Capítulo 9
O curioso quando lhe dizem para consultar o travesseiro — uma
expressão que, como você já sabe, significa ‘’deitar-se pensando em algum
problema e chegar a uma conclusão quando acordar’’ — é que em geral você não
pode fazer isso. Se seu problema é um dilema, é provável que passe a noite
inteira agitado, pensando nas coisas terríveis que podem acontecer e no que
você poderia fazer a respeito, e é improvável que tais circunstâncias levem a
qualquer tipo de sono. Na noite passada, eu estava com um problema envolvendo
um conta-gotas, um vigia noturno ganancioso e uma bandeja de pudins, e agora
estou tão cansado que mal consigo datilografar essas lapravas.
E foi assim com os órfãos Baudelaire na noite em que Esmé Squalor
disse a eles que consultassem o travesseiro sobre se iriam ou não atirar madame
Lulu aos leões e juntar-se à trupe do conde Olaf. As crianças, é claro, não
queriam fazer parte de um bando de vilões nem atirar alguém dentro de um fosso
letal. Mas Esmé também perguntara a eles que diabo iriam fazer se não se
juntassem a Olaf, e essa questão os mantinha agitados em suas redes, que se
tornam especialmente desconfortáveis quando uma pessoa está agitada. Os
Baudelaire esperavam que no dia seguinte pudessem viajar pelo sertão num
carrinho de montanha-russa, acompanhados pela madame Lulu com sua identidade
verdadeira de Olívia, levando com eles a biblioteca de arquivos históricos, na
esperança de encontrar um de seus pais ainda vivo e com saúde na base de
operações de C. S. C. nas Montanhas de Mão-Morta; e não se juntar à trupe do
conde Olaf, como Esmé sugerira. Mas o plano parecia ser tão complicado que as
crianças não paravam de pensar em tudo o que poderia dar errado e estragar a
viagem. Violet pensava sobre o dispositivo de relâmpagos que planejava transformar
em correia de ventilador, e se preocupava com a possibilidade de que não
houvesse torque suficiente para fazer os carrinhos se moverem na direção certa.
Klaus se preocupava porque a biblioteca de arquivos históricos poderia não
conter instruções precisas sobre como chegar à base de operações, e eles
poderiam se perder nas montanhas que, pelo que se dizia, eram enormes, confusas
e cheias de animais selvagens. Sunny se preocupava com a possibilidade de
faltar comida durante a viagem pelo sertão. E todos os três Baudelaire se
preocupavam com a possibilidade de madame Lulu não cumprir sua promessa e
revelar seus disfarces quando o conde Olaf perguntasse a respeito do paradeiro
deles na manha seguinte. Eles se preocuparam com essas coisas a noite inteira,
e muito embora no meu caso o encarregado das sobremesas tenha conseguido
encontrar o meu quarto no hotel e tenha batido à minha janela antes de raiar o
dia, os órfãos Baudelaire descobriram que quando terminaram de consultar seus
travesseiros não tinham chegado a nenhuma conclusão, a não ser a de que o plano
era arriscado, mas o único em que conseguiam pensar. Quando os primeiros raios
de sol entraram pela janela e incidiram sobre os vasos de plantas, os
Baudelaire desceram em silêncio de suas redes. Hugo, Colette e Kevin já tinham
decidido se juntar à trupe do conde Olaf, por isso não precisaram consultar o
travesseiro e, como acontece com pessoas que não precisam consultar o
travesseiro, eles dormiram profundamente, e assim permaneceram quando os
Baudelaire saíram do trailer para botar seu plano em prática.
Olaf e sua trupe tinham cavado o fosso dos leões perto da
montanha-russa, tão perto que as crianças precisaram passar bem rentes à beira
do fosso para chegar aos carrinhos cobertos de hera. O fosso não era muito
fundo, embora suas paredes fossem altas o bastante para que ninguém pudesse
escalá-las, caso fosse jogado lá dentro, e também não era muito largo, de modo
que os leões estavam tão amontoados quanto na jaula. Assim como os colegas de trabalho
dos Baudelaire, os leões também não deviam ter consultado o travesseiro, e
ainda dormiam profundamente. Adormecidos como estavam, eles não pareciam ferozes.
Alguns tinham as jubas emaranhadas, como se ninguém as escovasse há muito
tempo, e outros davam pequenos solavancos com as pernas, como se sonhassem com
dias melhores. Em suas costas e barrigas havia cicatrizes repulsivas das
chicotadas desferidas pelo conde Olaf, e os Baudelaire se sentiram mal só de
olhar para elas. Em sua maioria, os leões estavam magros, muito magros, e
pareciam não comer uma boa refeição havia muito tempo.
— Sinto pena deles — disse
Violet, olhando para um leão tão magro que suas costelas ficavam aparentes. —
Se madame Lulu estava certa, esses leões já foram criaturas nobres, mas agora
estão nessa condição miserável por causa do modo como o conde Olaf os trata.
