Capítulo 6 - Fins e Começos

Depois daquele dia, eu estava mais consciente de Kellan. Não pude deixar de notar como ele era doce. Seus bonitos acenos de "Olá" quando entrava no bar, como ele olhava para mim e sorria às vezes quando ele cantava, como nós conversávamos todos os dias enquanto tomávamos café, o quanto eu adorava quando ele cantava só para mim em casa. Todos os dias eu me sentia mais perto dele, o que me encantava e me preocupava. Mas, por muito errado que fosse, reparar nele me distraía da saudade de Denny. Eu ainda ansiava por seus telefonemas, mas se passava um ou dois dias sem uma ligação, eu poderia satisfazer a minha solidão passando tempo com Kellan. Kellan não parecia se importar em me ter ao seu lado. Na verdade, ele parecia incentivar isso.
Continuamos nossa simpática paquera que tinha começado no Bumbershoot. Em dias agradáveis, sentávamos no seu quintal e me deitava na grama para ler e desfrutar do sol. Ele costumava tirar a camisa para tomar sol e deitava ao meu lado - meu coração disparava geralmente um pouco. Ele acabava por adormecer e eu rolava de lado para ver seu rosto perfeito durante sono. Uma vez, quando eu estava fazendo isso, ele não tinha dormido ainda, e sorriu e abriu um olho, me fazendo corar furiosamente e rolar de barriga para esconder a minha cabeça enquanto ele suavemente ria de mim.
Nas noites que eu estava de folga, ele às vezes voltava para casa depois do ensaio em vez de ir ao Pete com os caras, jantávamos juntos e depois me aninhava perto dele para assistir a um filme. Às vezes, ele colocava seu braço ao meu redor e me acarinhava suavemente com a ponta dos dedos. Às vezes, ele segurava a minha mão, brincando com meus dedos e me dava um incrivelmente sexy meio sorriso.
Sentávamos juntos e nos abraçávamos no sofá, lendo ou assistindo TV antes do trabalho, nas noites em que eu tinha que ir. Ele sempre me deixava encostar nele e colocar minha cabeça em seu ombro. Uma vez, quando eu tinha ficado esgotada de uma noite sem dormir com saudade de Denny, nos aconchegamos no sofá e ele me puxou suavemente para baixo, para descansar minha cabeça em seu colo. Eu tinha adormecido assim, virando-me ligeiramente para ele, com o braço sobre mim protetoramente e sua outra mão correndo pelo meu cabelo. Em algum lugar no fundo da minha cabeça, eu sabia que provavelmente era mais do que Denny aprovaria, mas foi reconfortante, foi bom. Preocupava-me um pouco o quanto eu gostava de estar perto dele... e ainda assim, não conseguia parar.
Um dia de semana, alguém colocou uma música particularmente dançante na jukebox e Griffin (orgulhosamente vestindo sua t-shirt dos D-bags) sentiu a necessidade de pegar todas as meninas disponíveis, em cada mesa próxima e puxá-las para a pista de dança. Claro, todas foram de boa vontade. Mas então ele me viu e começou a se mover sugestivamente em minha direção. Não querendo suas mãos deslizando em qualquer lugar perto do meu corpo, eu coloquei as minhas mãos na frente e comecei a andar para trás. Evan riu e pegou Jenny para dançar, inclinando-a até ficar quase deitada, fazendo-a rir. Matt ficou sentado na mesa, rindo de todos.
Griffin estava quase ao meu alcance, quando de repente alguém me afastou e me girou algumas vezes. Rindo do rosto decepcionado de Griffin, Kellan me girou algumas vezes mais para o outro lado da sala. Eu sorri para ele quando me girou e, beijando minha mão, me liberou. Em poucos segundos, ele estava cercado por uma meia dúzia de mulheres que queriam dançar com seu deus do rock. Ele passou o resto da noite dançando sensualmente com um grupo rotativo de mulheres. Mudava sem esforço de música e era extremamente atraente de assistir. Encontrei os meus olhos seguindo-o mais do que algumas vezes durante o meu turno.
Eu ainda estava pensando no corpo de Kellan dançando quando abri a porta da frente, depois do trabalho. Fui recebida por um telefone tocando. Sorrindo, e pensando que só podia ser Denny me chamando a essa hora da noite, levei um pequeno choque quando reconheci a voz na outra linha.
— Ei, mana.
— Anna! Quanto tempo sem te ouvir... O que está fazendo? Por que você está ligando tão tarde?
— Bem, eu recebi o seu pacote hoje... — Eu tinha enviado para meus pais e Anna algumas fotos da cidade - a minha escola, o bar e uma foto de Kellan, Denny e eu. — Oh meu Deus... Quem é o gostosão e por que você não me falou sobre ele no momento em que você chegou aí?
Eu deveria ter percebido mais cedo que Kellan iria despertar o interesse da minha irmã. — Esse é o meu companheiro de casa, Kellan.
— Droga! Agora eu estou indo te visitar com certeza.
Minha irmã e Kellan na mesma sala juntos, agora isso seria interessante.
De repente, eu não queria minha irmã perto dele. — Bem, agora realmente não é... Espere, e o Phil?
— Pfffttt... Phil, por favor. Comparado com o seu gostoso companheiro de quarto? Desculpe, não há competição. — Mamãe me disse que Anna tinha conhecido Phil há duas semanas antes de ir morar com ele... Aparentemente, a lua de mel acabou.
— Bem, agora realmente não é uma boa hora. As aulas estão prestes a começar e Denny ainda está longe...
— Denny se foi?
— Caramba, Anna, você nunca fala com mamãe e papai? — Eu suspirei, não querendo realmente ter essa conversa com outro membro da família.
— Não se puder evitar... O que aconteceu?
— É uma coisa de trabalho... ele teve que ir a Tucson por um tempo. — Um "tempo" que estava parecendo uma eternidade, e ele não tinha ligado hoje de novo…
— Ahhh, então ele está passeando sobre o deserto e te deixou sozinha em casa com um cara quente? — Eu podia ouvir o sorriso através da linha de telefone.
— Deus, Anna... Não é assim. — Suspirei. Estávamos um pouco mais... amigáveis um com o outro do que antes, mas com certeza não era o que minha irmã estava pensando.
Ela riu. — Então, me dê detalhes... Kellan, certo? Como ele é?
— Ele é, bem... — Como explicar Kellan? — Ele é... legal. — Olhei para cima esperando que "ele" já estivesse dormindo. Ele saiu do Pete algumas horas atrás, depois de bocejar três vezes seguidas ao falar com Jenny.
