Capítulo 35
ALEX, KATIE E AS CRIANÇAS foram
de bicicleta ao parque de diversões, porque seria praticamente impossível
estacionar no centro da cidade. Da mesma forma, seria ainda pior tentar voltar
para casa, quando os carros estivessem saindo do estacionamento.
Havia quiosques vendendo artesanato dos dois lados da
rua e o ar estava denso com o aroma de cachorros-quentes, hambúrgueres, pipoca
e algodão-doce. No palco principal, uma banda estava tocando uma versão cover
de Little deuce coupe, dos Beach Boys. Havia corridas de saco e uma
faixa anunciando um campeonato que premiaria a pessoa capaz de comer a maior
quantidade de melancias naquela tarde. Havia jogos de azar também, além de
outras brincadeiras, como acertar balões com dardos, arremessar argolas ao
redor de gargalos de garrafas, arremessar três vezes uma bola de bas- quete
numa cesta para ganhar um animal de pelúcia. A roda-gigante, do outro lado do
parque, se erguia acima de tudo, atraindo famílias como se fosse um farol.
Alex entrou na fila para comprar os ingressos e Katie
ficou logo atrás com as crianças, indo em direção aos carrinhos de batida e às
xícaras-malucas. Havia longas filas por todos os lados. Mães e pais se agarravam às mãos das
crianças enquanto os adolescentes andavam em grupos. O ar se enchia com o
barulho dos geradores e de ruídos metálicos conforme os brinquedos do parque
giravam sem parar.
O cavalo mais alto do mundo podia ser observado por um
dólar. Outro dólar comprava o ingresso da tenda ao lado, que abrigava o menor
cavalo do mundo. Pôneis cansados e esbaforidos andavam em círculos, amarrados a
uma roda, com as cabeças baixas.
As crianças estavam animadas e queriam ir a todas as
atrações. Alex gastou uma pequena fortuna comprando os ingressos, que se esgotaram rapidamente, pois cada um dos brinquedos cobrava de três a quatro
dólares para ser usado. O custo cumulativo chegava às raias do absurdo, e Alex
tentou fazer com que eles durassem um bom tempo, insistindo que os meninos
deviam fazer outras coisas também.
Eles assistiram a um homem fazer malabarismos com
pinos de boliche e vibraram com um cachorro que era capaz de andar por uma
corda bamba. Comeram pizza na hora do almoço em um dos restaurantes que havia
nas proximidades e ouviram uma banda country tocar algumas músicas.
Depois, assistiram a uma corrida de jet-skis no rio Cape Fear antes de
voltarem ao parque de diversões. Kristen comeu um algodão-doce e Josh ganhou
uma tatuagem temporária.
E assim as horas passaram, num misto de calor, de
barulho e de prazeres típicos de cidade pequena.
***
KEVIN ACORDOU DUAS HORAS mais
tarde, com o corpo ensopado de suor e o estômago dolorido pelas cólicas que
sentia. Os sonhos que teve, induzidos pelo
calor, foram vívidos e intensos e ele teve dificuldade para se lembrar de
onde estava. Sentia que sua cabeça estava prestes a se partir em duas. Saiu
do quarto cambaleando e foi até a cozinha, saciando sua sede diretamente na
torneira. Sentia-se tonto e fraco e ainda mais cansado do que quando se deitara
para dormir.
Mas ele não podia deixar vestígios. Não devia nem
mesmo ter dormido. Foi até o quarto e arrumou a cama para que Erin não percebesse que ele estivera ali. Já estava saindo da casa quando se lembrou da caçarola
de atum que vira na geladeira. Estava faminto e lembrou-se de que ela não lhe
preparava o jantar há meses.
A temperatura devia estar perto dos 40 graus dentro
daquele barraco abafado. Quando abriu a geladeira, permaneceu por um longo
tempo em frente ao aparelho, sentindo o ar gelado que saía de dentro. Pegou a
panela de atum e revirou as gavetas até encontrar um garfo. Retirando o
papel-filme que cobria a panela, comeu um pedaço e depois outro. Aquilo não
ajudou a melhorar a forte dor de cabeça que sentia, mas acalmou seu estômago e
as cólicas começaram a diminuir de intensidade. Podia ter comido todo o peixe,
mas comeu apenas mais um pedaço antes de colocar a caçarola de volta no
refrigerador. Erin não podia perceber que ele havia estado ali.