— Parecem solitários —
disse Klaus com uma expressão triste. — Talvez eles também sejam órfãos.
— Mas talvez tenham um pai
ou mãe sobrevivente — disse Violet, — em algum lugar nas Montanhas de
Mão-Morta.
— Edasurc — disse Sunny, o
que queria dizer alguma coisa como: ‘’Talvez algum dia possamos resgatar esses
leões’’.
— Por enquanto, vamos
resgatar a nós mesmos — disse Violet com um suspiro. — Klaus, vamos tentar
desembaraçar a hera deste carrinho aqui. Sunny, como provavelmente vamos
precisar de dois, um para os passageiros e um para a biblioteca de arquivos
históricos, veja se consegue tirar a hera daquele outro carrinho.
— Fácil — disse Sunny , apontando
para seus dentes.
— Todos os trailers têm
rodas — disse Klaus. — Não seria mais fácil atrelar um dos trailers ao
dispositivo de relâmpagos?
— Um trailer é grande
demais — respondeu Violet. — Para mover um trailer é preciso atrelá-lo a um automóvel
ou a vários cavalos. Já teremos sorte se conseguirmos reconstruir os motores
dos carrinhos. Madame Lulu disse que os motores estavam enferrujados.
— Parece que estamos
atrelando as nossas esperanças a um plano arriscado — disse Klaus, e arrancou
alguns ramos de hera com o único braço que podia usar. — Mas não deve ser tão
arriscado quanto outras coisas que fizemos, como furtar um veleiro.
— Ou escalar um poço de
elevador — disse Violet.
— Whaque — disse Sunny com
a boca cheia de plantas, e seus irmãos entenderam que ela queria dizer alguma
coisa como: ‘’Ou nos disfarçar de cirurgiões’’.
— Na verdade — disse
Violet, — talvez esse plano não seja tão arriscado, afinal. Olhem para os eixos
desse carrinho.
— Eixos? — perguntou Klaus.
— As barras que seguram as
rodas — explicou ela, apontando para o fundo do carrinho.
— Estão em perfeitas
condições. Isso é uma boa notícia, pois precisaremos dessas rodas por uma boa
distância. — A mais velha dos Baudelaire ergueu os olhos e fitou o horizonte. A
leste, o sol começava a nascer, e logo seus raios se refletiriam nos espelhos
da Barraca do Destino, e a norte, as Montanhas de Mão- Morta se erguiam em
estranhas formas quadradas, mais como uma escadaria que como uma cadeia de
montanhas, com manchas de neve nos lugares mais altos e uma bruma espessa e
cinzenta nos degraus de cima. — Vamos levar um bom tempo até chegar no alto —
disse Violet, — e acho que não há muitas oficinas na subida.
— O que será que vamos
encontrar lá em cima? — disse Klaus. — Nunca estive numa base de operações.
— Nem eu — disse Violet. —
Klaus, vamos nos inclinar para que eu possa dar uma olhada no motor desse
carrinho.
— Se soubéssemos mais a
respeito de C.S.C. — disse Klaus, — saberíamos o que esperar. Como está o motor?
— Não está de todo mal —
disse Violet. — Alguns dos pistões estão completamente enferrujados, mas acho
que posso substituí-los pelas travas laterais do carrinho, e o dispositivo de
relâmpagos substituirá uma correia de ventilador. Mas vamos precisar de mais
alguma coisa para conectar os dois carrinhos, algo como uma corda ou um arame.
— Hera? — sugeriu Sunny .
— Boa ideia — disse Violet.
— Os ramos de hera são bem resistentes. Se você arrancar as folhas de alguns,
será de grande ajuda.
— O que eu posso fazer? —
perguntou Klaus.
— Ajude-me a virar o
carrinho de cabeça para baixo — disse Violet, — mas olhe bem onde põe os pés.
Não queremos que você caia no fosso.
— Eu não quero que ninguém
caia no fosso — disse Klaus. — Você não acha que os outros atirariam madame
Lulu aos leões, acha?
— Não se conseguirmos
terminar isso a tempo — disse Violet, soturna. — Veja se pode me ajudar a
entortar a trava para encaixá-la naquela ranhura, Klaus. Não, não, para o outro
lado. Só espero que Esmé não os force a jogar alguma outra pessoa quando nós escaparmos.
— É o que provavelmente vai
acontecer — disse Klaus, brigando com a trava. — Não consigo entender por que
Hugo, Colette e Kevin querem se juntar a pessoas desse tipo.
