Capítulo 4 - Mudanças

Denny rapidamente impressionou as pessoas em seu trabalho, assim como eu sabia que ele faria, e nós não tínhamos tanto tempo juntos como eu gostaria. Tentei ainda me despedir todas as manhãs, mas como comecei a entrar na rotina de ir para a cama mais tarde e mais tarde, tornou-se cada vez mais difícil de acordar com ele. Eventualmente, ele conseguia um beijo de “vejo você” na cama, e era só. Querendo fazer uma boa impressão com seus chefes, ele geralmente ficava no trabalho até depois da hora em que eu tinha que sair para o trabalho também. O que deixou bem evidente logo no início, que o único tempo que teríamos juntos eram as tardes de fim de semana antes do meu turno e as noites que eu tinha folga durante a semana.
Ele fazia o que podia para passar um tempo comigo, no entanto. Ele tinha vindo ao bar depois do trabalho para me ver várias vezes, ficando para o jantar ou uma bebida com Kellan e os caras. Nos abraçávamos e beijávamos carinhosamente e os frequentadores do bar gemiam de brincadeira. Alguém ainda jogou um guardanapo amassado em nós uma vez. Eu tinha uma suspeita de que havia sido Griffin. Estava feliz que tinha sido apenas um guardanapo.
O mês de junho passou acelerado pela nossa rotina e antes que eu percebesse, era julho. Denny teve que ir para o escritório no Quatro de Julho - eu tinha ficado um pouco perturbada, pois tínhamos planejado passar o dia na praia favorita de Denny aqui, Alki Point (um pouco de sol e água para o meu menino que adora água), mas ele prometeu que iria no Pete naquela noite e que passaria a noite toda lá, mesmo que eu estivesse trabalhando, o que fez minha ira acalmar um pouco. Acabei passando a maior parte do dia lendo um livro no quintal pequeno e ensolarado e me bronzeando. Bem, bronzeamento implica que a minha pele era do tipo que iria escurecer em uma bela cor bronzeada como a de Denny. Minha pele de alabastro não o fazia. Minha pele ficava rosa brilhante e então voltava ao branco pálido. Então, eu coloquei um maiô de duas peças, exagerando no protetor solar para pelo menos evitar a parte rosa brilhante e aproveitei o calor do sol, mesmo sem os efeitos colaterais normais de mudança de cor que seriam de esperar.
Li meu livro e desfrutei do calor que deslizava pelas minhas coxas e na parte inferior das costas, fazendo cócegas. Olhei para cima e vi uma delicada libélula bem na frente do meu rosto, descansando na grama. Seu corpo e a ponta de sua cauda eram da mesma cor turquesa brilhante que algumas das joias nativo americanas que eu tinha visto em algumas das lojas locais. Parecia completamente feliz, descansando em seu poleiro e aproveitando o dia perfeitamente ensolarado, assim como eu. Eu sorri para ela e então voltei para o meu livro. Foi bom não estar completamente sozinha aqui.
Eventualmente meu corpo tinha absorvido a sua cota diária de vitamina D, e eu tropecei para a casa em um estado de ‘bêbada de sol’, quase instantaneamente adormecendo no sofá. Acordei uma hora e meia antes do meu turno começar e me apressei para me arrumar e ficar pronta. Corri para o ponto de ônibus em cima da hora. Bem, pelo menos eu não estaria cansada durante o meu turno.
Fiel à sua palavra (como sempre), Denny entrou no bar naquela noite, quando ele saiu do trabalho. Estava estranhamente lotado, considerando que era um feriado, e ele teve que se sentar em um banquinho no bar. Os olhares atraentes de Rita para ele estavam realmente começando a me irritar, quando, de repente, Kellan e a banda apareceram. Eles confiscaram sua mesa de sempre e se espremeram felizes para colocar uma cadeira extra para Denny. Até mesmo no bar lotado, o riso na mesa foi alto a noite inteira.
