Capítulo 25 - Sem Dúvidas
Talvez fosse o fim das
dúvidas em nosso relacionamento, mas as próximas semanas passaram voando. Antes
que eu percebesse, era o final de maio e a turnê de Kellan tinha acabado. Todos
os garotos voltaram para Seattle para um fim de semana comemorativo antes que
tivessem que embarcar para L. A., para gravar o álbum deles. Fiquei bastante
surpresa quando Kellan ligara e me dissera que estava chegando. Quando me
dissera pela primeira vez sobre o álbum, ele fizera soar como se estivesse indo
direto para lá. Fiquei ainda mais surpresa, e mortificada, quando me disse que
Justin e sua banda estavam chegando com eles. Aparentemente, os dois grupos
tinham realmente se dado bem na estrada. Não tão surpreendente, suponho. Kellan
era fácil de conviver, para os caras e para as garotas.
Era uma noite de
quinta-feira quando todos eles entraram passeando. Conversando com Jenny e Kate
no balcão, eu me encolhi quando ouvi as portas da frente se abrirem com um
estrondo. Meus olhos imediatamente foram para elas e entusiasmo inundou cada
parte de mim.
Griffin tinha acabado de abrir as portas com um estouro,
exatamente como costumava fazer quando os D-Bags eram uma peça fixa aqui.
Vendo-o, de pé como um Rei diante de sua corte, não foi o que disparou o meu
coração, entretanto. Não, foi saber quem iria entrar poucos passos atrás do
egomaníaco.
Enquanto o bar ficava
completamente em silêncio, Griffin exclamou, — Seu mestre está de volta...
podem me adorar agora.
Um coro de risadas passou
ao redor da sala e o zumbido de ruído começou novamente conforme as pessoas se
levantavam para dar boas-vindas aos roqueiros retornando. Griffin foi duramente
empurrado para frente por Matt. Fazendo uma carranca para seu primo, Matt
levantou a mão em saudação ao seu nome sendo berrado aqui e ali ao redor da
sala. Ele então imediatamente começou a ir para a antiga mesa deles, obviamente
querendo sair do holofote.
Griffin franziu as
sobrancelhas para Matt, até que encontrou uma mesa de colegiais para
importunar. Evan entrou pelas portas da frente balançando com Kellan, os dois
sorrindo, no meio de uma risada. A multidão aclamou abertamente uma vez que
todos os quatro membros da banda estavam no meio deles novamente. Kellan olhou
de relance ao redor do lugar, reconhecendo-os com um aceno de mão e um aceno de
cabeça. Evan balançou a cabeça, como se ainda não conseguisse envolver a cabeça
na coisa toda. Então o cavalheiro avistou sua garota.
O roqueiro pesadamente
tatuado com alargadores nas orelhas e um novo piercing através de sua
sobrancelha, derreteu quando Jenny pulou em seus braços. Houve guinchos e
risadinhas e muita risada enquanto os dois se reuniam.
Eu estava dando
risadinhas também enquanto deixava Kate perto do bar para inundar o meu homem,
antes que as outras garotas ao redor me vencessem nisso. Ele estava andando a
passos largos na minha direção, seu sorriso tão largo quanto o meu. Quando nos
encontramos, ele agarrou minhas bochechas e puxou minha boca para a dele. Seu
cheiro me atingiu apenas um segundo antes que seus lábios quentes fizessem. Ele
me segurou para ele conforme sua boca se movia em sincronia com a minha, sua
língua apenas deslizando para escovar
contra mim. Meus dedos subiram para se emaranhar em sua bagunça
despenteada, torcendo nas mechas grossas castanho-claras.
Enquanto suas mãos se
enroscavam de volta no meu cabelo, seu corpo avançando lentamente para frente
para pressionar contra o comprimento do meu, eu lentamente comecei a me lembrar
que estávamos em um lugar muito público. Eu não parei o beijo, porém. Até consegui
ignorar as vaias e assobios conforme as pessoas nos observavam. Eu realmente só
decidi colocar um fim nisso quando as mãos de Kellan começaram a vagar para
baixo do meu corpo.
Quando seus dedos
apertaram meu traseiro, eu recuei dele. Sorrindo, mas sem fôlego, levantei uma
sobrancelha em advertência. Igualmente sem fôlego, ele deu de ombros, como se
simplesmente não pudesse se conter. Dando risadinhas, dei-lhe um beijo suave,
adequado para o público.
— Você está aqui, — eu
respirei.
Ele correspondeu meu
beijo gentil. — Não havia nenhum outro lugar onde eu queria estar.
Sabendo que ele tinha
tanto para fazer nas próximas semanas, preparando o primeiríssimo álbum de sua
banda, balancei a cabeça e sorri. Talvez vendo que o nosso momento íntimo
acabou, frequentadores do bar começaram a vir até Kellan, parabenizando-o pelo
sucesso da banda. Ele apertou mãos, sorrindo e conversando como se nunca
tivesse ido.
Sorrindo para mim mesma,
eu o deixei fazendo isso. Kellan estava recebendo um abraço de urso de Sam,
quando as portas da frente se abriram de novo. Eu estivera de pé bem na frente
das portas quando elas começaram a se abrir e apressadamente recuei para não
levar uma pancada. Quando vi quem tinha acabado de entrar no bar, quis congelar
no lugar ou correr e me esconder. Sabendo que eu estava exagerando, que pessoas
eram apenas pessoas, independentemente do que faziam para ganhar a vida, vesti
um sorriso às pressas e abordei a segunda banda de astros do rock entrando no
bar.
— Olá, Justin. É bom te ver de novo. — Esquadrinhando os cinco
caras de vinte-e-poucos anos de pé na minha frente, sorrindo enquanto olhavam
ao redor do bar, perguntei, — Posso pegar algo para vocês beberem?
Os olhos pálidos de
Justin encontraram os meus, e ele acenou com a cabeça. — Yeah, vamos tomar um
jarro do que quer que você tenha no barril. Obrigado, Kiera. — Ele deu um
tapinha no meu ombro enquanto passava.
Imensamente orgulhosa de
mim mesma por soar mais como uma adulta e menos como uma estudante adolescente,
observei as duas bandas se encontrarem. Kellan e Justin apertaram as mãos e se
sentaram perto um do outro na mesa favorita dos garotos. O resto dos caras se
espalhou perto da mesa, conversando com os fãs ou entre si. Mesmo com a adição
da banda de Justin, era tão natural ver os D-Bags aqui, e ainda não natural ao
mesmo tempo, desde que eles tinham ido embora por tanto tempo. Eu amei tê-los
de volta.
