Capítulo 23 - Nada a Perder
Eu não sei quanto tempo
eu fiquei no chão, contemplando a mudança drástica que minha vida tinha tomado.
Antes desta turnê começar, eu estava tão certa de que Kellan e eu éramos almas
gêmeas, destinados a ficar juntos para sempre. Enquanto eu tinha medo de que
ele finalmente acordasse e percebesse que ele poderia ter algo muito melhor do
que eu, eu também me agarrei à crença de que ele nunca se desviaria, porque eu
era a primeira pessoa que ele tinha deixado entrar em seu coração. Eu
acreditava que isso tinha nos selado, nos cimentado. Mas talvez, tudo o que
tinha feito foi marcar seu corpo. Talvez o meu nome tatuado em seu peito fosse
suficiente, uma representação simbólica de como eu o abri, o libertei para amar
a si mesmo... e outros.
E agora, agora que
tínhamos terminado, eu tinha certeza que ele iria amar novamente. Eu tinha
certeza que ele ia voltar para a estrada, transar com groupies até que ele
superasse seu coração partido, e então ele encontraria alguém. Ela seria doce,
talvez tímida, e ela teria fé completa nele. Devido a sua relação não ter
começado como a nossa.
Nós começamos com uma traição. Nós dois vimo-nos mentindo para uma
pessoa que amávamos. Nós dois assistimos um ao outro dormir com outras pessoas,
o tempo todo estando apaixonados um pelo outro. Perdidamente apaixonados.
Assistindo esse tipo de traição, sendo parte dela... isso azedava você.
Nós dois sabíamos o que
éramos capazes de fazer. Talvez nós mesmos nos condenássemos desde o início.
Talvez eu tivesse feito isso. Quando Denny voltou de Tucson, eu deveria ter
dito a ele o que tinha acontecido enquanto ele estava fora. Isso teria feito
nós terminarmos, mas já tinha acabado. Teria sido uma ruptura, uma ruptura honesta.
Talvez, então, Kellan e eu teríamos tido uma chance.
Olhando para o teto do
quarto, - dormir seria impossível, - eu segurava meu celular, à espera de que
Kellan me ligasse e dissesse que ele não quis dizer aquilo, que ele não tinha
terminado comigo. Ele não ligou embora, e eu sabia que ele iria em breve se
reunir com a sua banda na turnê... e eu nunca iria vê-lo novamente.
Mordendo meu lábio, eu
debati se deveria quebrar e chamá-lo. O que eu diria? O que eu poderia dizer?
Eu só podia defender minha inocência, mas Kellan parecia não acreditar em mim.
Ele tinha, por um breve momento, mas depois... Qualquer que fosse a fé que ele
tinha em mim, se foi agora. E eu realmente não tinha certeza do porquê.
Passando minhas mãos para
trás pelo meu cabelo, pensei em chamar Anna pedindo-lhe para voltar para casa.
Ela estava hospedada na casa de um amigo, finalmente, sentindo-se feliz o
suficiente para reunir seu círculo social. Eu realmente não queria arrastá-la
de volta para baixo com a minha depressão. Talvez eu pudesse chamar Jenny?
Assim enquanto eu estava
pensando em digitar seu número, o meu telefone tocou, me dizendo que eu tinha
acabado de receber uma mensagem de texto. Na esperança de que Kellan estivesse
falando comigo, eu olhei a tela.
Eu suspirei. Era de Denny, não Kellan. Mordendo meu lábio, abri a
mensagem. Apenas verificando você... tudo bem?
Não tendo certeza se
alguma coisa estaria bem novamente, eu mandei uma mensagem de volta: Não...
Kellan terminou comigo.
Pelo menos, eu acho que
isso é o que eu escrevi. Eu não conseguia ver além das lágrimas para ter
certeza. Pela resposta de Denny, deve ter sido.
Eu estarei aí em cinco
minutos.
Eu queria contestar, lhe
dizer que ele não tinha que desistir de uma noite de sono por mim, já que ele
tinha que ir para o trabalho em poucas horas. Mas eu não respondi, porque eu
realmente não queria estar sozinha.
Fungando no meu
travesseiro, eu esperei o buraco no meu coração parar de me esfaquear com a
dor. Eu esperei não me sentir como se a minha vida tivesse acabado. Isso é tudo
o que eu sentia, embora... Que tudo tinha acabado. Toda felicidade que eu tive
na minha vida, que eu já tivera. Toda a alegria que eu já havia sentido. Pensei
em todas as vezes que Kellan e eu estivemos juntos. Se eu soubesse que iria
acabar tão abruptamente, talvez eu tivesse valorizado cada momento um pouco
mais.
Mas então eu percebi...
Eu tinha. Eu sempre cataloguei cada segundo com ele. Memorizando todas as suas
características, cada palavra que ele disse, cada lugar que ele tinha tocado.
Eu sabia. Alguma parte insegura de mim sabia que não duraríamos... então eu
saboreei-o. Meus soluços começaram a aumentar.
A porta do meu quarto
abriu um pouco mais tarde e um suspiro suave encontrou a minha orelha. Sentei-me
no cotovelo enquanto Denny estava no meu batente da porta. Na minha aflição, eu
não devia ter trancado a porta da frente depois de Kellan partir. Então,
novamente, mesmo que eu estivesse pensando em linha reta, eu não acho que eu
poderia ter trancado a porta. Eu nunca poderia fechar Kellan assim.
Denny parecia cansado
quando ele me viu, seus olhos escuros simpáticos. Sorrindo suavemente, ele se
sentou na beira da minha cama, a cama que Kellan e
eu tínhamos feito amor, não muito tempo atrás. — Eu sinto muito,
Kiera... eu realmente sinto.
