Capítulo 7

 ― AINDA NENHUMA PALAVRA SOBRE A AÇÃO DE GRAÇAS? ― Odiava perguntar, mas ele não iria mencionar isso se não o fizesse, e naquele momento eu estava quase desesperada para saber. Estava começando a esquecer de como era a sensação de estar perto dele, e estava ficando confusa sobre coisas que eu não deveria estar confusa.
T.J. não fez um som por vários segundos. Ele nem sequer respirou.
 ― Sinto sua falta.
 ― Então isso é um não.
 ― Não saberei até o dia anterior. Talvez no dia. Se algo vier à tona...
 ― Entendo. Você me avisou. Pare de agir como se eu fosse fazer uma birra cada vez que você não pode me dar uma resposta direta.
Ele suspirou.
 ― Sinto muito. Não é isso. Só estou preocupado que na próxima vez que você perguntar, e eu responder... você vai dizer algo que eu não quero ouvir.
Sorri contra o telefone, desejando que eu pudesse abraçá-lo.
 ― É bom saber que você não quer ouvir isso.
 ― Eu não quero. É difícil de explicar... quero esta promoção e quero tanto estar com você.
 ― Entendo. Não é fácil, mas vai ficar bem. Nós nem sempre vamos ter que sentir falta um do outro. Nós apenas temos que superar a parte mais difícil no começo, não é?
 ― Certo. ― Sua resposta foi imediata e sem hesitação, mas eu podia ouvir a incerteza em sua voz.
 ― Eu te amo, ― eu disse.
 ― Você sabe que eu também, ― disse ele. ― Tenha uma boa noite, amor.
Sabendo que ele não podia ouvir, balancei a cabeça, mas foi tudo o que consegui. Desligamos sem discutir sobre Coby, ou o meu segundo emprego, ou que eu tinha passado tanto tempo com Trenton. Minhas gorjetas de fim de semana tinham ajudado meu irmão a pagar mais de uma dívida, mas eu me preocupava que isso seria apenas uma questão de tempo antes que ele saísse de seu programa.
Deslizei um top preto rendado de manga comprida sobre a minha cabeça e lutei com meu jeans rasgado favorito. Então passei algum brilho labial antes de correr para fora da porta antes que eu estivesse atrasada para o meu turno na sexta à noite no Red.
Assim que passei pela entrada dos funcionários, eu sabia que algo estava errado. Todo mundo estava se arrastando, e o bar estava quieto. Muito tranquilo. Normalmente eu iria apreciar aquela primeira hora antes de todos jorrarem através das portas. Sexta-feira era a noite das senhoras, por isso a agitação começava ainda mais cedo, mas o bar estava morto. Trinta minutos depois, Raegan estava resmungando baixinho à medida que ia limpando o bar pela terceira vez.
 ― Existe uma luta subterrânea hoje à noite?
Balancei minha cabeça.
 ― O círculo? Nunca é feito tão cedo.
 ― Oh, olhe. Algo para fazer, ― disse Raegan, puxando o Jim Beam.
Travis Maddox estava arrastando-se para sua banqueta de costume, parecendo deplorável. Raegan colocou uma dose dupla na frente dele, e ele engoliu-a num gole, deixando o copo cair na madeira.
 ― Uh-oh, ― eu disse, pegando a garrafa que Raegan me entregou. ― Há apenas duas coisas que poderiam ser tão ruins assim. Está todo mundo na família bem? ― perguntei, arrepiada na expectativa de sua resposta.
 ― Sim. Todos, exceto eu.
 ― Eu não acredito nisso, ― disse, atordoada. ― Quem é ela?
Os ombros de Travis caíram.
 ― Ela é uma caloura. E não me pergunte o que há sobre ela. Eu não sei, ainda. Mas, quando estava ficando com outra garota hoje, senti como se estivesse fazendo algo errado, e então o rosto desta menina surgiu na minha cabeça.
 ― A caloura?
 ― Sim! Que porra é essa, Cami? Isso nunca me aconteceu antes!
Raegan e eu trocamos olhares.
 ― Bem, ― eu disse. ― Não é o fim do mundo. Você gosta dela. E daí?
