Capítulo 8
Hoje, o Hospital Heimlich não existe mais, e provavelmente jamais
será reconstruído. Se você quer visitá-lo, tem de convencer um fazendeiro a lhe
emprestar a sua mula, pois ninguém nas redondezas está disposto a ultrapassar vinte
quilômetros de distância das suas ruínas, e depois que você chega lá, vê que dificilmente
poderia censurá-los por isso. Os poucos pedaços do edifício que sobreviveram
estão recobertos por uma variedade espessa e espinhenta de hera chamada kudzu,
que torna difícil ver qual era a aparência do hospital quando os Baudelaire
chegaram pela primeira vez na perua dos C.S.C. Os mapas confusos foram roídos
das paredes das escadarias bambas, portanto é muito difícil imaginar como foi
problemático encontrar o caminho entre todas as áreas do edifício. E o sistema
de intercomunicação há muito se esfacelara, restando apenas um punhado de
alto-falantes quadrados, jogados no meio do entulho cinzento, portanto é
impossível imaginar como foi desalentador quando Klaus e Sunny ouviram a última
comunicação de Mattathias.
— Atenção! — anunciou
Mattathias. Não havia alto-falantes de intercomunicador instalados na metade
inacabada do hospital, portanto os dois Baudelaire mais jovens tiveram de
prestar muita atenção para ouvir a voz rascante do seu inimigo, saída de um dos
alto-falantes externos.
— Atenção! Atenção! Aqui é
Mattathias, o diretor de Recursos Humanos. Estou cancelando o resto das
inspeções do hospital. Já descobrimos o que estávamos procurando.
Houve uma pausa quando Mattathias se afastou do microfone e, aguçando
muito os ouvidos, Klaus e Sunny conseguiram ouvir, bem fraquinho, o ruído da
risada triunfante e esganiçada do diretor de Recursos Humanos.
— Desculpem — continuou ele
depois que passou o ataque de riso. — Continuando:
por favor fiquem sabendo que dois dos três assassinos Baudelaire, Klaus e
Sun... quero dizer, Klyde e Susie Baudelaire, foram localizados no hospital. Se
vocês virem qualquer criança que reconheçam pelas fotografias publicadas n'O Pundonor
Diário, capturem-na por favor e notifiquem a polícia. — Mattathias parou de falar e começou a dar
risadinhas de novo, até que as crianças ouviram a voz de Esmé Squalor
sussurrando: — Querido, você esqueceu de
desligar o intercomunicador. — Então houve um dic! e tudo ficou em silêncio.
— Eles a pegaram — disse
Klaus. Agora que o sol tinha nascido, já não estava tão frio na seção inacabada
do hospital, mas o Baudelaire do meio tremia assim mesmo.
— Isso é o que Mattathias
queria dizer quando disse que eles tinham encontrado o que estavam procurando.
— Perigo — disse Sunny,
soturna.
— Sim, certamente Violet
corre perigo — disse Klaus. — Temos de
salvá-la antes que seja tarde demais.
— Virm — disse Sunny, o que
queria dizer: ‘’Mas nós não sabemos onde ela está’’.
— Deve estar em algum lugar
do hospital — disse Klaus, — se não estivesse, Mattathias não estaria aqui
ainda. Ele e Esmé provavelmente esperam nos capturar também.
— Rance — disse Sunny.
— E o dossiê — concordou
Klaus, tirando do bolso a página treze, que estava guardada ali para maior
segurança, juntamente com os fragmentos dos cadernos dos Quagmire. — Vamos, Sunny. Temos de encontrar a nossa
irmã e tirá-la de lá.
— Lindersto — disse Sunny.
Ela queria dizer: ‘’Isto vai ser duro. Vamos ter de perambular em volta do
hospital procurando por ela, enquanto outras pessoas vão perambular em volta do
hospital procurando por nós’’.
— Eu sei — disse Klaus,
taciturno. — Se alguém nos reconhecer
d'O Pundonor Diário, estaremos na cadeia antes de poder ajudar Violet.
— Disfarce? — disse Sunny.