Eu balancei a cabeça e
joguei meus braços em torno de Denny. Ele suspirou em meu cabelo enquanto
esfregava minhas costas. Enquanto eu segurava ele apertado, eu esperei
sentir... alguma coisa... por ele. Eu não senti, no entanto. Mesmo na minha
tristeza, mesmo sabendo que Kellan e eu tínhamos terminado, eu não sentia nada
por ele, além de um desejo irresistível por sua amizade.
Aliviada por me sentir
assim, eu apertei com mais força. — Ele se foi, Denny. Ele disse que estava
terminado. Ele disse adeus... e ele quis dizer isso.
Denny suspirou novamente,
retornando o meu abraço forte. — Isso é por minha causa... ou por causa do que
Kellan está escondendo de você?
Eu pisquei e me puxei
para trás para olhar para ele. Denny deu de ombros. — Talvez ele se sentisse
culpado pelo que ele fez. Talvez ele quisesse uma desculpa... e você deu uma?
Eu funguei e limpei meu
rosto no cobertor. — Eu não sei... ele não fala comigo. — Raiva penetrou-me com
o pensamento de que talvez toda essa briga tinha sido mais sobre a culpa de
Kellan sobre sua prostituta, e não sobre ele encontrar Denny e eu juntos.
Apertando minha
mandíbula, eu cuspi: — Ele me disse que ele acreditou em mim sobre você e eu
apenas sermos amigos. Então, ele fez sexo comigo. E depois ele me deixou! Quem
faz isso?
Eu corei sobre a
explicação do que tinha acontecido com Kellan tão cruamente para Denny, mas ele
apenas suspirou e balançou a cabeça. — Eu não sei, Kiera... sinto muito.
Quando os olhos de Denny
brilharam sobre o meu rosto, preocupados, eu vi a mesma amizade que eu sentia
por ele refletida de volta para mim. Isso é tudo o que havia entre a gente do
seu lado também. Abby tinha o seu coração, e ela provavelmente nunca faria com
ele o que Kellan tinha acabado de fazer comigo. E por que ele fez isso? Se
Kellan não confia em mim, se ele não acredita em mim,
por que ele apenas não terminou comigo? Por que fazer sexo comigo
em primeiro lugar? Uma brincadeira final? Deus... me irritou.
Empurrando Denny para
trás, eu amassei minhas sobrancelhas. — Você pode me fazer um grande favor?
Ele acenou com a cabeça,
com uma expressão confusa, mas ansioso para ajudar. — Sim, claro, qualquer
coisa.
Desfazendo-me dos meus
cobertores, disse: — Eu preciso de uma carona, e Anna está com o carro.
Denny timidamente
levantou, me olhando com cautela enquanto eu jogava um casaco sobre a camisola
de alças do meu pijama. — Uma carona para onde Kiera? — O sotaque dele deslizou
sobre o meu nome quando sua pergunta saiu devagar e com cautela.
Deslizando meus pés em
algum sapato, eu girei meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo. — Uma carona até
Kellan.
Denny suspirou,
aparentemente temendo que fosse onde eu queria ir. — Kiera, talvez você deva
deixar isso ir...?
Endireitando-me, eu olhei
para ele. — Eu não posso... deixá-lo ir, Denny. Eu o amo, e se ele vai me
deixar, eu vou saber o porquê. Eu vou descobrir a verdade. — Agarrando o braço
de Denny, eu comecei a puxá-lo para fora da porta. — Mesmo se eu tiver que
arrancar dele... — eu murmurei.
Denny suspirou novamente.
Ele ficou em silêncio no
caminho até Kellan, provavelmente querendo saber como fazer-me desistir da
conversa que eu estava prestes a ter. Eu esperava que eu tivesse força para
tê-la, mas realmente, eu não tinha nada a perder. Kellan e eu tínhamos
terminado, o que ele poderia dizer-me agora que iria doer mais do que isso?
Eu só esperava que ele
estivesse em casa. Ele poderia ter ido direto para o aeroporto, tentando pegar
um voo de volta imediatamente para... onde quer que
sua banda estivesse. Eu só rezava para que ele precisasse de um
minuto para se recompor. Esperava que o fim do nosso relacionamento fosse o
suficiente para fazê-lo precisar de um momento a sós.
Quando vi o carro
estacionado quando chegamos, eu exalei de alivio. Ele estava aqui. Pelo menos
ele ainda estava aqui. Então, meus nervos aumentaram. Ele estava aqui... e nós
teríamos que ter a conversa que tinha evitado ter por tanto tempo. Isso apertou
minha barriga e eu imediatamente queria ir para casa. Em vez disso, eu abri
minha porta.
Denny abriu a sua também
e fiz uma pausa, sacudindo a cabeça. — Não, só vai piorar a situação, se você
entrar. — Suspirando, eu disse: — Obrigada por ter feito isso... mas você pode
ir para casa agora.
Suas sobrancelhas escuras
juntaram enquanto ele olhou para minha cara. — Kiera, eu não acho que...
Eu coloquei minha mão em
seu braço. — Eu vou ficar bem, Denny, e você já fez o suficiente. Mais do que o
suficiente. — Sorrindo, inclinei a cabeça para ele. — Vá para casa, dormir um
pouco quando você puder... — Sorrindo mais amplo, acrescentei: — Ou vá ligar
para Abby e dizer-lhe como você é grato por tê-la. Eu sei que ela adoraria
ouvi-lo. — Eu ri, sentindo nenhum humor em mim.