Repeti o pedido para
Rita, que estava encarando a combinação de Kellan e Justin como se ambos
estivessem sentados à mesa completamente nus. Algumas coisas nunca mudam.
Enquanto esperava que ela fizesse as bebidas dos caras as cegas, já que ela não
iria tirar os olhos do grupo, senti alguém me abordar.
Agarrando o meu braço,
Kate me puxou até ela. — Você sabe quem é aquele que está com Kellan, Kiera?
Sorrindo para seu rosto
sobrecarregado, acenei com a cabeça. — Yeah, eu me encontrei com ele algumas
vezes… ele é legal.
Seus olhos topázio se
arregalaram tanto quanto eles poderiam ir. Encarando o jarro que Rita estava
lentamente colocando na minha bandeja, ela gaguejou, — Você tem que me
apresentar... sério.
Acenei para a bandeja,
indicando com a cabeça para ela levá-la. — Sem problema, me siga.
Peguei a garrafa de
cerveja de Kellan, já que ele preferia sua cerveja engarrafada, enquanto Kate
me seguia com o jarro e os copos. Com uma confiança que surpreendeu até a mim
mesma, conduzi Kate de volta para os
astros do rock e a apresentei à banda visitando. Ela foi um
desastre nervoso e balbuciante, tanto quanto eu tinha sido quando os conhecera.
Isso me fez sorrir enquanto eu me sentava no colo de Kellan, completamente
confortável.
Uma ou duas horas mais
tarde, todo mundo no bar estava confortável, e as risadas e conversas estavam
fluindo tão livremente quanto as bebidas. Alguém colocou algumas músicas
rápidas na jukebox e um grupo de garotas pegou Justin e seus companheiros de
banda para dançar com elas. Não demorou muito tempo para Rita abandonar seus
deveres no bar e se juntar a eles para uma ou duas músicas. O grind que a mulher bronzeada-demais, descolorida-demais, de meia-idade,
casada, fez com aquele astro do rock me deixou horrivelmente embaraçada. Kellan
estava certo - algumas mulheres realmente faziam qualquer coisa por atenção.
Kellan e eu estávamos
tirando um momento para rodopiar no fim da multidão quando senti um tapinha no
ombro. Vendo Griffin de pé ali, fiquei instantaneamente com uma bola de gelo no
estômago. Ele não estava tentando intervir, estava?
Fungando, um Griffin
descontente olhou ao redor do bar. — Hey, onde está a sua irmã?
Segurando a mão de
Kellan, mordi o lábio. Uma vez que Anna soubera que os caras estavam chegando
aqui por alguns dias antes de ir para Los Angeles, ela pirou. Ela estava
definitivamente mostrando agora, e não teria sido capaz de esconder isso
de Griffin. E já que ainda não contara a ele, não quisera vê-lo. Ela saltara
num voo de volta para casa. Yeah, ela preferia contar aos nossos pais, do que a
seu namorado.
Kellan olhou de relance
para baixo, para mim e levantou uma sobrancelha. Eu sabia que ele queria que
Griffin soubesse, mas ambos tínhamos concordado que Anna tinha que contar a
ele. Para Griffin, dei de ombros e disse, — Desculpe, ela teve que voltar para
o leste por alguns dias, para ver os nossos pais.
Griffin franziu as sobrancelhas, então enfiou seu cabelo na altura
do queixo atrás das orelhas. — Sério? Agora? — Ele balançou a cabeça, seus
olhos claros confusos. — Eu disse a ela que estávamos chegando neste fim de
semana. Ela não podia esperar?
Suspirei, odiando que eu
não podia dizer a ele. — Desculpe, coisa de família. — Griffin revirou os
olhos, aparentemente desapontado que sua companheira-de-transa, como se referia
a Anna, não estava disponível. Odiando que ele meio que usava a minha irmã,
mesmo que ela estivesse completamente disposta, resmunguei, — Bem, eu tenho
certeza que você poderia encontrar outra pessoa para... sair neste fim de
semana.
Griffin deu de ombros,
ainda parecendo desamparado. — Yeah, claro… mas Anna é a melhor, no entanto.
Ela sabe exatamente do que eu gosto. — Sua expressão taciturna assimilou os
grupos de garotas ao redor do bar. — Estas garotas, elas são todas muito…
frívolas. Pode ser irritante… às vezes.
Surpresa que essas
palavras alguma vez cruzariam os lábios de Griffin, eu disse palavras que
nunca, jamais, pensei que cruzariam os meus. — Você poderia sair com Kellan e
comigo?
Eu instantaneamente quis
pegar as palavras de volta. Kellan virou a cabeça bruscamente para mim,
igualmente surpreso pelo meu convite. Sua testa sulcando, ele balançou a cabeça
um pouquinho. Ouvi claramente a pergunta que ele não estava fazendo - por
que diabos você convidaria Griffin para o nosso fim de semana? Você está louca?
Mordi o lábio, pensando
que talvez estivesse. Griffin, porém, fez uma carranca para Kellan. — Nah, não,
obrigado. — Levemente batendo no peito de Kellan, ele resmungou, — Preferiria
ficar sozinho do que sair com este babaca.
Kellan piscou, seu rosto
deslumbrante parecendo genuinamente perplexo. — O que eu fiz para você?
Griffin estreitou os
olhos, os lábios finos apertando. — Jersey… aquelas duas garotas quentes?
Levantei uma sobrancelha, mas não me deixei reagir exageradamente
à declaração. Tudo que Griffin dizia tinha de ser tomado com ceticismo. Além
disso, Kellan não faria nada para me machucar. Nisso, eu finalmente acreditava.
Kellan mordeu o lábio,
parecendo que estava se esforçando para não rir na cara de Griffin. — Uh,
Griff… eu estava te fazendo um favor.
— Guarde isso, homem. —
Griffin o cutucou no peito. — Você estava só com ciúmes porque estava fazendo a
coisa monogâmica. Tanto faz. Você não precisava ser um empata-foda! E logo
quando as coisas estavam ficando interessantes!
Uma pequena risada
escapou de Kellan. — Griffin…
Balançando a cabeça,
Griffin se virou e foi embora. Para suas costas, Kellan riu, — Eu tentei te
contar... que aquelas não eram garotas, cara. — Griffin levantou um dedo do
meio no ar e Kellan riu mais forte. Balançando a cabeça, ele olhou de volta
para mim. — Talvez eu devesse ter apenas deixado o descobrir por si mesmo?
Rindo do idiota, que
estava prestes a ter um filho com a minha irmã idiota, balancei a cabeça.
