Capítulo 4
A MELHOR PARTE DA MANHÃ DE DOMINGO
ERA FICAR NA CAMA. Por volta das 10:30, minha mãe me mandou uma mensagem
perguntando se eu iria para o almoço de domingo. Eu informei a ela que por
causa do cancelamento da viagem, Hank tinha aproveitado a oportunidade para
convocar uma reunião de funcionários. E isso era na maior parte verdade. Os funcionários
passavam um tempo no Red durante cada tarde de domingo e, então todos nós
iríamos para casa nos refrescar para o turno da noite. Mamãe não hesitou em
mandar de volta uma mensagem destinada a me fazer sentir culpada.
― Vou dar uma volta com Kody! ― Raegan gritou
de seu quarto.
― Ok! ― eu gritei de volta da minha cama. O telefonema
de T.J. só acabou nas primeiras horas da manhã. Discutimos partes vagas sobre o
seu projeto, somente aquilo que ele poderia revelar e, então nós conversamos
sobre Trenton e Olive. T.J. não parecia sentir o menor ciúmes, o que meio que
me irritou. E então eu me senti culpada quando eu percebi que eu estava
tentando fazer-lhe ciúmes, a partir daí, eu passei o resto da conversa sendo
super doce com ele.
Depois de uma longa conversa
revigorante comigo mesma, eu joguei para cima as minhas cobertas e me arrastei para
o banheiro. Raegan já havia estado lá. O espelho ainda estava embaçado e as paredes
ainda estavam suadas de vapor. Liguei o chuveiro e peguei duas toalhas,
enquanto a água quente caia, tirei minha camiseta gasta de Futebol dos Bulldog
e a joguei no chão. O tecido estava tão fino que era transparente em alguns
lugares. Era a camisa do TJ, cinza com escritas em azul. Eu a usava na noite
anterior a T.J. ir para a Califórnia – a primeira noite que dormimos juntos – e
ele não a pediu de volta quando ele foi embora. Essa camisa representava uma
época em que tudo era perfeito entre nós, por isso tinha um significado
especial para mim.
Ao meio-dia eu estava vestida; pulei
no Smurf com maquiagem mínima e cabelo molhado, conduzi para o mais próximo
restaurante de fast-food para pegar algo do menu que tivesse o valor até $ 2,70
para o almoço e depois fiz o meu caminho até o Red. A área de entrada estava
vazia, mas a música estava tocando nos alto-falantes. Rock clássico. Isso
significava que Hank já estava lá.
Quando me sentei no bar leste, Hank
deu a volta pelo outro lado e sorriu. Ele estava vestindo uma camisa preta de botão
com calça preta e um cinto preto. A roupa típica dele durante o horário de
trabalho, mas ele geralmente estava mais casual aos domingos. Eu montei numa
banqueta e descansei meu queixo sobre o punho.
― Ei, Hank. Você está bonito.
― Bem, olá, linda, ― disse Hank com uma
piscadela. ― Eu não vou para casa antes de abrir esta noite. Essa papelada e toda
a diversão de merda. Você aproveitou o seu fim de semana de folga?
― Sim, dadas às circunstâncias.
― Jorie disse que Trenton Maddox estava
pendurado em torno de sua mesa na sexta à noite. Devo ter perdido isso.
― Eu estou surpresa. Normalmente você está observando
os Maddoxes como um falcão.
Hank fez uma careta.
― Eu tenho que fazer isso. Eles estão ou
começando uma briga ou terminando uma.
― Sim, eles quase acabaram uma com Coby, o
idiota. Mesmo quando eu lhe disse quem eles eram, ele ainda não recuou.
― Parece justo.
― Eu já preciso de uma bebida! ― Jorie chamou
do outro lado da sala. Ela estava caminhando com Blia. Ambas pegaram um banco
de cada lado de mim e colocaram suas bolsas no bar.
― Noite difícil? ― Disse Hank, divertido.
Jorie levantou uma sobrancelha. Se
fosse possível flertar mastigando um chiclete, ela estava fazendo isso.
― Você me diz.
― Eu diria que você teve uma boa noite, ― disse
ele com um sorriso.
― Eca, ― disse eu, com todo o meu rosto se contorcendo.