Denny sorriu e olhou para
baixo. — Sim, talvez eu vá fazer isso. — Espreitando de volta para mim, seus
olhos se estreitaram. — Você me liga, no entanto... quando isso acabar. — Ele
ergueu a sobrancelha e esperou até que eu respondi.
Eu suspirei, uma tristeza
passando sobre mim. — É... eu vou. — Inclinando-me, eu beijei sua bochecha. —
Obrigada, amigo.
Ele sorriu enquanto abria
a porta de seu carro esportivo. — Sempre... companheira.
Eu sorri para o apelido
que ele nunca, nunca usou em mim, então me levantei e esperei na frente do
carro. Acenei quando ele recuou, e calmamente agradeci novamente. Eu não podia
ver a sua resposta através do vidro, mas eu
tinha certeza que ele estava balançando a cabeça para mim, me
desejando sorte, mas pensando que eu era louca por vir aqui.
Virando para a casa de Kellan,
eu comecei a concordar com ele. Talvez eu estivesse louca por vir para cá,
especialmente já que Kellan tinha sido muito claro sobre o fato de que as
coisas entre nós não existiam mais, mas eu tinha que saber. Ele sabia o que eu
tinha escondido... eu tinha que saber o que ele estava me escondendo.
Exalando trêmula, eu
pisei até a porta da frente. Não querendo usar a minha chave, uma vez que
tecnicamente eu não deveria mais, eu calmamente bati nela. Eu não esperava que
ele me ouvisse, então eu estava me preparando para bater ainda mais forte
quando a porta se abriu.
Os olhos frios de Kellan
olharam para mim através da fresta, então ele os revirou e fechou a porta na
minha cara. Não esperando isso, eu pisquei e olhei para a madeira pesada na
minha visão. Será que ele realmente bateu a porta na minha cara?
Irritação batendo de
volta os meus nervos, eu abri a porta. Surpreendentemente, ela estava
desbloqueada. As costas de Kellan foram a primeira coisa que notei - costas se
afastando de mim novamente. Depois de entrar, eu bati a porta atrás de mim. Ele
se encolheu e virou para olhar para mim.
Suspirando, ele passou a
mão pelo cabelo desgrenhado. — Eu não estou fazendo isso, Kiera. Eu não estou
tendo essa conversa de novo... nós terminamos.
Ele virou-se de novo e eu
agarrei o braço dele. — Não, nós não terminamos, Kellan! Não até que você me
diga a verdade.
Ele virou o rosto para
mim, seus olhos escuros com fúria. — Você em primeiro lugar!
Eu suspirei, soltando o
braço. Jogando minhas mãos no ar, eu gaguejei, — Eu fiz! Eu lhe disse a verdade
sobre o Denny. Nada aconteceu! Droga, por que
você não acredita mais? Ou você realmente acreditou em mim? Isso
foi uma mentira só para ter sexo comigo uma última vez?
Seu rosto empalideceu
quando seu queixo caiu. — Você acha que eu sabia que ia terminar com você antes
de fazer sexo com você? Você acha que eu ia mesmo te tocar, se eu soubesse o
que sei agora!? — Seus olhos brilharam pelo meu corpo de novo e eu corei,
furiosa.
— E o que diabos você
acha que sabe!?
Com seu rosto enojado,
ele se afastou de mim. — Você ainda não pode ser honesta, não é? — Apertando
sua mandíbula, ele ergueu o queixo desafiadoramente. — Eu vi, Kiera. Eu vi os
testes... os testes positivos. — Seu rosto escureceu e ele deu um passo em minha
direção. — Você os empurrou na minha gaveta, com minhas roupas, só para eu
encontrá-los! Você realmente acha que eu ia ficar por aqui, uma vez que eu os
visse?
Meu queixo caiu e eu dei
um passo para trás. — O que você está falando?
Meus nervos formigavam
quando comecei a juntar sobre o que ele estava tão irritado. Isso não me deixou
confusa por muito tempo, no entanto. Suas mãos arremessando para o meu corpo,
ele gritou: — Eu sei que você está fodidamente grávida, Kiera, então pare de
agir como se fosse inocente!
Eu fiquei sem palavras
enquanto olhava para ele. Eu poderia lembrar claramente de Anna, em sua fase de
negação, empurrando um saco de papel cheio de testes de gravidez positivos em
minha gaveta... a gaveta de Kellan. Ele deve ter querido colocar algumas roupas
limpas depois da nossa brincadeira. Ele deve ter aberto a gaveta e viu... e
assumiu que eram meus.
E é claro que ele iria
assumir isso. Por que não iria? Eles estavam no meu quarto, na gaveta que eu
reservava para ele. Deus, será que ele realmente achava que eu nunca diria a
ele algo tão grave assim? Como ele poderia pensar que eu iria?
Eu balancei minha cabeça
e seus olhos afiaram perigosamente. — Não adianta tentar negá-lo agora. Agora
não, agora que você sabe que eu sei. Admita
Kiera. Admita a verdade... pelo menos uma vez em sua vida. — Seu
rosto suavizou e eu vi a tristeza em seus olhos. Ele pensou que eu estava
grávida. Ele pensou que Denny me engravidou enquanto ele estava fora...
Eu balancei minha cabeça
novamente, dando um passo para ele. — Kellan, não, Denny e eu não…
Ele me cortou, me
empurrando de volta de onde eu tinha tentado tocá-lo. — Não, Kiera. Não me dê
outra meia-verdade. Mentiu sobre Denny estar aqui! — Eu balancei a cabeça e
acrescentou: — Não, Kiera, uma mentira por omissão ainda é uma mentira! — Ele
se inclinou para mim, — Você deve saber disso melhor do que ninguém, — ele
sussurrou.