Kevin lavou o garfo, enxugou-o e guardou-o novamente
na gaveta. Alisou o pano de prato e deu uma última olhada na cama,
certificando-se de que estava do mesmo jeito que a encontrara quando entrou na
casa.
Satisfeito, saiu da casa e voltou para a estrada de
cascalhos, indo em direção à loja de conveniência.
O teto do carro queimava
ao toque e, quando abriu a porta, sentiu como se estivesse entrando em uma
fornalha. Não havia ninguém no estacionamento. Estava quente demais para ficar
ao ar livre. Tudo parecia ferver, sem que houvesse qualquer nuvem no céu e sem
que uma brisa soprasse. "Quem, em nome de Deus, iria querer morar em um
lugar como este?".
Na loja, ele pegou uma garrafa de água mineral e
bebeu-a inteira enquanto ficava perto dos refrigeradores. Pagou pela embalagem
vazia e a velha senhora no caixa a jogou fora. Ela lhe perguntou se havia
gostado do parque de diversões. Kevin respondeu afirmativamente à velha
bisbilhoteira.
De volta ao carro, bebeu mais vodca sem se importar
que a bebida estivesse à mesma temperatura que uma xícara de café. Desde que
aquilo diminuísse a dor que sentia, não fazia diferença. Estava quente demais
para pensar e ele já poderia estar na estrada, rumo a Dorchester, se Erin
estivesse em casa. Talvez quando levasse Erin de volta e Bill percebesse o
quanto eles estavam felizes, ele lhe deixaria voltar a trabalhar. Era um bom
investigador e o capitão precisava dele.
Enquanto bebia, a dor que latejava em suas têmporas
começou a perder força, mas ele começou a ver tudo o que havia à sua volta dobrado, mesmo sabendo que deveria ver imagens individuais. Precisava manter
sua mente alerta, mas a dor e o calor estavam lhe fazendo mal e ele não sabia
mais o que fazer.
Kevin deu a partida no carro e entrou na estrada principal,
dirigindo em direção ao centro de Southport. Várias ruas estavam fechadas e
ele perdeu a conta de quantas vezes teve que desviar do caminho até encontrar
um lugar para estacionar. Quilômetros e
quilômetros sem nenhuma
sombra; apenas um calor sufocante e infernal. Tinha a sensação de que ia
vomitar.
Pensou em Erin e onde ela poderia estar. No Ivan’s? No
parque de diversões? Devia ter ligado para perguntar se ela estaria trabalhando hoje. Deveria ter se hospedado em algum hotel ontem à noite. Não havia
motivo para se apressar, porque ela não estava em casa. Mas ele não sabia disso
até entrar na casa onde ela morava. E ficou furioso ao pensar que ela
provavelmente estaria rindo daquilo também. Rindo e rindo do pobre Kevin
Tierney enquanto o traía com outro homem.
Ele trocou de camisa e enfiou a arma por dentro da
cintura do seu jeans, caminhando em direção à orla do rio. Sabia que o Ivan’s
ficava naquela região, pois já havia pesquisado a localização do restaurante
no computador. Estaria se arriscando caso fosse até lá, por isso chegou a dar
meia-volta duas vezes. Mas tinha que encontrá-la. Estivera na casa onde ela
morava e sentira o cheiro dela nos lençóis. Mas aquilo não havia sido o
bastante.
Multidões estavam por toda parte. As ruas o lembravam
de uma feira agropecuária, mas sem os porcos, os cavalos e as vacas. Comprou
um cachorro-quente e tentou comê-lo, mas seu estômago se rebelou e ele jogou
quase todo o sanduíche no lixo. Andando por entre as pessoas, viu a orla do rio
ao longe e logo em seguida a fachada do Ivan’s. Avançava vagarosamente entre
toda aquela gente. Sentia sua boca completamente seca quando chegou à porta do
restaurante.