Hank tinha um cabelo escuro encaracolado, olhos azuis claros, barba por fazer e
pele bronzeada que o tornava atraente para quase todas as mulheres entre as
idades de quinze e oitenta, mas Hank era doze anos mais velho do que nós, e eu tinha
testemunhado muitas de suas travessuras; ele era como um tio bonito mas
genioso, para mim. A única coisa que eu queria visualizar era ele cuidando da
papelada e contando dinheiro no final da noite. ― Ninguém precisa ouvir isso.
Hank foi responsável pelo fim de,
pelo menos, uma dúzia de casamentos em nossa pequena cidade, e ele era famoso por
prestar atenção nas jovens mulheres que acabaram de atingir a maioridade apenas
o tempo suficiente para mergulhar sua vara. Mas quando Jorie começou a
trabalhar no Red ano passado, ele ficou obcecado. Jorie, uma filha de militar
com nove cidades em seu currículo e indiferente com a maioria das coisas, definitivamente
não estava caindo nos encantos de Hank. Não até que houve uma grande
reviravolta no comportamento e reputação dele que fez com que ela lhe desse uma
hora do seu dia. Eles tiveram alguns contratempos, mas eles eram bons um para o
outro.
Jorie me deu uma cotovelada e deu a
Hank um olhar brincalhão. Tuffy entrou, parecendo cansado e deprimido, como de
costume. Ele era um dos seguranças do Red até que foi demitido. No entanto,
Hank tinha um afeto por ele e o recontratou seis meses depois, como DJ. Depois
de seu terceiro divórcio e uma terceira luta com a depressão, ele faltou ao
trabalho muitas vezes e foi demitido novamente. Agora, com sua quarta esposa e
quarta chance no Red, ele foi reduzido a trabalhar na entrada e verificar identidades
pela metade do pagamento.
Apenas alguns segundos depois, Rafe
Montez chegou atrás Tuffy. Ele assumiu o lugar de Tuffy como DJ, e, francamente
era muito melhor. Ele ficava em silêncio e era reservado, e mesmo que ele
estivesse trabalhando no Red por quase um ano, eu não sabia muito sobre ele,
além do fato dele nunca ter perdido uma noite de trabalho.
― Puta merda, Cami! Debra Tillman disse à
minha mãe que você estava no Chicken Joe com Trenton Maddox! ― Disse Blia.
Os cachos platinados de Jorie pularam
de um ombro para o outro, quando ela olhou para mim.
― Sério?
― Eu fui coagida. Ele apareceu no meu
apartamento com uma menininha. Ele disse que ela poderia ir para Chicken Joe,
quando eu estivesse pronta.
― Isso é meio que doce. ― Blia tirou os longos
cabelos negros de seu ombro e sorriu, fazendo com que seus belos olhos amendoados
se transformassem em fendas finas. Ela tinha apenas um metro e meio e sempre
usava sapatos altíssimos para compensar. Hoje ela usava saltos largos com jeans
skinny branca e uma camiseta floral que se agarrava em sua barriga e caia em um
ombro. Com seu sorriso lindo de rainha e pele impecável de açafrão, eu sempre
achei que ela estava destinada a ser famosa, em vez de desperdiçar seu tempo
atrás do balcão de cerveja da frente, mas ela não parecia interessada.
Jorie franziu o cenho.
― T.J. sabe?
― Sim.
― Isso não é... estranho? ― perguntou Jorie.
Dei de ombros.
― T.J. não parecia perturbado.
Hank olhou para mim e sorriu, e eu me
virei para ver Raegan e Kody entrando, Raegan estava andando rapidamente, procurando
em sua bolsa por alguma coisa, e Kody estava a alguns passos atrás, tentando
acompanhar.
Raegan sentou-se em um banquinho, e
Kody ficou de pé ao lado dela.
― Eu não consigo encontrar minhas malditas chaves.
Eu procurei por elas em todos os lugares!
Eu me inclinei para frente.
― Sério? ― Nossas chaves do apartamento
estavam naquele chaveiro.
― Vou encontrá-las, ― Raegan me assegurou. Ela
perdia suas chaves pelo menos duas vezes por mês, então eu não ia me estressar
demais sobre isso, mas eu sempre me perguntava se na próxima vez seria o
momento em que teríamos que pagar para mudar as fechaduras.
― Eu vou colar essas malditas coisas na sua
mão, Ray, ― eu disse.
