Capítulo 7
Aquele dia a rotina no colégio foi especialmente pesada para os
Baudelaire, o que significa que as histórias do Sr. Remora foram especialmente
chatas, que a obsessão da Sra. Bass com o sistema métrico foi especialmente
irritante, e que as providências administrativas ordenadas por Nero foram
especialmente difíceis, mas Violet, Klaus e Sunny na verdade nem repararam.
Qualquer pessoa que não conhecesse bem Violet teria pensado que ela estava
concentrada no que o professor dizia durante a aula, pois estava calada e tinha
o cabelo preso com uma fita para afastá-lo dos olhos. No entanto, os
pensamentos da menina estavam longe, muito longe das histórias sem graça que o Sr.
Remora não parava de contar. Na verdade, ela havia prendido o cabelo para
focalizar melhor seu cérebro inventivo no problema que os Baudelaire tinham
pela frente, e não queria desperdiçar nem um tiquinho de atenção no comedor de
bananas que tagarelava diante dos alunos.
A Sra. Bass trouxera para sua aula uma caixa de lápis e queria
testar se a classe percebia qual lápis era mais comprido ou mais curto que os
demais. E estava tão empolgada movendo-se de um lado para outro da sala e
gritando ‘’Meçam!’’ que poderia ter olhado para Klaus e pensado que talvez ele
compartilhasse sua obsessão por medir, porque os olhos do garoto estavam
pregados no que fazia, com aparente concentração. Mas Klaus passou a manhã
ligado no piloto automático, expressão que aqui significa ‘’medindo os lápis
sem pensar neles’’.
Enquanto ia comparando lápis por lápis com a régua, o pensamento
estava nos livros que havia lido e podiam ajudar os Baudelaire a sair daquela
situação. E se o vice-diretor Nero parasse de ensaiar no violino e olhasse para
sua secretária-bebê, teria achado que Sunny estava muito empenhada no trabalho,
despachando a correspondência que ele havia pedido: cartas endereçadas a várias
fábricas de baIas, com queixas sobre a má qualidade das guloseimas.
Contudo, apesar de Sunny estar datilografando, grampeando e
colando selos o mais rápido que podia, sua cabeça não estava ligada em nada
daquilo, e sim no encontro que ela e os irmãos teriam à noite com o instrutor
Genghis, e se haveria oportunidade de fazer alguma coisa a respeito.
Os Quagmire, curiosamente, estavam ausentes do almoço, de modo que
os Baudelaire tiveram mesmo que comer com as mãos desta vez. Mas, enquanto pegavam
o espaguete aos punhados e tentavam comer sujando-se o menos possível, as três
crianças permaneceram concentradíssimas em seus pensamentos, a ponto de quase
não falar. Sabiam, sem precisar falar nada, que nenhum deles conseguira
descobrir qual era o plano do instrutor Genghis, e que não tinham imaginado um
jeito de evitar o encontro com ele no gramado, um encontro que ia ficando mais
e mais próximo a cada punhado de espaguete que empurravam para dentro da boca.
Os Baudelaire passaram a tarde mais ou menos como a manhã, sem tomar
conhecimento das histórias do Sr. Remora, dos lápis da Sra. Bass e da redução
no estoque de grampos do vice-diretor; até mesmo na hora da ginástica — um dos
insuportáveis amigos de Carmelita os havia informado de que Genghis começaria a
dar aulas no dia seguinte, e que até lá a ordem era continuar correndo como
antes — as três crianças correram pelo gramado em absoluto silêncio, guardando
toda a força de seus cérebros para refletir.
Os Baudelaire estiveram tão calados e tão entregues a seus
pensamentos que, quando os Quagmire sentaram à sua frente na hora do jantar e
disseram em uníssono:
— Já resolvemos o problema
de vocês — a sensação produzida foi mais de susto que de alívio.
— Minha nossa! — disse
Violet. — Vocês me assustaram.
— Pensei que você fosse
sentir-se aliviada — disse Duncan. — Não
escutou o que a gente disse? Resolvemos o problema de vocês.
