Carta n°8
BEATRICE
BAUDELAIRE
Véspera do Dia da Vitória
Caro Sr,
Escrevo para maiores informações sobre o problema que
discutimos previamente este ano. Estou na minha Aula de Escrita de Cartas de
Negócios, que é ensinada por um homem de pé chato tão triste e “sem-noção” que
ele certamente me dará um A neste trabalho sem ler nada, a não ser a primeira
frase de cada parágrafo. Eu poderia dizer qualquer coisa aqui. Por exemplo:
“Baticeer” é uma pessoa que treina morcegos. Aprendi isso em um poema que vi
você ler.
Após cuidadosa consideração, estou feliz em anexar a
seguinte informação. Era eu, batendo a na porta do seu escritório ontem à
noite. Eu sei que você estava lá, porque lhe segui da biblioteca, onde você
ficou por quase uma hora observando uma caixa de vidro que continha velhos
documentos que estavam sendo exibidos na exposição “Poesia Teatral: Sonetos por
Atores e Atrizes”. Depois, você sentou em um banco no parque, examinando um
anel colocado numa superfície de madeira por alguém, cuidadoso como se fosse de
vidro, antes de passear pelas margens de um lago próximo, antes de
repentinamente fazer uma corrida louca até o Doldrum Drive, onde um ônibus
estava quase saindo. Você pegou o ônibus, enquanto eu parava um carro para te
seguir pelas ruas cansativas do bairro entediante no qual o seu deprimente
edifício se encontra. Enquanto eu tentava forçar a fechadura da porta da
frente, você já estava muitos andares acima de mim, mas eu pude ouvir você
respirando por causa da subida assim que alcancei sua porta. Porque você não
respondeu? Porque você não responde nenhuma das minhas perguntas? Eu preciso
ter pelo menos 12 delas respondidas.
Enfim, por favor não hesite em me contatar o quão cedo for
conveniente para o senhor. Uma única carta pode mudar tudo. Os três Baudelaires
podem ter ido há muito tempo, mas há uma quarta Baudelaire aqui, esperando que
você possa desatar o “Meu Nó Silencioso” e me ajudar a encontrar o fim de uma
história que começou com você – na mesma sala onde estou agora, prestes a
entregar esta carta ao meu instrutor de escrita de cartas de negócios para que
ele possa dar a nota e colocá-la no correio.
Sua, em negócios,
Beatrice Baudelaire.
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