Capítulo 15
MINHAS MÃOS ESTAVAM TREMENDO, E SEM NENHUMA
BOA RAZÃO OU DESCULPA, eu conduzia o Smurf para a garagem de Jim Maddox. As
estradas estavam cobertas de granizo e gelo, e não era certo dirigir, mas cada
curva que eu fazia me levava para mais perto de Trenton. Eu apaguei as luzes
antes
que elas batessem
nas janelas da frente da casa, e, em seguida, desliguei o motor, deixando o
Jipe deslizar até parar.
Meu telefone tocou. Era Trenton,
perguntando se era o meu Jipe na garagem... como se pudesse ser qualquer outra pessoa.
Quando confirmei sua suspeita, a porta de tela se abriu, e Trenton desceu os
degraus. Ele estava usando pantufas e short de basquete azul royal, com os
braços cruzados sobre o torso nu.
Tatuagens tribais negras de
centímetros de espessura rastejavam sobre seus ombros e peito, e várias
tatuagens coloridas sobrepunham umas as outras enquanto elas viajavam para
baixo de ambos os braços, terminando abruptamente em seus pulsos. Trenton parou
ao lado da minha janela, esperando que eu baixasse o vidro. Ele reajustou seu
boné de baseball branco e colocou as mãos nos quadris, esperando que eu
falasse.
Meus olhos correram sobre a definição
de seus músculos peitorais, e, em seguida, viajaram para baixo para apreciar
todos os seis de seus músculos abdominais lindamente salientes.
― Acordei você? ― Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça.
― Acabei de sair da banheira.
Mordi o lábio, tentando pensar em
algo para dizer.
― O que você está fazendo aqui, Cami?
Olhando para frente, eu balancei a
cabeça e apertei os lábios numa linha dura.
― Não tenho ideia.
Ele cruzou os braços sobre a borda da
minha porta e inclinou-se para dentro.
― Você se importaria de descobrir isso? Está
frio pra caralho aqui fora.
― Oh! Deus! Eu sinto muito, ― eu disse,
ligando o Smurf. Liguei o aquecedor. ― Entre!
― Vai para o lado, ― disse Trenton.
Eu rastejei sobre a alavanca de
câmbio e console, e quiquei quando bati no banco do passageiro. Trenton entrou,
fechou a porta, e rolou a janela para cima até que ficasse apenas uma fenda.
― Você tem cigarros? ― Ele questionou.
Entreguei-lhe meu maço e ele tirou dois. Ele acendeu os dois e, em seguida, entregou
um para mim.
Dei uma tragada e soprei-a, vendo-o
fazer o mesmo.
A tensão era mais densa que a fumaça
espiralando entre nós. Pedaços minúsculos de gelo começaram a bater nas janelas
e na estrutura de metal do Smurf, então o céu se abriu e o som do gelo batendo
contra o carro se intensificou.
― Você estava certa. Eu fui para casa com as
garotas, ― disse Trenton, erguendo a voz
acima do barulho do granizo. ― Mais do que apenas as que você viu no Red.
― Você não tem que me dizer.
― Eu precisava tirar você da minha mente. ― Quando
não respondi, ele se virou para mim. ― Eu deixaria uma garota me resgatar
daquela tortura cada noite da semana, mas mesmo quando eu estava com outra
pessoa, tudo que eu pensava era em você.
― Isso não é realmente... um elogio, ― disse
eu.
Trenton acertou o volante com a ponta
da sua mão, e, em seguida, soltou outra baforada de fumaça.
― Eu não estou tentando elogiá-la! Eu pensei
que eu escaparia da minha mente maldita pensando em você na Califórnia. Eu
jurei a mim mesmo que eu não iria chamá-la, e quando você voltasse, eu ia
aceitar sua escolha. Mas você dirigiu até minha casa. Você está aqui. Eu não
sei o que fazer com isso.
― Eu só não queria mais sentir falta de você,
― eu disse, sem saber o que mais dizer. ― É tão egoísta, eu sei. Eu não deveria
estar aqui. ― Exalei todo o ar dos meus pulmões e afundei de volta no banco de
passageiro maltrapilho, tanto quanto podia. Ser verdadeira assim me fez sentir
tão vulnerável. Era a primeira vez que eu admitia isso para mim mesma.
― O que diabos isso significa?