Um pouco antes do show da banda, Denny e Kellan foram jogar bilhar. Eu parei e me encostei no arco no meu caminho para a cozinha, não podendo deixar de sorrir enquanto observava sua amizade fácil. Eles brincavam e falavam enquanto jogavam, como se tivessem sido melhores amigos por anos, sem nunca ter passado algum tempo separados. Eu também não poderia deixar de sorrir com o quão ruim Kellan era na sinuca. Denny ria de seus tiros perdidos e tentava ensiná-lo a fazê-lo corretamente, apenas fazendo Kellan rir e dar de ombros, como se ele soubesse que nunca ia conseguir. Eu não era tão boa, e Denny, que era realmente muito bom, tinha tentado me ensinar uma ou duas vezes. Ele pacientemente me disse em várias ocasiões, "É só física, Kiera", como se apenas por saber disso, de alguma forma, o tiro iria magicamente se tornar mais fácil. Denny me notou observando os dois jogar e me deu uma piscada, suspirei feliz e voltei para o meu trabalho.
Eles tinham acabado seu jogo e Kellan estava começando a ir até o palco, quando ouvimos os fogos de artifício da cidade do lado de fora. Matt e Griffin ficaram com sorrisos patetas em seus rostos e foram para a porta da frente - uma meia dúzia de meninas com eles. Sorrindo, Evan e Jenny seguiram um momento depois, com mais meia dúzia de pessoas. Kellan se aproximou de mim e de Denny com uma menina baixinha, o cabelo uma mistura interessante de vermelho brilhante e listras azuis. Ele jogou o braço ao redor dos ombros da menina e sorridente, acenou para nós os seguirmos. Demos de ombros e saímos do bar com cerca de uma dúzia de pessoas nos seguindo.
Metade das pessoas do bar foi para o estacionamento, olhando para o céu sobre o Lago União, onde a cidade era iluminada explosão após explosão. Fogos de artifício em cores deslumbrantes e belos desenhos iluminavam o horizonte da cidade. Griffin e Matt estavam em um lado, observando o céu. Bem, Matt estava assistindo. Griffin tinha agarrado uma menina e estava sendo atacado - e amando cada minuto disso. Jenny tinha os braços ao redor da cintura de Evan e, inclinando-se contra ele comodamente, estava assistindo o show do outro lado do estacionamento.
Denny passou os braços em volta de mim, me abraçando apertado contra o peito e eu relaxei nele, colocando minha cabeça em seu ombro. Kellan estava em frente de nós, um braço pendurado casualmente em torno da menina, com a mão em seu bolso traseiro. Ele tinha trazido sua cerveja e, ao virar a cabeça para longe da garota para tomar um gole, ele notou Denny e eu atrás dele. Engoliu a bebida, então sorriu calorosamente para nós quando percebeu que eu estava olhando para ele. Corei levemente e Denny suspirou contentemente, beijando minha cabeça.
A mulher com Kellan deve ter falado com ele, porque ele se virou para ela e disse algo baixinho. Ela inclinou-se e beijou seu pescoço, deslizando a mão no bolso do seu jeans. Ele sorriu e abraçou-a com força e eu me perguntava se iria vê-la pela manhã.
Eu estava virando minha atenção de volta para o show quando ouvi, muito alto, atrás de nós, — Hey! Eu não pago vocês para olhar as estrelas.
Virando, eu vi Pete em pé perto da porta da frente, olhando Kellan com uma expressão infeliz, pois eles já deviam estar no palco. — Vão tocar, — ele murmurou, indicando dentro do bar. Ele olhou para o céu por um breve momento, enquanto Kellan riu, e então trouxe a sua atenção até Jenny e eu. — E vocês duas. Vão... ser garçonetes. Ainda há pessoas sedentas lá dentro.
Jenny afastou-se de Evan e foi saltitando na direção de Pete. — Desculpe, Pete, — disse ela animada, beijando-o na bochecha e depois correndo para o bar.
Kellan seguiu imediatamente depois dela, segurando a mão da menina listrada de vermelho e azul. — É... Desculpe, Pete. — Então, sorrindo torto, ele deu a Pete um rápido beijo no rosto também. Ele rapidamente se esquivou quando Pete fez um movimento para bater nele, a menina ao seu lado rindo incontrolavelmente, e então ele foi de volta para o bar seguindo Jenny.