— Não sei como — disse
Klaus, correndo os olhos pela sala semi-acabada. — Tudo o que temos aqui são algumas lanternas
e uns pedaços de lona. Imagino que se nos enrolarmos nas lonas e pusermos as
lanternas em cima da cabeça, poderemos tentar nos disfarçar de pilhas de
materiais de construção.
— Guidust — disse Sunny, o
que queria dizer: ‘’Mas pilhas de materiais de construção não perambulam em
volta de hospitais’’.
— Então teremos de entrar
no hospital sem disfarce — disse Klaus. — Apenas teremos de ser extracautelosos.
Sunny assentiu enfaticamente, uma palavra que aqui significa — como se ela achasse que ser extracautelosos
era um plano muito bom — e Klaus assentiu enfaticamente em resposta. Mas quando
deixaram a ala semi-acabada do hospital, as duas crianças começaram a se sentir
cada vez menos enfáticas sobre o que estavam fazendo. Desde aquele dia terrível
na praia, quando o Sr. Poe trouxe a notícia do incêndio, todos os três
Baudelaire estavam sendo extracautelosos o tempo todo. Tinham sido
extracautelosos quando moraram com o conde Olaf, e mesmo assim Sunny acabara
indo parar em uma gaiola pendurada do lado de fora da torre de Olaf. Tinham
sido extracautelosos quando trabalharam na Serraria Alto-Astral, e mesmo assim
Klaus acabara sendo hipnotizado pelo Dra. Orwell. E agora os Baudelaire tinham
sido tão cautelosos quanto era possível ser, mas o hospital revelara ser um
ambiente tão hostil quanto qualquer outro lugar onde as três crianças já
tivessem morado. Mas assim que Klaus e Sunny entraram na metade acabada do
Hospital Heimlich, os pés se mexendo cada vez menos enfaticamente e os corações
batendo cada vez mais depressa, eles ouviram uma coisa que apaziguou os seus
peitos selvagens:
Somos os
alegres Combatentes
Pela Saúde
do Cidadão,
Se alguém
dissesse que somos tristes,
Não teria
por certo razão.
Logo ali, dobrando a esquina, vinham caminhando os Combatentes
pela Saúde do Cidadão, cantando a sua alegre cantiga e carregando enormes
buquês de balões em forma de coração. Klaus e Sunny se entreolharam e saíram
correndo para alcançar o grupo. Que lugar melhor para se esconder do que no
meio de pessoas que acreditavam que a falta de notícias é uma boa notícia e,
por isso, não liam o jornal?
Visitamos pessoas doentes, E tentamos fazê-las sorrir, Mesmo
quando o seu nariz sangra, Quando expelem bílis ao tossir.
Para alívio das crianças, os voluntários não prestaram atenção
quando Klaus e Sunny se infiltraram no grupo, uma frase que aqui significa ‘’entraram
sorrateiramente no meio da multidão que cantava’’. Uma cantora especialmente alegre,
pelo jeito, foi a única pessoa que os notou, e ela imediatamente entregou um
balão a cada recém-chegado. Klaus e Sunny seguraram seus balões na frente do
rosto, para que todos os que passassem vissem dois voluntários com lustrosos
corações cheios de hélio, em vez de dois criminosos se escondendo no meio de
C.S.C.
Tra-la-lá,
qui-qui-qui,
Quero que
fique logo são.
Ho-ho-ho,
hi-hi-hi,
Pegue um
balão de coração.
Quando os voluntários chegaram ao refrão, eles marcharam para
dentro de um quarto do hospital para começar a transmitir uma atitude de
alegria aos pacientes. Dentro do quarto, cada qual desconfortavelmente deitado
em uma cama metálica, estavam um homem com as duas pernas engessadas e uma mulher
com os dois braços recobertos de ataduras. Ainda cantando, um voluntário C.S.C.
entregou um balão ao homem e amarrou outro no gesso da mulher, já que ela não
podia segurá-lo com os braços quebrados.
— Com licença — disse o
homem com a voz rouca, — poderia por favor chamar uma enfermeira para mim? Eu
devia ter tomado alguns analgésicos esta manhã, mas não veio ninguém para me
dar.
— E eu queria um copo dágua
— disse a mulher com a voz débil, — se não for muito incômodo.
