Capítulo 10

UMA BATIDA NA PORTA ME ACORDOU, ASSUSTANDO-ME. Outro conjunto de batidas me deixou completamente desperta. Em seguida, o barulho começou. Eu me arrastei para fora da cama, encolhendo-me quando o sol brilhante da manhã atingiu meu rosto no momento que entrei no hall. Tropecei pela sala e abri a porta.
 ― Que diabos você está fazendo aqui? ― Perguntei.
 ― Ela dormiu de oupa, ― disse Olive com sua voz doce e baixa.
Eu olhei para baixo, protegendo meus olhos do sol com as mãos.
 ― Oh, oi, Olive. Desculpe, não vi você aí em baixo, ― eu disse, incapaz de parar a cara feia, mesmo para ela.
 ― Está tudo bem, ― disse ela. ― Twent diz que eu sou baixa.
 ― Trouxemos o café da manhã para você, ― disse Trenton, segurando um saco branco.
 ― Eu não tomo café da manhã.
 ― Sim, você come. Bagels de canela e passas com manteiga. Kody me contou.
As duas linhas que já estavam formadas entre as minhas sobrancelhas ficaram mais profundas. Eu olhei para Trenton, em seguida, olhei para baixo para Olive. Minha expressão se suavizou, e eu suspirei.
 ― Eu a amo, ― eu disse para ninguém em particular. ― Olive, você sabe que eu te amo, mas vou voltar para a cama. ― Eu olhei para Trenton e estreitei os olhos. ― Isso não vai funcionar dessa vez. Leve-a para casa.
 ― Eu não posso. Seus pais estão fora o dia todo.
 ― Então, leve-a para sua casa.
 ― Meu pai está resfriado. Você não quer que ela pegue um resfriado, não é?
 ― Sabe o que eu odeio? ― Eu perguntei.
Trenton tinha desespero em seus olhos.
 ― Eu. Eu sei. Eu só... Eu sou um egoísta, inseguro e idiota.
 ― Sim.
 ― Mas eu sou um pesaroso egoísta, inseguro e idiota com uma menininha do lado de fora no frio.
Era a minha vez de suspirar. Acenei para Olive entrar. Ela alegremente obedeceu, sentando-se no sofá. Imediatamente ela encontrou o controle remoto e ligou a televisão, mudando para desenhos animados de sábado de manhã.
Trenton deu um passo e eu estendi minha mão.
 ― Você não.
 ― O quê?
 ― Você não pode entrar.
 ― Mas... Eu estou tomando conta de Olive.
 ― Você pode vê-la da janela.
Trenton cruzou os braços sobre o peito.
 ― Você acha que não vou?
 ― Não, eu sei que você vai. ― Eu agarrei o saco branco de sua mão, em seguida, bati a porta na cara dele, trancando a porta. Joguei o saco para Olive. ― Você gosta de bagels, garota?
 ― Sim, ― ela disse, abrindo o saco. ― Ah você ealmente vai fazer Twent ficar lá fora?
 ― Sim, vou, ― eu disse, caminhando de volta para o meu quarto e caindo na minha cama.
 ― Cami! ― Disse Raegan, me balançando. Olhei para o relógio. Fazia quase duas horas desde Trenton tinha batido na minha porta. ― Aquela menininha está assistindo desenhos animados em nossa sala de estar, ― ela sussurrou, claramente desconfortável.
 ― Eu sei.
 ― Como ela chegou aqui?
 ― Trent a trouxe.
 ― Onde está o Trent?
 ― Lá fora, eu acho, ― eu disse, bocejando.
Raegan saiu para a sala de estar e depois voltou para o meu quarto.
 ― Ele está sentado no chão, do lado de fora de nossa janela, jogando Flappy Birds no celular.
Eu balancei a cabeça.
 ― Está 0.5°grau lá fora.
 ― Bom. ― eu disse, me sentando. ― Eu gostaria que estivesse chovendo granizo.