Eu acho que ser um pássaro de manhã e uma coruja de noite, eventualmente acaba com você.
— Oh Deus... Ele é gay, não é? Todos os que realmente são quentes, são. — Ela suspirou, dramaticamente.
Eu ri. Não, diante de tudo o que eu tinha visto e ouvido até agora, Kellan definitivamente não era gay. — Não, tenho certeza que ele não é.
— Bom! Então, quando eu posso chegar? — Sua voz se animou com a perspectiva.
Mentalmente, eu suspirei. Ela não ia deixar essa passar. — Ok, que tal durante as férias de inverno? Todos nós poderíamos ir a uma discoteca ou algo assim? — Acho que a imagem de Kellan dançando ainda estava na minha cabeça. Era uma boa atividade para todos fazermos, no entanto.
— Ohhh... Eu amo isso. Toda quente e suada na pista de dança com ele. Claro, eu poderia arrancar sua camisa, só para ajudá-lo, você sabe. Então, mais tarde, poderíamos aconchegar na cama para nos mantermos quentes durante a longa e dura noite de inverno.
— Jesus, Anna! Eu vivo com o cara. — Realmente não gostei da imagem que ela tinha acabado de colocar na minha cabeça. Rindo mentalmente, uma versão diferente veio à minha mente. — Sabe, se você acha que ele é quente, deve ver o seu amigo Griffin.
— Sério?
— Oh yeah!
Passei o resto da nossa conversa convencendo-a das muitas virtudes de Griffin. Nunca menti tanto na minha vida.
Na tarde seguinte, Denny finalmente me ligou depois de uma ausência de dois dias. Parecia que eu não falava com ele, realmente falava com ele há séculos. Eu ansiava para vê-lo, abraçá-lo. A conversa foi breve, ele parecia distraído - como se a ligação fosse uma obrigação e não algo que ele realmente queria fazer. Ele desculpou-se depois de alguns minutos de conversa, dizendo que estava sendo chamado para uma reunião. Frio inundou o meu estômago e meu coração afundou quando eu disse adeus e desliguei o telefone. Olhei para o telefone por 20 minutos, me perguntando se ele iria ligar de novo... Perguntando-me por que ele estava falando comigo cada vez menos.
Mais tarde naquela mesma noite, eu acordei em pânico, com o coração palpitando descontroladamente. Estava tendo um pesadelo, eu tinha certeza disso. Não conseguia lembrar o sonho, apenas do terror subjacente por trás dele. Eu queria chorar. Queria gritar e não tinha ideia do motivo. Sentei-me na cama e agarrei meus joelhos, tentando estabilizar minha respiração e meu ritmo cardíaco. Eu não queria fechar meus olhos novamente. Olhei ao redor do quarto escuro, tentando conseguir uma sensação do que era real. Cômoda, TV, mesa de cabeceira, lado de Denny na cama vazio... sim, tudo real, dolorosamente real.
Eu tinha uma vontade enorme de falar com Denny. Não tinha certeza, mas eu sentia que meu sonho tinha sido sobre ele. Me perguntei se era tarde demais para ligar em seu quarto de hotel. Sentei-me na beira da cama e olhei para o relógio - 3:30. Ugh, era tarde demais para chamar, muito cedo para acordá-lo. Eu teria que esperar mais algumas horas e ver se conseguia pegá-lo antes do trabalho.
Estranhamente, eu podia ouvir sons vindos do andar de baixo e na televisão, passando entre os canais. Pensando que Kellan estava acordado e que talvez eu pudesse falar com ele em vez disso, me levantei e fiz meu caminho até as escadas. Quando virei no canto, a sala de estar entrando na linha de visão, eu quis virar e voltar para o meu quarto, mas já era tarde demais.
— Kiera! Ei, gatinha sexy! — Griffin estava de pé na sala de estar tomando uma cerveja, com o controle da TV na mão. — Pijama legal. — Ele piscou para mim e eu corei profundamente.
Kellan olhou do sofá se desculpando quando acabei de descer os degraus. — Ei, me desculpe. Nós não queríamos te acordar.
Matt olhou da cadeira confortável e sorriu para mim. Não vi Evan em qualquer lugar.
— Não acordaram... sonho ruim. — Eu dei de ombros.
Ele deu um meio sorriso para mim. — Cerveja? — perguntou, segurando sua garrafa.
— Claro. — Eu não queria voltar a dormir por algum tempo de qualquer maneira.
Ele saiu para pegar uma na cozinha, enquanto eu ficava sem jeito por trás da cadeira onde estava Matt. Griffin voltou a passar canais na TV. Matt virou-se para assistir também. Kellan reapareceu um minuto depois e, me entregando uma cerveja, acenou para o sofá. Eu o segui.
Griffin estava sentado na ponta do sofá, perto da mesa, e colocou sua cerveja para baixo, franzindo a testa. Ele não parecia estar encontrando o que estava procurando. Eu rapidamente passei por Kellan e sentei-me no lado oposto do sofá. Sorrindo para mim e balançando a cabeça, Kellan foi para o meio, sentando perto de mim, o que me fez sorrir. Eu fugi para ele e encostei contra seu lado, puxando os pés para cima do sofá, meus joelhos inclinados em direção a ele. Eu tinha estado tão acostumada a aconchegar com ele, que era apenas um hábito agora. Ele sorriu para mim, colocando um braço em volta de minhas coxas e me cutucou de brincadeira com o ombro. Descansei minha cabeça contra ele e sorri de volta.
Ainda procurando frustrado, Griffin disse: — Sabe, eu estive pensando. — Matt gemeu alto e eu ri dele. Griffin ignorou nós dois. — Quando a banda se desfazer... — Levantei minha cabeça e minhas sobrancelhas para isso e Kellan sorriu para mim. — Eu acho que participarei no God-rock.
Involuntariamente, eu cuspi de volta a cerveja que tinha acabado de tomar em um gole. Felizmente, a maioria voltou para a garrafa... O resto eu comecei a tossir. Kellan sorriu para mim, sua boca cheia de cerveja e, balançando a cabeça para Griffin, revirou os olhos.
Matt virou a cabeça para olhar Griffin, incrédulo. — God-rock... Você? Fala sério.
Griffin sorriu, ainda passando os canais. — Yeah! Todas aquelas virgens quentes com tesão. É perfeito! — Ele sorriu diabolicamente, enquanto eu continuava engasgando com minha cerveja.