Denny e eu permanecemos por um segundo nos braços um do outro, observando a exibição deslumbrante e depois seguimos o resto da multidão de volta para o bar. A banda foi particularmente boa naquela noite e Denny permaneceu durante todo o show - nós até escapamos para uma dança de casal. Quando chegou o final do meu turno, eu estava pronta para ir para casa e aconchegar na cama com ele. Estava terminando meus deveres quando avistei Kellan deixando o bar e, surpreendentemente, ele estava sozinho. Denny agarrou a minha mão quando saí do depósito alguns momentos depois e sorrindo um para o outro, fomos para casa.
Suspirei enquanto aconchegava na cama com ele mais tarde, feliz e amando a minha pequena vida aqui, encontrando uma satisfação enorme no fato de que nada disso iria mudar, pelo menos nos próximos dois anos.
Foi quase duas semanas depois, em uma noite de sexta-feira no trabalho, quando algo inesperadamente mudou...
Os caras estavam em sua mesa regular na parte de trás, relaxando antes de seu show. Para a alegria de várias meninas em mesas vizinhas, Griffin estava sem camisa. Ele estava mostrando a Sam uma nova tatuagem em seu ombro que tinha feito na semana passada. Era uma cobra envolvendo-se sedutoramente em torno de uma mulher nua. Sam estava sorrindo - ele parecia realmente gostar. Eu achei um pouco sem sentido. A cobra era um pouco sensual demais e a mulher era escandalosamente desproporcional. Sério, uma mulher de verdade com aquela forma não seria capaz de andar em linha reta. Eu tinha que sorrir, no entanto, a tatuagem de mau gosto combinava com seu proprietário perfeitamente.
Matt também estava mostrando a Sam sua nova tatuagem, um símbolo na parte interior de seu pulso. Eu não sabia o que era, ou o que significava, mas preferi muito mais a dele à de Griffin. Sam acenou para ele e, em seguida, olhou para a tatuagem da mulher nua novamente. Eu estava pronta para Griffin colocar a camisa de volta. Evan, que tinha tatuagens para cima e para baixo nos braços, estava ignorando o show de mostrar e contar – demasiado ocupado sentado na beira do palco, flertando com um grupo de meninas.
Kellan estava sentado com sua cadeira ao contrário, me olhando. Quando notou que eu estava olhando para ele, acenou para mim. — Hey. Cerveja? — Eu perguntei.
Ele sorriu calorosamente e assentiu. — Sim, obrigado, Kiera. — De repente eu me perguntei se Kellan tinha alguma tatuagem, como o resto deles. Percebendo que eu tinha visto- o quase nu antes, corei. Se ele tinha uma, era bem escondida. Ele percebeu o meu rubor. — O que?
Sabendo que seria mais fácil se eu apenas perguntasse, eu disse: — Você tem uma? — E apontei para o ombro de Griffin.
Ele olhou para Griffin ainda seminu. — Tatuagem? — ele perguntou, virando para me encarar. Balançou a cabeça enquanto dizia, — Não, eu não consigo pensar em nada que queira para sempre gravado na minha pele. — Ele deu um sorriso torto para mim. — E você?
Corei novamente pelo seu sorriso encantador. — Não… pele virgem aqui. — Eu imediatamente lamentei dizer isso, quando meu rosto ficou vermelho. Ele riu, apreciando a minha reação, e eu murmurei, — Estarei de volta com sua cerveja...
Corri tão rápido quanto pude, murmurando baixinho sobre como eu realmente precisava pensar antes de falar, e quase colidi com Denny quando ele estava entrando no bar.
— Oh, hey! Adivinha? — Denny agarrou meus ombros, radiante.
Sorrindo para o seu entusiasmo, eu disse, — Não tenho ideia.
— Mark do escritório me chamou hoje. Eles querem que eu vá com eles para definir o novo escritório em Tucson! — Ele parecia muito animado com essa perspectiva... Meu coração se afundou.