— Estamos assustados e
aliviados — disse Klaus. — Que é que vocês querem dizer com 'Resolvemos o
problema'? Minhas irmãs e eu pensamos no assunto o dia inteiro, e não chegamos
a nenhum lugar. Não sabemos o que o instrutor Genghis está aprontando, só
sabemos que está aprontando. Nem sabemos como fazer para evitar o encontro com
ele depois do jantar, mas temos certeza de que fará algo terrível se
comparecermos.
— Primeiro achei que talvez
ele estivesse simplesmente planejando nos sequestrar — disse Violet, — só que não precisaria estar disfarçado para
fazer isso.
— E primeiro achei que
deveríamos ligar para o Sr. Poe — disse Klaus, — e contar-lhe o que está
acontecendo. Mas, se o conde Olaf é capaz de enganar um computador de última
geração, com certeza será capaz de enganar um executivo de banco tão mediano.
— Nazeta — disse Sunny ,
concordando.
— Duncan e eu passamos o
dia todo pensando no assunto também — disse Isadora. — Enchi cinco páginas e meia do meu caderno
anotando idéias, e Duncan encheu três.
— Escrevo com letra miúda —
explicou Duncan, estendendo seu garfo a Violet para que ela pudesse servir-se
do bolo de carne que estava na bandeja.
— Pouco antes do almoço,
comparamos nossas anotações — prosseguiu Isadora, — e vimos que havíamos tido a mesma idéia. Aí
escapulimos sem dar na vista e fomos pôr o nosso plano em ação.
— Por isso não aparecemos
no almoço — explicou Duncan. — Reparem
que, em nossas travessas, onde deveriam estar copos há poças de bebidas.
— Bem, podemos compartilhar
nossos copos — disse Klaus, passando o seu para Isadora, — da mesma forma que vocês nos deixaram
compartilhar os talheres. Mas qual é o seu plano? Que foi que vocês puseram em
ação?
Duncan e Isadora se entreolharam, sorriram, e inclinaram-se para
mais perto dos Baudelaire a fim de assegurar que ninguém de fora os escutaria.
— Nós pusemos um calço na
porta dos fundos do auditório, para que fique aberta — disse Duncan. Ele e
Isadora sorriram triunfantes e reclinaram-se em suas cadeiras. Os Baudelaire
não se sentiram triunfantes. Sentiram-se confusos. Não queriam ofender seus
amigos, que violaram regras e se privaram do uso de copos nas refeições só para
ajudá-los, mas não percebiam como um calço na porta dos fundos do auditório
podia ser a solução para a enrascada em que estavam metidos.
— Desculpem — disse Violet
depois de uma pausa. — Não compreendo de
que maneira um calço na porta dos fundos do auditório é a solução para o nosso problema.
— Você não percebe? — perguntou
Isadora. — Vamos ficar sentados no fundo
do auditório esta noite e, assim que Nero começar o concerto, saímos pé ante pé
e escapulimos para o gramado da frente. Assim podemos ficar de olho em vocês e no
instrutor Genghis. A primeira coisa suspeita que notarmos, corremos de volta para
o auditório e avisamos o vice-diretor Nero.
— É o plano perfeito, vocês
não acham? — perguntou Duncan. — Estou
muito orgulhoso de minha irmã e de mim mesmo, modéstia à parte.
Os Baudelaire entreolharam-se, tomados de dúvida. Não queriam
desapontar os amigos ou criticar o plano que os trigêmeos Quagmire haviam
bolado, sobretudo porque eles, Baudelaire, não haviam bolado plano algum. Mas o
conde Olaf era tão mau e tão esperto que os três irmãos não puderam deixar de
pensar que pôr um calço na porta para mantê-la aberta e escapulir até o gramado
para vigiar o instrutor não era lá grande coisa em termos de defesa contra a
malícia e a perfídia daquele sujeito repugnante.