― Eu não sei! ― Eu gritei. ― Alguma vez você
já quis alguma coisa que você sabia que não deveria ter? Que isso era errado em
todos os níveis, mas você sabia que você precisava? Eu gostava de como éramos,
Trent! E então você... nós não podemos ter isso de volta.
― Ora, Cami. Eu não podia continuar daquele
jeito.
― Eu sei que isso não era justo com você. Para
ninguém mais além de mim, na verdade. Mas eu ainda sinto falta disso, porque
isso era preferível às alternativas: estar com você sob falsos pretextos, ou
perdê-lo por completo, ― eu disse, limpando meu nariz. Abri a porta, coloquei o
meu cigarro para fora, e, em seguida, joguei a guimba na rua. ― Sinto muito.
Isso foi uma coisa tão desprezível de se fazer. Eu vou. ― Eu comecei a sair, mas
Trenton agarrou meu braço.
― Cami, pare. Você não está fazendo sentido
algum. Você veio aqui. Agora você está saindo. Se não houvesse... a coisa, o
que quer que isso seja... o que você faria?
Eu ri uma vez, mas me pareceu mais
com um choro.
― Eu me afastei de você no aeroporto. E então
eu passei os próximos dois dias desejando que eu tivesse ficado.
Uma faísca de felicidade iluminou
seus olhos.
― Então vamos...
― Mas há mais coisas do que isso, Trenton. Eu gostaria
que eu pudesse lhe dizer que isso está lá fora, mas eu não posso.
― Você não tem que me dizer. Se você precisa
que eu diga que estou bem com o que quer que seja que eu não sei, eu estou bem
com isso. Eu mão dou a mínima, porra, ― disse ele, balançando a cabeça.
― Você não pode dizer isso. Você não diria se soubesse...
― Eu sei que há algo que você quer me dizer,
mas não pode. Se isso vier a tona mais tarde, não importa o que seja, eu fiz a
escolha de seguir em frente sem saber. Isso é comigo.
― Para qualquer outra coisa, isso seria o suficiente
Trenton jogou seu cigarro pela
janela.
― Isso faz fodidamente zero sentido. Nenhum.
― Eu sei. Eu sinto muito, ― eu disse, lutando
contra as lágrimas.
Trenton esfregou o rosto, mais do que
frustrado.
― O que você quer de mim? Eu continuo te
dizendo que não me importo com esse segredo. Estou dizendo a você que quero você.
Eu não sei mais o que dizer para convencê-la.
― Você precisa ser o único a ir embora.
Diga-me para me foder, e acabe com isso. Eu vou sair da Skin Deep, você encontra
um bar diferente. Eu não posso... você tem que ser o único.
Ele balançou a cabeça.
― Eu sou
o único, Cami. Eu sou isso para você.
Eu sei, porque você é isso para mim.
― Você não está ajudando.
― Bom!
Observei-o, implorando-lhe com meus
olhos. Era uma sensação tão estranha, esperar alguém quebrar meu coração. Quando
eu percebi que ele ia ser tão teimoso quanto eu estava sendo fraca, um
interruptor dentro de mim ligou.
― Ok, então. Eu vou fazer isso. Tenho que
fazer. É melhor do que você me odiar depois. É melhor do que deixá-lo fazer
algo que eu sei que é errado.
― Estou tão cansado dessa merda enigmática.
Você sabe o que penso sobre o certo e o errado? ― ele perguntou, mas antes que
eu pudesse responder, ele agarrou cada lado do meu rosto e colocou seus lábios
nos meus.
Eu imediatamente abri minha boca,
deixando a sua língua escorregar para dentro. Ele agarrou a minha pele, me
tocando em todos os lugares, como se
ele não pudesse ter o suficiente de mim, e então ele estendeu a mão sobre mim
para a alavanca do assento. O assento inclinou para trás lentamente, e, ao mesmo
tempo, Trenton escalou o console num movimento suave. Mantendo sua boca na
minha, ele agarrou cada um dos meus joelhos e subiu-os até suas costelas. Eu
plantei os meus pés no painel, e levantei meus quadris para cima para encontrar
os dele. Ele gemeu em minha boca. Seu short não escondia sua excitação, e ele
apertou a dureza contra o local exato onde eu já desejava que ele estivesse.
Seus quadris se moveram e rolaram
contra os meus enquanto ele beijava e mordiscava meu pescoço com os dentes. Minha
calcinha estava encharcada imediatamente, e assim que deslizei meus dedos entre
seu short e sua pele, seus beijos diminuíram, e depois pararam.