— Tucson? Realmente... por quanto tempo? — Tentei não arruinar sua excitação, mas eu já não estava gostando dessa ideia.
— Não sei... Uns dois meses, talvez? — Ele encolheu os ombros.
Minha boca abriu. — Dois meses! Mas, nós acabamos de chegar aqui? Eu começo a escola em pouco mais de um mês! Preciso me registrar, conseguir meus horários, livros... Não posso ir a Tucson agora!
Ele olhou para mim, um pouco confuso. — Você não precisa vir. É apenas por alguns meses, Kiera.
Agora eu não me importava com o seu entusiasmo. Estava puta da vida. — O quê! — Eu disse bastante alto, e as pessoas ao nosso redor se viraram para olhar. Denny olhou em volta, em seguida, delicadamente agarrou meu braço e me puxou para fora.
Uma vez no ar mais frio do estacionamento, ele agarrou meus dois ombros novamente e obrigou-me a olhar para ele. — É o meu trabalho, Kiera... nosso futuro. Preciso fazer isso. — Seu sotaque era grosso sobre as palavras, enquanto a preocupação o enchia.
Eu podia sentir as lágrimas. — Dois meses, Denny... Isso é tanto tempo. — Em todo o nosso tempo juntos, o mais longo que já havíamos nos separado foram as duas semanas quando ele tinha ido para casa visitar seus pais depois que seu avô havia morrido. Eu odiei cada minuto dessas duas semanas.
Ele limpou uma lágrima que tinha caído. — Ei... está tudo bem. Talvez não será por tanto tempo. Não tenho certeza. — Ele me puxou para um abraço. — Isto é para nós, Kiera. Ok?
— Não, — eu disse entrecortada. Dois meses parecia uma eternidade. — Quando você vai? — Sussurrei.
— Segunda-feira, — ele sussurrou de volta. Então, não consegui parar as lágrimas.
Depois de algum tempo, Denny me soltou. — Sinto muito. Eu não queria incomodá-la. Achei que você ia ficar feliz por mim? — Ele franziu a testa um pouco. — Desculpe, eu deveria ter esperado até depois do trabalho para te dizer.
Fungando um pouco, senti a culpa chegando. — Não, está tudo bem. Você só me surpreendeu, isso é tudo. Estou exagerando. Vai ficar tudo bem, de verdade.
Ele me abraçou novamente por alguns minutos. — Eu sinto muito... Não posso ficar. — Ele olhou para mim envergonhado. — Eles querem que eu volte para o escritório, para tratar de alguns detalhes. Tenho que ir, sinto muito. Eu só queria te dizer.
Pisquei as lágrimas. — Vai, está tudo bem. Tenho que voltar para o trabalho de qualquer maneira...
Ele segurou meu rosto em suas mãos. — Eu te amo.
— Também te amo, — eu murmurei de volta.
Beijou minha testa e correu de volta para seu carro. Ele com certeza parecia empolgado para abandonar-me. Suspirei e acenei quando ele foi embora. De mau humor, caminhei de volta para o bar. A primeira coisa que notei foi Kellan encostado ao balcão, conversando com Rita e saboreando uma cerveja. Ah, sim. Ele queria uma cerveja antes de... Denny. O pensamento trouxe lágrimas aos meus olhos e eu rapidamente as sequei, mas não antes de Kellan ter notado.
Ele franziu a testa para mim e caminhou até onde eu ainda estava de pé ao lado da porta. — Você está bem?
Olhei por cima do ombro dele, sabendo que se visse a preocupação em seus olhos as lágrimas começariam com força total. — Sim.
— Kiera... — Ele levemente colocou a mão no meu braço e eu instintivamente olhei para o seu rosto.
A preocupação em seus olhos e o toque inesperado me desmoronou, e as lágrimas começaram a escorrer. Sem hesitar, ele me puxou para ele em um abraço apertado. Esfregou levemente minhas costas e descansou sua bochecha na minha cabeça. Foi muito reconfortante, mas de qualquer maneira eu solucei, enquanto as pessoas ao nosso redor olhavam. Ele ignorou os olhares questionadores (ele tinha uma grande reputação depois de tudo) e me segurou até minhas lágrimas pararem, tudo sem comentário ou reclamação.
