Capítulo 20

 ― E APENAS ASSINE AQUI, E AQUI, E VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA IR, ― eu disse.
Landen Freeman fez alguns rabiscos em cada linha, e depois se encostou ao balcão, em seus cotovelos. Eu o tinha
visto em torno do pequeno campus da Eastern State quando eu estava fazendo mais aulas, mas eu não o tinha visto em mais de um ano, e não foi surpresa que ele não me reconheceu.
 ― A que horas este lugar fecha? ― Ele olhou diretamente nos meus olhos, piscando um sorriso sexy que eu imaginava que ele vinha aperfeiçoando no espelho desde a puberdade.
Eu apontei para a escrita na porta com a caneta, em seguida, propositalmente me ocupei com sua papelada.
 ― Onze.
 ― Se importa se eu passar por aqui? Eu adoraria levá-la para o Red Door. Você já esteve lá?
 ― Você esteve? ― Eu perguntei, um pouco divertida.
 ― De vez em quando. Estou sobrecarregado com 20 horas por semestre. Tentando terminar e dar o fora daqui o mais rápido que eu puder.
 ― Eu sei o que você sente, ― eu disse.
 ― Então... o que me diz sobre a bebida?
 ― Que bebida? ― Eu perguntei.
 ― A bebida que eu quero comprar para você.
Trenton apareceu ao meu lado, pegou os papéis, e começou a olhar por eles.
 ― Se você está querendo este desenho á mão livre, Calvin é seu cara, e ele não está trabalhando hoje.
Landen encolheu os ombros. ― Eu estou bem seja com quem for. Ele não tem que ser feito à mão livre.
 ― Você quer que eu faça isso? ― perguntou Trenton.
 ― Sim, quero dizer, eu vi o seu trabalho no site. É foda.
 ― Eu vou fazer isso, mas você vai ter que parar de olhar para os peitos da minha menina.
Estiquei meu pescoço para ele. Eu não tinha pegado Landen olhando para meu peito nem uma vez.
 ― Uh... ― Disse Landen, gaguejando.
 ― Pensando bem, é melhor você ligar e marcar uma consulta com Cal. Estou ocupado. ― Trenton jogou os papéis, e eles se espalharam em torno de nós. Ele virou o boné para centralizá-lo, e eu assisti, indiferente, quando Trenton caminhou de volta para a sua estação. Ele andava com arrogância – da mesma forma que ele fazia antes de bater em alguém.
Landen olhou para mim, então para o final do corredor, e depois de volta para mim.
 ― Eu... Eu sinto muito, ― eu disse, entregando-lhe o nosso cartão. ― Aqui está o número da loja. Calvin trabalha às quartas-feiras e quintas-feiras, somente com hora marcada.
Landen pegou o cartão.
 ― Eu não sabia, ― disse ele, sorrindo timidamente. A porta soou quando ele saiu, e eu me virei sobre meus calcanhares, pisoteando pelo corredor até a sala de Trenton.
 ― Que diabos foi isso?
 ― Ele te chamou pra sair!
 ― E?
 ― E? Eu deveria ter chutado a bunda dele!
Suspirei e fechei os olhos.
 ― Trent, eu lido com isso. Você não pode espantar os clientes cada vez que eles flertarem comigo. É pra isso que Cal me contratou.
 ― Ele não a contratou para flertar. Ele contratou...
 ― Um pedaço de rabo quente para trabalhar no balcão. Um trabalho que você me ofereceu, não se esqueça.
 ― Ele nem sequer perguntou se você era solteira, em primeiro lugar! Pelo menos o babaca poderia ter começado com isso.
 ― Eu tinha tudo sob controle.
 ― Eu não ouvi você recusá-lo...
Meu nariz enrugou.
 ― Eu estava desviando a sua pergunta! Eu não podia simplesmente recusá-lo enquanto ele estava aqui na sala de espera! Isso é chamado de profissionalismo.