Finalmente ele sorriu e parou de passar canais, aparentemente achando o que quer que fosse que estava procurando. Engoli algumas vezes e dei um longo gole de cerveja para acalmar a garganta. Griffin dizia as coisas mais estranhas, às vezes. Ele realmente era ideal para Anna. Suspirando com esse pensamento, eu olhei para a televisão e finalmente percebi no que ele tinha parado. Parecia pornô... ou algum programa à cabo que era parecido o suficiente. Eu podia sentir meu rosto ruborizar e olhei para a minha garrafa. Matt e Griffin se acomodaram para assistir enquanto Kellan olhava para mim com curiosidade.
Tentei ficar composta. Se eu levantasse e saísse, Griffin teria piadas para um dia inteiro na próxima vez que eu o visse no bar. Se eu sentasse aqui e fingisse assistir com eles por um tempo, ele, provavelmente, apenas deixaria isso de lado. Os ruídos da TV não estavam ajudando com o meu rubor, no entanto. Realmente, por que caras assistem a este material? Por que Kellan estava me olhando?
Passado um tempo, ele se inclinou e cochichou no meu ouvido: — Você está desconfortável?
Balancei minha cabeça que não. Não queria que ele pensasse que eu era mais pudica do que ele provavelmente já pensava. Na verdade, se ele pudesse simplesmente ignorar-me e assistir sua obscenidade, isso seria ótimo. Gostaria de saber quanto tempo eu precisaria ficar sentada aqui, até que pudesse escapar despercebida pelos caras. Aceitando a minha resposta, Kellan se inclinou ligeiramente, bloqueando-me da vista de Griffin e Griffin de mim. Grata, eu sorri e olhei para seu rosto. Ele estava observando atentamente a televisão e eu encontrei um olhar interessante em seu rosto. Não tinha vontade de assistir ao filme, mas observar Kellan assistindo era fascinante.
No começo ele simplesmente assistiu, mas depois de algum tempo os seus olhos começaram a mudar, começaram a queimar com intensa sedução. Ele tomou um gole de sua cerveja e engoliu, sua boca permanecendo na garrafa por um segundo a mais. Seus lábios se separaram ligeiramente, sua respiração parecia aumentar aos poucos. Ainda observando atentamente a tela, ele deslizou sua língua lentamente sobre seu lábio inferior e, em seguida, arrastou os dentes ainda mais lentamente através deles.
O movimento era tão distraidamente sexy que um barulho suave escapou da minha garganta e minha respiração ficou presa. O som da TV abafou, mas Kellan estava tão perto de mim que notou. Seus olhos azuis fumegantes deslizaram por mim. Podia ver porque nenhuma mulher resistia a um olhar assim. Eu podia sentir a minha respiração acelerando em resposta. Não conseguia imaginar alguém dizendo não para esse olhar. Eu negaria se ele fizesse alguma coisa? O que ele estava pensando agora? Eu não tinha ideia...
Sua respiração acelerou notavelmente em resposta a minha. De repente, seu olhar moveu até meus lábios e eu sabia. Eu sabia exatamente o que ele estava pensando. Ele não devia estar pensando isso. Eu não deveria querer que ele pensasse isso. Ele tocou seu lábio inferior com a língua novamente e seu olhar voltou para os meus por um segundo. Seus olhos ardiam ainda mais profundamente. Ele olhou de volta para meus lábios e começou a se mover em direção a mim. Meu coração disparou. Eu sabia que precisava afastá-lo, mas não conseguia pensar direito o suficiente para me lembrar do por que. Não podia me mover.
Fechei meus olhos quando o senti chegar ainda mais perto. Eu estava superconsciente de quão perto o seu corpo estava do meu - seu lado pressionando contra mim, seu braço ainda em minhas coxas, sua mão sobre a minha perna. Saber disso juntamente com os ruídos apaixonados da TV, me dava calafrios na espinha. Depois do que pareceu uma eternidade, ele finalmente me tocou, mas não como eu esperava que o fizesse. Sua testa tocou a minha e ele descansou seu nariz contra o meu. Eu podia sentir ele respirando baixinho, mas intensamente, contra mim. Instintivamente, levantei meu queixo para encontrar seus lábios, um ruído baixo escapando da minha garganta novamente.
Um microssegundo antes de nossas bocas se tocarem totalmente, quando eu podia sentir o calor de sua pele, o simples toque de seu lábio, ele deslizou o nariz para baixo ao longo da minha bochecha. Engoli em seco pela proximidade, mas falta de contato. Ele exalou pesadamente na minha garganta, um ruído atraente escapando de seus lábios, fazendo-me estremecer. Ele ficou lá, tomando duas respirações irregulares, enquanto eu inconscientemente derretia ainda mais contra seu corpo, meus joelhos virando ainda mais para ele, a mão no meu colo deslizando para sua coxa. Comecei a virar a cabeça para sua boca. Ele cheirava tão bem...
De repente, ele agarrou a minha mão em sua coxa e quase dolorosamente apertou. Ele correu os lábios até meu ouvido e sussurrou, — Venha comigo.
Sem saber o que ele ia fazer, sem saber o que eu ia fazer, levantei e o segui para fora da sala. Matt e Griffin, que eu até tinha esquecido que estavam aqui, não olharam para nós quando passamos. Surpreendentemente, ele me levou para a cozinha. Eu não tinha certeza do que ele faria quando chegássemos lá. Imaginei-o, uma vez fora da vista dos caras, me puxando para ele para um longo beijo quente e apaixonado. Imaginei suas mãos no meu cabelo, me puxando apertado para ele. Imaginei todo o seu corpo pressionado contra o meu. No momento em que estávamos na cozinha, eu estava respirando um pouco ofegante.
Kellan, no entanto... estava perfeitamente bem. Ele soltou a minha mão quando chegamos na cozinha e encheu um copo de água, colocando sua cerveja no balcão. Confusa e um pouco irritada com a sua rápida mudança de emoção, eu me perguntei se tinha imaginado esse quase incidente na sala de estar. Tinha parecido que havia essa eletricidade entre nós. Ele estava prestes a me beijar, eu tinha certeza disso. Perturbadoramente o suficiente, eu estava prestes a beijá-lo também. Era... confuso.
Ele sorriu calorosamente, como se nada estranho tivesse acontecido. Entregando-me o copo de água, ele pegou minha cerveja e colocou-a sobre o balcão perto dele. Eu respirei fundo, acalmando meu corpo, de repente me sentindo muito, muito estúpida. É claro que nada tinha quase acontecido. Ele era um cara normal, que ficou ligado assistindo algum filme estúpido de sexo, como qualquer homem faria e, eu tinha de alguma forma, me transformado naquela que ele queria, especificamente. Deus, eu devia parecer uma idiota com os meus olhos fechados, esperando ele me beijar. Constrangimento brilhou através de mim e eu engoli minha água, grata por um motivo para não olhar para ele.