— Desculpem — respondeu o
homem barbudo, fazendo uma pequena pausa para afinar o seu violão. — Nós não temos tempo para fazer esse tipo de
coisa. Temos de visitar todos os quartos deste hospital, sem exceção, portanto
precisamos andar depressa.
— Além disso — disse outro
voluntário com um largo sorriso para os dois pacientes, — uma atitude de
alegria é mais eficaz do que analgésicos ou um copo d'água para combater a
doença. Portanto alegrem-se e divirtam-se com os seus balões. — O voluntário
consultou uma lista que tinha na mão. — O
próximo paciente da lista é um homem chamado Bernard Rieux, no quarto 105 da
Ala da Peste. Venham, irmãos e irmãs.
Os voluntários C.S.C aplaudiram e continuaram a canção ao sair do
quarto. Klaus e Sunny espiaram por trás dos balões que seguravam e se entreolharam,
esperançosos.
— Se visitarmos todos os
quartos do hospital, sem exceção — sussurrou Klaus para a irmã, — certamente
encontraremos Violet.
— Muchulm — disse Sunny, o
que queria dizer: ‘’Concordo, mas não vai ser agradável ver toda essa gente doente’’.
Visitamos
pessoas doentes,
Para
fazê-las dar gargalhadas
Mesmo
quando o médico lhes diz
Que logo
em duas serão serradas.
Revelou-se que Bernard Rieux era um homem que sofria de uma
horrível tosse seca que lhe sacudia tanto o corpo que ele mal conseguia segurar
o seu balão, e as duas crianças Baudelaire acharam que um bom vaporizador teria
sido um modo mais eficaz de combater a doença do que uma atitude de alegria.
Enquanto os voluntários C.S.C. abafavam o som da tosse dele com mais uma
estrofe da canção, Klaus e Sunny se sentiram tentados a sair correndo,
encontrar um vaporizador e trazê-lo para o quarto de Bernard Rieux, mas eles
sabiam que Violet estava correndo um perigo muito maior do que uma pessoa com
tosse, portanto permaneceram escondidos no grupo.
Cantamos,
dançamos noite e dia,
E bom
demais quando a gente canta
Pra
meninos de ossos quebrados
E meninas
com dor de garganta.
O próximo paciente da lista era Cynthia Vane, uma mulher jovem com
uma terrível dor de dente, que provavelmente preferiria alguma coisa fria e
fácil de comer, em vez de um balão em forma de coração, mas por mais inflamada
que parecesse a sua boca, as crianças não se atreveram a sair correndo para procurar
purê de maçã ou sorvete para ela. Elas sabiam que era possível que a mulher
tivesse lido O Pundonor Diário para matar o tempo no quarto do hospital, e
poderia reconhecê-las se mostrassem seus rostos.
Tra-la-lá,
qui-qui-qui,
Quero que
fique logo são.
Ho-ho-ho,
hi-hi-hi,
Pegue um
balão de coração.
Sem parar, os voluntários seguiram marchando, e Klaus e Sunny
marcharam com eles, porém a cada ho-ho-ho e hi-hi-hi, mais se desalentavam seus
corações. Os dois Baudelaire acompanharam os voluntários C.S.C., subindo e descendo
as escadarias do hospital, e muito embora vissem um grande número de mapas
confusos, alto-falantes de intercomunicador e pessoas doentes, não viram nem
sinal da irmã. Eles visitaram o quarto 201 e cantaram para Jonah Mapple, que
estava sofrendo de enjôo de mar, e deram um balão em forma de coração a Charley
Anderson, do quarto 714, que tinha se ferido em um acidente, e visitaram
Clarissa Dalloway , que parecia não ter nada de errado mas ficava olhando
tristemente pela janela do quarto 1308, porém em lugar nenhum, em qualquer dos
quartos nos quais os voluntários entraram, estava Violet Baudelaire, que,
temiam Klaus e Sunny, estava sofrendo mais do que qualquer dos outros pacientes.
— Cey une — disse Sunny
enquanto os voluntários subiam mais uma escadaria. Ela queria dizer alguma
coisa na linha de: ‘’Estivemos perambulando pelo hospital a manhã inteira e não
chegamos mais perto de resgatar a nossa irmã’’ e Klaus assentiu soturnamente.