Kody deu um aperto reconfortante no
ombro de Raegan.
― Ela estava com elas ontem à noite. Eles
devem estar ou na minha caminhonete ou no apartamento. Veremos mais tarde.
A porta lateral bateu e todos nós
viramos para porta no final do corredor para ver quando o último de nós, Chase Gruber,
passava calmamente pela entrada de empregados, em seu traje típico. O seu shortinho
de colégio, que ele usa durante todo o ano... No inverno, ele usava um moletom
com capuz dos Bulldogs da SEU sobre uma camiseta aleatória, mas seu cabelo era
curto e encaracolado e estava sempre coberto por algum gorro qualquer ou o boné
de beisebol vermelho favorito dele. Seus cordões estavam desatados e ele
parecia como se tivesse acabado de rolar para fora da cama.
O rosto de Blia iluminou-se.
― Fantástico e radiante, este é o Gruber!
Gruber não abriu um sorriso ou
removeu seus óculos de sol.
― Dia difícil, Booby? ― Disse Kody com um
sorriso.
Todos os caras do futebol chamavam
uns aos outros por seus sobrenomes. Para ser honesta, eu não estava convencida de
que eles sabiam o primeiro nome um do outro. Gruber foi rapidamente apelidado
de Gruby durante o treinamento e algum tempo depois que Gruber começou no Red,
Kody começou a chamá-lo de Booby. Era engraçado no ano passado, mas o nome tinha
perdido seu brilho, para Gruber e para todos os outros, menos para Kody.
Gruber sentou-se no banco vazio ao lado
Blia com os cotovelos sobre o bar e os dedos entrelaçados.
― Foda-se, Kody. O treinador chutou nossas
bundas hoje porque perdemos na noite passada.
― Então, não perca, ― disse Tuffy.
Kody riu.
― Coma meu pau, desistente.
Kody riu uma vez e balançou a cabeça.
Era verdade. Kody desistiu da equipe de futebol antes do início da temporada, mas
isso porque ele estourou o joelho no final do último jogo do seu segundo ano.
Ele sofreu múltiplos rompimentos de ligamento, e sua rótula foi deslocada. Eu
nem sabia que a rótula podia ser deslocada, mas o ortopedista disse que ele
nunca iria jogar novamente. Raegan disse que ele não falava sobre isso, mas ele
parecia estar lidando bem com isso. Como um verdadeiro calouro, Kody tinha
ajudado a nossa pequena universidade a ganhar o campeonato nacional. Sem ele, a
equipe encontraria dificuldades.
A porta se fechou novamente e todos
nós congelamos. Era muito cedo para clientes, a menos que alguém tivesse
seguido Gruber, apenas os funcionários sabiam da entrada pela lateral. Todos
nós sugamos um suspiro coletivo quando T.J. apareceu. Ele estava segurando um
conjunto de chaves brilhantes.
― Eu fui até o apartamento. Elas estavam
jogadas nas escadas.
Eu pulei do meu banquinho e caminhei
rapidamente até ele. T.J. me pegou em seus braços e me deu um abraço apertado.
― O que você está fazendo aqui? ― Eu
sussurrei.
― Eu me senti horrível.
― Isso é doce, mas o que você realmente está
fazendo aqui?
T.J. suspirou.
― O trabalho.
― Aqui? ― Eu disse, afastando-me dele para ver
seu rosto. Ele estava sendo sincero, mas eu sabia que ele não me diria mais.
T.J. sorriu e, em seguida, beijou o
canto da minha boca. Ele jogou as chaves para Kody que, sem esforço as pegou.
Raegan riu uma vez.
― Na escada? Elas caíram da minha mão ou algo
assim? ― ela perguntou, incrédula.
Kody encolheu os ombros.
― Não diga, mulher.
T.J. se inclinou para sussurrar em meu
ouvido.
― Eu não posso ficar. O meu avião sai em uma
hora.
Eu não podia esconder a minha
decepção, mas assenti. Não fazia sentido protestar.
― Você fez o que precisava fazer?
― Eu acho que sim. ― T.J. pegou minha mão e
acenou para o resto da tripulação. ― Ela já volta.
Todos acenaram e T.J. me levou para
fora da porta lateral, para o estacionamento. Um Audi alugado, preto e brilhante
estava estacionado do lado de fora. Ele tinha deixado ligado.