Kellan me deu um sorriso caloroso, envolvendo os braços de volta na minha
cintura. — Coisa monogâmica? — perguntei, inclinando a cabeça.
Ele sorriu mais
amplamente, descansando a cabeça contra a minha. — Yeah, veja, eu te disse que
estava sendo bom.
Dando risadinhas, dei-lhe
um beijo suave. — Eu sei que estava. — Suspirando, balancei a cabeça. — Quem
diria que eu alguma vez acharia uma conversa com Griffin reconfortante?
Dando um sorriso torto de
uma forma que me fez desejar que meu turno acabasse, Kellan murmurou, —
Pequenos mistérios da vida.
Enroscando minha mão de
volta pela bagunça perfeita de cabelo, um estilo que só Kellan conseguia fazer
com sucesso, suspirei. Olhei seu rosto e seus olhos olhavam os meus. O raro tom
de seus profundos olhos azuis, o arco perfeito da sua testa, a inclinação do
seu nariz, a curva sedutora dos seus lábios, o ângulo
forte de sua mandíbula, sua altura, o corte magro do seu corpo -
fisicamente, ele era o epítome do que o homem ideal pareceria. Mas seu coração,
sua alma, sua dor, seu humor, sua música... isso é o que me fazia doer por ele.
Eu queria dar-lhe tudo.
Queria dar-lhe o mundo. Eu não podia, porém. Não tinha esse tipo de poder. Mas
havia uma coisa que eu podia fazer... uma coisa que eu podia ajudar a
dar-lhe. E eu sabia que era algo que ele queria, mesmo que lutasse contra
querê-lo.
Eu fizera uma coisa esta
manhã. Uma coisa que sabia que ele não ia gostar. Mas eu tinha que fazer. E
também tinha que contar a ele que fizera, mesmo que isso o deixasse realmente
furioso.
Limpando a garganta,
olhei de relance ao redor do bar cheio de testemunhas. Bem, pelo menos ele não
poderia me matar depois que eu contasse a ele. — Hm, Kellan, desde que nós
estamos fazendo a política de honestidade-a-qualquer-custo, eu tenho algo para
confessar.
Ele deu um sorriso largo
para mim, suas mãos ao redor da minha cintura apertando. — Roubou um banco
enquanto eu estava fora?
Dando um sorrisinho para
ele, balancei a cabeça. — Não.
Ele se inclinou,
levantando uma sobrancelha. — Um sex shop?
Corando, desviei o olhar.
— Não, eu não roubei ninguém. — Rindo, olhei de volta para onde ele ainda
estava me dando um sorriso diabólico, provavelmente ainda me visualizando em um
sex shop. Minhas bochechas esquentando, eu bati em seu peito e cuspi, — Pare de
me imaginar... onde você está me imaginando.
Rindo, ele beijou minha
bochecha. — Okay, o que é?
Sentindo seriedade cair
ao meu redor, mordi o lábio. — Okay, isso vai te deixar bravo, mas me ouça
antes de começar a gritar.
O sorriso imediatamente
caiu de seu rosto e ele estreitou os olhos. — O que você fez? — ele perguntou
com cautela.
Engolindo, comecei a traçar as letras do meu nome em sua camisa.
Seguindo as linhas tatuadas escondidas sob o tecido, eu sutilmente o lembrei
que ele me amava... apenas no caso de se esquecer em cerca de três segundos. —
Eu convidei seu pai e a família dele para a festa de formatura no Pete’s.
Kellan imediatamente me
empurrou para longe dele, franzindo as sobrancelhas. — Você o quê? Kiera, eu te
disse que não queria nenhum contato com ele. Por que você faria isso?
Suspirando, me aproximei
dele de novo. — Porque você precisa deles, Kellan.
Ele imediatamente começou
a balançar a cabeça, mas eu cortei sua objeção. — Não, você acredita que não
precisa... mas precisa, Kellan. — Colocando minha mão de volta em seu peito,
balancei a cabeça. — Tenho ouvido você falar sobre a sua irmã. Você se preocupa
com ela. E o seu irmão? Você nunca sequer o conheceu... você não quer?
Levantei minhas
sobrancelhas e esperei por um segundo. Quase imperceptivelmente, Kellan acenou
com a cabeça e me sentindo vitoriosa, eu continuei. — E seu pai… como você sabe
o que vai sentir em relação a ele, se nunca lhe der uma chance? — Colocando
minha outra mão em sua bochecha, acariciei o meu polegar sobre a pele lisa. —
Você poderia estar perdendo algo realmente bom... porque está assustado.
Ele olhou para baixo. —
Kiera…
Levantei sua cabeça,
fazendo-o olhar para mim. — Eu te vi na manhã de Natal, Kellan. Você queria
esse vínculo, esse vínculo familiar... e você pode tê-lo. Você só tem que ser
corajoso. — Eu sorri que eu, - a mais permeável aos nervos, - estava o
animando, - quem raramente parecia estar autoconsciente, - a ser corajoso.
Sorrindo mais amplamente, acrescentei, — Você é esperto, lindo, astro do rock
com uma namorada que te adora. Você não tem nada a temer... nunca.
Ele deu um sorriso largo
ao ouvir variantes de suas palavras sendo repetidas de volta para ele. Olhando
fixamente para mim com adoração, ele balançou a cabeça. — Quando você ficou tão
sábia?
Dando um sorrisinho, dei de ombros. — Eu sou uma formanda
da faculdade, sabe.
Kellan deu um sorrisinho
de volta. — Ainda não.
Rindo, contente que ele
não estava bravo demais, lancei os braços em volta de seu pescoço. — Perto o
suficiente.
Inclinando a cabeça para
mim, ele ajuntou as sobrancelhas. — Como você conseguiu o número do meu pai
afinal?
Dei a ele um olhar em
branco. — Você está brincando? Esse número vem queimando em meu cérebro desde
dezembro.
Encabulado, ele fez uma
careta e olhou para baixo. — Yeah, desculpe por isso.
Me inclinando para cima,
eu o beijei. — Está tudo bem... eu entendo agora.
Notando fregueses do bar
começando a examinar copos vazios, percebi que eu tinha provavelmente tido uma
pausa longa o suficiente e devia voltar ao trabalho. Agarrando a mão de Kellan,
puxei-o comigo de volta para o bar. Já que Rita ainda estava dançando sujo com
Justin, talvez Kellan pudesse ser o barman?
Brincando, perguntei a
Kellan se ele não se importaria de ocupar o lugar de Rita. Com os olhos se
iluminando, ele pulou em cima do bar e deslizou para o outro lado. Ele parecia
como se eu tivesse acabado de lhe dar as chaves do Reino enquanto encarava todos
os suprimentos do bar. Eu me perguntei se ele sabia como fazer alguma coisa?