— Agradecemos por terem
tentado resolver nosso problema — disse Klaus amavelmente, — mas o conde Olaf é uma pessoa traiçoeira
demais. Ele sempre tem uma saída, uma carta escondida na manga. Não quero que
vocês se metam em apuros por nossa causa.
— Não diga bobagem — falou
Isadora com firmeza, e tomou um gole de suco do copo de Violet. — Vocês é que estão em perigo, e cabe a nós
ajudar. E não temos medo de Olaf. Acredito que este é um bom plano.
Os Baudelaire tornaram a se entreolhar. Era muita coragem dos
trigêmeos Quagmire não ter medo do conde Olaf e sentir toda aquela confiança no
plano, contudo os três irmãos não puderam deixar de se perguntar se os Quagmire
deveriam se mostrar assim tão corajosos. Olaf era um homem tão perverso que o
mais prudente e o mais sensato era ter medo, e ele derrotara tantos dos planos elaborados
pelos Baudelaire que parecia um pouco tolo demonstrar tal confiança diante
daquele que acabara de ser exposto. No entanto, as crianças estavam tão agradecidas
aos amigos que não falaram mais nada sobre o assunto. Nos anos que se seguiram,
os órfãos Baudelaire se arrependeriam disso, desse dia em que preferiram não
tocar mais no assunto, mas na ocasião limitaram-se a terminar o jantar com os
Quagmire, dividindo copos e talheres e tentando conversar sobre outras coisas.
Discutiram novos projetos que poderiam desenvolver para melhorar o Barraco dos
Órfãos, trataram de novas pesquisas que poderiam realizar na biblioteca e
pensaram no que poderiam fazer a respeito do problema de Sunny com os grampos,
cujo estoque estava se esgotando rapidamente.
Quando se deram conta, o jantar tinha terminado. Os Quagmire
saíram correndo para o recital de violino, prometendo escapulir de lá o mais
rápido possível, e os Baudelaire deixaram o refeitório e caminharam para o
gramado da frente. Os últimos raios do crepúsculo projetaram sombras
compridíssimas dos Baudelaire enquanto eles andavam, como se as crianças tivessem
sido esticadas por toda a extensão do gramado marrom por obra de algum horrível
artifício mecânico. Os três olharam para suas sombras, que de tão frágeis
pareciam silhuetas de papel, e desejaram, a cada passo, poder fazer alguma
outra coisa — qualquer outra coisa — que não fosse encontrar o instrutor
Genghis no gramado da frente. Gostariam de poder apenas continuar andando,
passar debaixo do arco, atravessar o gramado da frente e avançar em direção ao
mundo — mas para onde poderiam ir? Os três órfãos estavam sozinhos no mundo.
Seus pais estavam mortos. O executivo de banco que ficara responsável pela
fortuna da família era ocupado demais para cuidar direito das crianças. E seus
únicos amigos eram dois órfãos como eles, que os Baudelaire sinceramente esperavam
ter escapulido do recital para, com os olhos pregados nos três, acompanhar o
encontro com a solitária figura do instrutor Genghis, impaciente à espera dos
Baudelaire. A luz evanescente do pôr-do-sol — a palavra ‘’evanescente’’ aqui
significa ‘’pálida, indistinta, que empresta a tudo um ar super fantasmagórico’’
— dava à sombra do turbante do instrutor a aparência de um buraco imenso, muito
profundo, no gramado.
— Vocês estão atrasados — disse
Genghis com aquela sua voz rascante. Quando os irmãos chegaram perto dele,
puderam ver que tinha as mãos postas para trás, como se estivesse escondendo
alguma coisa. — Segundo as instruções,
vocês deveriam estar aqui imediatamente depois do jantar, e chegaram atrasados.
— Desculpe — disse Violet,
esticando o pescoço para tentar descobrir o que ele tinha nas costas. — Levamos mais tempo para jantar porque não
podíamos usar talheres.
— Se fossem espertos — disse
Genghis, — teriam pedido emprestados os
talheres de um de seus amigos.