― Uau, você não estava brincando. Você
realmente está saindo agora.
Ele suspirou.
― Eu me debati pensando se seria pior vir
apenas por um segundo ou não vê-la momento algum.
― Estou feliz que você veio.
T.J. deslizou a mão entre meu cabelo
e meu pescoço e me puxou para ele, beijando-me com os lábios que fizeram com que
eu me apaixonasse por ele. Sua língua encontrou o seu caminho em minha boca.
Era quente, suave e forte ao mesmo tempo. Minhas coxas involuntariamente se
tencionaram. A mão de T.J. deslizou pelo meu braço e depois para o meu quadril
e coxa onde ele apertou o suficiente para mostrar o seu desespero.
― Eu também, ― disse ele um pouco sem fôlego
quando ele finalmente se afastou. ― Você não sabe o quanto eu gostaria de poder
ficar.
Eu queria que ele ficasse, mas eu não
pediria. Isso só tornava mais difícil para nós dois, e podia me fazer parecer patética.
T.J. entrou em seu carro e foi embora
e eu voltei para o Red, sentindo-me emocionalmente esgotada. O lábio inferior
de Raegan puxava para fora em um bico e Hank estava franzindo a testa de forma
tão severa que uma linha profunda se formou entre as sobrancelhas.
― Se você me perguntar, ― disse Hank cruzando
os braços sobre o peito, ― aquele bastardo correu para casa para mijar em você
bem rápido.
Meu rosto se contorceu em desgosto.
― Que horror!
Gruber assentiu.
― Se Trent está ao redor, então é exatamente
isso o que aconteceu.
Eu balancei minha cabeça enquanto eu
me sentava no banco.
― T.J. não está ameaçado por Trent. Ele mal o mencionou.
― Então ele sabe, ― disse Gruber.
― Bem, sim. Eu não estou tentando esconder
isso.
― Você acha que ele esteve aqui para falar com
Trent? ― perguntou Kody.
Eu balancei minha cabeça novamente,
mexendo em uma unha.
― Não. Ele é reservado em relação ao nosso relacionamento,
então ele definitivamente não se aproximaria de Trent por mim.
Hank resmungou e afastou-se, voltando
imediatamente.
― Eu não gosto disso, de qualquer forma. Ele deveria
estar gritando ao mundo que ele te ama, não escondendo você como um segredo
sujo!
― É difícil de explicar, Hank. T.J. é muito...
reservado. Ele é uma pessoa complicada, ― eu disse.
Blia descansou a bochecha em sua mão.
― Puta merda, Cami. Toda a sua situação é
complicada.
― Você que está dizendo, ― eu disse,
levantando o meu celular que estava zumbido. Era T.J., dizendo que ele já
sentia minha falta. Eu retornei o sentimentalismo e deixei o meu telefone no
bar.
Pela primeira vez em meses eu não
tinha que voltar para o bar depois da reunião de funcionários de domingo, o que
não era completamente horrível, uma vez que estava trovejando lá fora, a chuva
estava batendo nas janelas. Eu já tinha estudado, feito toda a minha lição de
casa e a roupa estava dobrada e guardada. Parecia estranho não ter nada para
fazer. Raegan estava trabalhando no bar leste com Jorie e Kody estava de
segurança na entrada, então eu estava sozinha em casa e entediada. Eu assisti a
um show de zumbis bem fascinante na televisão e, em seguida, desliguei a tv no
controle remoto, ficando em completo silêncio.
Pensamentos sobre T.J. começaram a
rastejar em minha mente. Eu me perguntava até onde continuar com algo que parecia
tão infrutífero valeria arrastar o meu coração para lama, e o que significava
ele ter vindo até aqui apenas para me ver por três minutos.
Meu celular tocou. Era Trenton.
― Oi.
― Oi.
― Abra sua porta, perdedora. Está chovendo.
― O que?
Ele bateu na porta e eu pulei,
virando-me no sofá. Eu corri até a porta e inclinei-me mais perto.
― Quem é?
― Eu lhe disse quem era. Abra a maldita porta!
Abri o trinco para ver Trenton em pé
na porta, sua jaqueta encharcada, e a chuva escorrendo em sua cabeça e pelo seu
rosto.
― Posso entrar? ― Disse ele, tremendo.
― Jesus, Trent! ― Eu disse, puxando-o para
dentro.