 ― Não gosto de garotas desse jeito. Esse é o problema.
 ― Desse jeito? ― Eu disse, surpresa.
Ele tomou outra dose, e, em seguida, estendeu as mãos sobre a cabeça, movendo-as em círculos.
 ― Ela está todo o tempo na minha cabeça.
 ― Você é um maricas para um cara que não perde! ― , Disse Raegan, provocando-o.
 ― Diga-me o que fazer, Cami. Você entende sobre as meninas. Você é meio que uma.
 ― Ok, primeiro de tudo, ― eu disse, inclinando-me em direção a ele, ― chupe meu pau.
 ― Está vendo? Meninas, não dizem isso.
 ― As mais legais dizem, ― disse Raegan.
Eu continuei:
 ― Em segundo lugar, você é a porra do Travis Maddox. Você pode ter qualquer garota que você quiser.
 ― Quase, ― disse Raegan da pia, a dois metros de distância.
O nariz de Travis enrugou.
 ― Você era a garota do Brazil. Eu nunca sequer tentei.
Raegan estreitou os olhos para o mais novo dos irmãos Maddox.
 ― Você acabou de dizer isso para mim?
 ― Bem, ― disse ele. ― É a verdade.
 ― Ainda assim nunca teria acontecido.
 ― Nós nunca saberemos, ― disse ele, levantando sua terceira dose antes de deixá-la descer por sua garganta.
 ― Fácil, Cachorro Louco, ― eu disse.
Travis se encolheu.
 ― Você sabe que eu odeio isso.
 ― Eu sei, ― eu disse levantando a garrafa. ― Mas isso chama a sua atenção. Este é o seu plano. Número um, pare de ser uma putinha. Número dois, lembre-se quem diabos você é, e trabalhe a sua mágica. Ela não é diferente de qualquer outra...
 ― Ah, ela é diferente, ― disse Travis.
Suspirei e olhei para Raegan.
 ― Ele está mal.
 ― Cale a boca e me ajude, ― disse Travis, frustrado.
 ― Há três truques para conseguir uma mulher difícil: paciência, ter outras opções, e ser indiferente. Você não é o melhor amigo pra sempre. Você é o sexo em uma vara, flertando por aí. Em outras palavras, Travis Maddox.
 ― Eu sabia. Você sempre me quis, ― disse ele, convencido.
Eu me levantei.
 ― Uh... de jeito nenhum. Nem um pouco. Nem mesmo na escola.
 ― Mentirosa, ― disse ele, se levantando. ― Nunca tentei com você, também. Meu irmão sempre foi apaixonado por você.
Eu congelei. Que diabos isso significa? Ele sabia de alguma coisa?
Travis continuou.
 ― Esnobar. Outras opções. Paciência. Entendi.
Balancei a cabeça.
 ― Se vocês acabarem casando, você me deve uma centena de dólares.
 ― Casar? ― Travis disse, seu rosto torcido em desgosto. ― Que porra é essa, Cami? Tenho dezenove anos! Ninguém se casa aos dezenove anos.
Olhei ao redor, verificando se alguém o ouviu admitir ser menor de idade.
 ― Diga isso um pouco mais alto.
Ele bufou.
 ― EU me casar é totalmente improvável? Em breve? Nunca vai acontecer.
 ― Travis Maddox não entra num bar chateado com uma garota, também. Nunca se sabe.
 ― Que vergonha desejar isso para mim, ― disse ele, piscando. ― É melhor vê-la em minha próxima luta, Camille! Seja uma boa amiga, sim?
 ― Você sabe que tenho que trabalhar.
 ― Vou me certificar de agendar uma bem tarde.
 ― Ainda assim eu não vou! É bárbaro!
 ― Vá com Trent!
Travis virou para ir embora, e eu estava de pé, atordoada. Ele estava falando de Trenton antes? Então, Trenton estava falando de mim. Para quem mais ele havia dito? Enquanto Travis saía pela porta vermelha grossa, um grande grupo entrou, e, em seguida, a multidão continuava a pingar depois disso. Eu estava grata que eu não tinha tempo para me preocupar se havia rumores circulando ou não, ou se esses rumores iriam chegar em T.J.