Eu corei e engoli em
seco, querendo assegurar-lhe que eu não estava grávida, mas sabendo que neste
momento ele não iria acreditar em qualquer coisa que eu dissesse. Sem ter ideia
do que dizer, encontrei-me sussurrando: — Eu só estive com você...
Ele curvou os lábios em
um sorriso de escárnio. — Até hoje, não tínhamos tido relações sexuais desde
dezembro, — seus olhos pousaram na minha barriga — e eu intimamente sei que
você não está mostrando ainda, então você não está de quatro ou cinco meses. —
Seus olhos cheios de ódio brilharam para os meus. — Eu não sou estúpido,
Kiera... Eu sei que o garoto não é meu.
Engoli seco e tentei
dizer a ele que eu não estava grávida, mas ele não me deixou falar. Trazendo
seu rosto diretamente no meu, ele ferveu, — Se você ainda está tentando negar
que você dormiu com Denny, então vá em frente, Kiera... diga-me a única coisa
que você pode. Diga-me que foi estuprada. — Seus olhos brilhavam com raiva
neles poderosa o suficiente para fazer meus joelhos começarem a tremer. — Eu te
desafio, — Acrescentou.
Meu queixo caiu para onde
ele tinha levado a conversa. A raiva passou por mim e minha mão saiu para bater
nele. Eu estava a centímetros do seu rosto quando parei minha mão. Eu não podia
culpá-lo por dizer para mim o que ele pensava. Era sua história vinda para me
morder na bunda. Sua mãe tinha feito isso a seu pai, e seu pai tinha odiado
Kellan por isso, desde o útero.
Kellan nem sequer pestanejou do meu quase-ataque. Ele só continuou
me olhando. Deixei minha mão cair e Kellan sorriu para mim. Balançando a
cabeça, ele calmamente disse: — Você pode sair agora.
Com meus olhos
lacrimejando, eu sussurrei, — Você está tão errado...
Afastando-se de mim, ele
começou a caminhar para a sala. — Estou? — ele jogou por cima do ombro.
Fechando minhas mãos em
punhos, comecei a segui-lo. — Sim, você está completamente errado nessa
história. Eu não dormi com Denny, eu não dormi com ninguém. Não sou eu que
estou…
Seu casaco, pendurado em
um gancho perto de mim, tocou, sinalizando uma nova mensagem de texto.
Lembrando porque eu realmente vim aqui, para obter a verdade dele, o hipócrita,
eu fiz um caminho mais curto para seu casaco. Seus olhos se arregalaram quando
ele percebeu que eu estava fazendo. — Kiera, não!
Ele movimentou-se rápido
para mim, mas eu estava muito mais perto. Eu tinha o telefone e a mensagem
exibida antes que ele chegasse perto de mim. Balançando a cabeça, eu li a
mensagem em voz alta para ele. Ligue para mim. Eu preciso te ver. Minha
voz tremia na minha própria raiva súbita.
O rosto de Kellan estava
pálido quando ele olhou para o telefone e meus olhos, parecendo que ele estava
com medo sobre o que eu poderia fazer. Sacudindo a mão, estendeu-a para mim. —
Por favor, dê-me de volta, Kiera.
Agarrando-o com mais
força, meu corpo tremia enquanto o seu segredo começou a borbulhar para a
superfície, eu balancei minha cabeça. — Não, acho que vou responder a vadia. —
Eu comecei a escrever uma mensagem, mas Kellan... surtou.
Correndo para o meu lado,
pegou o telefone e empurrou meu ombro. Ele me empurrou para os ganchos e um
flash de dor passou por mim quando eu raspei contra um. Eu estremeci e
esfreguei meu braço. Os olhos de Kellan suavizaram com desculpas, mas ele
apertou o telefone aliviado.
Balançando a cabeça, com lágrimas nos meus olhos, eu bati, — Quem
é o mentiroso agora, Kellan!
Ele balançou a cabeça,
com o rosto ainda pálido. — Isso é diferente. Isso não é sobre você e eu.
Eu coloquei minhas mãos
em meus quadris, confusa. — Então, me diga a verdade. O que você está
escondendo?
Seus olhos passaram pelo
meu corpo, endurecendo novamente. — Isso não lhe diz respeito, e eu não tenho
que lhe dizer mais nada.
Teimosas lágrimas de
raiva vazaram pelo meu rosto e eu joguei minhas mãos no ar. — Tudo bem,
mantenha seus fodidos segredos, Kellan. — Ele piscou para o meu raramente usado
xingamento, então apertou sua mandíbula.
Sabendo que nada de bom
iria acontecer se eu ficasse, eu virei para a porta da frente. Ele não fez nada
para me impedir de abri-la. Com o ar refrescante da noite na minha cara, fiz
uma pausa enquanto olhava para a noite vazia. Sentindo-me vazia por dentro, eu
joguei por cima do meu ombro, — E só para que você saiba, eu não estou grávida,
idiota... Anna está. Griffin engravidou-a em Boise e ela está surtando sobre
isso.
Com essas palavras, eu
pisei fora, fechando a porta atrás de mim.
Eu estava no meio da rua,
sem ter ideia de para onde estava indo, já que eu não tinha vontade de ir a
qualquer lugar, quando Kellan abriu a porta da frente. — Kiera, espere! — Ele
gritou para eu parar, mas eu não fiz. Estava acabado. Eu não tinha que ouvir
mais nada dele... e eu estava muito puta.
Eu estava do outro lado
da rua quando ele finalmente me alcançou. Respirando mais pesado, ele puxou meu
braço para me fazer parar. Um ligeiro vento soprava em torno das minhas pernas,
mas eu quase não senti o frio. Eu tinha adrenalina demais em mim.