 ― Oh, é assim que você chama isso?
Eu apertei os olhos para ele.
 ― Você poderia ter dito a ele que você tem um namorado.
 ― É disso que se trata? Que eu não estou segurando a minha nova etiqueta como um ponto de referência? E se eu apenas tatuar GAROTA DE TRENTON na minha testa?
Seu rosto suavizou, e ele riu.
 ― Terei prazer em tatuar isso em algum outro lugar.
Eu rosnei em frustração e caminhei de volta para frente. Trenton correu atrás de mim.
 ― Não é uma ideia horrível, ― disse ele, apenas meio provocando.
 ― Eu não vou tatuar seu nome em mim, ― eu disse, indignada de que ele estava gostando da ideia. Trenton já havia preenchido as papoulas na primeira semana de férias de Natal com um vermelho cereja chamativo, e, em seguida, dois dias antes do Natal, ele tinha adicionado um pouco de arte tribal preta e espirais sombreados em verde brilhante no mesmo braço. Uma semana após o Ano Novo, eu tinha uma linda rosa vermelha florescendo com detalhes amarelos. Eu estava no meu caminho para uma complicada manga fodona. Tínhamos começado a nos referir a nossas sessões como terapia da dor. Eu falava, e Trenton desenhava e ouvia. Eu amava compartilhar esse tempo com ele, e saber que eu carregava suas belas peças de arte comigo em todos os lugares.
Ele se sentou no balcão, suas mãos plantadas contra a fórmica.
 ― Talvez eu esconda isso em uma das suas tatuagens um dia destes.
 ― Talvez eu quebre a sua máquina em um milhão de pedaços, ― eu disse.
 ― Whoa. A merda ficou séria, ― disse ele, pulando para baixo para ficar ao meu lado. ― Sinto muito que você está com raiva porque eu fiz o cara correr. Eu não sinto muito por fazê-lo correr, eu sinto muito que eu te deixei zangada. Pense nisso, apesar de tudo. Eu não iria tatuá-lo depois que ele deu em cima da minha menina. Confie em mim. Era melhor para todos.
 ― Pare de fazer sentido, ― eu respondi.
Trenton passou os braços em volta de mim por trás, e, em seguida, enterrou o rosto no meu pescoço.
 ― Eu quase não sinto muito por deixar você zangada. Você fica fodidamente gostosa quando você está com raiva.
Eu lhe dei uma cotovelada de brincadeira em suas costelas, e a porta soou novamente. Colin e Chase caminharam em direção ao balcão, e Chase cruzou os braços sobre o peito.
 ― Tatuagens? ― ,eu perguntei. Eles não estavam bem humorados.
O aperto de Trenton relaxou.
 ― Como podemos ajudá-los, pessoal?  
Colin franziu o cenho.
 ― Precisamos conversar com Camille. Sozinha.
Trenton balançou a cabeça.
 ― Não vai acontecer.
Chase estreitou os olhos e se inclinou para nós.
 ― Ela faz parte da porra de nossa família. Nós não estamos pedindo a sua permissão, Maddox.
Trenton levantou uma sobrancelha.
 ― Vocês estão, apenas não sabem disso ainda.
Os olhos de Colin contraíram.
 ― Chase está aqui para falar com sua irmã. Este é um assunto de família, Trent. Você precisa ficar de fora. Camille, vá lá pra fora. Agora.
 ― Você pode falar comigo aqui, Colin. O que vocês querem?
Ele olhou para mim.
 ― Você realmente quer falar sobre isso aqui?
 ― Sobre o que você quer falar? ― Eu perguntei, tentando manter a calma. Eu tinha certeza de que se nós fossemos lá fora, Colin ou Chase perderiam a paciência e uma briga aconteceria. Era mais seguro ficar aqui.