No final da manhã seguinte, entrei no Skin Deep, já de mau humor. T.J. não tinha ligado ou me mandado uma mensagem de volta, o que só aumentou minha paranóia sobre possíveis consequências da grande boca de Trenton.
 ― Cami está aqui! ― Hazel disse com um sorriso. Ela empurrou os óculos de aro grosso e preto no nariz.
Forcei um sorriso. Hazel fez beicinho com os lábios manchados de vermelho.
 ― Por que tão triste? A festa Alpha Gamma a colocou fora do negócio na noite passada?
 ― Foi isso? Você foi?
Ela piscou.
 ― Tem que amar garotas de fraternidade. Então, o que há com você?
 ― Só cansada, ― eu disse, colocando a placa de aberto.
 ― Alerta. Calvin vai pedir-lhe para começar a trabalhar aos domingos.
 ― Você está falando sério? ― eu disse, um pouco mais chorona do que pretendia. Hoje não era um bom dia para me pedir para aumentar minhas horas. No momento que circulei o balcão, Trenton entrou.
 ― Camomila! ― Disse ele. Ele estava segurando uma taça cheia de frutas de plástico.
 ― Oh, por favor, não. Não foi engraçado no ensino médio, e definitivamente não é engraçado agora.
Trenton encolheu os ombros.
 ― Eu gostei.
 ― Você nem sabia quem eu era no ensino médio.
Ele franziu o cenho.
 ― Quem disse?
Fiz uma encenação olhando ao redor.
 ― Você não falou comigo até que crescessem meus seios.
Hazel gargalhou.
 ― O trabalho tem sido muito mais divertido desde que ela foi contratada!
 ― Não significa que eu não sabia quem você era, ― disse Trenton, descontente.
Hazel apontou para a taça nos braços de Trenton.
 ― O que há com a fruta?
 ― Para minha sala. É decoração.
 ― É horrível, ― disse ela.
 ― Era da minha mãe, ― disse ele, imperturbável. ― Decidi que precisava de alguma coisa dela no trabalho. Deixa-me de bom humor. ― Ele andou pelo corredor e desapareceu em sua sala.
 ― Então, ― disse Hazel, inclinando os cotovelos no balcão. Sua fina sobrancelha feita à lápis se levantou. ― A tensão sexual por aqui está ficando ridícula.
Levantei uma sobrancelha.
 ― Não sabia que você gostava de Calvin.
Hazel torceu o nariz.
 ― Ninguém gosta de Calvin
 ― Eu ouvi isso! ― Calvin falou do fundo do corredor.
 ― Ótimo! ― Hazel gritou de volta. ― Então, você realmente não está interessada em Trent?
 ― Não, ― disse.
 ― Nem um pouco.
 ― Eu tenho um namorado, e ele me faz muito feliz, ― eu disse, lambendo o meu polegar e contando formulários.
 ― Droga, ― disse Hazel. ― Eu meio que gostei de vocês dois juntos.
 ― Desculpe desapontá-la, ― eu disse, ajeitando a pilha em minhas mãos antes de devolvê-las ao seu lugar.
A porta soou, e um grupo de quatro meninas entrou: todas loiras, todas bronzeadas, e todas mostrando seus seios enormes em camisetas apertadas que estavam em vários tons de rosa.
Comecei a recebê-las, mas Hazel apontou para a porta. As meninas pararam em seu caminho.
 ― Vamos, Hazel. Dissemos a ele que passaríamos por aqui, ― uma delas reclamou.
 ― Fora, ― ela disse, ainda apontando com um dedo, em seguida, olhando para baixo para virar uma página da revista Cosmopolitan com a outra. Quando ela não ouviu a campainha de novo, ela olhou para cima. ― Vocês estão surdas? Eu disse para fora!
As meninas franziram a testa e fizeram beicinho por alguns segundos antes de saírem do jeito que vieram.
 ― O que foi aquilo? ― Eu perguntei.
Ela balançou a cabeça e suspirou.