Em algum momento Sam veio até ele, provavelmente para dizer que ele devia estar lá em cima, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, senti Kellan sacudir a cabeça para ele. Eu me afastei dele um pouco e enxuguei algumas lágrimas do meu rosto. — Eu estou bem. Obrigada. Vá, vá ser uma estrela do rock.
Ele olhou para mim, preocupado. — Tem certeza? Esses caras podem esperar mais alguns minutos.
Tocada pela sua oferta, balancei a cabeça. — Não, realmente, eu estou bem. Tenho que voltar para o trabalho de qualquer maneira. Perdi a chance de pegar sua cerveja de novo.
Ele me soltou e riu um pouco. — Da próxima vez. — Ele esfregou meu braço e com um meio sorriso virou-se para se juntar aos seus companheiros de banda que já estavam começando a tomar o palco.
A banda de Kellan foi incrível, é claro, mas eu não pude deixar de notar os olhos dele em minha direção mais do que o habitual. Às vezes, ele franzia a testa um pouco para mim e eu me via sorrindo de volta tranquilizando-o. Honestamente, eu estava bem. Ele não precisava se preocupar sobre mim, mesmo que fosse doce.
Saí mais tarde do que o habitual após o bar fechar, recusando a oferta educada de Jenny de uma carona para casa. Eu simplesmente não estava pronta para ir lá ainda. O pensamento de falar com Denny novamente, sobre ele ir, machucava. O pensamento de Denny não estar em casa, depois do trabalho, feria também. Eu não tinha certeza se poderia ser pior e não queria descobrir ainda.
Sentei-me ao contrário em uma cadeira perto do bar e descansei o queixo em meus braços. Segunda-feira. Tudo estava indo tão bem e agora eu só tinha um fim de semana. Refleti sobre o que eu ia fazer quando ele se fosse. Tudo parecia muito cedo para se pensar. Teríamos amanhã à tarde e o dia todo domingo... Depois disso, eu realmente não tinha certeza de quando iria vê-lo novamente.
Podia sentir as lágrimas começarem de novo e enxuguei-as com raiva. Sério, seria, provavelmente, apenas um mês ou dois, nada de tão grave assim. Calma, eu pedi o meu corpo.
Senti Kellan sentar ao meu lado antes de vê-lo. — Hey. — Ele sorriu suavemente para mim. — Quer falar sobre isso?
Olhei para o palco, onde a banda ainda estava arrumando as coisas. Evan estava ocupado com Sam, mas Griffin e Matt estavam olhando para mim e Kellan, Griffin resmungando algo para Matt com um sorriso torcido nos lábios. Matt revirou os olhos e riu, e eu só podia imaginar o que eles estavam falando. Não, não queria falar aqui. Certamente seria constrangedor e eu não precisava que os D-Bags vissem isso. Eles me provocavam o bastante já. Balancei a cabeça.
Kellan notou meus olhos grudados na banda e pareceu entender. — Quer uma carona?
Olhei para ele com gratidão e assenti. Minhas opções para voltar para casa tinham sido rapidamente diminuídas esta noite. — Sim, muito obrigada.
— Claro, deixe-me pegar minhas coisas e vamos embora.
Ele sorriu encantadoramente para mim e, por algum motivo, corei. Ele foi até os rapazes, que estavam começando a desfrutar de uma bebida com Sam, e disse algumas palavras enquanto eles assentiam, Griffin cutucando Matt nas costelas e sorrindo. Kellan balançou a cabeça para eles e pegou sua guitarra. Ele estava se virando para voltar para mim quando Evan agarrou seu braço. Ele disse algo para Kellan e parecendo um pouco irritado, Kellan balançou a cabeça. Evan pareceu satisfeito com a resposta e soltou seu braço. Kellan caminhou de volta para mim e sorriu calorosamente. — Pronta?