Bem, ele me ajudara a estudar para este trabalho, quando eu o conseguira
primeiro, então devia saber uma coisa ou duas.
Dando um sorriso largo à
imagem adorável de Kellan amarrando um meio-avental na cintura, balancei a
cabeça. Ele ia conseguir tantas gorjetas. Boa coisa que nós juntávamos todas no
final da noite. Enquanto eu começava a ajudar meus clientes sedentos, Pete saiu
de seu escritório, enfiado atrás da cozinha.
O homem exausto, mais velho examinou o caos do bar em uma noite
que, geralmente, não era tão movimentada assim, e sorriu. Vendo sua barmaid na pista com os astros do rock, ele franziu as sobrancelhas,
depois sua cabeça prateada olhou de volta para o bar. Eu sabia que Pete gostava
de Kellan, já que tiveram uma relação de trabalho por anos, mas eu não tinha
certeza se ele ficaria bem com Kellan servindo seus clientes. Mas Kellan já
tinha atraído atenção em sua posição recém-descoberta. Uma fila era formada no
bar conforme Kellan sorria e flertava seu caminho através de pedido após
pedido.
Eu sorri e balancei a
cabeça para ele. Realmente, não havia muito que Kellan não pudesse fazer bem, e
servir bebidas não era exceção. Eu podia facilmente imaginar uma vida alternativa
para Kellan, uma onde ele não estava prestes a ser um famoso astro do rock. Eu
podia facilmente imaginá-lo aqui, trabalhando ao meu lado, servindo bebidas
todas as noites. Era uma ideia intrigante, mas eu sabia que o coração de Kellan
estava com a música. O caminho em que ele estava era o certo para ele.
Eu o assisti lançar uma
garrafa no ar estilo "Coquetel", em seguida, assisti
enquanto quase não conseguia pegá-la. Quando fez malabarismos com a garrafa até
a submissão, mal impedindo-a de cair no chão, as garotas gritaram e aplaudiram.
Sempre o showman, ele se curvou dramaticamente.
Pete balançou a cabeça,
mas eu vi um pequeno sorriso em seu rosto enquanto ele observava as notas sendo
enfiadas na registradora. Imaginei que ele estivesse bem com Kellan fazendo
praticamente tudo o que quisesse fazer depois disso.
Kellan encontrou meus
olhos, rindo um pouco das atenções que estava recebendo. Eu ri para ele, depois
soprei-lhe um beijo. Eu faria meu pedido mais tarde… na casa dele… nossa casa,
desde que eu tinha mudado minhas coisas no último fim de semana.
Exatamente enquanto eu estava lembrando Jenny, Kate e Cheyenne de
me ajudarem a carregar caixa após caixa para a casa de Kellan - minha irmã
apenas "supervisionando" já que ela de repente tinha abraçado sua
condição, alegando que estava suportando uma vida, por isso não podia carregar
caixas - um rosto familiar entrou no bar.
Dei um sorriso amplo ao
ver Denny entrar. Eu estava acostumada a vê-lo aqui agora, já que ele
geralmente parava um par de vezes por semana para jantar. Ele estivera
misteriosamente ausente nesta semana, porém; eu não tinha sequer recebido um
telefonema dele. Então eu o percebi de mãos dadas com alguém que estava
entrando no bar um passo atrás dele, e de repente entendi porque ele tinha
sumido da face da terra.
Acenei com a mão para
Denny e sua namorada, Abby, que devia ter finalmente chegado da Austrália.
Denny atirou o braço ao redor da cintura dela e ficou radiante com orgulho.
Feliz além da crença por ele, gesticulei para uma mesa livre na minha seção.
Acenando com a cabeça para mim, ele a conduziu naquela direção.
Virando de volta para um
trio de garotas da faculdade em uma das minhas mesas, entreguei-lhes uma
segunda rodada de margaritas. Me endireitando, eu rapidamente disse a elas, —
Aqui está. Desfrutem, e deixem-me saber se vocês precisarem de qualquer outra
coisa.
Uma das garotas tinha os
olhos colados em Kellan enquanto tomava um gole em seu canudo. — Podemos ter ele
para começar? — ela disse indistintamente enquanto as outras garotas na
mesa davam risadinhas.
Olhei de relance para
Kellan, ainda atrás do bar. Ele tinha notado a entrada de Denny também e estava
encarando Denny enquanto enchia uma caneca com cerveja inglesa. Não consegui
ler a expressão de Kellan, então não tinha ideia se ele estava okay com o meu
ex e eu ainda tendo um relacionamento amigável ou não. Mas Kellan podia ver a
acompanhante de Denny também, e se ainda tinha quaisquer escrúpulos sobre o
assunto, ver a loira no braço de Denny deveria tê-los reprimido.
Olhando de volta para as minhas clientes, balancei a cabeça. —
Desculpe, não... ele pertence a mim. — Todas elas me encararam, chocadas, e eu
senti uma vibração no meu estômago que eu tinha confessado uma coisa tão
pessoal para completas estranhas. Eu tendia a evitar atrair atenção para mim, e
agora eu tinha a completa atenção da mesa. Senti o calor do embaraço enquanto
me encaravam, mas a imediata onda de amor o abrandou.
Sorrindo, levantei o meu
anel de compromisso e o sacudi com o polegar. — Ele está fora do mercado.
Todas ela encararam meu
anel, depois Kellan. Finalmente, a bêbada disse indistintamente, — Bem, droga…
— Ergueu os olhos para mim e sorriu. — Boa pegada.
Revirando os olhos, dei
uma risadinha e balancei a cabeça. Yeah, Kellan era uma boa pegada. Mesmo que
nem sempre fosse fácil com ele, sempre valia a pena. Eu era muito sortuda.
Pedindo licença, eu fui até lá para vê-lo. Ele afastou seus olhos de Denny
enquanto eu me aproximava dele.
Propositadamente
colocando minhas costas para Denny, só assim Kellan saberia o que já deveria
saber - que eu era dele e só dele - inclinei-me através do bar. Me dando um
sorriso torto, Kellan inclinou-se sobre o seu lado. Meus olhos demoraram em sua
camisa vermelho escuro, seu glorioso peito impossível de esconder sob o tecido.
Preguiçosamente, deixei me olhar vagar até seus olhos, bebendo-o tão avidamente
quanto as garotas da faculdade tinham atirado para trás suas margaritas.