Seu rosto lindo parecia
como se eu tivesse acabado de lhe dizer que porcos começaram a voar, - ele me
olhou boquiaberto. — Anna? Anna está grávida?
Eu puxei meu braço para longe dele, levantando meu queixo. — Sim.
— Minha resposta foi fria.
Ele se encolheu no meu
tom, em seguida, tentou ternamente colocar a mão no meu braço. Eu me afastei,
não o deixando me tocar. — Por que você não me contou? — Ele sussurrou.
Eu suspirei, sentindo o
puxão de amor em minha alma quando seus olhos tristes jogaram na minha cara.
Queria perdoar-lhe tudo, mas eu não podia. Eu não confiava nele. — Anna me fez
prometer que não iria dizer nada. — Suspendendo a minha cabeça, acrescentei: —
Ela não tem certeza se ela vai... mantê-lo.
O corpo de Kellan
endireitou na minha visão. Olhei para o rosto dele, o vento leve despenteando
seu cabelo. Seus olhos eram cautelosos. — Ela não vai... ela não vai...
Ele engoliu em seco, não
terminando a pergunta. Eu balancei minha cabeça, o entendendo. — Não, ela está
continuando com a gravidez, ela apenas não tem certeza... sobre adoção. — Eu
suspirei de novo, esperando que minha irmã não fosse por esse caminho. Mesmo
sendo meio-Griffin, eu queria conhecer o meu sobrinho ou sobrinha. Não era
minha escolha, embora, e eu apoiaria, não importa o que ela decidisse.
Kellan deixou escapar um
suspiro. — Oh, bem, eu odiaria que...
Ele parou e mordeu o
lábio. Eu vi seus olhos contemplativos. Kellan poderia ter sido um bebê
abortado, sua mãe tinha razão suficiente. Eu supunha que ele tivesse um forte
sentimento sobre o assunto, uma vez que ele poderia facilmente nunca ter
nascido. Eu me perguntei como ele se sentia sobre a adoção, já que poderia ter
sido uma infância mais fácil para ele. Então eu endureci meu coração novamente.
Não importava o que ele pensava... não mais.
Assim enquanto Kellan
revirava os olhos e murmurava: — Maldito Griffin... eu vou matá-lo... — Eu
virei para continuar a descida da rua para lugar nenhum.
Kellan não me deixou ir cinco passos antes de pegar no meu braço
novamente. — Espere... por favor. — Eu relutantemente olhei para ele e ele deu
de ombros. — Me perdoa, Kiera... por favor, não vá embora.
Com dor e raiva ardendo
em meus olhos, tirei sua mão da minha. — Você basicamente me chamou de
vagabunda e disse que nunca mais queria me ver de novo. Por que não devo ir
embora?
Pendurando sua cabeça,
ele deu de ombros. — Eu não sei. — Ele espiou para mim. — Eu pensei... vendo
Denny aqui... e depois... esses testes... — Ele engoliu em seco e fechou os
olhos. — Eu só pensei... eu pensei que o que aconteceu com o meu pai estava
acontecendo comigo. Pensei que você tinha o bebê de outro homem em você. Eu só
estava... puto. Eu nunca me senti tão mal... — Ele abriu os olhos e inclinou a
cabeça. — Eu sinto muito que não acreditei em você.
Eu assenti, entendendo
como ele tinha chegado àquela conclusão. O rosto dele relaxou a me ver
reconhecer seu pedido de desculpas. Ele começou a envolver seus braços em volta
de mim e eu endureci, empurrando-o de volta. Ele franziu as sobrancelhas e eu
levantei a minha mão, mostrando-lhe o anel circundando o meu dedo. — Eu mantive
minha promessa... Eu fui fiel. — Eu Indiquei meu polegar de volta para a casa,
onde o seu telefone estava enfiado. — Você foi?
Seus olhos pareceram
voltar para a casa e ele mordeu o lábio. Virando para mim, seus olhos fixaram
no metal em volta do meu dedo, em seguida, até o anel correspondente em sua
mão. — Kiera... não é o que você pensa.
Peguei seu rosto,
forçando-o a olhar para mim. — Eu não sei o que pensar, porque você não fala
comigo. O que significa aquela mensagem? — Eu sussurrei.
Seu rosto estava fresco
na brisa da noite, mas parecia ainda mais frio, enquanto olhava para mim com
medo em seus olhos. — Eu não posso... Eu não acho que eu posso...
Ele gaguejou procurando
mais o que dizer e eu balancei a cabeça, irritada. — Você tem que me dizer
agora, Kellan, porque isso está nos destruindo. — Eu
apontei na estrada, ao sinal da esquina que indicava o fim da sua
rua. — Diga-me agora... ou eu continuarei andando, e nós realmente acabaremos
com isso.
Ele balançou a cabeça,
com lágrimas nos olhos. — Por favor, não me deixe.
Mesmo que seu rosto me
fizesse querer ceder, mesmo que eu não quisesse nada mais do que jogar meus
braços em torno dele, beijá-lo, pedir-lhe para me levar lá em cima e fazer amor
comigo novamente, mas devagar dessa vez, eu me forcei a manter firme em meu
ultimato. Era agora ou nunca.
Eu levantei minhas
sobrancelhas, esperando. Ele engoliu em seco, em seguida, esfregou os olhos. —
Ugh, porra... — ele murmurou. Fechando os olhos, ele tomou algumas respirações
profundas. Quando os abriu novamente, ele parecia... resignado. — Ok, eu vou te
dizer. — Ele olhou a rua vazia. — Mas não aqui, tudo bem... vamos voltar para
dentro...