— Não pensamos nisso — disse
Klaus. Quando alguém é forçado a dizer uma mentira cabeluda, em geral sente um
frio na barriga, e Klaus estava tendo essa sensação agora. — O senhor, sim, é um homem inteligente — disse.
— Não só inteligente — concordou
Genghis, — mas também muito esperto.
Bem, vamos pôr mãos à obra. Mesmo crianças estúpidas como vocês devem ser capazes
de lembrar o que eu disse a propósito de os órfãos terem excelente estrutura
óssea para correr. Por isso vamos imediatamente começar com a Disciplina para
Órfãos Rápidos ou, de forma abreviada, D.O.R.
— Vaivacê! — gritou Sunny .
— Minha irmã quer dizer que
está achando fantástico — disse Violet, embora ‘’Vaivacê!’’ na verdade
significasse: ‘’Gostaria que nos dissesse o que você realmente pretende fazer,
Genghis’’.
— Fico contente por esse
entusiasmo de vocês — disse Genghis. — Em
certos casos, o entusiasmo pode compensar a falta de inteligência. — Ele trouxe as mãos para a frente do corpo, e
as crianças viram que segurava uma lata das grandes e um pincel comprido e
pontudo. A lata estava aberta, e um reflexo branco e sinistro brilhava em seu
interior. — Bem, antes de dar início à
D.O.R., vamos precisar marcar uma pista. Essa é uma tinta fosforescente, o que
significa que ela brilha no escuro.
— Que interessante — disse
Klaus, apesar de ter aprendido dois anos antes o que significava a palavra ‘’fosforescente’’.
— Bem, se você acha tão
interessante — disse Genghis, com olhos tão fosforescentes quanto a tinta, — pode ficar encarregado do pincel. Tome aqui.
— Entregou o pincel comprido e pontudo
nas mãos de Klaus. — E vocês,
garotinhas, fiquem com a lata de tinta. Quero que vocês pintem um grande
círculo na grama para que vejam o percurso que terão pela frente quando
começarem a correr. Então, o que estão esperando?
Os Baudelaire se entreolharam. O que estavam esperando, é claro,
era que Genghis revelasse o que pretendia com a tinta, o pincel e aquela
ridícula Disciplina para Órfãos Rápidos. Por ora, entretanto, acharam melhor
fazer o que Genghis havia mandado. Pintar um grande círculo no gramado não
parecia ser especialmente perigoso, de modo que Violet apanhou a lata, e Klaus
mergulhou o pincel na tinta e começou a traçar um grande círculo. Enquanto
isso, Sunny sentia-se uma quinta roda, expressão que significa — incapaz de ajudar ou ser útil — mas
arrastava-se ao lado dos irmãos oferecendo apoio moral.
— Maior! — gritou Genghis
na escuridão. — Mais amplo! — Os Baudelaire seguiram suas instruções e
fizeram o círculo maior e mais largo, afastando-se de Genghis e deixando um
rastro fosforescente. Olharam para o lusco-fusco do anoitecer, indagando-se
onde os trigêmeos Quagmire poderiam estar escondidos, se é que tinham
conseguido mesmo escapulir do recital. Porém o sol já havia se posto, e a única
coisa que os órfãos viam era o círculo brilhante que estavam pintando no
gramado e a figura indistinta de Genghis, seu turbante branco mais parecendo um
crânio flutuante na noite. — Maior! Mais
amplo! Agora está bom, assim, pronto, grande e amplo! Isso aí! Terminem o
círculo no ponto onde eu estou! Depressa!
— O que você acha que
estamos realmente fazendo? — sussurrou Violet para seu irmão.
— Não sei — disse Klaus. — Li apenas dois ou três livros sobre tintas.
Sei que as tintas podem ser venenosas ou causar defeitos de nascença. Mas
Genghis não está fazendo a gente comer o círculo, e você não está grávida, é
claro. Logo, não consigo imaginar. — Sunny quis acrescentar ‘’Gargaba!’’ querendo
dizer: ‘’Talvez a tinta fosforescente seja algum tipo de sinalização à
distância!’’, entretanto os Baudelaire tinham concluído o círculo e estavam
perto demais de Genghis para poder prosseguir na conversa.