O Ivan’s estava lotado e havia uma fila de pessoas
esperando por mesas. Devia ter trazido um chapéu e óculos escuros, mas não conseguia pensar direito. Sabia que ela o reconheceria instantaneamente. Mesmo
assim, foi até a porta e entrou.
Avistou uma garçonete, mas
não era Erin. Olhou em volta, viu outra, mas também não era Erin. A
recepcionista era jovem e estava atarefada, tentando encontrar a melhor maneira
de acomodar o próximo grupo de clientes. Havia muito barulho no ambiente —
pessoas conversando, talheres batendo contra os pratos, copos sendo recolhidos em bacias e levados à cozinha para serem lavados. Muito ruído, muita
confusão, sua dor de cabeça não passava e agora seu estômago também queimava.
— Erin está trabalhando hoje? — perguntou ele à
recepcionista, levantando a voz para que ela o ouvisse em meio a todo aquele
barulho.
Ela olhou em sua direção, confusa.
— Quem?
— Katie — disse ele. — Eu quis dizer Katie Feldman.
— Não — gritou a recepcionista, em resposta. — Ela
está de folga. Mas estará trabalhando amanhã — disse ela, com um meneio de
cabeça em direção às janelas. — Provavelmente ela está lá fora, no meio de toda
aquela gente. Acho que a vi passar aqui em frente durante a manhã.
Kevin se virou e saiu, esbarrando nas pessoas enquanto
se afastava ignorando tudo aquilo. Do lado de fora, foi até um camelô. Comprou
um boné de beisebol e um par de óculos escuros baratos. E recomeçou a caminhar.
***
A RODA-GIGANTE GIRAVA sem
parar. Alex e Josh estavam em um assento e Kristen e Katie estavam em outro,
sentindo o vento quente bater em seus rostos. Katie colocou o braço ao redor de
Kristen, sabendo que, apesar do sorriso que a menina tinha no rosto, ela
estava nervosa com a
altura. Enquanto a roda-gigante girava, levando o assento até o ponto mais
alto, revelando uma vista panorâmica da cidade, Katie percebeu que, embora
também não estivesse muito animada com a altura, ela estava mais preocupada com
a estrutura do brinquedo. Aquela coisa parecia ter sido montada com arame e
clipes de papel, mesmo depois de haver passado por uma inspeção municipal
naquela manhã.
Ela se perguntava se Alex havia realmente dito a
verdade sobre a inspeção, ou se ele a ouvira comentar sobre a possibilidade de
que o brinquedo fosse perigoso. Entretanto, já era tarde demais para se
preocupar com aquilo, supunha Katie. Assim, procurou se ocupar olhando para a
multidão de pessoas que enchia as ruas. Ainda mais gente veio ao parque de
diversões no período da tarde, mas, se desconsiderasse os esportes aquáticos,
não havia muita coisa para fazer em Southport. Era uma cidade pequena e
tranquila e ela imaginava que um evento como aquele era o mais importante do
ano todo.
A roda-gigante diminuiu a velocidade e parou,
deixando-os parados no ar enquanto os primeiros passageiros saíam e outros
entravam nos assentos que acabavam de ficar desocupados. Girou mais alguns
momentos e Katie começou a observar a multidão mais atentamente. Kristen
parecia estar mais relaxada e fazia o mesmo.
Katie reconheceu um casal tomando sorvetes de
casquinha, frequentadores habituais do Ivan’s, e imaginou quantos outros
haveria por perto. Seus olhos começaram a se desviar de um grupo para outro e,
por algum motivo, ela se lembrou de que costumava fazer a mesma coisa quando
começara a trabalhar no restaurante. Quando ainda vigiava seus arredores,
atenta à presença de Kevin.
***
KEVIN PASSOU PELOS
QUIOSQUES que estavam dos dois lados da rua, andando a esmo e
tentando pensar como Erin. Deveria ter perguntado à recepcionista do
restaurante se ela havia visto Erin com um homem, pois sabia que ela não iria
ao parque de diversões sozinha. Era difícil ter em mente que ela agora tinha
cabelos curtos e castanhos, porque ela o havia cortado e tingido. Devia ter
pegado uma cópia da carteira de motorista de Erin com o policial pedófilo na
outra delegacia, mas não estava pensando direito quando entrou em contato com
ele. Entretanto, aquilo não importava mais, porque sabia onde ela morava e
voltaria até lá.