O rosto de Raegan franziu em desgosto.
 ― Ele acenou para mim como se fosse a coisa mais normal do mundo. O que diabos está acontecendo?
 ― Ele trouxe Olive para cá. O pai dele está resfriado, por isso ele não poderia levá-la para casa e seus pais estão em outro lugar durante todo o dia.
 ― Então ele não podia cuidar dela em sua casa?
Eu pensei sobre isso por um momento e depois me arrastei para fora da cama pela segunda vez naquele dia. Eu andei até o sofá.
 ― Porque Trent não cuidou de você na sua casa? ― Eu perguntei.
 ― Eu queria vir ver você, ― Ela disse sem rodeios.
 ― Oh, ― eu disse. ― Trenton não queria me ver?
 ― Sim, mas ele disse que você não iria gostar.
 ― Oh?
 ― É, por isso, então eu disse, pu favo, pu favozinho33? E ele disse tudo bem.
Eu sorri para ela, e, em seguida, caminhei até a porta da frente e a abri. Trenton virou-se e olhou para mim. Meu sorriso desapareceu.
 ― Entre.
Trenton levantou-se e caminhou para dentro, mas isso era o máximo que ele conseguiu.
 ― Você está com raiva de mim.
Apertei os olhos para ele.
 ― Por quê? ― Ele questionou.
Eu não respondi.
 ― É porque eu fui para casa com aquela garota na noite passada?
Eu ainda não respondi.
 ― Eu não transei com ela.
 ― Você quer um biscoito? ― Eu perguntei. ― Porque isso é digno de um prêmio.
 ― Qual é o seu problema? Você me diz cinco vezes por dia que somos amigos, e agora você está com ciúmes porque flertei com uma garota por dois segundos.
 ― Eu não estou com ciúmes!
 ― Então o que é?
 ― Como sua amiga, eu não posso estar preocupada com você pegar DST?
 ― O que é um de esete34? ― Olive perguntou da namoradeira.
Fechei os olhos com força.
 ― Oh, Deus. Sinto muito, Olive. Esqueça que ouviu isso.
Trenton deu um passo em minha direção.
 ― Os pais dela, deixam-me tomar conta dela. Você acha que eles estão preocupados com linguagem chula?
Eu levantei uma sobrancelha.
Ele baixou o queixo, olhando diretamente nos meus olhos.
 ― Diga-me a verdade. Você está com raiva de mim porque pensou que levei a garota para casa ou é outra coisa? Porque você está com raiva de mim por alguma coisa.
Cruzei os braços e olhei para longe.
 ― O que estamos fazendo, Cami? ― ele questionou. ― O que é isso?
 ― Nós somos amigos! Eu já lhe disse isso!
 ― Besteira!
O dedo de Olive pairava sobre a parte superior do assento da namoradeira.
 ― Você tem que colocar uma moieda na minha jaia.
 ― Desculpa, ― disse Trenton com as sobrancelhas juntas.
 ― Então você não foi... para casa com ela? ― Eu perguntei.
 ― Para onde eu a levaria? Para a casa do meu pai?
 ― Eu não sei, um quarto de hotel?
― Eu não estou comprando bebidas para economizar dinheiro, você acha que vou gastar centenas de dólares em um quarto de hotel por uma garota aleatória que acabei de conhecer?
 ― Você já fez coisas menos inteligentes.
 ― Como o quê?
 ― Como comer cola!
Trenton baixou o queixo e olhou para longe, claramente enojado e, talvez, um pouco envergonhado.
 ― Eu nunca comi cola.
Cruzei os braços.
 ― Sim, você comeu. Na aula da Sra. Brandt.
Raegan encolheu os ombros.
 ― Você comeu.
 ― Você não estava na minha classe, Ray! ― Disse Trenton.
 ― Você também comia lápis vermelhos com bastante regularidade, de acordo com Cami! ― Disse Raegan, tentando segurar uma risada.
 ― Que seja! ― Trenton gritou. ― Onde está o meu bagel?