Assentindo e me levantando, eu suspirei e mentalmente me preparei para ver ou não Denny. Acenei timidamente para Rita quando saímos do bar. Ela levantou a sobrancelha para mim e sorriu de forma conhecedora, piscando o olho de uma maneira que me fez corar novamente. Ela parecia pensar que eu ia pular em Kellan cada vez que ficávamos sozinhos. Sua natureza provocativa me deixava muito desconfortável.
A viagem de carro foi em um silêncio confortável; Kellan jamais me pressionou para falar. Sua bondade e a memória de seu doce abraço me fizeram querer me abrir para ele. — Denny está indo embora... — Eu disse calmamente.
Ele olhou para mim chocado. — Mas...?
Eu parei sua linha de pensamento, uma vez que percebi o quão nefasta que a declaração soou. — Não, apenas por alguns meses... Só por seu trabalho.
Ele relaxou e sorriu um pouco. — Oh, eu pensei que talvez...
Suspirei. — Não, eu só estou exagerando. Tudo está bem. É só...
— Vocês nunca estiveram separados, — ele disse suavemente.
Eu sorri, aliviada de que em algum nível ele entendia. — É. Quero dizer, já estivemos separados, mas não por muito tempo. Acho que estou apenas acostumada a vê-lo todos os dias, e, bem... Nós esperamos tanto tempo para viver juntos e as coisas estavam acontecendo tão perfeitamente e agora...
— Agora ele está indo...
— Sim. — Virei a cabeça para olhar para Kellan. Ele tinha se voltado para a estrada e parecia perdido em pensamentos. As lâmpadas de rua salpicavam de luz seu rosto em intervalos regulares. O efeito aumentou sua atratividade. O contraste entre o seu rosto iluminado e escurecido era hipnótico e eu não conseguia desviar o olhar. Me perguntei no que ele estava pensando.
— Nada... — Ele se virou para olhar para mim. Assustei-me um pouco, não percebendo que eu tinha dito a última parte em voz alta. Ele sorriu para mim. — Estava apenas esperando que as coisas funcionassem para vocês. Vocês são tão... — Ele não terminou esse pensamento, apenas sorriu e olhou de volta para a estrada.
Corei e pensei que, mais uma vez, eu precisava ser mais cuidadosa sobre o que dizia... E, aparentemente, também precisava cuidar o que eu pensava ao seu redor, uma vez que meus pensamentos pareciam escapar sem permissão.
Pouco depois, chegamos à casa. Suspirei e relaxei um pouco. Vi que o Honda velho de Denny já estava estacionado lá. Acho que eu tinha esperanças que ele estaria em casa. Virando para enfrentar Kellan, eu calorosamente disse: — Obrigada... Por tudo.
Ele olhou para baixo, quase timidamente. — Não é um problema, Kiera.
Saímos, fomos para dentro e subimos as escadas. Parei na minha porta, com a mão na maçaneta, subitamente muito nervosa para entrar.
— Vai ficar tudo bem, Kiera, — Kellan disse de onde ele igualmente fez uma pausa em sua porta, me olhando.
Eu sorri e sussurrei boa noite, então me preparei e entrei no quarto escuro. Levou alguns momentos para os meus olhos se ajustarem depois que eu fechei a porta. Podia ouvir Denny mexendo na cama antes que eu pudesse finalmente vê-lo. Ele estava apoiado em seus cotovelos, me olhando.
— Oi... Você está atrasada. — Seu sotaque enrolou sobre as palavras em sua sonolência.
Eu não disse nada. Ainda não tinha certeza de como me sentia sobre esta nova situação - para além de triste, isto é. Sentei-me na ponta da cama e coloquei meu pijama enquanto ele me observava em silêncio. Quando terminei, ele finalmente quebrou o silêncio.
— Kiera... — ele disse suavemente. — Fale comigo.
Suspirei e rastejei para debaixo das cobertas com ele, observando quando ele rolou de lado para me encarar. Ele correu os dedos sobre meu cabelo, então acariciou minha bochecha.
