Capítulo 3

ÀS SETE HORAS, EU ESTAVA ME CONTORCENDO, SECANDO meu cabelo molhado. O vapor que preenchia o nosso minúsculo banheiro tinha embaçado o espelho, então não fazia sentido tentar ver meu reflexo. A toalha fina e esfarrapada envolta no meu peito mal me cobria. Precisávamos de toalhas novas. Precisávamos de tudo novo.
Raegan não chegou em casa até depois das seis, então eu tive que me apressar para explicar meu plano para ela e então, ela saberia exatamente como colocar Trenton à distância. Às 07:05 eu coloquei o meu moletom favorito com capuz da Eastern State e o combinei com um moletom cinza. Às 7:10 Raegan caiu no sofá com sua tigela de pipoca, afundando nas almofadas azuis, vestindo suas calças de yoga azul marinho e regata floral.
 ― Eu acho que você o persuadiu a não fazer isso.
 ― Certo, ― eu disse, sentando-me em um braço mal almofadado do sofá.
 ― Você diz certo, mas há um pouquinho de decepção em seu rosto.
 ― Você é uma mentirosa suja, ― eu disse, agarrando um punhado de pipoca e empurrando tudo na minha boca.
Eu estava começando a relaxar ao som da voz irritante de Family Guy tagarelando, quando a campainha tocou. Raegan correu para a porta, deixando cair pipoca em todos os lugares e eu corri para meu quarto. Raegan virou o trinco e a maçaneta e então ouvi sua voz abafada. Depois de uma breve pausa, outra voz que era muito mais forte cantarolava pelo apartamento. Era a de Trenton.
Após uma breve conversa, Raegan chamou meu nome. Eu endureci, não sabia o que fazer. Ela estava tentando provar a ele que eu não estava lá? A porta do meu quarto se abriu e instintivamente eu pulei para trás antes que a madeira me esbofeteasse no rosto.
Raegan estava diante de mim com uma carranca no rosto.
 ― Ele joga sujo.
Eu balancei minha cabeça, incerta se eu deveria falar. Ela virou a cabeça para o lado, apontando para a porta da frente.
 ― Veja você mesma.
Eu passei por ela e pelo hall para ver Trenton, em pé na sala de estar, segurando uma miniatura de casaco rosa macio e ao lado de uma menininha. Ela era deslumbrante. Seus enormes olhos verdes eram como telescópios, desaparecendo por trás de seus longos cílios escuros toda vez que ela piscava. Seus cabelos eram longos, platinados e caiam em cascata por suas costas e ombros. Ela estava apertando e puxando os fios de seu suéter verde-menta, mas não desviava seus olhos curiosos para longe de mim.
Trenton acenou para a pequena pessoa perfeita ao lado dele.
 ― Esta é Olive. Seus pais compraram a casa ao lado da casa do meu pai há dois anos. Ela é minha amiga.
Olive virou-se para apertar-se casualmente próxima à perna de Trenton. Ela não parecia assustada ou intimidada, apenas confortável o suficiente para se prender a ele.
 ― Oi, Olive, ― eu disse. ― Quantos anos você tem?
Não era uma pergunta normal para fazer uma criança? Eu não tinha certeza.
 ― Tenho cinco, ― ela disse com confiança. Sua voz corajosa e doce foi provavelmente o mais adorável som que eu já ouvi. Ela ergueu a mão, seus dedos minúsculos, mas rechonchudos se espalhando tanto quanto eles poderiam, sua palma da mão voltada para fora. Quando ela teve certeza que eu entendi, sua mão voltou à calça de Trenton.
 ― Twent disse que iria me levar para Chicken Joe, mas não poderemos ir até que você esteja ponta. ― Ela piscou, mas não sorriu. Ela estava falando sério e me responsabilizava firmemente por cada segundo a mais que ela tinha que esperar.
Eu olhei para ele.
 ― Oh, ele disse?
Trenton simplesmente deu de ombros e sorriu.
 ― Você está pronta?
Eu olhei para a minha aparência.
 ― É evidente que não, mas eu estou supondo que não deveria continuar fazendo Olive esperar.
― Não. Você não deveria, ― disse Trenton.
Ele nem sequer fingiu sentir vergonha. Bastardo. Tentando não rosnar, praguejar ou fazer qualquer outra coisa que pudesse assustar Olive, afastei-me para o meu quarto. Troquei meu moletom por uma jaqueta térmica cor de ferrugem e uma calça jeans desgastada. Enquanto eu colocava minhas botas, Raegan abriu a porta do meu quarto e a fechou atrás de si.