 ― Você não apareceu no dia de Ação de Graças. O pai disse que você tinha que trabalhar. Tanto faz. Mas então você não apareceu no Natal. Em seguida, sua cadeira está vazia novamente na hora do almoço no dia de Ano Novo. Que diabos está acontecendo, Camille? ― perguntou Chase, exasperado.
 ― Eu tenho dois empregos, e eu estou tendo aulas. É apenas o modo como às coisas aconteceram este ano.
 ― O aniversário do papai é na próxima semana, ― disse Chase. ― É melhor você estar lá, porra.
 ― Ou o quê? ― Disse Trenton.
 ― Que merda que você acabou de dizer para mim, Maddox? ― Chase estalou.
Trenton ergueu o queixo.
 ― É melhor ela estar lá, ou o quê? O que você vai fazer se ela não aparecer?
Chase se encostou ao balcão.
 ― Virei buscá-la.
 ― Não. Você não vai, ― disse Trenton.
Colin se inclinou, também, mantendo a voz baixa quando ele falou.
 ― Eu só vou dizer isso mais uma vez. Este é assunto de família, Trent. Você precisa ficar fora disso.
A mandíbula de Trenton se contorceu sob sua pele.
 ― Cami é o meu assunto. E seus irmãos filhos da puta virem em seu trabalho tentando intimidá-la é definitivamente assunto meu.
Colin e Chase olharam para Trenton, ambos dando um passo para trás. Colin falou primeiro, como sempre fazia.
 ― Camille, venha aqui fora com a gente agora, ou eu vou quebrar este lugar enquanto eu chuto o traseiro de seu amigo.
 ― Eu não sou seu amigo. Eu sou o namorado dela, e eu vou derrubá-lo antes que você possa riscar a pintura.
Calvin apareceu no meu outro lado. Olhei para baixo e suas mãos estavam fechadas em punhos.
 ― Você acabou de dizer que ia quebrar minha loja?
 ― O que você vai fazer sobre isso? ― Chase cuspiu no chão.
 ― Chase, Jesus Cristo! ― Eu gritei. ― O que há de errado com você? ― Trenton me segurou, mesmo que eu não estivesse tentando tão duro assim ir a qualquer lugar.
Bishop e Hazel saíram de suas salas, curiosos sobre o barulho. Bishop ficou do outro lado de Calvin e Hazel na extremidade.
Hazel cruzou os braços.
 ― Eu posso não parecer grande coisa, mas quando um desses meninos grandes estiver segurando você e eu estiver arrancando seus olhos para fora, você vai entender por que eu estou aqui. Mas veja... Eu não quero arrancar seus olhos, porque você é da família de Cami. E nós não queremos magoá-la. Nunca. Porque ela é parte de nossa família, agora. E você não. Machuca. Família. Por isso, aprenda essa lição de nós, retirem essas carrancas de seus rostos de vagabundos ruivos, e vão para casa. Quando você se acalmar, Chase... ligue para sua irmã. E fale com ela agradavelmente. A menos que você não deseje manter seus olhos.
 ― Ou seus braços, ― acrescentou Trenton. ― Porque se você alguma vez falar com ela com nada menos do que um tom respeitoso de novo, vou arrancar essas merdas fora e bater em você com eles. Estamos entendidos?
Colin e Chase observavam o nosso grupo com olhos desconfiados, de Trenton a Hazel, e todos no meio. Eles estavam em menor número, e eu podia ver nos olhos de Colin que não ia dar conta de todos.
Chase olhou para mim.
 ― Eu te ligo mais tarde. Nós merecemos uma explicação porque nossa família está caindo aos pedaços.
Eu balancei a cabeça, e ambos viraram e saíram pelas portas duplas.
Quando o motor de Colin disparou, eu olhei para baixo, envergonhada.
 ― Eu sinto muito, Calvin.
 ― A loja está bem, garota. Nós estamos bem. ― Ele voltou para seu escritório, e Hazel se aproximou, deslizando seus braços entre os meus e pressionando seu rosto contra meu peito.