— O que está acontecendo aí em cima, hein? — Ele bateu levemente na minha cabeça.
Sorri para ele. — Apenas imaginando o que vou fazer sem você... — Meu sorriso vacilou.
Ele beijou minha testa. — Casa... Trabalho... Casa... Trabalho... Provavelmente as mesmas coisas que você faria se eu estivesse aqui.
— Sim, mas agora não vou desfrutar de nada disso, — eu murmurei sombriamente e olhei para seu travesseiro.
Ele riu suavemente. — Vou sentir sua falta também.
Olhei para seus olhos. — Mesmo?
Ele piscou para mim, surpreso. — É claro. Espere... Você acha que eu queria ir? Que isso é fácil para mim? Que não vou sentir sua falta terrivelmente, a cada dia?
— Sim. — Esses pensamentos exatos tinham passado pela minha cabeça uma ou duas vezes esta noite.
Agora, ele suspirou. — Kiera, isso é realmente um absurdo. — Ele sorriu para mim com o meu sorriso bobo favorito. — Você vai ficar doente de quantas vezes eu vou te ligar.
Consegui dar um sorriso. — Sem chance. — Meu tom se tornou sério. — Você realmente tem que ir... Realmente tem que fazer isso?
Reconhecendo o meu tom, ele parou de sorrir. — Sim. — Acenou com a cabeça uma vez.
Inclinei minha cabeça para ele. — E você vai estar de volta quando terminar?
Ele sorriu de novo. — No instante em que eu terminar.
— Bem, — Eu parei por um momento. — Acho que só há uma coisa a falar...
Ele me olhou com curiosidade. — O que é?
Coloquei minha mão em seu rosto e o beijei ternamente. — Como é que vamos passar os seus últimos dois dias?
Ele sorriu e inclinou-se para sussurrar em meu ouvido tudo o que podíamos fazer nos próximos dois dias. Eu sorri, ri, bati-lhe no ombro, ri de novo, corei e, finalmente, o beijei muito profundamente. E por um momento, eu esqueci que as coisas estavam prestes a mudar...

***

Segunda-feira veio mais rápido do que eu poderia ter imaginado. Tínhamos passado cada minuto dos últimos dois dias que podíamos juntos. Denny foi muito paciente com meu grude. Ele sabia o quão difícil isso seria para mim. Eu silenciosamente esperava que fosse tão difícil para ele. Uma parte de mim queria que ele fizesse isso, para impressionar seus patrões e para se divertir. A maior parte de mim queria que toda essa experiência fosse tão ruim que ele não iria me deixar novamente. Talvez eu estivesse um pouco amarga.
Kellan gentilmente se ofereceu para nos levar até o aeroporto para se despedir de Denny. Estava muito grata a ele por isso. Eu sabia que estava demasiado ansiosa para dirigir e não acho que eu poderia dizer adeus do taxi. Eu precisava de cada último segundo possível com ele e precisava ver o avião decolar. Mas, quando o avião finalmente o fez, e Kellan e eu estávamos sozinhos no aeroporto, de repente eu desejei que estivesse em casa, soluçando em meu travesseiro. Kellan, vendo as lágrimas que começavam a se formar, colocou seu braço docemente em meus ombros e silenciosamente me conduziu de volta para seu carro.
Eu estava apenas vagamente consciente de andar com ele, de entrar no carro e ir para casa. Minha mente estava ocupada imaginando uma série de situações horríveis, todas as coisas ruins que poderiam acontecer para que eu nunca visse o meu menino bonito novamente. Os soluços finalmente chegaram.
Sendo muito doce e, surpreendentemente, não ficando afetado negativamente pelas minhas lágrimas, como a maioria dos rapazes ficaria, Kellan me sentou no sofá e depois me trouxe um pouco de água e lencinhos. Ele se sentou na cadeira ao meu lado e encontrou uma comédia estúpida para assistirmos. Funcionou, no meio do show estúpido estávamos rindo. Em algum lugar perto do fim, eu comecei a adormecer e senti Kellan embrulhar um cobertor em volta de mim antes de eu apagar.