 ― Olive me pediu para mandar você se apressar, ― ela disse, tentando não sorrir.
 ― Cala sua boca, ― eu disse, levantando-me. Eu passei alguma maquiagem, como rímel, um gloss transparente e fui para a sala, onde Trenton e Olive estavam. ― Estou pronta, ― eu disse com um sorriso para Olive. Definitivamente, sem sorrisos para Trenton.
Olive se virou para Trenton.
 ― Podemos ir para Chicken Joe agora?
 ― Vamos colocar o seu casaco, primeiro.
Olive obedeceu e depois limpou o nariz com as costas de sua mão.
 ― Agora?
 ― Sim, senhora, ― disse ele abrindo a porta.
O sorriso de Olive ocupou todo o seu rosto quando a porta se abriu, e a expressão de Trenton se iluminou, claramente satisfeito que ele a fazia feliz. Eu passei por ele sem falar e quando eu fui para o estacionamento os dedinhos de Olive encontraram o caminho para a minha mão. Sua pele era tão quente e suave como parecia.
Trenton abriu a porta do passageiro de seu dilapidado Dodge Intrepid. A tinta vermelha estava desbotada em alguns pontos e havia saído totalmente em outros. Trenton puxou o banco para frente, ajudando Olive a se acomodar na parte de trás. Ele a amarrou em seu assento rosa. Eu inclinei minha cabeça e suspirei.
 ― Você não fuma no seu carro?
 ― Eu fumo, mas eu limpei meu carro na noite anterior e eu estou com Olive. Não fumo nele até que eu a deixe em casa.
Ele voltou o banco do passageiro à sua posição original e estendeu a mão, gesticulando para eu entrar.
 ― Eu vou fazer você pagar por isso, ― eu sussurrei quando passei por ele para me sentar.
Ele sorriu.
 ― Eu estou esperando isso. ― Trenton fechou a porta e depois andou em torno da frente do carro e pulou no banco do motorista. Ele puxou o cinto de segurança em seu peito e o travou e então olhou para mim com expectativa.
 ― Cintoooooo, ― disse Olive do banco traseiro.
 ― Oh, ― eu disse, me virando para pegar o cinto de segurança e repetindo o que Trenton tinha acabado de fazer.
Quando a fivela travou, Trenton ligou o carro. Nós fomos em silêncio todo o trajeto até o Chicken Joe, exceto pelas ocasionais solicitações de atualização de Olive. Em quase todos os semáforos, ela queria saber quantos quarteirões restavam entre nós e nosso destino. Trenton lhe respondeu pacientemente e quando estávamos a um quarteirão de distância, ambos fizeram uma pequena celebração, dançando com as mãos.
Quando Trenton parou em uma vaga no estacionamento do Chicken Joe, ele desligou o motor, saiu e correu para o meu lado e, em seguida, abriu a porta. Ele me ajudou a sair, estendendo a mão e então puxou o assento para frente, desafivelou o cinto de Olive e a colocou no chão.
 ― Você touxe moedas? ― ela perguntou.
Trenton riu uma vez, fingindo insulto.
 ― Eu seria louco de vir ao Chicken Joe sem moedas?
 ― Eu acho que não, ― disse Olive, sacudindo a cabeça.
Trenton estendeu a mão e Olive a tomou, e então ela estendeu a mão para mim. Eu tomei sua mão e seguimos para dentro.
Chicken Joe tinha sido uma constante em Eakins desde antes de eu nascer. Meus pais nos levaram uma ou duas vezes quando éramos crianças e eu não tinha voltado desde a década de 1990. Gordura e especiarias ainda pairavam pesadamente no ar e saturavam tudo, incluindo uma camada fina no chão de ladrilhos verde.
Olive e eu seguimos Trenton para uma cabine no lado oposto do restaurante. As crianças estavam correndo por toda parte e praticamente subiam pelas paredes. Luzes multicoloridas da enorme juke box e dos brinquedos pareciam intensificar os gritos e risos. Trenton mexeu nos bolsos de sua calça jeans e tirou dois punhados de moedas. Olive deu uma animada respiração, agarrou tantas quanto podia em sua mão gordinha e fugiu.
 ― Você sequer se sente mal sobre explorar essa pobre menina, não é? ― Eu perguntei, cruzando meus braços em cima da mesa.
Trenton encolheu os ombros.