 ― Nós cuidamos de você, ― ela disse simplesmente. Eu mantive meus olhos no chão, mas quando ficou óbvio que Hazel não se afastaria, eu apertei-a com força.
Bishop nos observou por um momento.
 ― Obrigada, ― eu disse.
Bishop levantou uma sobrancelha.
 ― Eu não ia brigar. Eu estava aqui só para assistir. ― Ele voltou para sua sala, e eu ri.
Hazel me soltou e deu um passo para trás.
 ― Tudo certo. O show acabou. Voltem ao trabalho. ― Ela saiu para a sala dela.
Trenton me puxou para os seus braços, e tocou seus lábios nos meus cabelos.
 ― Eles vão se acostumar, eventualmente.
Eu olhei para ele, sem saber o que ele quis dizer.
 ― Eu nunca vou deixá-los intimidá-la novamente.
Eu pressionei meu rosto contra seu peito de novo.
 ― É tudo o que eles sabem, Trent. Eu não posso culpá-los.
 ― Por que não? Eles a culpam por tudo. E eles não são robôs. Eles são adultos, eles podem fazer escolhas diferentes. Eles optaram por ficar com o que sabem.
 ― Assim como você e seus irmãos? ― Eu não olhei para cima, e Trenton não respondeu de imediato.
Por fim, ele puxou uma respiração.
 ― Nós não reagimos às coisas, porque isso é tudo que sabemos. É exatamente o oposto. Nós não temos nenhuma porra de ideia do que estamos fazendo.
 ― Mas você tenta, ― eu disse, aninhando-me contra ele.
 ― Você tenta ser uma pessoa boa. Você trabalha para fazer melhor, ser melhor, mais paciente, e muito mais compreensivo. Mas só porque você pode chutar a bunda de alguém... não significa que você deve.
Trenton riu.
 ― Sim, significa. ― Eu tentei – e não muito duro – afastá-lo. Ele me segurou mais apertado.
 ― Eu vou fazer carne e arroz esta noite para você, ― eu disse.
Trenton fez uma careta.
 ― Eu amo sua comida, bonequinha, mas não posso continuar a comer o jantar às três da manhã.
Eu ri.
 ― Tudo bem, eu deixarei isso guardado para você. Há uma chave reserva sob a pedra que fica em frente ao pilar da minha porta. Eu vou deixar lá.
 ― Podemos deixar para outro dia? Prometi para Olive que eu a levaria para Chicken Joe’s.
Eu sorri, mas eu não estava feliz em perder um tempo com Olive.
 ― Espere. Você acabou de me dizer onde estava a chave reserva?
 ― Sim?
 ― Então eu posso usá-la a qualquer hora?
Dei de ombros.
 ― Sim.
Um pequeno sorriso apareceu em um canto da boca de Trenton, e depois se espalhou pelo seu rosto.
 ― Eu vou apostar no Travis na próxima. Tentar conseguir o dinheiro de volta que eu perdi pra Abby, e mais um pouco. Vou começar a procurar um lugar na próxima semana. Eu quero que você venha comigo.
 ― Ok, ― eu disse, sem saber por que ele tinha esse olhar tão sério em seu rosto. Eu já sabia que ele estava trabalhando para conseguir seu próprio lugar.
O sorriso de Trenton estava radiante.
 ― É a sua luta de fim de ano. Muito dinheiro. Eles provavelmente vão conseguir algum ex-lutador de MMA como eles conseguiram no ano passado.
 ― Quem eles conseguiram no ano passado?
 ― Kelly Heaton. Ele perdeu o campeonato há quatro anos. Travis bateu pra caralho nele. ― Trenton estava claramente apreciando a memória. ― Eu ganhei mil e quinhentos dólares. Se eu conseguir o mesmo este ano, estaremos prontos.
 ― Você vai estar pronto. Eu já tenho um lugar.
 ― Sim, bem, talvez, um dia desses, você decida ficar a noite e você nunca mais volte para casa.