Seu olhar era afeiçoado e
pacífico quando nossos olhos se trancaram. Acenando com a cabeça sobre o meu
ombro, ele me disse, — Eu deveria ir dizer oi. Da última vez que nos vimos, eu
não fui exatamente... legal.
Ele fez uma careta e eu
fiz também. Yeah, aquela não tinha sido a melhor reunião depois de tanto tempo
separados um do outro. Mas poderia ter sido muito pior. Se Kellan tivesse
estado um pouco mais furioso, se Denny tivesse feito um pouco mais para
provocá-lo, Denny poderia ter acabado com o braço quebrado nesta vez.
Olhando de volta para Denny sentado em uma mesa com Abby, acenei
com a cabeça. — Yeah, Eu devia falar com ele também. Eu não tive a chance de
conhecer Abby ainda.
Denny olhou de relance
para cima, para o bar, e franziu as sobrancelhas. Dizendo algo para Abby, ele
começou a levantar, como se quisesse vir e conversar com a gente, também. Supus
que havia algumas coisas que todos precisávamos discutir. Abby olhou de relance
para cima, para mim, sorriu brevemente, depois colocou a mão no braço de Denny.
Ele olhou de volta para ela e voltou a se sentar.
Torci de volta para
Kellan, justo quando seu bumbum foi beliscado. Kellan vinha observando Denny e
Abby e não notara Rita esgueirando-se por trás dele. Ele se assustou com o
contato inesperado, dando um passo para longe dela. Rita, tonta de sua dança
ilícita com Justin, envolveu os braços na cintura dele.
— Eu sabia que teria você
de volta atrás deste bar de novo, coração, — ela ronronou, sua voz áspera de
cigarros demais.
Corei à referência dela à
noite deles juntos, então surpreendentemente ri. Kellan estava tentando se
desengatar dela, mas cada vez que ele movia uma mão para longe, ela movia a
outra de volta. A frustração irritada em seu rosto me fez dar uma risadinha e
ele estreitou os olhos para o meu divertimento com sua situação difícil. Quando
Rita deitou a cabeça no peito dele e contentemente fechou os olhos, Kellan
suspirou. Balancei a cabeça para ele e dei-lhe uma expressão, hey,
companheiro, você colhe o que planta.
Percebendo meu olhar, ele
sorriu. Houve uma época em que outra mulher se aconchegando nele teria me
deixado em uma polvorosa ciumenta. Suponho que eu finalmente confiava nele,
também. Se preparando, Kellan agarrou firmemente os ombros de Rita e empurrou-a
para trás.
Os olhos dela abriram
rapidamente com o movimento inesperado e ela o encarou com a boca escancarada.
Encurvando-se para olhar nos olhos dela, Kellan calmamente disse, — Eu sei que
tivemos uma coisa uma vez, mas isso foi anos atrás e eu segui em frente, ambos
seguimos em frente. — Os olhos dele
foram rapidamente para baixo, para a aliança dela. — Mas eu estou
com Kiera agora e seu constante flerte não é apropriado. Nem é a sua fofoca
sobre coisas que fizemos juntos. Eu apreciaria, se no futuro, ambas as coisas
parassem… por favor.
Rita piscou para ele
enquanto soltava seus ombros. Pisquei para ele, também. Kellan nunca, jamais
tinha dito a alguém para recuar assim. Não que eu já tivesse ouvido, de
qualquer maneira. Ela não disse mais nenhuma palavra enquanto ele deslizava ao
redor do bar para me encontrar no meu lado. Desamarrando o avental, ele o
entregou a uma Rita ainda-atordoada. — Obrigado, Rita, foi divertido.
Eu não tinha ideia se
Kellan quis dizer ocupar o lugar dela no bar, ou o tempo que eles tinham
compartilhado, mas seu tom claramente implicava que ambas as coisas tinham
terminado. Rita pegou o avental dele, o rosto dela melancólico. Eu me senti um
pouco mal a observando, mas supus que isto vinha chegando a um longo tempo.
Rita sempre nutrira um desejo de dormir com ele de novo, mas isso nunca ia
acontecer. Não enquanto ele estivesse comigo. E eu planejava dele estar comigo
por um longo, longo tempo.
Aquecida que ele tinha
defendido nosso relacionamento, peguei a mão dele e comecei a conduzi-lo de
volta para Denny. Isso foi quando eu quase topei com Denny. Ele tinha finalmente
decidido chegar e conversar conosco. Ele estava segurando a mão de Abby, assim
como eu estava segurando a de Kellan. Eu ri enquanto Denny e eu tropeçávamos,
tentando evitar a colisão. Ele riu, também.
Recuperando-se, Denny
sorriu e colocou o braço em volta da cintura de Abby. — Kiera, Kellan, esta é a
minha namorada, Abby.
Enquanto Abby estendia a
mão para mim, eu sutilmente a chequei. Ela era adoravelmente fofa, com lábios
cheios e carnudos e covinhas gêmeas quando sorria. Com seu longo cabelo loiro e
olhos cinzas pálidos, ela era quase o oposto de mim, em relação à aparência.
Mas ela era mais ou menos da minha altura e forma então eu me senti em pé de
igualdade enquanto apertávamos as mãos.
— Olá, Kiera, é bom
finalmente te conhecer.
Seu sotaque era tão charmoso como o de Denny era. Eu imediatamente
me perguntei se Denny e Abby achavam os sotaques um do outro cativantes. Ou
talvez, já que soavam da mesma forma, eles nem sequer os ouviam. Parecia uma
pena se eles não notassem aquela inflexão maravilhosa.
Eu a observei me
absorvendo tão cuidadosamente quanto eu estava absorvendo-a. Seus olhos
assimilaram meu jeans simples e a camisa vermelha do Pete’s enquanto os meus
assimilaram sua saia cinza fofa com uma jaqueta combinando, sob medida. Eu não pude
me impedir de pensar que eu estaria tão cautelosa e desconfiada, se nossos
papeis estivessem invertidos.
Independentemente de
quanto ela confiava em Denny, ele estivera sozinho com sua ex por meses, uma ex
que ele tinha considerado se casar um dia. Isso tinha que deixar tenso mesmo o
relacionamento mais forte. Foi uma das razões que eu nunca contara a Kellan que
Denny estava em casa. Mas Abby só me deu um sorriso caloroso, despreocupado.
Ela completamente confiava em Denny. Esse fato me fez confiar nela. Se ela
tinha completa fé nele não traindo ela, então tinha que ter completa fé em si
mesma que nunca trairia ele.
— Você também, Abby.