Levantei o olhar quando ele falou, — Desculpe sobre a escolha do filme... — Ele sorriu e riu um pouco. — Griffin é, bem... Griffin. — Ele deu de ombros. Mudando completamente de assunto, ele disse: — Você parecia chateada antes nas escadas. Quer falar sobre o seu sonho? — Encostou-se ao balcão perto da geladeira, cruzando os braços contra o peito, parecendo perfeitamente composto e relaxado.
Ainda me sentindo idiota, eu disse, — Eu não me lembro... Só que era ruim.
— Oh, — ele disse em voz baixa, de repente, com um olhar pensativo.
Desejando que eu tivesse ficado na cama, pousei meu copo quase vazio e comecei a andar. — Estou cansada... boa noite, Kellan.
Ele sorriu para mim enquanto eu passava. — Boa noite, Kiera. — ele quase sussurrou.
Evitando observar Matt, Griffin ou o filme erótico, aparentemente interminável, que estavam assistindo eu olhei para trás, vendo a cozinha através da janela da sala de estar. Havia reflexo suficiente no vidro para eu ver claramente Kellan, ainda encostado ao balcão, mas agora ele estava caído contra ele, apertando a ponta do nariz com os dedos. Ele parecia ter uma dor de cabeça. Gostaria de saber o motivo, mas me apressei a subir as escadas, não querendo que ele me notasse no reflexo olhando para ele. E eu realmente queria calar o ruído do filme estúpido.
Corei um pouco quando o vi na manhã seguinte, mas ele apenas sorriu e me ofereceu um copo de café. Ele não fez menção de minha gafe constrangedora e eu não ia falar sobre isso. Sentada em frente a ele na mesa, notei que ele estava vestindo a camiseta dos D-bags novamente. Fiz uma careta para ele e ele empalideceu um pouco.
— O que? — Perguntou baixinho, parecendo um pouco nervoso.
Não entendendo sua reação, apontei para sua camisa. — Você nunca me deu uma, sabe, — disse eu tão levemente quanto poderia controlar.
Ele ficou visivelmente relaxado. — Ah... você está certa. — Assentiu para mim.
Então ele deu de ombros, levantou e tirou a camisa. Eu fiquei de boca aberta para ele quando ele virou-a do lado certo e colocou-a em cima de mim. Não conseguia nem falar. Seu corpo atraiu toda a minha atenção quando ele colocou a camisa em volta de mim. Eu não conseguia sequer ajudá-lo. Ele teve que colocar meus braços através dos buracos como se eu tivesse dois anos.
— Pronto. Você pode ficar com a minha. — Ele sorriu calorosamente, ainda de pé na minha frente, não se preocupando nem um pouco que agora ele estava meio-vestido.
Meu rosto estava esquentando e eu tinha certeza que estava corando profundamente. — Eu não quis dizer... você não tem que... — Não podia formar uma frase completa.
Ele riu suavemente. — Não se preocupe com isso. Posso conseguir mais. Você não acreditaria quantas dessas malditas coisas Griffin fez. — Ele riu de novo, então se virou para sair da sala. Não podia deixar de encarar suas costas musculares quando ele saiu, os ombros largos musculares estreitando ligeiramente em seu peito e depois mais na cintura, naturalmente forçando a linha dos olhos para baixo. Ele olhou novamente para mim na porta de entrada e me pegou encarando. Olhou para baixo e deu um meio sorriso. — Já volto. — Encontrou meu olhar, ainda sorrindo adoravelmente e eu corei profundamente, mais uma vez.
Então o cheiro me pegou. Fechei meus olhos pois era tão poderosamente maravilhoso. Agarrei a parte inferior da camisa e respirei fundo. Eu não sei se era o seu sabonete, o xampu caro, o desodorante, alguma colônia ou apenas seu aroma natural, mas ele sempre cheirava tão incrivelmente bem e agora eu estava envolvida em seu cheiro. Estava sentada lá, inalando a camisa como uma idiota quando ele voltou para a sala.
Inclinou a cabeça para o lado e sorriu para mim com curiosidade enquanto eu corava profundamente e largava sua camisa. De repente, desejei que nunca tivesse acordado esta manhã. De quantas maneiras eu poderia parecer uma idiota em vinte e quatro horas? Ele sentou-se na cadeira e terminou seu café, sua camisa agora um azul marcante que fazia seus olhos parecerem ainda mais intensamente azuis. Engoli em seco e concentrei-me em beber o meu café.
Passamos o nosso dia normalmente. Eu lavei as roupas, ele lavou os pratos. Eu aspirei, ele tocou sua guitarra. Mas me senti envergonhada o dia todo. Ontem à noite tinha sido humilhante. Eu estava planejando ficar longe dele. Estava planejando isso, mas, é claro, quando ele foi assistir TV um pouco antes de sair para se encontrar com os caras, eu olhei para o sofá com saudade.
Ele percebeu e bateu no sofá ao seu lado. Eu não podia evitar. Sorri e imediatamente estava aninhada no seu lado, descansando minha cabeça em seu ombro. Estava meio viciada.
O fim de semana passou com muitas mãos entrelaçadas, abraços no sofá, demorados abraços na cozinha, descansando em seu colo, e deitados no quintal, mas, não mais embaraçosos quase beijos. Antes que eu percebesse, era segunda de manhã e a escola estava começando no dia seguinte.
Um telefonema naquela tarde incitou minha irritação... e meus nervos.
— Hey, baby. — Ouvir o sotaque de Denny geralmente me fazia sorrir, mas dessa vez franzi a testa, ainda frustrada com os seus telefonemas raros, curtos e aparentemente desinteressados. — Kiera?
Eu percebi que não tinha respondido ainda. — Oi, — Murmurei.
Ele suspirou. — Você está brava, não é?
— Talvez... — Sim... sim eu estava.
— Sinto muito... Eu sei que tenho estado distraído ultimamente. Não é nada contra você, eu juro. Estou tão ocupado.
Suas desculpas não estavam ajudando minha irritação. — Que seja, Denny.
Ele suspirou de novo. — Eu tenho tempo... Quer me contar sobre a faculdade amanhã?
Sorri um pouco pois ele tinha lembrado, e então franzi a testa quando me lembrei. Estava ficando ansiosa para amanhã. — Eu queria que você estivesse aqui... estou muito nervosa.
Ele riu, provavelmente lembrando de como eu costumava ajudá-lo a... acalmar seus nervos. — Ah, querida... Você não tem ideia do quanto eu gostaria de estar com você agora. Sinto sua falta.
