seus ternos risca-de-giz grandes demais.
Embora ele não fosse tão infame quanto Esmé, ou o conde Olaf, ou o homem de
mãos de gancho, Jerome continuava sendo um tutor ersatz, porque um tutor de
verdade deve prover um lar, com um lugar para dormir e alguma coisa para
vestir, e no fim tudo o que Jerome lhes dera fora um ‘’Boa sorte’’. Jerome
chegou ao fim do quarteirão, virou à esquerda, e os Baudelaire estavam sozinhos
no mundo outra vez. Violet suspirou e ficou olhando ao longe na direção em que
Olaf escapara.
— Espero que as minhas
habilidades de inventora não me decepcionem — disse ela, — porque vamos
precisar mais do que boa sorte para resgatar os trigêmeos Quagmire.
Klaus suspirou e ficou olhando ao longe na direção dos remanescentes
cinzentos do seu primeiro lar.
— Espero que as minhas
habilidades de pesquisador não me decepcionem — disse ele, — porque vamos
precisar mais do que boa sorte para resolver o mistério do corredor e da mansão
Baudelaire.
Sunny suspirou e ficou olhando para uma toalhinha de papel
solitária que esvoaçava pelos degraus.
— Morder — disse ela, e
queria dizer com isso que esperava que os seus dentes não a decepcionassem,
porque eles precisariam de mais do que boa sorte para descobrir o que realmente
significava C.S.C.
Os Baudelaire se entreolharam com um leve sorriso nos lábios.
Estavam sorrindo porque não achavam que as habilidades de inventora de Violet
fossem decepcionar, assim como as habilidades de pesquisador de Klaus não iriam
decepcionar, e os dentes de Sunny não iriam decepcionar. Mas as crianças também
sabiam que não iriam decepcionar umas às outras, como Jerome as decepcionara e
como o Sr. Poe as estava decepcionando agora, enquanto discava um número errado
e falava com um restaurante vietnamita em vez de falar com a polícia. Não
importa por quantas desventuras tivessem passado, e não importa quantas coisas
ersatz ainda fossem encontrar no futuro, os órfãos Baudelaire sabiam que podiam
contar uns com os outros pelo resto de suas vidas, e isto, pelo menos, dava a
sensação de ser a única coisa no mundo que era verdade.
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