Denny fala sobre você o tempo todo. — Denny corou um pouco depois que eu disse
isso, e dei um sorriso largo para ele.
Ele podia ser tão bobo, e
depois de se recuperar do choque que Abby tinha sido atrasada por mais algumas
semanas, começara a conversar comigo sobre ela sempre que nos reuníamos. E ele
falara efusivamente sobre ela sempre que conversava. Denny meio que tinha um
ponto quando dissera que a nossa separação desastrosa foi uma bênção disfarçada
— ele estava loucamente apaixonado pela mulher de pé ao lado dele, e eu estava
imensamente feliz por ele.
Quando Abby e eu nos
separamos, Kellan estendeu a mão. — É bom te conhecer, Abby. — Abby
surpreendentemente não fitou Kellan com o apelo aberto que a maioria das
mulheres fitava. Claro, os olhos dela se moveram rapidamente sobre o rosto
dele, mas essa foi praticamente toda a nota que ela tomou de sua aparência. E com
ela, tive a sensação de que ela não estava ignorando seu aspecto por causa de
mim ou por causa de Denny. Com ela, senti mais que ela não estava interessada.
Enquanto tentativamente pegava a mão de Kellan, ela voltou a olhar
para Denny. Este devia ter sido um momento esquisito para ela, apertar a mão de
um homem que tinha ficado entre seu atual namorado e o ex amor da vida dele. Eu
não podia imaginar o que ela estava sentindo, exceto talvez grata que nunca
tinha ferido Denny como eu tinha. Eu estava grata por isso, também.
Denny acenou com a cabeça
ligeiramente e Abby voltou a olhar para Kellan. — É bom te conhecer, também,
Kellan. Denny fala... coisas boas sobre você.
A boca de Kellan caiu
aberta de surpresa enquanto suas mãos se separavam. Ajuntando as sobrancelhas,
ele balançou a cabeça para Denny. — Fala? Por quê? Eu fui um babaca com você…
Kellan parecia
genuinamente aturdido com o porque Denny o cumprimentou, e muito menos falou
muito bem sobre ele. Denny encarou o chão por um segundo, antes de voltar a
olhar para cima, para a pessoa de quem uma vez fora tão próximo. — E eu quase
te matei. — Denny suspirou, passando a mão pelo cabelo. — No final... O crime
de quem foi maior?
Kellan balançou a cabeça
e desviou o olhar. Sentindo a tensão crescer, coloquei a mão no estômago de
Kellan. Ele olhou para baixo, para mim, antes de mudar sua atenção de volta
para Denny. — Eu ainda peguei algo que não era meu. Mesmo que se sinta culpado
pela briga... você realmente não deveria nunca falar comigo de novo.
Os olhos de Kellan
vagaram para suas botas, incapaz de manter o olhar de Denny. Culpa mútua me
inundou e eu abaixei a cabeça também. Final feliz ou não, Kellan e eu fomos
imbecis.
Denny surpreendentemente
começou a rir. Kellan e eu olhamos para cima, para ele. Dando um sorriso largo,
ele apertou Abby forte e olhou entre nós dois. — Vocês deviam ver os olhares em
seus rostos agora. — Seu sotaque enrolou em torno das palavras enquanto ele nos
deu um sorriso pateta.
Kellan e eu olhamos de
relance um para o outro, igualmente perplexos, e Denny riu mais um pouco.
Batendo no ombro de Kellan, ele balançou a cabeça. — Olha, eu sei que sua vida
foi difícil, e eu percebo que Kiera deve ter sido um…
bálsamo… para você. — Ele ergueu as sobrancelhas. — Eu entendo. Eu
não gostava disso, mas eu entendo.
Kellan lhe deu um pequeno
sorriso e Denny mudou sua atenção de volta para mim. — E você… — Ele mordeu o
lábio e suspirou. — Eu sei que coloquei o meu trabalho em primeiro lugar. —
Balancei a cabeça e Denny me interrompeu. — Não, eu coloquei, Kiera. — Ele
apontou para o chão. — Eu estava vindo para Seattle, com ou sem você. Eu estava
indo para Tucson, com ou sem você. E, posso ter entrado em pânico e voltado
para Seattle quando pensei que tinha te perdido, mas... minha cabeça ainda
estava no meu trabalho... não em você.
Engolindo, ele balançou a
cabeça. — E eu sinto tanto por isso. E não te culpo mais, por se apaixonar por
alguém que podia te dar a atenção que você queria, a atenção que você merecia.
Engoli e acenei com a cabeça,
lágrimas leves nos meus olhos. Um silêncio cresceu em torno do nosso quarteto.
Finalmente, Abby foi quem o quebrou. — Oh meu Deus, vocês três vão só se
abraçar já?
Todos nós olhamos para
ela e demos um sorriso largo. Enxugando os olhos, me aproximei de Denny,
dando-lhe um abraço caloroso, amigável. Ele envolveu os braços em mim, e nós
dois murmuramos desculpas. Kellan suspirou, em seguida circulou seus braços
sobre nós dois.
Aninhada na segurança dos
dois homens que tinham quase me dilacerado, senti um pedaço de mim se curando.
Senti a culpa saindo lentamente. Estávamos todos bem. Tínhamos todos
sobrevivido. E surpreendentemente, éramos todos amigos ainda.
No momento em que nós
três nos separamos, Kellan e eu nos juntamos de novo. Sorrindo, ele beijou
minha cabeça. Abby se juntou de novo com Denny e eu sorri para ela, satisfeita
que Denny encontrara alguém tão calorosa, carinhosa, e confiável quanto ela
aparentava ser.
Kellan apontou para trás, para onde a mesa de Denny e Abby tinha
sido tomada por um grupo de garotos que mal pareciam legais o suficiente para estar aqui. — Alguém roubou o seu lugar. —
Passando a mão para trás pelo cabelo, Kellan deu de ombros. — A mesa da banda
tem um par de lugares abertos… se vocês quiserem se juntar a nós?
Denny e Abby se
entreolharam por um segundo, depois Denny acenou com a cabeça. — Yeah, soa bem…
companheiro.
Kellan sorriu, me deu um
último beijo na cabeça, depois bateu nas costas de Denny. Enquanto começavam a
andar de volta para onde Matt e Evan estavam conversando um com o outro, só
sorrisos por estarem de volta em casa, ouvi Kellan se inclinar para baixo e
murmurar, — Hey, desculpe por ser um asno algumas semanas atrás. Foi um…
mal-entendido.
Sorrindo para cima, para
ele, Denny bateu em suas costas. — Não se preocupe com isso. Eu estou
acostumado a você sendo um asno.