Eu sorri largamente para isso. — Eu também... bobão.
Ele riu genuinamente. — Agora me diga o que você tem feito. Quero ouvir a sua voz...
Eu ri e passei a hora seguinte dizendo-lhe tudo o que eu podia pensar... Bem, posso ter deixado de fora alguns detalhes menores sobre o quão próximos Kellan e eu tínhamos estado (e um certo momento quase íntimo, no sofá), mas eu disse a ele todo o resto. Não foi tão eficaz como o meu jeito de acalmar seus nervos, mas me acalmou... um pouco. Eu fui capaz de conseguir ir para o trabalho e dormir mais tarde, com apenas um pequeno nó no meu estômago.
Desci para a cozinha para o café da manhã com um nó um pouco maior no meu estômago. As aulas começariam em algumas horas e eu odiava o primeiro dia de uma nova escola mais do que odiava o primeiro dia de um novo emprego. Estava franzindo a testa quando vi Kellan tomando seu café. Ele estava levemente cantando uma de suas canções enquanto fazia isso - um pequeno sorriso em seus lábios. Quando a banda tocava a música, era rápida, mas ele estava cantando de forma lenta e suavemente, transformando-a em uma balada... era lindo.
Parei na entrada da cozinha e encostei-me no balcão para ouvi-lo. Ele olhou para mim, ainda cantando, e sorriu mais largamente.
Talvez ele tenha percebido a minha melancolia, talvez ele só me conhecesse bem o suficiente agora para saber que eu não estava ansiosa por hoje, ou talvez ele estivesse apenas entediado. Por alguma razão, estendeu a mão para mim e pegando a minha mão, me puxou para ele. Eu engasguei de surpresa e depois ri quando ele colocou a outra mão na minha cintura e começou uma dança lenta comigo.
Começou a cantar a música mais alta e a exagerar nossos movimentos, me girando longe dele, em seguida, de volta para ele. Mergulhou de brincadeira comigo e eu ri de novo, minha ansiedade de hoje momentaneamente esquecida. Ele endireitou-me e colocou os braços em volta da minha cintura. Eu suspirei feliz e coloquei os braços em volta de seu pescoço, ouvindo a bela canção que ele estava cantarolando baixinho novamente.
De repente, ele parou de cantar e olhou para mim. Eu percebi que tinha começado a correr as mãos pela parte de trás do seu cabelo, girando-o em torno de meus dedos. Era incrivelmente agradável, mas forcei-me a soltar as mãos e descansá-las em seus ombros.
Ainda me segurando, ele disse calmamente: — Eu sei que você preferia ter Denny aqui... — Endureci à menção do nome de Denny, — Mas eu poderia levá-la para a escola no seu primeiro dia? — Ele sorriu docemente no fim.
Meu coração acelerou um pouco pela sua atratividade e nossa proximidade. Tentando olhar de forma afetada para ele, eu disse, — Acho que você vai ter que servir.
Ele riu e apertou-me uma vez antes de deixar-me ir. — Isso não é algo que estou acostumado a ouvir de mulheres — ele murmurou, quando pegou uma caneca para mim no armário.
Pensando que eu o ofendi, rapidamente deixei escapar: — Eu sinto muito, não quis...
Ele riu de novo e olhou para mim enquanto colocava o café. — Estou apenas brincando, Kiera. — Ele assistiu o café preencher o copo. — Bem, mais ou menos. — Ele riu.
Corei. — Ah... hum... obrigada... sim. — Tropecei nas palavras e ele riu novamente.
Ansiosamente me vesti para a escola e passei um tempo excessivamente longo escovando meu cabelo e fazendo minha maquiagem. Não que eu estivesse melhor com o esforço, mas fez-me sentir um pouco melhor e esperava que me ajudasse a passar por todas as introduções embaraçosas de hoje. Talvez eu apenas iria me esconder discretamente na parte de trás esta semana, até que eu estivesse mais confortável nas minhas aulas.
Peguei minha bolsa, jogando meus livros necessários, toneladas de lápis e um par de blocos de notas dentro. Hoje era apenas uma aula (e eu estava grata por isso), Microeconomia. Fiz uma careta quando pensei na aula... que seria o tema favorito de Denny para conversar. Na verdade, eu provavelmente não seria capaz de fazê-lo calar-se sobre ela. Sorri. Talvez ele ligasse mais tarde e poderíamos discuti-la por horas... Qualquer coisa para ouvir sua voz.
Eu fui para baixo quando estava perto da hora de sair e Kellan sorriu suavemente quando ele me viu do sofá. — Pronta?
Suspirei infeliz quando ele se aproximou de mim. — Não.
Ele agarrou minha mão e sorrindo torto, de uma forma que me deixou nervosa por uma razão completamente diferente, me levou até a porta. Nós dirigimos em silêncio enquanto meu estômago desnecessariamente se agitava. Realmente, isso não era um grande negócio, eu repetia para o meu corpo... Ele se recusou a me ouvir.
A casa de Kellan era perto da Universidade, de modo que não demorou muito. Antes que eu percebesse, ele estava em um espaço no estacionamento. Meu batimento cardíaco estava irracionalmente rápido. Devo ter ficado pálida... ou com cor de doente… quando Kellan estacionou o carro. Ele olhou para mim, preocupado, e então abriu a porta e saiu. Confusa, eu o vi caminhar para mim e abrir a minha porta.
Sorri para ele. — Eu acho que posso lidar com isso. — Acenei com a cabeça para a porta e me levantei.
Ele riu e pegou minha mão novamente. Amando o calor reconfortante, apertei-a com força e ele sorriu calorosamente para mim. — Vamos. — Indicou o prédio de tijolos intimidante onde minha classe era.
Começamos a andar em direção a ele, quando o olhei com curiosidade. — E onde você vai?
Ele riu de novo quando olhou para mim. — Estou andando com você para a aula... obviamente.
Revirei os olhos, sentindo-me estúpida por ele sentir a necessidade de fazer isso. Realmente, eu podia lidar com essa... vergonha. — Você não tem que fazer isso. Eu posso dar conta.
Ele apertou minha mão encorajando. — Talvez eu queira. — Olhei para longe quando nos aproximamos do prédio e ele segurou a porta aberta para mim. — Não é como se minhas manhãs fossem imensamente ocupadas nem nada. Eu provavelmente ficaria apenas dormindo. — Ele sorriu ironicamente para mim enquanto eu olhava para ele e ria.
— Por que você se levanta tão cedo, então?