 ― Não conte com isso. Eu adoro ter o meu espaço.
 ― Você pode ter o seu espaço. Você pode ter o que quiser.
Eu me levantei na ponta dos meus pés, envolvi meus braços em torno de seu pescoço, e beijei os lábios macios de Trenton.
 ― Eu já tenho o que eu quero.
Ele apertou-me com mais força.
 ― Vamos lá. Você sabe que você quer.
 ― Não, obrigada. Não tão cedo.
O rosto de Trenton caiu por apenas um segundo, e então ele piscou e pegou minhas chaves.
 ― Eu vou ligar o Jipe. Volto logo.
Ele deslizou seu casaco e correu para fora.
Hazel veio para frente e sacudiu a cabeça.
 ― Trenton te ama, kaibigan. Tipo profundamente pra sempre. Eu nunca o vi assim, fazendo estas merdas para as meninas. ― Ela estava falando quase suavemente cada palavra.
Virei-me para ela.
 ― Do que você acabou de me chamar?
Ela sorriu.
 ― Eu chamei você de ‘’amiga’’, cadela. Em Tagalo. Você tem um problema com isso?
Eu ri e empurrei-a, apenas forte o suficiente para mover seu pequeno corpo.
 ― Não. Eu tenho um problema com o fato de que eu estou quase sem cigarros, e eu não quero gastar dinheiro para outro maço.
 ― Então, fodidamente largue isso. É nojento, de qualquer maneira.
 ― Você não fuma? ― Eu perguntei. Todo mundo na loja fumava, então eu apenas assumi que ela fumasse também.
Hazel fez uma careta.
 ― Não. E eu nunca namoraria com você, com base apenas nisso. É nojento. Ninguém gosta de lamber um cinzeiro.
Eu coloquei um cigarro na minha boca. Trenton correu para dentro, tremendo.
 ― Temperatura está alta, baby! ― Ele tirou o cigarro da minha boca e me beijou, me inclinando um pouco para trás.
Quando ele me soltou, eu me virei para Hazel.
 ― Alguém gosta.
Hazel mostrou a língua para mim.
 ― Chegue cedo amanhã. Eu vou começar seus alargadores.
 ― Não. Você não vai.
 ― Sim, eu vou, ― ela cantou, caminhando para a sala dela.
 ― Você quer que eu te leve para o Red? Eu não quero seus irmãos cabeça de merda aparecendo em seu apartamento. E está desagradável lá fora.
 ― O Brazil está lá, e eu posso lidar com um pouco de neve. ― Havia um pouco de neve derretendo no chão, e o vento estava brutal, mas era melhor do que o gelo, e a nossa pequena cidade era boa em manter a maior parte das estradas limpas.
As bochechas e o nariz de Trenton estavam vermelho brilhante, e ele ainda estava tremendo.
 ― O Brazil não pode lidar com seus irmãos, ― disse ele, franzindo a testa.
Eu ri, e peguei meu casaco preto pesado e minha bolsa.
 ― Obrigado por ligar o jipe. Fique aqui onde está quente.
Ele me devolveu o meu cigarro, mas não antes de me dar um último beijo.
 ― O dia dos namorados é em uma semana.
 ― Sim. Em exatamente uma semana a partir de hoje. Portanto, é em um sábado. Bom para todos os outros, ruim para nós.
 ― Peça uma folga. Você trabalhou na Ação de Graças.
 ― Eu vou pensar sobre isso.
Trenton ficou na porta enquanto eu saía do estacionamento. Fui para casa sem nenhum problema. Eu fechei a porta atrás de mim, joguei as chaves em cima do balcão, e fui direto para o banheiro. Estar sob um chuveiro quente era glorioso, mas o segundo em que eu desliguei a água, eu podia ouvir o Brazil e Raegan discutindo. No tempo em que eu escovei meus dentes, me enrolei no meu roupão branco felpudo, e saí para o corredor, eles já tinham levado sua discussão para porta da frente. Brazil me viu, e suspirou.