— Eu sei — disse Klaus, — mas
os voluntários C.S.C. vão visitar cada pessoa internada no Hospital Heim-lich,
sem exceção. Com certeza acabaremos encontrando Violet.
— Atenção! Atenção! —
anunciou uma voz, e os voluntários pararam de cantar e se reuniram em volta do
alto-falante de intercomunicador mais próximo para ouvir o que Mattathias tinha
a dizer. — Atenção! — disse Mattathias. — Hoje é um dia muito importante na história
do hospital. Daqui a precisamente uma hora, um médico daqui irá realizar a
primeira craniectomia do mundo em uma menina de catorze anos. Todos nós
esperamos que essa operação, tão perigosa, seja um sucesso total. Isso é tudo.
— Violet — murmurou Sunny
para o irmão.
— Também acho — disse
Klaus. — E não gostei de como soou
aquela operação. ‘’Crânio’’ é ‘’cabeça’’, e ‘’ectomia’’ é um termo médico
aplicado quando se remove alguma coisa.
— Decap? — perguntou Sunny
em um cochicho horrorizado. Ela queria dizer alguma coisa como: ‘’Você acha que
eles vão cortar fora a cabeça de Violet?’’.
— Não sei — disse Klaus
estremecendo, — mas não podemos mais continuar perambulando por aí com esses
voluntários cantantes. Temos de encontrá-la imediatamente.
— O.K. — bradou um
voluntário, consultando a lista. — A
próxima paciente é Emma Bovary , no quarto 2611. É um caso de intoxicação
alimentar, portanto precisa de uma atitude especialmente alegre.
— Com licença, irmão —
disse Klaus ao voluntário, usando relutantemente o termo ‘’irmão’’ em lugar de ‘’pessoa
que mal conheço’’. — Eu estava me
perguntando se poderia pedir emprestado a sua cópia da lista de pacientes.
— É claro — respondeu o
voluntário. — De qualquer modo, não
gosto de ler todos esses nomes de gente doente. É muito deprimente. Prefiro
segurar balões. — Com um alegre sorriso,
o voluntário entregou a Klaus a longa lista de pacientes e pegou o balão das
mãos dele, enquanto o barbudo começava a estrofe seguinte da canção.
Cantamos
pra homens com sarampo,
E mulheres
gripadas demais;
Pra você,
nós só vamos cantar
Quando
inalar micróbios letais.
Com a face exposta, Klaus teve de esquivar-se atrás do balão de Sunny,
a fim de olhar a lista de pacientes do hospital.
— Há centenas de pessoas
nesta lista — disse ele à irmã, — e ela está organizada por ala, e não por
nome. Não podemos ler isto aqui no corredor, especialmente precisando nos
esconder atrás de um só balão para os dois.
— Damajat — disse Sunny,
apontando o corredor. Com ‘’Damajat’’ ela queria dizer alguma coisa na linha
de: ‘’Vamos nos esconder naquele closet de suprimentos ali adiante — e de fato
havia uma porta que dizia ‘’Closet de suprimentos’’ no final do corredor, logo
depois de dois médicos que tinham parado na frente de um dos mapas confusos
para bater um papo. Quando os voluntários C.S.C. começaram a cantar o refrão da
sua música, enquanto seguiam para o quarto de Emma Bovary, Klaus e Sunny se
separaram dos voluntários e caminharam cautelosamente até o armário, segurando
o balão do melhor jeito possível na frente de ambos os rostos. Por sorte, os
dois médicos estavam ocupados demais, conversando sobre um evento esportivo que
tinham assistido pela televisão, para reparar nos dois acusados de assassinato
se esgueirando pelo corredor do hospital, e na hora em que os voluntários
estavam cantando:
Tra-la-lá,
qui-qui-qui,
Quero que
fique logo são.