Acordei sozinha na sala de estar, horas mais tarde, e repassei os últimos momentos que Denny e eu tivemos juntos no aeroporto, odiando e saboreando as lembranças...
Denny tinha me puxado para um abraço apertado de adeus. Eu tinha agarrado seu rosto e o beijado tão profundamente e tão apaixonadamente como podia – para deixá-lo pensando sobre isso enquanto ele estava fora. Ele havia finalmente se afastado de mim, ofegante, mas sorrindo suavemente.
— Eu te amo... Vou estar de volta em breve, ok. Não se preocupe. — Ele me beijou na bochecha, e eu pude apenas acenar, tendo perdido a capacidade de falar com um caroço na minha garganta.
Ele então se aproximou de Kellan, que estava de pé a uma distância respeitável, observando a nossa troca. Denny olhou para mim estranhamente, e depois se inclinou para sussurrar algo para Kellan. Kellan empalideceu e lançou um olhar em minha direção. Denny se afastou dele, um olhar sério sobre o seu rosto, e estendeu a mão para Kellan. Com o rosto pálido e um pouco confuso, Kellan tinha tomado a mão, murmurado algo de volta para Denny e acenado com a cabeça uma vez. Eu tinha os observado, me perguntando o que Denny disse, e em seguida, Denny se virou para mim uma última vez, soprou-me um beijo e embarcou no avião, deixando-me.
Suspirei miseravelmente ao repassar a memória novamente, quando, de repente, o telefone tocou e eu corri para atender. A doce voz de Denny encheu minha mente e meu coração. Eu estava longe dele por apenas meio dia e sua ausência já era insuportável. Ele me contou sobre como foi sua viagem até agora, e onde ele estava hospedado, e eu fiz ele ficar no telefone comigo por muito mais tempo do que ele podia. Por fim, ele me disse que realmente tinha que ir, mas prometeu que me ligava naquela noite antes de dormir. A contragosto, concordei.
Tive que ir para o trabalho naquela noite e odiei cada segundo disso. Saber que eu poderia não estar lá quando Denny me ligasse era fisicamente doloroso.
Ele não disse exatamente quando ligaria, apenas que seria antes de dormir. Mas era sua hora de dormir, ou a minha? Passei a noite toda irritada. Acabei por responder de forma grossa a Rita, que fez uma observação extremamente inadequada sobre eu estar sozinha com Kellan agora. Errei alguns pedidos dos clientes, e não me incomodei em pedir desculpas. Eu mesmo acabei batendo na cabeça de Griffin quando ele agarrou minha bunda. Na verdade, essa parte da noite eu gostei.
Kellan ficou até tarde no bar naquela noite e muito docemente me deu uma carona para casa novamente. Eu estava uma bagunça ansiosa durante toda a viagem de carro, na esperança de que não tivesse perdido a ligação de Denny, que ele ainda estivesse acordado e eu pudesse falar com ele, por horas. Talvez eu acabasse por deitar-me sobre o balcão da cozinha e dormisse lá, para que pudesse falar com ele até adormecer. Suspirei. Eu realmente precisava ter controle sobre mim mesma.
Kellan sorriu para meu suspiro e me garantiu que Denny estaria acordado, se eu quisesse ligar para ele. Sorri de volta e agradeci por tudo hoje. Ele riu suavemente e disse que não era um problema. Observei-o por um segundo, então deixei minha mente vagar de volta ao último abraço doce de Denny.
O telefone tocou alguns momentos depois que cheguei em casa e, sorrindo como uma colegial, eu respondi ao primeiro toque. Denny sabia que eu estava trabalhando e tinha programado sua chamada perfeitamente. Eu relaxei, percebendo que não precisava ter ficado tão ansiosa a noite toda. Denny queria falar comigo também. Ele iria fazer acontecer, de um jeito ou de outro. Kellan entrou e, sorrindo, pegou o telefone e disse boa noite para Denny, então piscou para mim e dirigiu-se para a cama.
Denny e eu conversamos e rimos... por horas.

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