Ele também riu enquanto caminhávamos pelo corredor - mais do que algumas mulheres ficaram assistindo a este homem com corpo de modelo passando por elas. — Não é por escolha... Confie em mim. Eu preferia dormir a ter que funcionar com apenas quatro ou cinco horas de sono por noite.
— Oh... Você deveria ir para casa e tirar uma soneca, então, — eu disse, quando nos aproximamos da minha sala de aula.
— Eu vou. — Ele sorriu quando abriu a porta da sala e eu me perguntei se ia me levar para o meu lugar também. Ele pareceu notar o meu olhar estranho e sorriu. — Você gostaria que eu andasse com você até lá?
Soltando a mão, o empurrei suavemente. — Não, — eu disse, brincando. Andar com ele ajudou. Eu estava um pouco mais relaxada. Inclinando a cabeça para o lado, eu o observei pensativamente na porta por um instante. — Obrigado, Kellan. — Inclinei-me e dei-lhe um beijo suave na bochecha.
Ele olhou para baixo e depois para mim debaixo de suas sobrancelhas, um pequeno sorriso curvando seus lábios. — De nada. Venho buscá-la mais tarde.
Comecei a protestar, — Você não tem que... — Ele me cortou com um olhar irônico e eu fechei a minha boca e sorri. — Tudo bem... te vejo mais tarde.
Seus olhos percorreram a sala antes de voltarem para mim. — Divirta-se. — Então ele se virou e foi embora, e não pude deixar de observar seu traseiro por alguns momentos. Infelizmente, ele olhou para trás e me pegou encarando, novamente. Sorriu e acenou, mas eu corei horrivelmente, me sentindo idiota.
Sério, às vezes, sua aparência era simplesmente demais. Quando eu entrei na sala, percebi que não era a única que se sentia assim sobre Kellan. A maioria das meninas próximas ainda estava vigiando a porta, talvez se perguntando se ele iria voltar para fazer parte da classe. Algumas das garotas estavam rindo e conversando uma com a outra, apontando para o corredor, outras estavam apontando para mim. Se eu já não estivesse corando de ser pega encarando Kellan, eu teria corado com a atenção. Um efeito colateral de ficar em torno dele era que isso fazia as pessoas se perguntarem sobre mim quando ele ia embora. Tanto para ficar sozinha no fundo da sala. Eu apressadamente passei pelo grupo quando um par delas ficou me olhando, como se estivessem indo me pedir para me juntar a elas... mais provavelmente para fofocar sobre Kellan. Eu não estava no clima para conversas fúteis e estranhas com pessoas que não conhecia, então encontrei um lugar com apenas um par de pessoas ao redor. Algumas mulheres assistiram onde eu fui, mas nenhuma me seguiu.
A aula me absorveu e antes que eu percebesse, tinha acabado. Eu sorri em quão agradável a experiência tinha sido e como eu realmente não precisava ter me preocupado. Eu era boa na escola. Minha irmã sempre me disse que eu era uma garota de estudo, não uma garota de rua. Não tinha certeza se isso era um insulto ou não, mas ela estava certa, eu era muito melhor em lidar com tarefas e testes do que com pessoas. Não tinha certeza que opções de carreira isso me dava. Eu ainda estava debatendo em que especialização do curso queria me formar, mas estava inclinada para Inglês. Mais uma vez, não tinha certeza que opções de carreira isso me dava. Às vezes eu tinha ciúmes de como Denny era certo de sua vida. Ele sempre soube o que queria fazer, e saiu e fez isso. Eu ainda não tinha nenhuma pista.
Fiel à sua palavra, Kellan estava me esperando do lado de fora da porta. Eu sorri quando o vi, apesar do gesto não ser necessário. Ele agarrou minha mão enquanto me dirigia a ele. Duas mulheres, que o haviam notado anteriormente, estavam saindo da sala de aula quando ele olhou para a porta. Ele deu um sorriso torto para elas e elas realmente deram uma risadinha. Revirei os olhos e balancei a cabeça para seu flerte interminável.
— Vamos, Casanova, — eu murmurei, puxando-o para longe das meninas ainda rindo.
Ele franziu a testa e então riu. — Como foi a aula?
— Maravilhosa! — Ele balançou a cabeça para o meu entusiasmo. Aparentemente, ele não iria achar uma palestra sobre economia tão interessante como eu. Eu sorri com o pensamento dele sentado durante a classe, entediado. — Então... você dormiu?
Ele sorriu e assentiu. — Sim, uma boa hora. Posso continuar até as três.
Balancei a cabeça para ele. — Como você faz isso?
Ele riu quando estávamos saindo do edifício. — É um dom... é uma maldição.
Ele me levou para a escola o resto da semana, o que era desnecessário, já que Denny havia deixado seu Honda amado para mim, mas foi agradável, já que eu odiava dirigir aquele carro. Nós conversamos e rimos facilmente. Ele perguntou sobre todas as minhas aulas e o que era melhor e pior em cada uma. Insistiu em me trazer para a minha primeira aula, todas as manhãs, que também era desnecessário, mas doce. As meninas ficavam quietas quando ele chegava para vê-lo, praticamente com baba no queixo, quando ele se despedia de mim todas as manhãs. E ele, é claro, era muito consciente de sua atenção e as agradecia com uma piscadela. Ele esperava por mim fora da sala ou no estacionamento depois da escola, ás vezes com um café expresso, fazendo-me alegremente feliz.
Kellan fez essa primeira semana de aula uma transição agradável para mim, quando eu estava esperando o pior. Estava extremamente grata a ele por isso. Na verdade, só havia uma coisa em toda a semana que não me fez feliz... e era uma coisa grande. Denny.
Nesse fim de semana, minha irritação com ele tinha crescido exponencialmente. No começo, ele tinha me ligado todos os dias. Então, lentamente, ele mudou para a cada dois dias. Mas esta semana eu não tinha ouvido falar dele em cinco dias - nada! A última conversa que tivemos foi o dia antes da minha aula começar. Realmente pensei que ele iria ligar para saber como foi, mas ele não tinha. Deixei mensagens em seu hotel, mas ele raramente estava lá, seu novo trabalho o mantinha demasiado ocupado. Tarde na noite de domingo, depois de colocar meu pijama e preparar tudo para dormir, eu decidi tentar chamá-lo uma última vez. Quando finalmente consegui falar com ele, eu estava em êxtase... no começo.
— Hey, baby. — Seu sotaque familiar e acolhedor encheu meu coração, mas ele soava muito cansado.