Eu exalei um suspiro,
resignada também. Seja o que fosse que havia entre nós, finalmente, iria ser
colocado para fora em aberto... e eu não estava totalmente empolgada com isso.
Kellan pegou minha mão e me levou de volta para sua casa. Ele manteve a cabeça
baixa durante todo o caminho e eu assisti um arrepio passar por ele. Achei que
não era da brisa leve também.
De volta para dentro, ele
indicou seu sofá enquanto ele fechou a porta suavemente. Foi a primeira vez em
muito tempo que a porta tinha sido fechada em silêncio ao nosso redor. Quando
me sentei, ele começou a andar na minha frente. Isso disparou os meus nervos e
eu queria que ele se sentasse. Ele parecia precisar do movimento, no entanto,
então eu não disse nada.
Andando para frente e
para trás, limpou as mãos na calça, - ele estava nervoso. Era estranho ver ele
assim, muito raramente ficava nervoso. Olhando para mim, a cada passo na sua
frente e para trás, ele ainda não dizia nada. Pensando que ele não seria capaz
disso, eu tentei iniciar a conversa. — Quem era ao telefone?
Ele parou e levou os
dedos até a ponte de seu nariz. — Ugh, eu não posso... começar por aí, Kiera.
Mordi o lábio, assentindo e esperando por ele para começar de onde
ele podia. Suspirando, ele parou de se mexer e ficou na minha frente. Passando
a mão pelo seu rosto, sua expressão tão desgastada que eu pensei que ele
poderia cair a qualquer momento, ele balançou a cabeça. — Em dezembro, uma
garota veio até mim nos bastidores.
Eu senti meu estômago
apertar enquanto fazia uma pausa. Então era sobre uma menina? Eu gostaria de
poder dizer que fiquei chocada... mas eu não estava. Vendo minha expressão,
Kellan caiu um pouco. — Ela me disse...
Quando Kellan parou para
engolir, uma súbita explosão de visão me atingiu. Era tão óbvio. Eu não sei por
que eu não tinha pensado nisso antes. Medo e tristeza encheram-me quando eu
entendi. — Ela disse que você tem um filho... certo? Em algum momento em sua
vida, você não estava seguro... e agora, lá fora em algum lugar, você tem uma
criança.
Lágrimas encheram meus
olhos quando a minha visão de um futuro com Kellan irrevogavelmente mudou. Ele
nunca iria excluir uma criança e eu teria que compartilhar uma parte dele com
outra mulher... para sempre. A tristeza de que eu não seria a única a ter o seu
primogênito quase me esmagou, e uma lágrima solitária oprimida rolou pelo meu
rosto.
Vendo-a, ele se agachou
na minha frente. Cobrindo meu rosto, ele balançou a cabeça. — Não, Kiera... não
é nada disso. — Suspirando, ele descansou a cabeça contra a minha. — Não há uma
versão em miniatura de mim lá fora, em qualquer lugar, Kiera... ok?
Passando meus dedos em
meus olhos, franzi as sobrancelhas, ainda mais perdida do que antes. — Então o
que é isso, Kellan? Porque eu realmente não entendo.
Ele sentou-se sobre os
calcanhares, sua cabeça para baixo. — Eu sei que você não entende. E eu sei que
parece que eu estou escondendo um caso... — Olhando para mim, ele encolheu os
ombros. — Você realmente não vê, sabendo o que você sabe sobre mim, o que podia
me fazer... mentir para você?
Dor brilhou através de mim que ele admitisse abertamente que
mentiu. Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu balancei minha cabeça. Ele
exalou, parecendo um pouco derrotado que ele tivesse que me dizer, que eu não
poderia adivinhar o que ele queria que dizer com isso. Fechando os olhos, ele
sussurrou: — Ela me disse que queria que eu conhecesse... o pai dela.
Quando abri os olhos,
eles estavam úmidos. Eu pisquei surpresa. — Pai? Isso é... estranho.
Kellan sorriu
tristemente, balançando a cabeça. — Sim, bem, ela parece pensar que... ele
poderia ser meu pai, também.
Ele disse tão baixinho
que me levou um momento para registrar as palavras. Quando eu fiz, meu queixo
caiu. — Seu pai também? Então ela é sua...? — Eu pisquei, minha mente ainda
processando. — Espere, seu pai? Seu pai biológico? Ele é? Ela é... a sua irmã?
— Sim, ela me mostrou uma
foto antiga dele e ainda que a semelhança não tivesse sido dolorosamente
óbvia... Eu já tinha visto a mesma imagem antes. Minha mãe mostrou-me uma
vez... — Kellan respirou, seus olhos cheios de lágrimas enquanto segurava meu
olhar. — E eu não posso, Kiera, eu não posso vê-lo... Eu não posso fazer isso.
Eu estava tão chocada que
não tinha nada a dizer. Olhei para ele em choque completo. Todos os cenários
que eu já tinha sonhado sobre o segredo de Kellan giravam em torno dele manter
a verdade de mim por causa de culpa, por causa de uma garota. Eu nunca imaginei
que ele estava escondendo coisas de mim por dor, porque ele não conseguia lidar
com a situação.
Eu não poderia imaginar
nada mais de mudança de vida para Kellan agora que o contato com o homem que
deu origem a ele. Gerou-o, em seguida, abandonou-o. Ele deixou-o a um destino
que nenhuma criança deveria ter que passar. Eu não podia nem mesmo imaginar o
que Kellan estava sentindo agora, confuso, machucado? Ou talvez ele não
estivesse sentindo nada ainda. Talvez ele estivesse sofrendo de um caso de
negação que rivalizava com a minha irmã.