O saco branco pairava sobre o assento da namoradeira, enrugado, enrolado na parte de cima pelos pequenos dedos de Olive. Trenton sentou ao lado de sua amiga, brigou com o saco, e, em seguida, tirou seu café da manhã, desembrulhando-o.
Raegan olhou para mim e colocou três dedos sobre sua boca. O corpo dela estremeceu com uma risada silenciosa como um pequeno soluço, e então ela se retirou para o quarto dela.
 ― Eu nunca comi cola, ― Trenton resmungou.
 ― Talvez você tenha bloqueado isso. Eu iria bloquear isso se tivesse comido cola...
 ― Eu não comi cola, ― ele retrucou.
 ― Ok, ― eu disse, meus olhos arregalados por um momento. ― Deus.
 ― Você quer... Você quer metade do meu bagel? ― perguntou Trenton.
 ― Sim, por favor, ― eu disse.
Ele entregou-o para mim e nós comemos juntos, sem fazer barulho, enquanto Olive assistia desenhos animados entre nós. Seus pezinhos mal se penduravam para fora da borda do assento, e ela saltava de cima a baixo de vez em quando.
Depois de dois desenhos animados, eu adormeci e acordei quando minha cabeça caiu para frente.
 ― Hey, ― disse Trenton, batendo no meu joelho. ― Por que você não vai tirar um cochilo? Nós podemos ir embora.
 ― Não, ― eu disse, balançando a cabeça. ― Eu não quero que você vá.
Trenton olhou para mim por um minuto, e em seguida, fez sinal para que Olive trocasse de lugar com ele. Ela pulou mais do que feliz em obedecer. Trenton se sentou ao meu lado, inclinando-se um pouco, e, em seguida, balançou a cabeça, apontando para seu ombro.
 ― É confortável. Pelo menos é isso que eu ouço.
Eu fiz uma careta, mas em vez de discutir, passei meus braços ao redor dele e descansei minha cabeça confortavelmente entre seu ombro e pescoço. Trenton descansou sua bochecha contra meu cabelo, e, ao mesmo tempo, respirou fundo e relaxamos um contra o outro.
Eu não me lembro de nada depois disso, até que meus olhos se abriram. Olive estava dormindo, com a cabeça no colo de Trenton. O braço dele estava deitado protetoramente sobre ela, o outro envolvido em meus braços. Sua mão estava descansando na minha coxa e seu peito subia e descia em um ritmo tranquilo.
Raegan e Brazil estavam sentados no sofá assistindo a televisão sem som. Quando Raegan percebeu que eu estava acordada, ela sorriu.
 ― Hey, ― ela sussurrou.
 ― Que horas são? ― Eu disse suavemente.
 ― Meio-dia.
 ― Sério? ― Eu disse, me sentando.
Trenton despertou e imediatamente verificou Olive.
 ― Whoa. Quanto tempo estivemos dormindo?
 ― Um pouco mais que três horas, ― eu disse, limpando meus olhos.
 ― Eu nem sabia que eu estava cansado, ― disse Trenton.
Brazil sorriu.
 ― Eu nem sabia que você estava namorando a barman. Kyle e Brad vão ficar desapontados.
Eu fiz uma careta para ele. Eu nem sabia quem eram Kyle e Brad.
 ― Eles podem se animar. Nós somos apenas amigos, ―  disse Trenton.
 ― Sério? ― Disse Brazil, nos observando para ver se era uma piada.
 ― Eu lhe disse, ― afirmou Raegan, levantando-se. A parte inferior da sua regata ficou longe de seu minúsculo short cor de rosa com listras brancas quando ela se espreguiçou. ― O Brazil tem um jogo às quatro e meia. Vocês estão a fim de assistir Futebol Bulldog?
 ― Eu estou tomando conta de Olive, ― disse Trenton. ― Nós iríamos perguntar a Cami se ela quer vir conosco para o Chicken Joe.