Nós dois estávamos respirando com
dificuldade, olhando nos olhos um do outro. Todas as janelas do jipe estavam embaçadas.
― O quê? ― Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça, olhou para
baixo, e então riu uma vez antes de levantar seus olhos para encontrar os meus.
― Eu vou me odiar depois, mas eu não vou fazer
isso num carro, e definitivamente não de pantufas.
― Tire-as, ― eu disse, plantando uma dúzia de pequenos
beijos em seu pescoço e ombro.
Ele meio cantarolava, meio suspirava.
― Eu seria tão ruim quanto qualquer outro
babaca que não te trata da maneira que você merece. ― Ele se afastou de meus
lábios, dando-me mais um beijinho doce. ― Eu estou indo aquecer o Intrepid.
― Por quê?
― Eu não quero que você dirija para casa nesta
merda, e o Intrepid tem tração dianteira. Maçanetas melhores. Vou deixar o seu
jipe antes de você acordar pela manhã. ― Ele puxou a maçaneta da porta e saltou
para fora, correndo para dentro de casa por alguns minutos, e depois
reapareceu, desta vez com um tênis, um moletom com capuz e as chaves em sua
mão.
Ele ligou o Intrepid, em seguida,
correu de volta para o Smurf, pulando e esfregando as mãos.
― Merda!
― Está congelando, ― eu disse, balançando a
cabeça.
― Não é isso. ― Ele olhou para mim. ― Não
quero que você vá embora.
Eu sorri, e ele estendeu a mão,
correndo seu polegar ao longo de meus lábios. Depois de alguns momentos, nós relutantemente
saímos do Smurf e entramos no carro dele.
Tão feliz quanto eu pensei que estava
deitada na cama do TJ, algumas semanas antes, sentada ao lado de Trenton em sua
dilapidada Intrepid, enquanto ele me levava para casa era muito melhor. Sua mão
estava no meu joelho, e ele mostrou o maior sorriso de satisfação por todo o
caminho para o meu apartamento.
― Você tem certeza que não quer entrar? ― Eu perguntei
quando ele estacionou.
― Não, ― ele disse, mas ele claramente não
estava feliz com a sua resposta. Ele se inclinou e beijou-me com os lábios mais
suaves, lento no início, e então nós dois começamos a puxar a roupa um do outro
novamente. O short de Trenton estava em posição de sentido completo, e seus
dedos suavemente puxaram o meu cabelo, mas, eventualmente, ele se afastou.
― Maldição, ― ele disse, sem fôlego. ― Eu vou
levá-la num encontro adequado primeiro, nem que eu morra.
Deixei minha cabeça cair para trás
contra o encosto de cabeça, e olhei para cima, frustrada.
― Legal. Você pode levar uma garota aleatória
para casa do Red, 45 minutos depois de conhecê-la, e eu sou dispensada.
― Isto não é dispensar você, baby. Nem perto
disso.
Olhei para ele, e minhas sobrancelhas
enrugaram, eu queria fingir que tudo ficaria bem, e eu poderia esquecer o que eu
sabia, mas eu tinha que avisá-lo uma última vez.
― Eu não sei o que é isso. Mas eu sei que se
você soubesse a história toda, Trenton, você se afastaria de mim e nunca
olharia para trás.
Ele inclinou a cabeça contra o seu
apoio para cabeça, em seguida, estendeu a palma da sua mão contra a minha bochecha.
― Eu não quero a história toda. Eu só quero
você.
Eu balancei minha cabeça, lágrimas
ameaçando jorrar dos meus olhos, pela terceira vez naquele dia.
― Não. Você merece saber. Certas coisas em
nossas vidas são tão frágeis... e você e eu, Trent? Nós poderíamos estragar
tudo.
Ele balançou a cabeça.
― Ouça o que eu estou dizendo, Cami. Se isso
me impede de estar com você, eu sei o que é.
Eu olhei para ele, meu coração
batendo no meu peito, mais alto do que até mesmo o granizo batendo no
para-brisa ou o estrondo silencioso da Intrepid.
― Ah, é? O que é então?
― Isso está no caminho. ― Ele se inclinou para
mim, e tocou minha bochecha com sua mão ao mesmo tempo em que seus lábios
tocaram os meus.
― Basta lembrar mais tarde que eu sinto muito
pelo o que quer que aconteça depois disso, e sinto muito que quando você se
afastou como eu pedi, eu não deixei você ir, ― eu disse.