Corri para o banheiro para pegar uma
toalha recém-dobrada e voltei em alguns segundos, jogando-a para Trenton. Ele tirou
sua jaqueta, a sua camiseta e, em seguida, deu um tapinha em seu rosto e na
cabeça com a toalha. Trenton olhou para seus jeans. Eles estavam encharcados,
também.
― Kody deve ter alguma calça de moletom no
quarto de Ray, espere, ― eu disse, andando rapidamente pelo corredor até o
quarto da minha companheira de quarto. Voltei com uma camiseta e calças de
moletom. ― O banheiro é logo ali, ― eu disse, apontando para o corredor.
― Eu estou bem, ― disse ele, desafivelando seu
cinto, desabotoando e abrindo seus jeans e, em seguida, tirou suas botas antes
de deixar cair o jeans no chão. Ele deu um passo para fora deles, e então olhou
para mim com seu sorriso mais encantador. ― Você acha que Kody vai se importar
se eu não usar cueca sob seu moletom?
― Sim, e eu também vou, ― eu disse.
Trenton fingiu decepção enquanto
entrava na calça. Seu peito e abdômen enrijeceram, e estiraram-se sob sua pele,
e eu tentei não assistir enquanto ele puxava a camiseta sobre a cabeça.
― Obrigado, ― disse ele. ― Eu fui para o Red e
tomei algumas bebidas depois do trabalho. Raegan disse que você estaria aqui
sozinha e entediada até a morte, então eu pensei em passar por aqui.
― Não foi por causa da chuva que lhe deu uma desculpa
para ficar nu?
― Não. Desapontada?
― Nem um pouco.
Trenton não se intimidou. Em vez
disso, ele pulou sobre as costas do meu sofá, e quicou sobre as almofadas.
― Vamos assistir a um filme! ― Ele pegou o
controle remoto.
― Eu meio que estava desfrutando a minha
primeira noite sozinha.
Trenton virou para mim.
― Você quer que eu vá embora?
Eu pensei sobre isso por um minuto.
Eu deveria ter dito que sim, mas isso teria sido uma mentira. Eu andei ao redor
do sofá e sentei-me o mais próxima do braço que pude.
― Onde está Olive?
― Com seus pais, aposto.
― Eu gosto dela. Ela é bonita.
― Ela é fodidamente adorável. Eu vou ter que
matar pelo menos um adolescente um dia desses.
― Oh, ela vai se arrepender de ter feito
amizade com um Maddox, ― eu disse, rindo.
Trenton ligou a TV e apertou três
números. O canal ligou em um jogo de futebol.
― Isso está bom?
Dei de ombros.
― Eu amo os Forty-Niners,
mas eles não estão indo bem este ano. ― Olhei para Trenton, quando eu percebi
que ele estava olhando para mim. ― O quê?
― Eu estava pensando, se agora era um momento
tão bom quanto qualquer outro para reconhecer que você é perfeita e que eu não
me importaria se você se apaixonasse loucamente por mim em breve.
― Eu tenho um namorado, ― eu lembrei a ele.
Ele me ignorou.
― Uma distração.
― Eu não sei, ― eu disse. ― Ele é uma
distração muito quente.
Trent zombou.
― Você me viu quase nu, bonequinha. Seu garoto
distante não se parece em nada como isso.
Eu vi quando ele flexionou seu braço.
Não era tão grande quanto o de Kody, mas ainda era impressionante.
― Você está certo. Ele não tem muitas
tatuagens. Ou nenhuma.
Trenton revirou os olhos.
― Você tem um namorado mauricinho?
Decepcionante!
― Ele não é um mauricinho. Ele é um fodão.
Apenas de uma maneira diferente que a sua.
Um sorriso largo apareceu no rosto de
Trenton.
― Você acha que eu sou fodão?
Eu propositalmente me impedi de
sorrir, mas era difícil. A expressão dele era contagiante.
― Todo mundo sabe sobre os irmãos Maddox.
― Especialmente, ― disse Trenton,
levantando-se nas almofadas e ficando de pé ao meu lado, se firmando entre mim
e o braço do sofá, ― este irmão Maddox! ― Ele começou a saltar e, ao mesmo
tempo, flexionar seus músculos em diferentes poses.
Em jeito de brincadeira dei um tapa
em sua panturrilha, rindo.
