Capítulo 13
Violet e Klaus abriram a cortina e perderam o fôlego com o que
viram. Na frente deles estava o automóvel preto e comprido, seguindo seu
caminho tortuoso estrada acima, rumo aos picos das Montanhas de Mão-Morta. Eles
não podiam ver sua irmãzinha bebê, que estava aprisionada no banco da frente
com Olaf e sua infame namorada, mas podiam imaginar como ela estava assustada e
desesperada. E eles também ficaram assustados e desesperados com o que viram,
algo que eles nunca imaginaram ser possível.
Hugo estava debruçado para fora da janela traseira do automóvel,
com a corcunda escondida no casaco que Esmé Squalor lhe dera, segurando firme
os tornozelos de Colette, que por sua vez retorcera o corpo em volta da
traseira do carro, de tal modo que sua cabeça tinha ido parar no meio do
porta-malas, entre dois buracos de bala, e segurava firme os tornozelos
ambidestros de Kevin, formando com eles uma espécie de cadeia humana que
terminava na faca comprida e afiada que o corcunda segurava nas mãos. Kevin
encarou Violet e Klaus, sorriu triunfante para os ex-colegas de trabalho, e
desceu a faca com toda a força sobre o nó que Violet amarrara.
O nó Língua do Diabo é muito forte, e normalmente uma faca
demoraria para cortá-lo, mesmo uma muito afiada, mas a força idêntica dos dois
braços de Kevin fez com que a faca descesse com uma força aberrante, em vez de normal,
e num instante o nó se partiu em dois.
— Não! — berrou Violet.
— Sunny! — gritou Klaus.
Desatrelados, os dois veículos começaram a se movimentar em direções
opostas.
O carro do conde Olaf continuou montanha acima, mas o trailer, sem
nada para puxá-lo ou brecá-lo, começou a deslizar para trás, como uma laranja
deslizaria por uma escada. Os veículos se distanciavam cada vez mais, e os três
Baudelaire gritavam — mas Klaus e Violet no trailer desgovernado, e Sunny no
automóvel dos vilões. E apesar de o conde Olaf estar cada vez mais perto do que
ele queria e os Baudelaire mais velhos cada vez mais longe, parecia que os três
irmãos acabariam chegando no mesmo lugar. Enquanto o automóvel do conde Olaf se
movia para a frente, e o trailer se movia para trás, os órfãos Baudelaire
sentiram que estavam todos se movendo para dentro da barriga da fera, e que o
tempo, lamento dizer, importava muito, muito mesmo.
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Nada de spoilers! :)