― Eu não sinto, e nunca vou sentir. ― A pele
ao redor dos seus olhos se apertou enquanto ele olhava diretamente nos meus.
Ele realmente acreditava no que ele estava dizendo, e isso me fez querer
acreditar nisso, também.
Eu corri para o meu apartamento,
fechei a porta e me encostei nela até que ouvi o Intrepid se afastar. Era irresponsável
e egoísta, mas parte de mim queria acreditar em Trenton, quando ele disse que o
que ele não sabia não teria importância.
Pouco antes do sol nascer, e antes
dos meus olhos se abrirem, eu senti algo quente correndo ao longo do comprimento
do meu corpo. Movi-me apenas um centímetro na direção do que quer que isso
fosse, só para ter certeza de que minha mente não estava pregando peças em mim.
Eu pisquei algumas vezes, e então me
concentrei, vendo uma figura sombreada deitada ao meu lado. O relógio na minha
mesa de cabeceira marcava 6h00 AM. O apartamento estava escuro e silencioso, o
mesmo como sempre estava nesta hora da manhã. Mas o segundo em que as memórias
de mais cedo naquela manhã penetraram em minha mente, tudo parecia diferente.
Oh, Deus. O que eu tinha feito? Um
limite havia sido ultrapassado, e não havia como voltar atrás ou ir para
frente, sem consequências reais. Eu pensei no momento que Trenton sentou à minha
mesa no Red que poderia lidar com tudo o que ele jogasse no meu caminho, mas
ele era como areia movediça. Quanto mais eu lutava, mais profundamente eu
afundava.
Eu estava bem à beira da cama, e
tentei avançar lentamente sem sucesso.
― Por que você está na minha cama, Ray? ― Eu perguntei.
― Huh? ― disse Trenton, sua voz grave e rouca.
Um choque percorreu meu corpo, e
gritei enquanto eu caía da cama. Trenton arrastou-se até a beira, estendendo-se
para mim, mas já era tarde demais. Eu já estava no chão.
― Oh! Merda! Você está bem?
Com minhas costas pressionadas contra
a parede, eu rapidamente escovei meu cabelo do meu rosto. Quando o reconhecimento
me atingiu, eu bati no chão com ambos os punhos.
― Que diabos você está fazendo na minha cama?
Como você sequer entrou aqui?
Trenton estremeceu.
― Eu trouxe o jipe de volta cerca de uma hora
atrás. Aconteceu do Brazil estar deixando Raegan, e ela me deixou entrar.
― Então você simplesmente... se arrastou para
a cama comigo? ― Minha voz estava estridente e à beira de um berro.
― Eu disse que eu não ia entrar, e então eu
entrei. E então eu disse a mim mesmo que ia dormir no chão, mas então não fiz.
Eu só... tinha que estar perto de você. Eu estava simplesmente deitado lá
acordado na casa do meu pai. ― Ele se inclinou, e chegou para mim com uma mão.
Seus músculos mexeram sob seu suave braço tatuado. Sua mão agarrou a minha, e
então ele me puxou para a cama ao lado dele. ― Esperava que estivesse bem.
― Isso importa neste momento?
Metade da boca de Trenton se ergueu.
Ele estava claramente se divertindo com a minha birra de manhã cedo. Raegan
correu pelo corredor e, em seguida, virou a curva, com os olhos arregalados.
― Por que você está gritando?
― Você o deixou entrar?
― Sim. Tudo bem? ― disse ela, sem fôlego. Seu
cabelo estava selvagem, e seu rímel estava manchado sob seus olhos.
― Por que todo mundo me pergunta após o fato?
Não! Não está tudo bem!
― Você quer que eu vá? ― perguntou Trenton,
ainda sorrindo.
Eu olhei para ele, para Raegan, e
depois de volta para ele.
― Não! Eu só não quero que você sorrateiramente
entre na minha cama quando eu estou dormindo!
Raegan revirou os olhos e caminhou de
volta para o corredor, fechando sua porta. Trenton enganchou seu braço em volta
da minha cintura e me puxou contra ele, enterrando seu rosto entre o meu pescoço
e o travesseiro. Eu deitei imóvel, olhando para o teto, dividida entre querer
desesperadamente emaranhar meus braços e pernas com os seus, e saber que a
partir daquele momento em diante, se eu fizesse outra coisa senão expulsá-lo e
nunca mais falar com ele novamente, ninguém seria culpado, além de mim.
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