— Ei! Você está bem? Parece exausto. Eu posso te ligar de volta amanhã. — Mordi o lábio, esperando que ele não pedisse para fazer isso. Me encostei no balcão da cozinha e cruzei os dedos.
— Não, estou feliz que você ligou. Eu preciso falar com você. — De repente eu queria que ele me pedisse para ligar depois. Frio e pânico encheram o meu estômago.
— Oh? — Tentei manter minha voz casual. — Sobre o quê?
Ele fez uma pausa e meu coração começou a bater de forma inesperada. — Eu fiz uma coisa. Acho que você não vai gostar.
Minha mente imediatamente passou por uma lista horrível de coisas que ele poderia ter feito que eu não gostaria. Meus pensamentos voaram novamente para Kellan, e o que poderia ter acontecido ao mesmo tempo quando assisti o filme idiota e que Denny não teria gostado. Minha garganta apertou, mas eu consegui dizer. — O que?
Ele parou por um tempo e de repente eu queria gritar com ele para me dizer já! — Terça-feira à noite, depois do trabalho... — Ele parou de novo e minha mente em pânico começou a encher o meu pior pesadelo. — Mark me ofereceu um emprego permanente aqui...
Alívio passou por mim - a minha mente tinha imaginado algo muito mais terrível. — Oh, Denny, você estava me assu…
Ele me cortou. — Eu aceitei.
Minha mente parecia lenta. Levei um segundo para compreender o que isso significava. Quando eu fiz, minha respiração parou. — Você não vai voltar... Vai?
— É a oferta de uma vida, Kiera. Eles não oferecem posições de liderança para estagiários - nunca. — A voz de Denny tremia ao telefone. Isso era uma coisa difícil para ele dizer, ele odiava fazer algo que pudesse me causar dor. — Por favor, tente compreender.
— Compreender? Deixei tudo para vir aqui por você! Agora você vai me deixar aqui? — Lágrimas estavam começando a brotar em meus olhos, mas segurei-as. Agora não era a hora de quebrar.
— É só por dois anos... quando você terminar a universidade pode vir comigo para cá. — Ele implorou. — Nós estaremos juntos novamente em breve. Você vai adorar aqui também.
Meu coração se afundou mais. Dois anos? Algumas semanas sem ele tinham sido brutais, como eu poderia esperar dois longos anos... Mais até do que tínhamos estado juntos? — Não, Denny.
Ele não respondeu a isso imediatamente, o silêncio era ensurdecedor. — O que você quer dizer?
— Não! Eu quero que você volte! Fique comigo, encontre outro emprego. Você é brilhante, vai encontrar alguma coisa! — Agora, eu estava implorando.
— Isto é o que eu quero, Kiera... — ele sussurrou.
— Mais do que a mim? — Sabia que não era uma pergunta justa no momento em que deixou meus lábios, mas a raiva estava crescendo dentro de mim.
— Kiera... — Ele disse meu nome entrecortado. — Você sabe que isso não é...
— Sério?! — Minha raiva estava realmente queimando agora. — Parece como se você estivesse escolhendo o seu trabalho em vez de mim, como se você estivesse me deixando. — Alguma pequena parte do meu cérebro queria parar esta conversa horrível, parar de machucá-lo, mas eu não podia.
— Baby, são apenas dois anos. Eu posso te visitar sempre que puder... — ele tentou novamente debilmente, seu forte sotaque cheio de emoção.
Minha mente se irritou. Dois anos... Dois fodidos anos! Sem pensar, ele aceitou uma carreira em uma cidade a milhares de quilômetros de distância, sem se preocupar em falar comigo sobre isso primeiro e depois ele guardou a informação por dias! Eu estava presa aqui em Seattle. Meus pais tinham sido relativamente tranquilos - mais ou menos - sobre a transferência, principalmente por causa da bolsa. Eles não me deixariam transferir para outra escola em um outro estado! Eles não pagariam por isso e eu não podia pagar dois anos de escola por mim mesma. A bolsa que eu tinha ganho era a minha oferta de uma vida. Eu não via o destino se alinhando para mim assim novamente.
Eu estava presa aqui até que a escola terminasse... e ele sabia disso.
Ele sabia disso! Na minha raiva, a minha mente saltou para a conclusão mais provável primeiro - ele queria que eu ficasse. Ele queria que ficássemos separados. Ele queria me deixar. Ele estava terminando comigo. Fogo queimou na minha barriga. Bem, eu não ia deixar ele fazer isso primeiro.
— Não se preocupe, Denny! Você já fez a sua escolha! Espero que você aprecie o seu trabalho! — As palavras saíram ásperas. — Vou ficar aqui e você vai ficar aí. Terminamos... adeus.
Depois de bater o telefone na cara de Denny, eu o tirei do gancho. Não queria que ele ligasse de volta. Estava com tanta raiva que eu não queria falar com ele nunca mais. O pensamento de nunca mais vê-lo de novo trouxe um desespero tão rápido que eu não conseguia respirar. Eu estava ofegante e minha cabeça tinha começado a girar. Afundei no chão, enquanto as lágrimas corriam livremente e eu não conseguia mais segurar o choro.
Depois do que pareceram horas de angustiante dor, eu levantei. Fui até a geladeira para pegar água, mas vi uma garrafa de vinho que nunca tínhamos chegado a beber lá na porta. Eu a agarrei e tomei um gole diretamente da garrafa. Sabia que era uma maneira estúpida de lidar com meu desespero, mas eu precisava de alguma coisa. Precisava de uma pausa de sentimentos. Lidaria com eles mais tarde.
Pegando um copo normal, em vez de um copo frágil para vinho, eu coloquei tanto do vinho quanto era possível e comecei a beber. Ele queimou. Vinho definitivamente não foi feito para ser bebido dessa maneira, mas eu estava desesperada por algum alívio da dor.
Levou apenas alguns momentos para esvaziar o copo e eu imediatamente enchi de novo. Os soluços finalmente pararam, embora as lágrimas ainda caíssem. Eu ainda podia ver o rosto de Denny em minha mente - seus lindos e quentes olhos castanhos, seu sorriso bobo, seu sotaque sedutor, a maneira como ele sempre era rápido para rir, seu corpo, seu coração. Meu coração apertou dolorosamente e eu tomei outro gole.
Isso não era real, eu dizia a mim mesma. De jeito nenhum as coisas tinham acabado de terminar, de maneira nenhuma estávamos separados agora. Ele disse que eu era o seu coração, e você não deixa o seu coração para trás. Você não pode viver sem o seu coração.
Estava terminando o segundo copo e enchendo o terceiro e, infelizmente, o último, quando ouvi a porta da frente abrir.