 ― Olive pode gostar de futebol, ― disse Brazil.
 ― Jason... ― Disse Trenton, balançando a cabeça.
 ― Chicken Joe supera um jogo de futebol tipo... de longe.
 ― Como você sabe disso se nem ao menos a levou em um?
 ― Eu sei. Ela ainda não ficou desapontada comigo.
 ― Ela é sua priminha ou algo assim? ― Perguntou o Brazil. ― Por que ela está com você o tempo todo?
Trenton encolheu os ombros.
 ― Ela tinha um irmão mais velho. Ele teria quatorze anos hoje. Ela o adorava. Ele foi atropelado de bicicleta por um carro alguns meses antes de se mudarem para o lado da minha casa. Olive ficou ao lado dele enquanto ele dava seu último suspiro. Eu só estou tentando fazer a vez dele.
 ― Isso é duro, cara, mas... e eu não quero ofender... mas, você é um Maddox.
 ― Sim? E daí? ― Disse Trenton.
 ― Eu sei que você é um cara bom, mas é um tatuador, bebe uísque, cabeça quente, desbocado. Os pais dela simplesmente a deixaram entrar no carro com você?
 ― Foi apenas uma progressão natural, eu acho.
 ― Mas... Por que ela é a sua responsabilidade? ― disse Brazil. ― Eu não entendo.
Trenton olhou para Olive, que ainda estava dormindo. Ele tirou um fio louro-acinzentado dos seus olhos e então deu de ombros.
 ― Por que não?
Sorri para a sua simples demonstração de afeto.
 ― Chicken Joe, será. Mas vou ter que sair mais cedo para me preparar para o trabalho.
 ― Fechado, ― disse Trenton com um sorriso, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
 ― Bem, eu tenho coisas para fazer, ― disse Raegan.
 ― Eu tenho que pegar alguns carboidratos e ir para a casa de campo, ― disse Brazil. Quando ele se levantou, ele deu um tapinha no traseiro de Raegan, inclinou-se para beijá-la, e, em seguida, pegou sua carteira, telefone e chaves antes de fechar a porta atrás dele.
Os olhos de Olive se abriram.
 ― Uhul! ― Disse Trenton. ― Ela está acordada! Agora podemos COMÊ-LA! ― Ele se inclinou e fingiu morder sua barriga enquanto fazia cócegas nela.
Ela riu histericamente.
 ― Nããão. Eu preciso fazer xixiiiiiiiiiiiiiii!
 ― Whoa! ― Disse Trenton, levantando as mãos.
 ― Por aqui, ― eu disse, levando Olive pela mão para o banheiro no corredor. Seus pés descalços bateram contra o chão de ladrilhos. ― Papel higiênico, sabonete e toalha de mão, ― eu disse, apontando para os diversos itens.
 ― Entendi, ― disse ela. Ela parecia tão pequena de pé no meio do banheiro. Ela ergueu as sobrancelhas. ― Você vai ficar?
 ― Oh! Não. Sinto muito, ― eu disse, me retirando e fechando a porta.
Virei-me e caminhei até Trenton, que estava de pé no meio do caminho entre o balcão e a namoradeira.
 ― Ela é ótima, ― disse ele, sorrindo.
 ― Você é ótimo, ― disse eu.
 ― É? ― ele perguntou.
 ― Sim. ― Nos encaramos por um momento em silêncio, apenas observando um ao outro e sorrindo, e, em seguida, um sentimento familiar tomou conta de mim, um formigamento no meu interior e um calor em meus lábios. Concentrei-me em sua boca e ele deu um passo em minha direção.
 ― Trent...
Ele balançou a cabeça, inclinou-se e fechou os olhos. Eu fiz o mesmo, esperando sentir seus lábios nos meus. A descarga do vaso soou e nós dois nos afastamos. O ar entre nós ficou de repente espesso e tenso. À medida que a antecipação do que estávamos prestes a fazer se derreteu, um constrangimento esmagador a substituiu.