— Acho que eles ficaram
emocionados porque alguém os tratou como gente normal — disse Violet, e deu uma
olhada para o fosso. Um dos leões bocejou, esticou as patas e abriu um olho
sonolento, mas não pareceu interessado nas três crianças. — Talvez seja por
isso que o homem de mãos de gancho trabalhe para o conde Olaf, e também o
careca de nariz comprido. Talvez todo mundo tenha dado risada deles quando
trabalharam em outro lugar.
— Ou talvez eles gostem de
cometer crimes — disse Klaus.
— Também é uma
possibilidade — disse Violet, e então franziu o cenho. — Gostaria de ter aqui o
jogo de ferramentas da mamãe — disse. — Aquela chave inglesa de que sempre gostei
seria perfeita para isso.
— Ela provavelmente seria
de mais ajuda do que eu — disse Klaus. — Não consigo entender bulhufas do que
você está fazendo.
— Você está indo muito bem
— disse Violet, — especialmente se considerarmos que estamos dentro da mesma
camisa. Como vão esses ramos de hera, Sunny?
— Lesoint — respondeu Sunny
, o que queria dizer: ‘’Está quase pronto’’.
— Bom trabalho — disse
Violet, avaliando a posição do sol. — Não sei quanto tempo ainda temos.
Provavelmente o conde Olaf já está na Barraca do Destino, questionando a bola
de cristal sobre o nosso paradeiro. Espero que madame Lulu cumpra a promessa e
não dê a ele o que ele quer. Pode me passar aquele pedaço de metal que está no
chão, Klaus? Devia ser parte dos trilhos, mas vou usá-lo para construir um
dispositivo de direção.
— Eu queria que madame Lulu
pudesse nos dar o que nós queremos — disse Klaus, passando o pedaço de metal
para a irmã. — Eu queria descobrir se um de nossos pais sobreviveu ao incêndio,
sem precisar perambular por uma cadeia de montanhas.
— Eu também — disse Violet,
— e mesmo assim podemos não encontrá-los. Eles podem estar aqui embaixo,
procurando por nós.
— Lembra-se da estação de
trem? — disse Klaus, e Violet fez que sim com a cabeça.
— Esúúbac — disse Sunny,
entregando os ramos de hera. Com ‘’Esúúbac’’ ela queria dizer algo como: ‘’Não
me lembro’’ muito embora não houvesse como ela se lembrar, pois a mais jovem
dos Baudelaire ainda não tinha nascido naquela época. A família Baudelaire
tinha decidido viajar no fim de semana para um vinhedo, uma palavra que aqui
significa ‘’uma espécie de fazenda onde as pessoas plantam uvas para fazer
vinho’’. Esse vinhedo era famoso por suas uvas perfumadas, e era muito
agradável fazer um piquenique enquanto a fragrância flutuava pelo ar da fazenda
e os jumentos que ajudavam a carregar as uvas na colheita dormiam à sombra das
árvores. Para chegar lá, os Baudelaire tiveram de tomar não um, mas dois trens,
e fazer baldeação numa movimentada estação perto de Paltry ville, e no dia a
que Violet e Klaus estavam se referindo, eles tinham se separado acidentalmente
dos pais em meio à correria da multidão.
Violet e Klaus, que eram muito jovens, decidiram procurar seus
pais nas várias lojas do lado de fora da estação, e logo o sapateiro, o
ferreiro, o limpador de chaminés e o técnico em computação da localidade
estavam ajudando as duas crianças assustadas a encontrar seus pais. Em pouco
tempo a família Baudelaire estava reunida, mas o pai lhes ensinou uma lição
muito séria.
— Se vocês se perderem de
nós — disse ele, — fiquem no mesmo lugar.
— Sim — concordou a mãe, —
não saiam por aí nos procurando. Nós é que encontraremos vocês.
Na época, Violet e Klaus concordaram, mas os tempos eram outros.
Quando os pais dos Baudelaire disseram ‘’se vocês se perderem de nós’’ estavam
se referindo a ocasiões em que as crianças poderiam perdê-los de vista na
multidão, como acontecera naquela estação de trem, onde eu almocei outro dia e conversei
com o filho do sapateiro sobre o acontecido. Eles não estavam se referindo ao
modo como os Baudelaire os perderam agora, num incêndio fatal que reclamara
pelo menos uma de suas vidas. Existem momentos em que se deve esperar no mesmo
lugar, e aquilo por que você procura vem até você, e existem momentos em que é
preciso sair pelo mundo e encontrar alguma coisa.