― Pare com isso! ― Eu disse, saltando.
Trenton inclinou-se e segurou minhas
mãos, me forçando a me bater na cara algumas vezes. Não doeu, mas, sendo a irmã
mais velha de três irmãos, isso, claro, significava guerra. Eu lutei de volta
e, em seguida, Trenton agarrou minha camiseta, rolando no chão e me trazendo
com ele, e então ele começou a fazer cócegas.
― Não! Pare com isso! ― Eu gritei, rindo.
Coloquei meus polegares sob suas axilas e ataquei, e Trenton saltou imediatamente.
A mesma manobra que eu usava com T.J. T.J. Oh, Deus. Eu estava rolando no chão
com Trenton. Isso não estava bem... nem mesmo meio que bem.
― Tudo bem, ― eu disse, segurando minhas mãos
para cima. ― Você ganhou.
Trenton congelou. Eu estava de costas
e ele estava de joelhos, escarranchado sobre mim.
― Eu ganhei?
― Sim. E você tem que sair de cima de mim.
Isto não é apropriado.
Trenton riu, levantou-se e me puxou
pela mão.
― Nós não estamos fazendo nada de errado.
― Sim, é meio que errado. Se eu fosse sua
namorada, você acha que isso seria certo?
― Claro que sim. Eu esperaria essa merda toda
a noite.
― Não. Quero dizer com outra pessoa.
O rosto de Trenton caiu.
― Definitivamente não.
― Certo, então vamos assistir os Forty-Niners terem seus rabos chutados, e então você pode dizer a
Raegan que fez o seu dever.
― O meu dever? Raegan não me disse para vir
aqui. Ela apenas disse que você estava sozinha e entediada.
― Não é a mesma coisa?
― De jeito nenhum Cami, vou levar todo o
crédito por isto. Eu não preciso de ninguém me convencendo a sair com você.
Eu sorri e, em seguida aumentei o
volume.
― Então, Cal disse que com certeza ele vai
precisar de alguém na recepção.
― Ah, é? ― Eu disse, ainda olhando para a
televisão. ― Você vai se candidatar?
Trenton riu uma vez.
― Ele disse, e cito, 'Alguém quente, Trent.
Alguém com seios bonitos.
― Emprego dos sonhos de cada menina. Atender telefones
e lidar com renúncia de direitos enquanto recebe ordens de algum idiota
machista.
― Ele não é um idiota. Machista, sim, mas não
um idiota.
― Não, obrigada.
Só então o meu telefone tocou.
Procurei no espaço entre o braço e a almofada do sofá para pegá-lo. Era Coby.
Então... más notícias.
O que foi?
Recebi um aviso final
para o pagamento do meu carro.
Pague a sua conta,
idiota.
Estou sem grana. Eu
queria saber se você poderia me emprestar algum dinheiro.
Meu sangue gelou. A última vez que
Coby atrasou as suas contas, era porque ele estava afundando todo o seu salário
em esteroides. Coby era o menor dos meus irmãos, mas ele era o mais forte,
tanto na massa corporal e no cérebro. Ele tinha um temperamento forte, mas a
maneira como ele se comportou na noite sexta-feira no Red deveria ter sido um
sinal.
Você está usando de novo?
Sério, Cami? Maldição...
Sério. Você está usando?
Não.
Minta para mim de novo e
você pode explicar ao pai para onde o seu carro foi quando ele for recuperado.
Levou alguns minutos para ele
responder.
Sim.
Minhas mãos começaram a tremer, mas
consegui continuar digitando.
Você se inscreve em um programa,
me mostra a prova. Eu vou pagar a conta. Combinado?
Isso poderia ser na
próxima semana.
É pegar ou largar.
Foda-se, Cami. Você é uma
vadia moralista, às vezes.
Talvez, mas eu não sou a
única que vai ficar sem um carro em poucas semanas.
Ótimo. Combinado.
Eu respirei fundo e deixei cair o
telefone no meu colo. Se eu vou ajudar Coby, eu preciso de um segundo emprego.
Trenton me observava com preocupação
em seus olhos.
― Você está bem?
Fiquei quieta por um longo tempo e
depois, lentamente encontrei os olhos de Trenton.
― Cal está realmente procurando uma
recepcionista?
― Sim.
― Eu vou ligar para ele amanhã.
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