 ― Eu vou, Ray. Eu lhes disse que estaria lá, e eu vou.
 ― Mas nós tínhamos planos. Não é legal você cancelar seus planos comigo para ir beber com os seus irmãos da fraternidade! Por que você não enxerga isso?
Brazil puxou seu boné para baixo sobre os olhos, fechou o casaco e saiu.
Raegan foi direto para o meu quarto e se sentou na minha cama. Sentei-me no chão na frente de um espelho de corpo inteiro, e abri o zíper da minha bolsa de maquiagem.
 ― Ele é um babaca! ― Disse ela, batendo no colchão com os punhos.
 ― Ele não está pronto para um relacionamento. Ele quer os benefícios de uma namorada sem compromisso.
Ela balançou a cabeça.
 ― Então, ele deveria simplesmente virar um Travis Madox e foder tudo que tenha uma vagina até ele encontrar a pessoa certa, em vez de tentar tão duro fazer as coisas funcionarem comigo.
Eu levantei uma sobrancelha.
 ― Ele não quer que você seja feliz com mais ninguém.
A expressão irritada de Raegan virou triste.
 ― Kody me ligou hoje. Ele está preocupado com as estradas e quer me levar para o trabalho. Nós tínhamos nossas brigas estúpidas, mas eu sinto falta dele.
Eu pintei meus olhos e lábios, e então liguei meu secador de cabelo.
 ― O que você está esperando, Ray? ― Eu disse em voz alta, acima do ruído.
Ela não respondeu, em vez disso, ela apenas me olhou secar todo o meu cabelo. Quando eu terminei, ela encolheu os ombros.
 ― O Brazil terminou comigo bem nessa época ano passado, antes da festa dos casais. Eu comprei um vestido, eu disse a todos que ele me pediu. Eu vou para aquela festa do caralho.
Eu olhei para o espelho, olhando para o seu reflexo em descrença.
 ― Você está brincando comigo? Você está aturando todo esse absurdo com esse garoto de fraternidade para ir a uma festa?
 ― Eu comprei um vestido! ― ela disse. ― Você não entenderia.
 ― Você está certa. Eu não entenderia.
A campainha tocou, eu e Raegan olhamos uma para a outra.
 ― Talvez seja o Brazil, ― disse ela.
 ― Colin e Chase foram à Skin Deep hoje. Quase entraram em uma briga com Trenton... e todos os outros.
 ― Merda, você acha que são eles, ― ela perguntou.
Levantei-me, me arrastei até a porta e olhei pelo olho mágico. Revirei os olhos e puxei a corrente, abrindo a porta. Kody estava ali, embrulhado em um casaco de lã, cachecol, luvas e boné.
 ― O que você está fazendo aqui? ― Perguntou Reagan, entrando na sala.
 ― Está ficando pior, Ray. Eu não acho que é uma boa ideia você dirigir. Nenhuma de vocês.
Ela olhou para baixo.
 ― Eu não estou pronta para o trabalho, ainda.
Kody caiu sobre a namoradeira.
 ― Vou esperar. Vou deixar a caminhonete ligada, para estar quente quando você entrar.
Raegan reprimiu um sorriso, e então ela correu para seu quarto e fechou a porta.
 ― Eu cheguei em casa a menos de vinte minutos. Não está tão ruim assim, ― eu disse com um sorriso.
 ― Ssh, ― disse Kody. ― Ela não precisa saber disso.
 ― Tudo bem, ― eu disse, andando de volta para o meu quarto.

Comentários

  1. Essa Reagan é muito besta, o Kody louco por ela e ela atrás do Brazil, que não está nem ai pra ela

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Nada de spoilers! :)

Postagens mais visitadas deste blog

Trono de Vidro

Os Instrumentos Mortais

Trono de Vidro