Querendo saber se era por isso que ele não me disse desde o
começo, inclinei-me e segurei seu rosto. Seus olhos brilharam para os meus,
como se fosse um animal ferido em uma armadilha que ele queria desesperadamente
fugir. — Por que você nunca me disse nada?
Ele imediatamente começou
a sacudir a cabeça. — Eu conheço você. Você gostaria que eu encontrasse com
ele. Você ia querer que eu tivesse alguma ligação... algum momento de família
com ele... e eu... eu não posso, Kiera.
Suspirando, eu acariciei
seu rosto com o polegar. — Ele é a sua família, Kellan...
Kellan ficou em pé. —
Não, não, ele não é nada para mim! — Passando as mãos pelo cabelo, ele começou
a olhar ao redor de sua casa, a casa dos seus pais. — Ele me deixou. Ele me
abandonou. Ele me deixou crescendo com... aquelas... pessoas. — Seu
corpo começou a tremer, sua mandíbula apertando. — Ele não queria nada
comigo... então eu quero ter nada a ver com ele...
Sua voz falhou na sua ira
e eu fiquei parada. Indo até o seu corpo tremendo, eu passei a mão em seu
peito, a sua mandíbula. Os músculos fortes ainda estavam apertados quando Kellan
olhou em qualquer lugar, menos diretamente para mim. — Ele não sabia em que
situação estava deixando você. Como poderia? Talvez ele pensasse que estava
fazendo um favor por se afastar, por não quebrar a família permanentemente, que
ele já tinha... danificado.
Os olhos de Kellan
agarraram-se aos meus. — Um favor? Meu pai costumava me bater com o cinto
quando ele ficava com raiva. Ele me batia tão forte que eu tinha que dormir no
meu estômago por dias depois. E eu aprendi desde cedo que fugir dele só iria
piorar a situação, quando ele me pegasse. Então, eu tinha que ficar lá, como um
cão, e deixar ele me bater. Como é que isso é... um favor?
Os olhos de Kellan
encheram de lágrimas quando me disse o horror que ele nunca disse antes. Eu
engoli o caroço na minha garganta e balancei minha cabeça. — Ele não sabia...
talvez você devesse vê-lo assim você pode dizer a ele, para que possa
finalmente falar sobre essas coisas com alguém.
Ele passou por mim, balançando a cabeça. — Eu não preciso falar
sobre isso, Kiera. Eu estou bem. — Ele olhou para mim enquanto ele retomou seu
ritmo. — E eu não preciso vê-lo... nunca. — Ele levantou o queixo. — Além
disso, eu tenho família. Eu tenho uma tia que me despreza tanto quanto minha
mãe fez. Mas eu não me importo. Eu não preciso deles. Estou bem sozinho.
Sabendo que Kellan odiava
ficar sozinho, odiava estar sozinho, eu balancei a cabeça e dei um passo em
frente, quebrando o ciclo de movimento. — É isso mesmo, você não está mais
sozinho. Você tem familiares lá fora que querem conhecê-lo. — Ele começou a
olhar para longe de mim e eu abaixei para encontrar seus olhos. — Você tem uma
irmã, Kellan... você não quer conhecê-la?
Suspirando, ele fez uma
pausa e olhou por cima do meu ombro. — Hailey me disse que eu tenho um irmão, também...
Sorri quando sua família
foi ficando maior e maior. Ele tinha estado sozinho por tanto tempo, talvez
isso fosse uma coisa boa, não o pesadelo que ele parecia pensar que era. —
Hailey? Essa é a sua irmã?
Kellan assentiu, em
seguida, olhou de volta para mim. Dando de ombros, ele disse: — Eu dei-lhe o
meu número de celular, uma vez que ela me disse quem ela era, e mantivemos
contato. — Ele sorriu um pouco, em seguida, uma breve risada lhe escapou. — Ela
é muito engraçada. Muito inteligente, também. Nós temos falado muito
ultimamente... ela é um boa garota.
Meus olhos se arregalaram
quando uma peça do quebra-cabeça encaixou no lugar. — Foi ela com quem Jenny
viu você falando o tempo todo, quando ela estava visitando Evan? Sua irmã,
certo?
Juntando as sobrancelhas
para mim, ele sacudiu a cabeça. — Jenny? No Texas? — Ele desviou o olhar,
confuso, e então olhou para trás, uma resposta em seus olhos. — É por isso que
você pensou que eu estava te traindo? Porque Jenny me viu rir ao telefone com
outra pessoa?
Mordi o lábio e assenti.
Apontando para o paletó sobre os ganchos pela porta da frente, eu fiz uma
careta. — Além disso, todas as mensagens misteriosas que você não me deixou
ver. Você tem que admitir que era meio suspeito.
Dor pela forma como ele tentou me manter fora de sua vida penetrou
em minha voz, e suspirando, Kellan segurou minhas bochechas. — Eu sinto
muito... Eu nunca quis que nada disso prejudicasse-a. Eu simplesmente não
estava pronto... — Ele baixou a cabeça e engoliu em seco. — Eu queria te dizer,
tantas vezes... mas eu nunca poderia me fazer dizer as palavras.
Olhando para trás, para
mim, ele encolheu os ombros. — Era como se se eu lhe dissesse... faria tudo
real... e eu queria fingir que não era. — Ele fechou os olhos e balançou a cabeça.
— Eu só queria ignorar... ignorá-lo... — Sua voz endureceu e começou a falhar
com a emoção. — Mas Hailey deu-lhe o meu número, e ele me manda mensagens todos
os dias... todos os malditos dias...