Sentiu a arma pressionar sua cintura. A sensação era
desconfortável, pois o metal irritava sua pele. Estava muito quente debaixo do
boné de beisebol, especialmente porque ele estava apertado em sua cabeça e
parecia que ela estava prestes a explodir.
Ele andou por entre grupos de pessoas e filas que se
formavam. Entre peças de artesanato. Frutos de pinheiros decorados, vitrôs coloridos em molduras, mensageiros dos ventos e penduricalhos. As pessoas estavam
se entupindo de comida: pretzels, sorvetes, nachos e confeitos
açucarados. Viu carrinhos de bebês e se lembrou novamente de que Erin queria
ter um filho. Decidiu que lhe daria um. Menina ou menino, não importava; mesmo
assim, ele preferia que fosse um menino, porque meninas eram egoístas e não
gostariam da vida que ele lhes daria. Meninas eram assim.
As pessoas conversavam e sussurravam à sua volta e ele
achou que algumas delas estavam olhando diretamente para ele, como Coffey e
Ramirez faziam. Ignorou-os, concentrando-se em sua busca. Famílias.
Adolescentes que andavam com os braços um ao redor do outro. Um rapaz que usava
um sombrero. Dois funcionários do
parque estavam encostados
em um poste, fumando. Magros e cheios de tatuagens, com dentes cariados.
Provavelmente usuários de drogas, com longas fichas criminais. Teve um mau
pressentimento em relação a eles. Era um bom investigador e sabia como analisar
as pessoas, por isso não confiou neles. Mas nenhum dos dois fez qualquer coisa
quando Kevin passou.
Desviou para a direita e para a esquerda, andando
firmemente por entre a multidão, estudando os rostos das pessoas. Parou enquanto um casal obeso passou lentamente à sua frente, comendo salsichas
empanadas, os rostos vermelhos e inchados. Detestava gente gorda. Pensava que
eram fracas e não tinham disciplina. Pessoas que viviam reclamando de sua
pressão arterial, diabetes e problemas cardíacos e que não paravam de se queixar
sobre o custo dos remédios, mas que não conseguiam fazer o menor esforço para
fechar a boca. Erin sempre fora magra, mas seus seios eram grandes e agora ela
estava aqui, com outro homem. Um homem que a acariciava e tocava seus seios à
noite, e aquele pensamento fez com que ele se sentisse queimar por dentro. Ele
a odiava. Mas ele também a queria. A amava. Era difícil distinguir entre
aqueles sentimentos em sua cabeça. Ele vinha bebendo demais e o calor estava
abrasador. Por que diabos ela tinha vindo parar em um lugar tão infernal?
Andou por entre os brinquedos do parque de diversões e
viu que estava perto da roda-gigante. Ele se aproximou, esbarrando em um homem
que usava uma camiseta regata, ignorando os resmungos dele sobre sua falta de
modos. Olhou para os assentos da roda-gigante, seu olhar passando por cada
rosto. Erin não estava ali, nem na fila.
Continuou a andar,
caminhando sob o calor em meio às pessoas gordas, procurando pela figura magra
de Erin e o homem que tocava em seus seios à noite. A cada passo, ele pensava
na sua Glock.
***
OS BALANÇOS SUSPENSOS, girando
no sentido dos ponteiros do relógio, fizeram sucesso com as crianças. Haviam
brincado ali duas vezes pela manhã e, depois de saírem da roda-gigante, Kristen
e Josh imploraram para voltarem aos balanços. Só havia alguns tickets sobrando e Alex concordou, explicando que, ao final daquela rodada, eles teriam
que ir para casa. Ele queria voltar a tempo de tomar um banho, jantar e talvez
descansar um pouco antes de ir para Raleigh.
Apesar de seus esforços, ele não conseguia parar de
pensar na sugestão excitante que Katie fizera anteriormente. Ela parecia capaz
de ler seus pensamentos. Alex percebeu que ela o olhava fixamente várias vezes
durante o dia, com um sorriso leve e provocante nos lábios.