Abby deu uma risadinha
enquanto se agarrava à mão de Denny. Kellan balançou a cabeça, mas
eventualmente riu. A visão deles se vinculando novamente trouxe lágrimas aos
meus olhos. Eu realmente nunca pensara que eles iriam recuperar sua amizade.
Era preciso uma grande pessoa para ver além da dor e da traição. Mas Denny...
era uma grande pessoa.
Denny e Abby partiram uma
hora ou mais depois. Braços em volta um do outro, eles pareciam a imagem da
alegria. Sorri e acenei com a mão enquanto desapareciam pelas portas para
voltar para a casa que eu ajudara Denny a preparar para ela. Me perguntei se
ele fizera o que dissera que quisera fazer, e encheu a casa com flores no dia
de sua chegada. Sendo o bobo que era, imaginei que ele tinha.
A banda de Justin e a
banda de Kellan fecharam o bar. De fato, Jenny e eu tivemos que forçar a
maioria dos garotos a partir. Justin em particular parecera feliz em ficar
parado até o amanhecer. Era tão típico de um rapaz da idade dele que eu
imediatamente me senti ainda mais relaxada ao redor dele. Ele era só um
outro cara bêbado, como todos os outros caras bêbados que eu já
tinha encontrado. E enquanto Matt e Griffin tinham que ajudá-lo fisicamente a
entrar na van de Griffin, eu me perguntei por que eu já tinha ficado nervosa ao
redor dele.
Meu próprio D-Bag foi o
último a partir. Sentado na beirada do bar, Kellan batia um papo com o exausto
dono do bar enquanto eu limpava a bagunça que todos tinham deixado para trás.
Batendo no ombro de Kellan, Pete lhe agradeceu novamente por arranjar uma nova
banda. Pete odiava procurar talentos, mas gostava da atração de um ato ao vivo.
E a banda de Rain estava realmente começando a trazer as multidões - caras e
garotas igualmente. Pelo que Cheyenne me confessara uma tarde, sua paquera
tinha agora passado para a baterista do Poetic Bliss, Meadow. Fiquei aliviada
que não só não estava me paquerando mais, mas que ela não tinha se apaixonado
por Tuesday. Eu simplesmente nunca seria capaz de manter uma cara séria durante
qualquer conversa girando em torno dela.
Quando terminei de limpar
vazamentos e reencher saleiros, bati na coxa de Kellan e desejei uma boa noite
a Pete. Pete nos dispensou com um aceno de mão e resmungou algo sobre eu não
deixar Kellan cuidar do bar mais, já que ele tecnicamente não trabalhava aqui.
Pelo jeito que ele disse isso, entretanto, ficou claro que ele contrataria
Kellan na hora, se Kellan estivesse interessado.
Acenando adeus para Pete,
Kellan ignorou seu comentário e quaisquer ofertas implícitas de emprego. Ele
tinha um trabalho, um que estava prestes a explodir em cima dele. Segurando
meus dedos firmemente nos dele, Kellan cantarolou uma música enquanto nos
levava até o seu carro.
Amando a paz em sua voz,
a alegria em seus olhos, me inclinei para o lado dele. Seus olhos se iluminaram
quando se depararam com o seu "bebê". Como prometido, eu tinha
cuidado bem dela. Eu tinha usado apenas a melhor gasolina quando a abastecia e
tinha até mesmo a encerado no outro dia, em preparação para a volta ao lar de
Kellan. As luzes laranja do estacionamento lançavam um brilho sobre o carro,
pois ele reluzia debaixo delas.
Passando a mão sobre o metal preto polido, Kellan me deu um
sorriso largo infantil. — Obrigado por não destrui-la.
Beijando sua mandíbula,
murmurei, — Eu sei o que ela significa para você... eu fui boa com ela. —
Liberando Kellan, comecei a andar ao redor para o outro lado. — Eu só a
coloquei acima de 160 daquela vez.
A mandíbula de Kellan
caiu enquanto seus olhos iam rapidamente para baixo para inspecionar o Chevelle
mais de perto. Balançando a cabeça para ele, entrei no lado do passageiro.
Kellan estava franzindo as sobrancelhas para mim quando entrou em seu lugar
preferido - atrás do volante. — Não tem graça, — resmungou.
Dei um sorriso largo e me
inclinei para beijá-lo, mas ele recuou. Enquanto eu franzia as sobrancelhas,
ele sorriu. — Feliz aniversário, Kiera.
Comecei a dizer-lhe que
não era meu aniversário ainda, quando percebi que era. Era apenas algumas horas
nele, mas, tecnicamente, agora era o meu aniversário. — Obrigada, você é o
primeiro a dizer isso.
Dando um sorrisinho, ele
se inclinou para mim. — Eu sei, eu planejei isso desse jeito.
Seus lábios estavam nos
meus então, suaves e provocantes enquanto ele se movia contra mim. Sua língua
deslizou ao longo do meu lábio e eu estremeci, me deliciando com a sensação.
Cobrindo minha bochecha, ele angulou a boca para me envolver completamente.
Minha respiração mais pesada, separei meus lábios para deixá-lo entrar. Gemi
quando sua língua roçou a minha. Fazia semanas desde nosso último encontro
físico. Meu corpo estava queimando para ele me tocar.
Inalando seu cheiro
maravilhoso para dentro de mim, recuei de sua boca. Os lábios entreabertos, os
olhos em chamas, ele me encarou atentamente, como se quisesse me devorar.
Deus... eu queria que ele devorasse. — Leve-me para casa, Kellan. — Colocando a
mão em sua coxa, eu me inclinei para respirar em seu ouvido, — Leve-me para a nossa
casa.
Ele gemeu. Mordendo o lábio, fechou os olhos por um segundo e
parou de se mover, parou de respirar. Recuando, inclinei a cabeça para ele. —
Kellan? Você… está bem?
Me espiando com um olho
aberto, ele sorriu ao redor de onde ainda estava mordendo o lábio; o sorriso
largo era impossivelmente atrativo. Acenando com a cabeça, ele disse, — Yeah,
eu só precisava de um minuto.
Dando uma risadinha,
voltei a me inclinar para beijá-lo.
Ele nos levou de volta ao
seu lugar mais rápido do que já tinha nos levado antes. Nos beijando enquanto
atravessávamos a nossa porta da frente, ele tirou a jaqueta e jogou-a cegamente
em direção ao gancho. Eu a ouvi pousar no chão. Ele chutou a porta fechada com
sua bota, depois agarrou a parte de trás das minhas coxas e me levantou.
Enquanto seus lábios viajavam até meu pescoço, ele murmurou, — Hmmm, que quarto
devemos batizar primeiro?