Abrindo os olhos, ele
soltou meu rosto e beliscou a ponte de seu nariz. — Todo dia ele me manda
mensagens, e todos os dias eu ignoro-as. — Suspirando, ele inclinou a cabeça
para o teto. — E eu estou ficando tão cansado de tudo isso... Eu só quero que
ele me deixe em paz.
Nivelando nossas cabeças,
ele exalou cansado. — Eu até pensei em mudar o meu número, então ele não teria
mais isso, mas... eu queria ainda ser capaz de falar com você. E eu não podia
exatamente dizer que eu queria mudá-lo, sem dizer por que eu queria mudá-lo. —
Ele encolheu os ombros. — Então eu recebo mensagens dolorosas todos os dias que
eu tento esquecer.
Kellan suspirou de novo e
vi o cansaço em sua expressão. O tormento estava tomando ele. Eu acho que eu
conseguia entender por que ele gostaria de se esconder de seu pai. Por que, por
despeito ou ódio, ele nunca mais queria vê-lo novamente, mas eu não podia
acreditar que ele ia deixar a tortura de sua infância rasgar a sua vida atual.
Enquanto eu olhava para o homem cansado diante de mim, eu tentei imaginar o
homem enérgico que tinha começado esta turnê fatídica. Eram quase duas pessoas
diferentes agora.
Ele fungou e esfregou os
olhos, claramente lutando contra a quebra e eu esfreguei seu ombro. — Isso está
matando você, Kellan, você não vê isso?
Ele me deu um olhar irônico,
quando pensou que eu estava exagerando, mas ele não via a pessoa surrada que
ele se tornou em apenas uma questão de meses.
— Não, está sim. Está acabando com você... Eu posso ver isso
agora. Você já falou com alguém sobre isso? Os caras? Evan? Você está lidando
com isso sozinho... todo esse tempo?
Caindo, ele se dirigiu
até sentar-se no sofá. — A quem eu diria, Kiera? Todo mundo pensa que meu pai
morreu com a minha mãe. — Olhando para mim, ele encolheu os ombros. — Você é a
única que já fui capaz de dizer sobre o meu pai... não ser o meu verdadeiro
pai. — Ele engoliu em seco. — Eu simplesmente não consigo pronunciar as
palavras em torno de outras pessoas. — Inclinando a cabeça, deu-me os olhos
tristes. — Só você...
Sentando ao lado dele, eu
coloquei minha mão em seu joelho. — Mas seu pai verdadeiro está tentado falar
com você...? Você tinha que manter isso de mim?
Ele desviou o olhar. — Eu
não queria, e eu tentei dizer a você algumas vezes... — Ele olhou para trás. —
Foi muito difícil… — Abaixando a cabeça, ele sussurrou: — Me desculpe se eu te
machuquei...
Embalando a sua cabeça em
meu corpo, senti as lágrimas escaparem dos meus olhos. — Está tudo bem... eu
entendo. — Quando ele exalou e passou os braços em volta de mim, eu sussurrei,
— No dia de Natal... Era uma mensagem realmente do Griffin?
Kellan enrijeceu em meus
braços, em seguida, recuou. Com seus olhos brilhantes, ele balançou a cabeça. —
Não... era dele. — Pegando meu rosto, seus profundos olhos azuis procuraram os
meus. — Eu sinto muito, eu menti... Eu só não queria que você perguntasse... eu
não estava pronto.
Assenti, mais lágrimas
descendo em minha pele. — Todas as mensagens...?
— Eram dele, eu prometo.
— Inclinando a cabeça na minha, ele me deu um beijo suave. — Elas eram todas
dele. Eu vou deixar você olhar se quiser, se você não acredita em mim, mas isso
é tudo que eu tenho escondido... eu juro. — Ele me beijou novamente. — Eu
prometo...
Deixando todo o meu medo
e dúvida derreter longe de mim, eu fundi meus lábios nos dele. — Eu acredito em
você, — sussurrei. E eu fiz.
Seus dedos no meu rosto deslizaram em volta de meu pescoço, me
puxando para o beijo que estávamos compartilhando. Tão certa que nunca teria
essa intimidade novamente, eu saboreava o doce sabor dele, o cheiro inebriante
dele. Mas, mesmo com a boca começando a mudar a conversa para uma diferente,
uma mais física, senti seu corpo tremendo com o tormento residual que estava
sentindo.
Separando de seu toque
por um segundo, eu recuei para procurar seu rosto. Paixão estava lá, como
sempre quando estávamos juntos, mas dor também. — Você precisa vê-lo, Kellan.
Você precisa colocar este capítulo atrás de você, para que você possa seguir em
frente.
Ele balançou a cabeça,
inclinando-se para me beijar, para distrair-me com a única coisa que ele
realmente conhecia para bloquear a dor, o sexo. Obriguei-me a empurrá-lo de
volta, mesmo que uma parte de mim quisesse ceder. — É preciso, — Eu reiterei.
Seus olhos se estreitaram
e ele fechou a boca. Inalando profundamente, ele balançou a cabeça novamente. —
É exatamente por isso que eu não queria te dizer. — Eu comecei a contestar,
para argumentar com ele que falar com o homem que o criou, em seguida, o
abandonou, ajudaria Kellan a curar, mas ele não deixou sair duas palavras de
meu discurso.
Com sua boca definida em
uma linha firme, os olhos endurecidos em uma decisão firme, novamente ele
sacudiu a cabeça. — Não, você pode salvar todas as suas razões lógicas e pontos
de vista filosóficos. Eu nunca vou ver aquele homem. Entendeu?
Então ele se levantou e
foi embora, fechando a porta da conversa com tanta força que eu senti minha
cabeça chocalhar. Kellan não estava pronto e eu não acho que ele alguma vez
estaria.
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