Carta n°3

Ano da Cobra
Querida Beatrice
     
Estou te escrevendo esta carta, como sempre, sem nenhuma razão especial, e vou tentar fazer R. entrega-la para que você possa lê-la antes de nos encontrarmos para a prática de esgrima. É fácil escrever cartas durante a aula de Código, enquanto o tedioso e “pé-chato” instrutor simplesmente murmura as mesmas lições sobre cartas de negócios. Ele provavelmente ficará zumbindo assim pelos muitos anos que estão por vir.
 Enquanto isso, pessoas sortudas como você estão na aula de teatro. Posso ouvir você dando voltas no telhado de madeira que range acima de mim.
Você e R. estão provavelmente aprendendo a disfarçar mensagens codificadas em diálogos melodramáticos enquanto escrevo isso. Só conheço um outro estudante nessa classe: O., que não é nada mais do que irritante. Enquanto escrevo isso, ele está enchendo seu caderno com anagramas de palavras obscenas. Estou tentado dizer pra ele que não existe nada parecido com um “vipper”molhado permanentemente, mas depois do incidente com a garrafa de tinta e a root beer floats, acho que é melhor gastar o meu tempo no “My scilence Knot” quando aquele tolo levantar sua cara feia com uma única sobrancelha.
Estou ligeiramente empolgado com a excursão que está por vir. Sei que você e R. serão parceiras de alpinismo, mas espero que junte-se a mim algumas horas explorando cavernas. Minha irmã me disse que há morcegos para serem encontrados lá, e eu adoraria passar algum tempo com uma certa “baticeer”(treinadora de morcegos) . Não importa onde estivermos — muito longe nas montanhas ou lá embaixo na cafeteria, nadando no oceano ou nos escondendo em carros— gosto de estar com você, e sinto a sua falta quando não estou.
Sinto sua falta. Te vejo em algumas horas.

Lemony Snicket

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