Ho-ho-ho,
hi-hi-hi,
Pegue um
balão de coração
Klaus e Sunny já estavam dentro do armário. Como um sino de
igreja, um caixão de defunto e um tonel de chocolate derretido, um closet de
suprimentos dificilmente é um lugar confortável para se esconder, e aquele não
era exceção. Quando fecharam a porta do closet, os dois Baudelaire mais jovens
viram-se em uma salinha apertada, iluminada somente por uma lâmpada de luz
vacilante pendurada no teto. Em uma parede, pendurados em ganchos, havia uma
série de aventais brancos de médico, e na parede oposta havia uma pia
enferrujada onde se podia lavar as mãos antes de examinar um paciente. O resto
do closet estava cheio de enormes latas de sopa de letrinhas para o almoço dos
pacientes, e caixinhas de elásticos, cuja utilidade em um hospital as crianças
não eram capazes de imaginar.
— Bem — disse Klaus, — isto
não é confortável, mas pelo menos ninguém vai nos encontrar aqui.
— Pesh — disse Sunny, o que
queria dizer algo como: ‘’Pelo menos, até que alguém precise de elásticos, sopa
de letrinhas, aventais brancos de médico, ou queira lavar as mãos’’.
— Bem, vamos ficar com um
olho na porta, para ver se entra alguém — disse Klaus, — e com o outro olho
nesta lista. É muito longa, mas agora que temos alguns momentos para
examiná-la, devemos conseguir localizar o nome de Violet.
— Certo — disse Sunny.
Klaus pôs a lista em cima de uma lata de sopa e começou a folhear as páginas
apressadamente. Como ele tinha notado, a lista de pacientes não estava
organizada em ordem alfabética, mas por ala, uma palavra que aqui significa ‘’seção
específica do hospital’’ portanto as duas crianças tinham de examinar cada
página individualmente, esperando localizar o nome Violet Baudelaire entre os
nomes datilografados de pessoas doentes. Mas enquanto eles corriam os olhos
pela lista intitulada ‘’Ala da Dor de Garganta’’ examinavam os nomes na página ‘’Ala
do Pescoço Quebrado’’ e esquadrinhavam os nomes de todas as pessoas internadas
na Ala para Pessoas com Brotoejas Graves, Klaus e Sunny se sentiram como se
estivessem em uma Ala para Pessoas com Estômago Embrulhado, porque o nome de
Violet não se encontrava em lugar nenhum. Enquanto a lâmpada bruxuleava acima
deles, os dois Baudelaire procuraram freneticamente, em página após página da
lista, algo que pudesse ajudá-los a localizar sua irmã, mas não encontraram
nada.
— Ela não está aqui — disse
Klaus, pondo de lado a última página de ‘’Ala da Pneumonia’’.
— O nome de Violet não está
em lugar nenhum da lista. Como vamos encontrá-la neste hospital enorme, se não
conseguimos descobrir nem em que ala ela está?
— Codinome — disse Sunny, o
que queria dizer: ‘’Talvez ela esteja listada sob um nome diferente’’.
— É verdade — disse Klaus,
olhando de novo para a lista. — Afinal,
o nome verdadeiro de Mattathias é conde Olaf. Talvez ele tenha inventado um
novo nome para Violet, para que não pudéssemos salvá-la. Mas qual pessoa é realmente
Violet? Poderia ser qualquer um, de Mikhail Bulgakov a Haruki Murakami. O que
vamos fazer? Em algum lugar neste hospital eles estão se preparando para
realizar uma operação completamente desnecessária na nossa irmã, e nós... — Klaus foi interrompido pelo som de risos
estralejantes vindo de cima das cabeças dos Baudelaire. As duas crianças
olharam para cima e viram que um alto-falante de intercomunicador tinha sido
instalado no teto.
— Atenção! — disse
Mattathias, depois que acabou de rir. — Dr.
Flacutono, por favor apresente-se à Ala Cirúrgica. Dr. Flacutono, por favor
apresente-se à Ala Cirúrgica para os preparativos da craniectomia.
— Flacutono! — repetiu Sunny.
— Também reconheço esse nome
— disse Klaus. — É o nome falso usado
pelo parceiro do conde Olaf quando morávamos em Paltry ville.
— Tiofreck! — disse Sunny,
alvoroçada. Ela queria dizer: ‘’Violet está em grave perigo, temos de achá-la
imediatamente’’, mas Klaus não respondeu. Por trás dos óculos, seus olhos
estavam semicerrados, como muitas vezes ficavam quando ele estava tentando se
lembrar de algo que tinha lido.
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