Dei uma risadinha,
largando a cabeça para o lado para que ele pudesse explorar plenamente a pele
sensível. — Nós nunca fizemos muito na lavanderia?
Ele instantaneamente
começou a ir para o corredor que passava pela cozinha e entrava no pequeno
espaço onde a sua lavadora e secadora estavam. Eu me contorci e ri, me
esfregando contra ele no processo. — Eu estava brincando! Cama, Kellan… — Cobri
suas bochechas e suavemente o beijei. — Quero explorar você em uma cama.
Me dando um olhar cheio
de amor e admiração, ele nos girou para o outro lado e começou a subir as
escadas. Beijei seu pescoço enquanto andávamos. Ele esfregou círculos em minhas
coxas com os polegares. Ele me abaixou uma vez que estávamos diante das três
portas no segundo andar de sua casa - dois quartos, um banheiro. Todas as três
portas estavam abertas. Uma raridade, já que o quarto que eu tinha
compartilhado com Denny era geralmente mantido firmemente fechado. Eu o
esvaziara, entretanto, enquanto Kellan tinha ido embora.
Puxando-o pelo braço,
decidi tirar um segundo para mostrar a ele. Ele franziu as sobrancelhas para
mim, depois seguiu. Enquanto dávamos um passo
pela entrada, me recostei e o deixei olhar. Ele sorriu quando viu.
Eu tinha me livrado do mobiliário de Joey - a cama, cômoda, criado-mudo - tudo
isso. Imaginei que, se ela não tinha voltado em quase dois anos para coletá-lo,
ela nunca ia voltar. E ele detinha muitas lembranças ruins demais de qualquer
maneira. Eu queria que fosse embora, para purificar a casa.
Com o que eu o preenchera
não era o que você esperaria em um segundo quarto. Não havia uma cama, não
havia um armário segurando as roupas de inverno. Não havia uma TV. Havia
contudo, uma estante de livros, abarrotada com cada caderno de Kellan com que
eu já tinha me deparado. Meu antigo futon estava aqui, dobrado como um sofá e a
primeira guitarra de Kellan, a que ele tinha tido quando era garoto, estava
pendurada na parede agora, uma peça nostálgica de arte. Eu acrescentara uma
pequena mesa sob a janela, em destaque nas cortinas quentes. Um CD player
repousava sobre uma velha mesa de café no canto, alguns discos favoritos de
Kellan espalhados em torno dele. Ao todo, era o lugar perfeito para ele relaxar
e bolar novas obras-primas para sua banda.
Balançando a cabeça,
Kellan murmurou, — Isto é para mim?
Colocando minhas mãos em
seu peito, acenei com a cabeça. — Yeah, já que você não precisa ter um
companheiro de quarto mais, pensei em dar para você um melhor uso para o cômodo
extra. — Colocando um beijo em sua mandíbula forte, acrescentei, — É tudo para
você, para a sua arte.
Ele sorriu pacificamente
para mim e eu franzi as sobrancelhas e empurrei meu polegar sobre meu ombro. —
Exceto o armário. Eu precisava de um lugar para colocar as minhas roupas. — E
eu também esperava que pudesse um dia enfiar um cercadinho lá dentro. Se Anna
decidisse manter seu bebê, eu queria estar pronta.
Rindo, Kellan me apertou
forte. — É perfeito, obrigado.
Afastando-se, ele franziu
as sobrancelhas para mim. — Espere, é o seu aniversário. Eu não deveria estar
fazendo algo para você?
Sorri para seu beicinho.
— Bem, deixamos de celebrar seu aniversário no mês passado, então pode pensar
nisto como presente de aniversário atrasado. —
Mordendo o lábio, acenei com a cabeça para a porta do outro
quarto. — Mas há uma coisa que você pode fazer por mim. — Comecei a puxá-lo
através do corredor.
Dando um sorriso largo,
ele fitou meu corpo para cima e para baixo, me fazendo formigar por toda parte.
— Yeah? E isso seria?
Uma vez que ele estava
dentro do nosso quarto, fechei a porta atrás dele e pressionei-o contra ela.
Sua boca caiu aberta enquanto eu fundia as leves curvas que eu tinha em seu
corpo. Com os nossos quadris nivelados, pude sentir a sua resposta. Imaginando
a maneira como ele iria me provocar, corri meu nariz até sua mandíbula. Ele
engoliu e suas mãos apertaram meus quadris, me puxando para a dor rígida que
ele tinha.
Largando sua cabeça para
trás enquanto eu alcançava seu queixo, ele engasgou quando eu rapidamente me
inclinei para cima e passei a língua ao longo de seu lábio superior. Respirando
mais pesado, ele gemeu meu nome. — Kiera…
Me contorcendo contra seu
corpo, trilhei minha boca até sua mandíbula. Tive que ficar na ponta dos pés,
para alcançar sua orelha. Rapidamente atirei minha língua para dentro e ele
assobiou uma inspiração afiada. Eu me sentia invencível em seus braços, como se
pudesse fazer qualquer coisa envolvida no calor de seu amor. Kellan sempre
tinha me elevado, me incentivado a me sentir como a pessoa que ele via quando
olhava para mim. E abrigada em seus braços, eu estava começando a me sentir
desse jeito.
Sabendo que era algo que
teria normalmente me feito encolher em um canto, mortificada, sussurrei-lhe
algo que eu finalmente me senti confiante o suficiente para sussurrar.
Implicava tanto do quanto eu confiava nele, quão segura eu me sentia com ele, e
mesmo que parecesse sujo, não era. Era bonito e honesto. — Coloquei algumas
algemas sob seu travesseiro... se você quiser usá-las em mim.
Seus olhos estavam
enormes quando me afastei dele. Ele tinha brincado, ele tinha provocado, mas eu
acho que nunca pensou que eu iria na verdade conceder. Honestamente, fiquei
surpresa comigo mesma. Mas eu... confiava nele.
E o amava. E sabia que ele nunca iria me machucar, ou me rebaixar,
ou me fazer sentir qualquer coisa além de amada e confortada… e satisfeita.
Além disso, era mais uma coisa que eu podia riscar da minha lista de coisas
para fazer antes de morrer.
Meu, como eu tinha
crescido desde que conheci Kellan.
Os olhos de Kellan se
suavizaram enquanto entendia exatamente o que eu estava lhe oferecendo.
Gentilmente me beijando, ele murmurou:
— Eu te amo, Kiera. Feliz aniversário. —
Acenei com a cabeça, ansiosamente encontrando seus lábios de novo.
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