A exemplo do que aconteceu com os órfãos Baudelaire, encontrei a
mim mesmo em lugares onde esperar no mesmo lugar teria sido perigosamente
inútil e inutilmente perigoso. Estive numa loja de departamentos e li algo numa
etiqueta de preço que me fez querer sair dali imediatamente, mas com roupas
diferentes. Estive sentado num aeroporto e ouvi algo nos alto-falantes que me
mostrou que eu devia embarcar mais tarde naquele mesmo dia, mas num vôo
diferente. E estive ao lado da montanha-russa do Parque Caligari e descobri
algo que os Baudelaire não tinham como saber naquela tranqüila manhã. Olhei
para os carrinhos cobertos de cinza e presos uns aos outros, contemplei o fosso
cavado pelo conde Olaf e seus comparsas, vi os ossos queimados que jaziam numa
pilha, remexi os cacos de espelho e vidro que estavam onde antes se erguia a
Barraca do Destino, e toda essa pesquisa me levou a uma mesma conclusão, e se
de algum modo eu pudesse voltar no tempo com a facilidade com que tiro o meu disfarce,
eu caminharia até a borda daquele fosso e contaria aos órfãos Baudelaire os
resultados das minhas investigações. Mas é claro que não posso. Só posso
cumprir o meu sagrado dever e datilografar essa história o melhor que puder,
até a última laprava.
— Laprava — disse Sunny,
depois que os Baudelaire contaram a ela sobre a estação de trem. Com ‘’Laprava’’
ela queria dizer algo parecido com: ‘’Não acho que devemos ficar no mesmo
lugar. Acho que devemos partir agora mesmo’’.
— Ainda não podemos — disse
Violet. — O dispositivo de direção está pronto, e os carrinhos estão presos um
ao outro, mas sem uma correia de ventilador o motor não funciona. É melhor
irmos até a Barraca do Destino e desmontar o dispositivo de relâmpagos.
— Olaf? — perguntou Sunny .
— Vamos esperar até que
madame Lulu o tenha mandado embora — disse Violet, — senão botamos o plano a perder. Temos de
terminar a nossa invenção antes que o espetáculo comece, senão todo mundo vai
nos ver partir.
Um leve rosnado saiu do fosso, e as crianças puderam ver que
alguns leões estavam acordados e olhavam com irritação para todos os lados.
Alguns tentavam circular pelas abarrotadas acomodações, mas o máximo que conseguiam
era esbarrar uns nos outros, o que os deixava ainda mais tensos.
— Os leões parecem famintos
— disse Klaus. — Será que já está na hora do espetáculo?
— Aklec — disse Sunny, o
que queria dizer: ‘’Vamos logo’’ e os Baudelaire se afastaram da montanha-russa
e começaram a caminhar na direção da Barraca do Destino. Uma porção de
visitantes já tinha chegado ao parque, e alguns deles davam risadinhas quando
passavam pelos órfãos.
— Olhem! — disse um homem,
apontando para os Baudelaire com escárnio. — Aberrações! Não podemos perder o
espetáculo dos leões — um deles poderá ser comido.
— Ah, espero que sim —
disse seu companheiro. — Não vim de tão longe para nada.
— A mulher da bilheteria me
disse que uma jornalista de O Pundonor Diário está aqui para fazer a cobertura
do espetáculo — disse um outro homem, que vestia uma camiseta com os dizeres
PARQUE CALIGARI, provavelmente comprada no trailer dos presentes.
— O Pundonor Diáriol —
exclamou uma mulher que estava com ele. — Que emocionante! Há semanas acompanho
o caso daqueles assassinos Baudelaire. Eu amo violência!
— Quem não ama? — retrucou
o homem. — Especialmente acompanhada de comilança porca.
Mal os Baudelaire chegaram à Barraca do Destino, um homem se
colocou na frente deles, impedindo a passagem. As crianças viram as espinhas no
seu queixo e o reconheceram como o espectador grosseirão da Casa dos Monstros.
— Ora, vejam só quem está
aqui — disse ele. — Chabo, o Bebê-Lobo, e Beverly - Elliot, a aberração de duas
cabeças.
— É um prazer revê-lo —
disse Violet com pressa. Ela tentou contorná-lo, mas o homem agarrou a camisa
que ela compartilhava com Klaus, e ela foi obrigada a parar.
— E a outra cabeça? — disse
o homem das espinhas, com sarcasmo. — Não está feliz em me ver?
— É claro — disse Klaus, —
mas estamos com um pouco de pressa, portanto, se nos desculpar...
— Não desculpo aberrações —
disse o homem. — Não existe desculpa para vocês. Por que você não usa um saco
em cima de uma das suas cabeças para parecer normal?
— Grr! — disse Sunny ,
mostrando os dentes na altura dos joelhos do homem.
— Por favor, deixe-nos em
paz — disse Violet. — Chabo é muito apegada a nós e pode até mordê-lo se o
senhor chegar muito perto.
— Aposto que Chabo não é
páreo para um bando de leões ferozes — disse o homem. — Eu e minha mãe estamos
ansiosos para ver o espetáculo.
— É verdade, querido —
disse uma mulher que estava por perto. Ela se inclinou para beijar homem
das espinhas, e os Baudelaire repararam que a acne era um mal de família. — A que horas começa o espetáculo, aberrações?
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