 ― Eu consigo jantar com você. Ela consegue brincar. Seus pais têm uma noite livre. Todos ganham.
 ― Negativo. Eu, claramente, não estou na categoria de vencedora, desde que fui coagida a estar aqui.
 ― Não é culpa minha o fato deu estar a um passo à sua frente.
 ― Explorar uma criança não é uma boa, para um primeiro encontro. Isso não é, exatamente, uma memória que você deseja compartilhar mais tarde.
 ― Quem disse que isso era para ser um encontro? Quero dizer... se você quiser chamá-lo de encontro, tudo bem, mas eu pensei que você tivesse um namorado.
Eu quase engasguei com minha própria saliva, o que era preferível a corar.
 ― Perdoe-me por achar que coerção era algo que você não fazia para qualquer uma.
 ― Eu não faço. Isto é definitivamente um caso especial.
 ― Você é um caso especial, ― resmunguei, buscando entre as dezenas de crianças, o rosto de Olive. Ela estava tentando esticar os braços curtos pela máquina de pinball, e, em seguida decidiu por inclinar-se de lado a lado.
 ― Eu suponho que você ainda tem um namorado, ―  disse Trenton.
 ― Não que seja da sua conta, mas sim.
 ― Então, isto definitivamente não é um encontro. Porque se fosse, você estaria... bem, eu não vou dizer isso.
Apertei os olhos para ele.
 ― Eu vou atravessar toda esta mesa e golpeá-lo.
Ele riu. ― Não, você não vai. Você quer que toda a próxima geração de Eakins, Illinois, pense que você é uma ogra?
 ― Eu não me importo.
 ― Sim, você se importa.
A garçonete veio rebolando para nós, inclinando-se para trás, longe de sua barriga crescente. Ela parecia estar de sete meses de gravidez, a camisa polo verde mal cobria sua barriga. Ela colocou um pequeno copo com uma tampa e um canudo, e depois um copo vermelho maior, cheia de algo marrom e efervescente.
 ― Oi, Trent.
 ― Oi, Cindy. Você deveria estar em casa com os pés para cima.
Ela sorriu.
 ― Você diz isso o tempo todo. O que sua amiga gostaria?
Eu olhei para Cindy.
 ― Só uma água, por favor.
 ― É isso aí. ― Ela olhou para Trenton. ― Olive vai querer o habitual?
Ele acenou com a cabeça.
 ― Mas acho que Cami vai precisar de um menu.
 ― Já volto, ― disse ela.
Trenton se inclinou para mim.
 ― Você deveria tentar o combo com batata-doce frita e salada de repolho. Porque... é uma maldição.
Um homem atrás de mim gritou:
 ― Christopher! Eu disse para o seu traseiro vir até aqui e se sentar!
Trenton inclinou-se para olhar, e franziu o cenho. Um menino de cerca de oito anos, passou correndo por mim em direção ao seu pai que estava à sua espera.
 ― Sente-se! ― O pai rosnou. O menino fez o que lhe foi dito, e se virou para assistir as outras crianças brincando.
Trenton tentou ignorar a cena atrás de mim e se encostou à mesa.
 ― Você ainda gosta de trabalhar no Red?
Eu balancei a cabeça.
 ― À medida que os trabalhos acontecem, não é ruim. Hank é legal.
 ― Por que você não está trabalhando neste fim de semana?
 ― Eu peguei uma folga.
 ― Sente-se aí! ― O pai rosnou atrás de mim.
Depois de uma pausa, Trenton continuou:
 ― Eu ia lhe dizer que, se você não estivesse feliz no bar, há uma vaga de recepcionista na loja.
 ― Que loja?
 ― Minha loja. Bem, a loja que eu trabalho.
 ― A Skin Deep está contratando? Pensei que Cal apenas colocava quem não estivesse ocupado para atender o telefone.
 ― Ele disse que na loja de tatuagem na 34ª rua tem uma gostosa na recepção, por isso ele acha que nós precisamos de uma também.
 ― Uma gostosa, ― eu brinquei, indiferente.
 ― Palavras dele, não minhas, ― disse Trenton, examinando a multidão a procura de Olive. Ele não procurou por muito tempo. Ele sabia onde ela estaria.
 ― Ela gosta de pinball, né?
 ― Ela ama, ― disse ele sorrindo para ela como um pai orgulhoso.