Olive parou no corredor, olhando para nós. Ela coçou seu cotovelo e depois o nariz.
 ― Almoço? ― Eu ofereci um meio sorriso apologético. ― Eu preciso fazer uma corrida até o supermercado.
 ― Bom plano, ― disse Trenton, batendo as mãos e, em seguida, esfregando-as juntas. ― Supermercado?
Olive sorriu de uma orelha a outra.
 ― Posso sentar na cesta que também é um caio?
Trenton olhou para mim e ao mesmo tempo ajudava Olive com o casaco.
 ― Claro, ― eu disse, percebendo agora porque Trenton era tão dedicado em fazê-la feliz. O seu sorriso era viciante. Olive fez uma pequena dança e depois Trenton começou a dançar. Ele parecia absolutamente ridículo, então eu entrei, também.
Nós dançamos por todo o caminho até o estacionamento, sem música nenhuma. Trent apontou para o seu
Intrepid, mas eu parei no meu Jipe.
 ― Você sempre dirige. Eu vou dirigir agora. Eu tenho mais espaço no porta-malas para os mantimentos, de qualquer maneira.
 ― Você não tem um porta malas, ― disse Trenton.
 ― Eu tenho um equivalente ao porta-malas.
 ― Eu tenho a cadeirinha de Olive.
 ― É muito fácil de tirar, certo?
Trenton balançou a cabeça.
 ― Eu... Tenho uma coisa. Sobre andar com as garotas.
 ― Isso é por causa da Mackenzie ou isso é uma observação sexista?
 ― Desde o acidente.
Eu balancei a cabeça.
 ― Ok, então. Mas você vai me deixar reembolsá-lo pelo combustível.
 ― Você pode contribuir para o jantar, ― disse ele.
 ― Rock on, ― eu disse, então dobrei meu cotovelo e lancei meu punho no ar, levantando o dedo indicador e mindinho.
Olive olhou para sua própria mão e tentou fazer o mesmo.
 ― Wok on40! ― Disse ela, uma vez que conseguir fazer isso.
Nós dirigimos até a loja e enquanto andávamos pelos corredores, eu me senti muito doméstica e foi um pouco emocionante. Não que eu quisesse meus próprios filhos – ainda – mas fazer algo tão mundano com Trenton era estranhamente estimulante. Mas o sentimento não durou muito tempo. T.J. e eu nunca tínhamos feito nada parecido e agora esta simples viagem ao mercado me fez sentir vergonha. Mesmo que não fizesse sentido algum, um lampejo de ressentimento queimou em minhas veias.
Eu não poderia ser feliz com T.J. e agora ele estava me roubando a felicidade quando não estava por perto, também. Claro que não era culpa dele, mas era mais fácil culpá-lo do que reconhecer minhas próprias falhas.
Nada mais fazia sentido: por que ainda estávamos juntos, por que eu estava passando tanto tempo com Trenton ou por que eu estava em um relacionamento quase inexistente quando eu tinha alguém que gostava de mim – e que eu gostava – a meio metro de distância, apenas esperando por uma luz verde.
A maioria das pessoas simplesmente teria desistido, mas eles não tinham TJ. Ele havia entrado no Red uma noite, pediu meu número uma hora mais tarde e em poucos dias fomos ao nosso primeiro encontro. Eu nem sequer tinha que pensar sobre isso. Estar com ele simplesmente fazia sentido. T.J. praticamente passou a semana e meia seguinte no meu apartamento, em seguida, nos próximos três meses ele voltava para casa todo fim de semana. Depois disso, seu projeto começou e eu o tinha visto somente algumas vezes. Parei no corredor, fingindo olhar as sopas, mas eu estava realmente congelada, me perguntando por que eu estava tão comprometida com TJ, quando eu sequer tinha certeza se estávamos em um relacionamento de verdade neste momento.