— Acho que assim está bom,
órfãos — disse Genghis, tomando de suas mãos a lata e o pincel. — Agora ponham-se em posição de largada, e
quando ouvirem meu apito comecem a correr em volta do círculo até eu mandar
parar.
— O quê? — disse Violet.
Como vocês sabem, há dois tipos de ‘’O quê?’’ no mundo. O primeiro tipo
significa simplesmente: ‘’Perdão, mas não ouvi o que disse. Pode repetir, por favor?’’.
O segundo é um pouco mais maroto. Equivale a algo como: ‘’Perdão, eu ouvi o que
você disse mas não posso acreditar que foi isso mesmo que você disse’’, e era óbvio
que naquele momento Violet estava usando esse segundo tipo. Ela se achava bem
junto a Genghis, de modo que não podia haver a menor dúvida de que tinha
escutado perfeitamente o que saíra da boca malcheirosa daquele patife.
Contudo não dava para acreditar que Genghis fosse se limitar a
mandá-los correr na pista. Era uma criatura tao perversa e revoltante que a
mais velha dos Baudelaire simplesmente não podia aceitar que o seu plano fosse
tão ingênuo quanto uma aula de ginástica comum.
— O quê? — repetiu Genghis,
em arremedo debochado. Ele se inspirava em Nero, ou seja, aprendera como
repetir, com ar de troça, o que as crianças diziam, só para debochar delas. — Sei muito bem que me ouviu, orfãzinha. Você
está colada em mim. Vamos, ponham-se em posição de largada, e quando ouvirem
meu apito comecem a correr.
— Mas Sunny não passa de um
bebê — protestou Klaus. — Na verdade,
não tem condições de correr, pelo menos de modo profissional.
— Então que engatinhe o
mais depressa que puder — , respondeu Genghis. — Vamos, todos em posição e...já!
Genghis soprou no apito e os órfãos Baudelaire começaram a correr,
sintonizando o ritmo de maneira que se mantivessem juntos apesar de terem
pernas de tamanhos diferentes. Terminaram uma volta, depois outra, e outra, e
mais outra, e mais cinco outras, e depois outra, e depois mais sete, e depois
outra, e mais três depois, e mais duas, e mais outra, e mais outra, e depois
mais seis, e perderam a conta.
O instrutor Genghis não parava de soprar no apito, e vez por outra
soltava exclamações monótonas que não ajudavam em nada, como: ‘’Continuem correndo!’’
ou ‘’Mais uma volta!’’. As crianças baixavam os olhos para o círculo fosforescente
a fim de não se desviarem do percurso; e olhavam para Genghis, que de tempos em
tempos ficava com os contornos indefinidos e definidos, de acordo com o ponto
em que estavam; e olhavam para a escuridão tentando descobrir algum vestígio
dos Quagmire.
Os Baudelaire também se entreolhavam de vez em quando, mas sem se
falar, mesmo quando estavam longe de Genghis e não dava para ele os ouvir. Uma
das razões de não se falarem era poupar energia, porque, apesar de estarem razoavelmente
em forma, jamais haviam corrido tantas voltas, e não demorou muito para a
respiração ficar tão difícil que passou a ser impossível trocar duas palavras
que fossem. A outra razão era que Violet já falara por eles quando perguntou o
segundo tipo de ‘’O quê?’’. O instrutor Genghis continuou soprando no apito, e
as crianças continuaram dando voltas e mais voltas na pista, enquanto na mente
de cada uma ecoava aquele segundo tipo de pergunta, mais malicioso. Os três
irmãos tinham ouvido o instrutor Genghis, porém não conseguiam acreditar que o
plano perverso dele se resumisse na D.O.R. Os órfãos Baudelaire continuaram
correndo em torno do círculo fosforescente até os primeiros raios do sol
nascente começarem a se refletir na pedra vermelha do turbante de Genghis, e o
único pensamento que tinham na cabeça era O quê? O quê? O quê?
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