 ― Porra, Chris! O que diabos está errado com você? ― O pai atrás de mim gritou, levantando-se ao mesmo tempo. Eu me virei, vendo que o copo estava virado e um menino muito nervoso encarava o colo molhado de seu pai. ― Por que eu ainda me incomodo em trazê-lo a lugares como este? ― ele gritou.
 ― Eu estava pensando a mesma coisa, ― disse Trenton.
O pai se virou, duas linhas horizontais profundas no centro de sua testa.
 ― Quero dizer, você realmente não age como se você quisesse que seu filho corresse, brincasse, ou se divertisse aqui. Por que você o traz aqui, se você só quer que ele fique quieto?
 ― Ninguém perguntou nada a você, idiota, ― disse o homem, virando-se.
 ― Não, mas se você continuar a falar com o seu filho assim, eu vou lhe pedir para sair.
O homem nos enfrentou de novo, começou a falar, mas algo nos olhos de Trenton fez o homem pensar melhor.
 ― Ele é hiperativo.
Trenton encolheu os ombros.
 ― Ei cara, eu entendi. Você está aqui sozinho. Provavelmente foi um longo dia. ― As linhas acima dos olhos do homem se suavizaram.
 ― Foi.
 ― Então o deixe queimar um pouco de energia. Ele vai estar desgastado quando ele chegar em casa. É meio estúpido trazê-lo para um lugar com brinquedos e então ficar todo irritado porque ele quer brincar.
Vergonha escureceu o rosto do homem, ele acenou com a cabeça algumas vezes e então ele se virou, acenando uma vez para o seu filho.
 ― Desculpe, amigo. Vá jogar.
Os olhos do menino se iluminaram e ele pulou da cabine, misturando-se na multidão de crianças felizes. Depois de alguns momentos embaraçosos de silêncio, Trenton iniciou uma conversa com o homem e eles começaram um bate-papo sobre o local onde Christopher e Olive estavam. Eventualmente, nós descobrimos que o nome do homem era Randall e ele era um recém-pai solteiro. A mãe de Chris era uma viciada e estava com um namorado na cidade mais próxima e Chris estava com problemas de adaptação. Randall admitiu que ele também estava.
Quando chegou a hora deles irem, Randall estendeu a mão e apertou a de Trenton. Christopher observava os dois homens, sorriu e, em seguida, tomou a mão de seu pai. Eles deixaram o lugar com sorrisos em seus rostos. Quando as moedas de Olive acabaram, ela se sentou à mesa, as tiras de frango grelhado à sua frente. Trenton esguichou um pouco de desinfetante sobre as mãos dela, esfregou-as e, em seguida, ela devorou tudo em seu prato. Trenton e eu pedimos a versão adulta de sua refeição e todos nós terminamos aproximadamente ao mesmo tempo.
 ― Torta? ― disse Olive, limpando a boca com as costas da mão.
 ― Eu não sei, ― disse Trenton. ― Sua mãe ficou muito brava comigo da última vez.
Gostei da forma como ele falou com ela. Ele não era condescendente. Ele conversou com ela do mesmo jeito que ele falou comigo, e ela parecia gostar.
 ― O que você acha, Cami? Você gosta de nozes?
Olive me olhou com olhos suplicantes.
 ― Eu gosto.
Os olhos de safira de Olive brilharam.
 ― Podemos pedir?
Dei de ombros.
 ― Eu poderia comer um terço de uma torta. Quer compartilhar também, Trent?
Trenton fez contato visual com Cindy e levantou o dedo indicador. Ela assentiu com a cabeça, sabendo exatamente o que ele queria dizer. Olive bateu palmas quando Cindy trouxe a torta sobre a bandeja juntamente com três garfos. A fatia foi de quase um terço do bolo, com um monte de creme de chantilly.
 ― Divirtam-se, ― disse Cindy, parecendo cansada, mas agradável.
Nós cavamos os primeiros pedaços, gemendo na primeira mordida quando o açúcar encontrou seu caminho para nossas bocas. Em alguns minutos o prato estava vazio. Cindy trouxe a conta e eu tentei pagar metade, mas Trenton nem sequer quis ouvir a sugestão.
 ― Se você pagar, é um encontro, ― eu disse.
 ― Você alguma vez pagou o almoço de Raegan?
 ― Sim, mas...
 ― Isso é um encontro?
 ― Não, mas...
 ― Shh, ― ele disse levantando Olive em seus braços. ― Esta é a parte onde você diz obrigada. ― Ele colocou a gorjeta sobre a mesa e, em seguida guardou sua carteira no bolso de trás.