T.J. não me mandou uma mensagem em três dias. Antes, eu achava que ele estava ocupado com o trabalho. Mas, de repente, perceber como era passar tanto tempo com alguém – e amar isso – mensagens de textos esporádicas, telefonemas e esperança de ver um ao outro um dia não era suficiente. Nem perto disso.
 ― Carne vegetariana encorpada com molho pardo? ― perguntou Trenton, segurando uma lata grande. ― Esta é uma boa merda.
Eu sorri e agarrei a barra de empurrar do carrinho de supermercado.
 ― Jogue isso aqui dentro. Isso virá a calhar logo, quando as noites ficarem ainda mais frias.
 ― Você pode me pedir emprestado a qualquer hora. Eu sou perfeito para o clima frio.
 ― Tenha cuidado. Eu poderia aceitar isso.
 ― Não me ameace com um tempo agradável. ― Ele parou no meio do corredor. ― Espere. Sério?
Dei de ombros.
 ― Você estava muito confortável hoje.
 ― Confortável? Eu sou como a porra de um cashmere.
Comecei a rir e balancei a cabeça. Nós abrimos a cesta que virou como um carrinho de criança, enquanto Olive fingia dirigir e bater nas coisas.
― Eu aposto que seu namorado da Califórnia não é tão confortável como eu, ― disse Trenton quando viramos para o corredor de delicatessen.
 ― Está frio! ― Disse Olive, fingindo tremer. Trenton tirou seu casaco e colocou-o sobre ela. Estendi a mão para um pacote de frios e joguei-o na cesta.
 ― Eu não sei, ― eu disse. ― Eu realmente não me lembro de quão macio ele é.
 ― E isso é como? Estar com alguém que você nunca vê?
 ― Esposas de militares fazem isso o tempo todo. Eu realmente não vejo nem um ponto em reclamar.
 ― Mas você não é a sua esposa.
 ― Não sei como eu poderia ser, se nós não nos vemos com mais frequência.
 ― Exatamente. Então, o que a mantém nisso?
Dei de ombros.
 ― Eu não consigo apontar. Há apenas algo sobre ele.
 ― Ele te ama?
A pergunta direta e muito pessoal de Trenton fez os músculos do meu pescoço ficarem tensos. Parecia um ataque ao nosso relacionamento, mas eu sabia que esses sentimentos defensivos eram tão fortes, porque Trenton estava fazendo as mesmas perguntas que eu tinha me feito muitas vezes.
 ― Ele ama.
 ― Mas ele ama mais a Califórnia? Ele está na faculdade, certo?
Eu me encolhi. Eu não gostava de falar especificamente de T.J.. T.J. não gostava que nem eu ficasse falando sobre esses detalhes.
 ― Não é a faculdade que o mantém lá. É o seu trabalho. ― Trenton enfiou as mãos nos bolsos. Ele estava usando couro marrom ao redor de seu pulso, uma pulseira de couro trançada marrom e a pulseira que Olive tinha feito para ele.
 ― Você alguma vez tira a pulseira de Olive? ― eu perguntei.
 ― Eu prometi a ela que não faria. Não mude de assunto.
 ― Por que você quer falar sobre T.J.?
 ― Porque estou curioso. Eu quero saber o que a faz ficar em um relacionamento como esse.
 ― Como o quê?
 ― Onde você não é uma prioridade. Eu tenho a sensação que esse cara não é um idiota, então estou tentando descobrir isso.
Mordi o lábio. Trenton estava sendo cativante e me fazendo sentir-me mal sobre T.J. ao mesmo tempo.
 ― É meio como você e Olive. Pode não fazer sentido para as pessoas de fora e isso parece estranho, mesmo quando ele tenta explicar, mas ele tem responsabilidades que são importantes.
 ― Você também.
Inclinei-me para o lado dele e ele colocou o braço em volta de mim, apertando-me ainda mais forte.

Comentários

  1. A Cami é igual a Abby, tem medo, não assumi e nem admitir que está apoixanada por um Maddox, fica só nessa de "somos amigos" só que de amizade isso não tem nada.

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