Agora ela estava ao seu lado, sorrindo para as
crianças. Aproximou-se dela, colocando-lhe o braço ao redor da cintura, e sentiu quando ela se inclinou contra seu corpo. Não disse nada. Não havia
necessidade de palavras. Katie também não disse nada. Em vez disso, inclinou a
cabeça, pousando-a sobre o ombro de Alex. E ele teve a sensação de que nada no
mundo poderia ser melhor do que aquilo.
***
ERIN NÃO ESTAVA NAS xícaras-malucas, nem no
labirinto de espelhos, nem no trem-fantasma. Ele vigiou as atrações perto da
fila para comprar ingressos, tentando se misturar à multidão, querendo vê-la
antes que ela percebesse sua presença. Tinha a vantagem, pois sabia
que ela estava aqui, mas
Erin não fazia a menor ideia de que ele estava por perto. Às vezes, as
pessoas tinham sorte e coisas estranhas aconteciam. Ele relembrou o dia em que
conversou com Karen Feld- man, quando ela revelou o segredo de Erin.
Ele desejou não ter deixado sua vodca dentro do carro.
Não parecia haver qualquer lugar por perto onde ele pudesse comprar mais,
nenhum bar à vista. Não viu nem mesmo um quiosque que estivesse vendendo
cerveja. Não gostava daquela bebida, mas teria comprado uma garrafa se não
tivesse outra escolha. O cheiro da comida lhe causava náuseas e fazia com que
seu estômago doesse de fome ao mesmo tempo, e ele sentia o suor ensopando sua
camisa, com manchas escuras lhe surgindo nas costas e nas axilas.
Andou entre os jogos de azar, administrados por
trambiqueiros. Desperdício de dinheiro, pois eram feitos de modo que o dono
nunca perdesse muito. Mesmo assim, vários idiotas faziam fila para jogar.
Procurou por rostos. Nada de Erin.
Andou até os outros brinquedos. Havia crianças
brincando nos carrinhos de batida, pessoas inquietas na fila. Do outro lado,
estavam os balanços giratórios e ele foi naquela direção. Deu a volta ao redor
das pessoas, procurando um ângulo melhor para observar o lugar.
***
OS BALANÇOS COMEÇARAM a
perder velocidade, mas Kristen e Josh ainda sorriam, alegres. Alex tinha razão
quando decidira ir embora depois daquele último passeio; o calor havia deixado
Katie exausta e seria bom poder se refrescar um pouco. Se havia uma coisa ruim
na cabana onde ela morava — bem, na verdade, havia mais do que apen- as uma
coisa ruim, imaginava Katie — era o lugar não ter ar- condicionado. Ela tinha se
acostumado a deixar as janelas abertas à noite, mas aquilo não ajudava muito.
Os balanços pararam e Josh desafivelou o cinto de
segurança antes de descer. Kristen demorou um pouco mais até conseguir se
desvencilhar, mas, um momento depois, as duas crianças já estavam correndo em
direção à Katie e a seu pai.
***
KEVIN VIU QUANDO os balanços diminuíram a
velocidade até pararem completamente e um bando de crianças desceu deles, mas
não era ali que sua atenção estava concentrada. Em vez disso, procurou observar
os adultos que estavam aglomerados ao redor da cerca do brinquedo.
Continuou andando, seus olhos indo de uma mulher a
outra. Loira ou morena, não importava. Procurou pelo corpo esguio de Erin. Do
lugar de onde estava, Kevin não conseguia ver os rostos das pessoas que estavam
diretamente à sua frente; então ele mudou de lugar. Em alguns segundos, quando
as crianças chegassem à saída, todos voltariam a se espalhar pelo parque.
Andou rapidamente. Havia uma família à sua frente, com
ingressos na mão, decidindo aonde iriam a seguir, discutindo em meio à
confusão. Idiotas. Kevin deu a volta ao redor deles, apertando os olhos para
observar os rostos perto dos balanços.
Nenhuma mulher magra, com exceção de uma. Uma morena
de cabelos curtos, em pé ao lado de um homem de cabelos grisalhos, que havia
colocado o braço ao redor da cintura dela.
Era inconfundível. As mesmas pernas longas, o mesmo
rosto, os mesmos braços esbeltos.
Erin.
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