 ― Obrigada, ― disse Olive descansando a cabeça no ombro de Trenton.
 ― Por nada, Ew. ― Ele se inclinou e pegou as chaves da mesa.
 ― Ew? ― eu perguntei.
Olive me olhou com os olhos sonolentos. Eu não continuei o assunto.
O passeio de volta para o meu apartamento foi em silêncio, principalmente porque Olive tinha adormecido em seu assento de carro. Sua pequena bochecha estava achatada contra a almofada ao lado de seu rosto. Ela parecia tão pacífica, tão alegremente perdida onde quer que ela esteja.
 ― Os pais dela deixam o vizinho, coberto de tatuagens, como babá de uma criança de cinco anos de idade?
 ― Não. Isso é novo. Nós começamos com isto esse ano, tudo começou com o Chicken Joe em meus dias de folga. Eu tomava conta de Olive para Shane e Liza algumas vezes por cerca de meia hora ou mais no início e de alguma forma nós começamos a vir no Chicken Joe.
 ― Estranho.
 ― Eu tenho sido seu Twent por um longo tempo.
 ― E ela é sua Ew?
 ― Sim.
 ― O que é isso, exatamente?
 ― Suas iniciais. Olive Ollivier. O.O. Quando você as coloca juntas, faz um som de 'ew'.
Eu balancei a cabeça.
 ― Faz sentido. Ela vai te odiar por isso daqui a uns seis anos.
Trenton olhou para o espelho retrovisor, e depois de volta para a estrada.
 ― Não.
Os faróis iluminaram a porta da frente do meu apartamento, e Trenton finalmente olhou envergonhado.
 ― Eu a levaria até a porta, mas eu não quero deixar Olive no carro.
Eu o mandei embora.
 ― Eu posso chegar até a porta sozinha.
 ― Talvez a gente possa raptá-la novamente.
 ― Eu trabalho aos sábados. Hoje foi um acidente.
 ― Nós poderíamos mudar isso para os domingos de Chicken Joe.
 ― Eu trabalho aos domingos.
 ― Eu também. Mas só até uma hora e você não começa até mais tarde também, certo? Nós poderíamos ir ao almoço. Um almoço mais cedo.
Eu entortei a boca para o lado.
 ― Não é uma boa ideia, Trent. Mas muito obrigada.
 ― Chicken Joe é sempre uma boa ideia.
Eu ri e olhei para baixo.
 ― Obrigada pelo jantar.
 ― Você me deve, ― disse Trenton ao me ver sair.
Inclinei-me.
 ― Você me sequestrou, lembra?
 ― E eu faria de novo, ― disse ele enquanto eu fechava a porta.
Fui até o prédio e Trenton esperou até que eu entrasse para que ele arrancasse. Raegan estava sentada de joelhos sobre as almofadas do sofá, segurando a parte de trás com os dedos.
 ― Então?
Olhei o apartamento e joguei minha bolsa na namoradeira.
 ― Então... esse foi talvez o melhor encontro não encontro que eu já tive.
 ― Sério? Ainda melhor do que quando você conheceu T.J.?
Eu fiz uma careta.
 ― Eu não sei. Aquela foi uma noite boa. Mas esta noite foi... diferente.
 ― Diferente boa?
 ― Meio que perfeita.
Raegan levantou uma sobrancelha e baixou o queixo.
 ― Isso pode ficar confuso. Você deve apenas dizer a ele.
 ― Não seja estúpida. Você sabe que eu não posso, ― eu disse, caminhando em direção ao meu quarto.
Meu telefone tocou uma vez, e, em seguida, novamente. Eu caí na minha cama e olhei para o visor. Era T.J.
 ― Olá? ― eu disse, segurando o telefone no ouvido.
 ― Sinto muito que me levou tanto tempo para ligar... Acabamos de chegar... tudo bem? ― T.J. perguntou.
 ― Sim. Por quê?
 ― Eu pensei ter ouvido alguma coisa na sua voz quando você respondeu.
 ― Você está ouvindo coisas, ― eu disse, tentando não pensar em quão adorável Trenton parecia com uma Olive sonolenta caída sobre seu ombro.

Comentários

  1. maddox se vc der um fora neles ai que vc esta ferrada

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  2. Os Maddox são os melhores <3
    Trente é um fofo <3

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  3. Já amava o Trent desde "Belo desastre", mas agora é impossível não se apaixonar por ele...

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Nada de spoilers! :)

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