Devia ser muito tarde, ou muito cedo, dependendo de como você analisava, e Kellan estava em casa depois de uma noite com os rapazes no Pete. Ele caminhou até a cozinha e casualmente colocou as chaves no balcão. Fez uma pausa quando me viu em pé na sala. Eu geralmente não estava acordada á essa hora em noites que não trabalhava.
— Hey.
Eu virei para ele, mas sem parar de beber.
No movimento, notei que minha cabeça estava começando a nadar. Bom.
Estudei-o silenciosamente. Seus olhos azuis tinham um olhar um pouco vidrado. Ele deve ter tomado alguns, ou mais do que alguns, com a banda. Suas roupas estavam com a aparência básica que ele preferia usar - uma t-shirt apertada o suficiente, calça jeans desbotada e botas de trabalho negras. Talvez fosse o vinho, talvez fosse a minha dor, mas esta noite, ele apenas estava extraincrível. Seu cabelo, despenteado e desarrumado, era sexy como o inferno. Uau, pensei, com a parte do meu cérebro que ainda podia, beber a visão dele era mais distração para mim do que o vinho.
— Você está bem? — Ele inclinou a cabeça para o lado um pouco enquanto me olhava com curiosidade. Era incrivelmente atraente e eu parei de beber por um momento.
— Não. — A palavra soou lenta para mim, o vinho trabalhando rápido em meu corpo. Eu me senti firme o suficiente para adicionar rapidamente, — Denny não vai voltar... Terminamos.
Instantaneamente seu lindo rosto ficou cheio de simpatia e ele se aproximou de mim. Por um segundo, pensei que ele iria colocar seus braços em volta de mim. Meu coração começou a bater mais rápido com o pensamento. Mas ele encostou-se ao balcão, apoiando as mãos para trás. Continuei a beber o meu vinho e assisti-o me olhar.
— Você quer falar sobre isso?
Fiz uma pausa. — Não.
Ele olhou para a garrafa de vinho vazia no balcão e de novo para o copo que eu estava terminando.
— Quer um pouco de tequila?
Pela primeira vez no que parecia anos, eu sorri. — Com certeza.
Ele abriu o armário de cima da geladeira, vasculhando um estoque de garrafas de álcool que eu nem sabia que estavam lá. Alcançar as garrafas fez com que sua camisa se esticasse de maneira encantadora, mostrando apenas um toque da pele em sua cintura. Os pensamentos dolorosos sobre Denny foram enfraquecendo lentamente, olhando este homem absurdamente atraente.
Porra, ele era sexy.
Ele encontrou o que queria e se virou para mim. Suspirei enquanto a camisa abaixava. Solidão súbita passou pelo meu cérebro embebido em álcool. Eu estava sozinha agora. Tinha me mudado para cá para estar com Denny e agora eu estava completamente sozinha. Vi o corpo de Kellan mover tentadoramente sob suas roupas quando ele pegou os copos, sal e limão. Minha solidão se desvaneceu e começou a se transformar em algo completamente diferente.
Ele terminou de preparar e com um meio-sorriso sedutor, me entregou a minha bebida.
— Cura para um coração partido, me disseram.
Peguei o copinho e os meus dedos roçaram nos seus. Esse toque ligeiro causou calor que subiu pela minha mão e eu pensei à toa que ele poderia ser o melhor remédio.
Eu já tinha visto várias pessoas no bar virarem a dose. Eu já tinha feito antes. Mas a forma como Kellan fazia era tão absolutamente sexy que eu me senti um pouco suja ao vê-lo. O vinho estava fazendo efeito, meu sistema considerando cada movimento que ele fazia como erótico. Ele usou um dedo embebido em álcool para molhar a palma de sua mão, e depois a minha. Balançou um pouco de sal sobre elas, enquanto eu avaliava como a minha mão de repente parecia quente onde ele tinha tocado. Vi sua língua lamber o sal, seu movimento forte na linha da mandíbula, e ele rapidamente se inclinou para trás e bebeu a dose de tequila, seus lábios enrolando quando ele chupou o limão.
Ele tirou meu fôlego.
Preparando-me, tomei meu gole e, em seguida, a tequila me bateu. Onde o vinho tinha queimado, esta chamuscava. Fiz uma careta e Kellan riu para mim; ele fazia coisas deliciosas com o seu sorriso.
Ele imediatamente preparou outra. Nós não falamos. Eu realmente não precisava de conversa agora e ele parecia sentir isso. Bebemos a nossa segunda dose em silêncio e eu consegui não fazer uma careta dessa vez.
Em nossa terceira dose, meu corpo estava quente e formigando. Eu tinha problemas para manter meus olhos focados, mas ainda observava cada movimento que Kellan fazia tanto quanto eu poderia. Se eu estivesse em sua posição, teria estado muito desconfortável com alguém me olhando desse jeito, mas ele agiu como se nem percebesse. Lembrei-me de suas "fãs adoradoras” no bar e pensei que talvez ele só estivesse acostumado.
Na quarta dose, eu poderia dizer que os olhos de Kellan estavam ainda mais vidrados. Seu sorriso era solto e fácil. Ele derramou um pouco a tequila, enchendo nossos copinhos, e ele riu quando pegou o limão. Eu o vi chupando e tive a mais louca e intensa vontade de chupar com ele.
Pela quinta dose todo o desespero, a solidão e a dor do início da noite tinham mudado completamente para outra coisa... Desejo. Mais especificamente, desejo por este homem como um deus na minha frente. Lembrei-me da eletricidade entre nós algumas noites atrás e, real ou não, eu queria sentir aquela paixão novamente.
Sem pensar, fiz o que eu queria fazer desde a primeira dose. Eu agarrei a mão dele quando se inclinou para lamber o sal. Pressionei levemente minha língua contra a parte de trás da sua mão, o sal agradavelmente misturado com o gosto de sua pele. Ele prendeu a respiração enquanto me olhava beber a dose de tequila. Pousei rapidamente o copo e coloquei a fatia de limão na boca dele parcialmente aberta. Coloquei meus lábios nos dele. Eu metade chupei o limão, metade pressionei contra seus lábios. Fogo queimou através de mim.
Me afastei dele lentamente. Sua respiração estava mais rápida e um pouco irregular. Eu cuidadosamente tirei o limão e coloquei-o sobre o balcão, lambendo meus dedos no processo. Kellan tomou sua dose de tequila em linha reta, seus olhos nunca deixando os meus. Ele pousou o copo no balcão com força, lambeu o lábio inferior uma vez, e agarrou meu pescoço, me puxando de volta para sua boca.

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