 ― Groupies do Trent. Bishop tem as suas, também. Mulheres que entram na loja, na esperança de conseguir tatuagens grátis, ou... Eu não sei... que os caras as marquem. ― Ela revirou os olhos. ― Francamente, elas me irritam, mas até recentemente elas estavam autorizadas para entrar.
 ― O que mudou?
Hazel deu de ombros.
 ― Bishop parou de vir um tanto, e Trenton me disse para mandá-las embora não muito tempo depois que você começou aqui. Vê? Você não é uma decepção total. ― Ela me deu uma cotovelada.
 ― Suponho que eu não tenho realmente valido o salário. Não posso nem misturar direito o MadaCide. Desinfetante é meio que importante por aqui.
 ― Cale a boca! ― Disse ela com um sorriso irônico.
 ― Ninguém mais poderia ter convencido Calvin a se livrar da decoração asiática barata e a reestruturar os arquivos. Você está aqui há menos de um mês e já estamos mais organizados, e os clientes não se perguntam se eles vão receber um biscoito da sorte Grátis com a sua tatuagem.
 ― Obrigado. É bom me sentir valorizada.
 ― Eu aprecio você, ― disse Trenton, entrando no átrio. ― Aprecio que você finalmente vai assistir Spaceballs comigo esta noite. Estou o trazendo.
 ― Não, ― eu disse, balançando a cabeça.
 ― Por que não?
 ― Estou trabalhando.
 ― E depois?
 ― Vou para a cama.
 ― Mentira.
 ― Você está certo. Tenho planos.
Ele zombou.
 ― Com quem?
 ― Eu não sei ainda, mas definitivamente não é você.
Hazel deu uma risadinha.
 ― Ai.
Trenton colocou toda a palma de sua mão no rosto minúsculo de Hazel e divertidamente a afastou, mantendo a mão sobre ela enquanto ele falava.
 ― Isso não é legal. Pensei que você havia dito que nós éramos amigos.
 ― Somos, ― eu disse.
Hazel finalmente escapou de Trenton, e começou a golpear a merda do seu braço. Mal notando, e só levantando uma mão para afastá-la, ele continuou:
 ― Amigos assistem Spaceballs juntos.
 ― Nós não somos tão amigos, ― eu disse, concentrando-me em alinhar os clipes de papel exatamente em seu novo organizador.
A porta soou, e dois clientes entraram: um casal. Eles estavam até o pescoço de tatuagens já.
 ― Oi, ― eu disse com um sorriso. ― Como posso ajudá-los?
 ― Rachel! ― Hazel disse, atacando-abraçando a menina.
Ela tinha um piercing na sobrancelha, um diamante como uma pinta falsa, e brincos no nariz e lábios. Seu corte curto espetado vermelho-fogo quase brilhava, era tão intenso. Mesmo com a cabeça cheia de buracos e os braços cobertos de crânios e fadas, ela era de tirar o fôlego. Sentei e as assisti conversar. O namorado dela era alto e magro, e tão feliz quanto ela de ver Hazel. Não poderia imaginar qualquer um deles querendo mais piercings ou tatuagens. A menos que eles quisessem tatuagens no rosto, eles não tinham mais pele em branco para tatuar. Hazel escoltou-os de volta para sua sala, e risadas e conversas se seguiram.
 ― Vai ser um dia lento. ― Trenton suspirou.
 ― Você não sabe disso. Ele acabou de começar.
 ― Eu sempre posso identificá-los, no entanto, ― disse ele.
 ― Quem são eles? ― Eu perguntei, apontando para o corredor.
 ― Rachel é a irmã de Hazel.
Levantei uma sobrancelha, duvidosa.
 ― Talvez isto seja ignorância minha, mas Rachel não é asiática. Nem um pouco.
 ― Ambas são adotadas. Elas eram crianças para serem adotadas. Existe uma dúzia deles ou mais. Elas estão espalhadas por todo o país agora, e todos eles se amam loucamente. Isso é incrível.
Sorri ao pensar nisso.
 ― Então, sério que você realmente não vai assistir Spaceballs comigo esta noite?
 ― Sério.
 ― Por que não? ― Disse ele, cruzando os braços e deslocando seu peso.
Eu sorri.
 ― Preparando-se para uma luta?
 ― Responda a pergunta, Camlin. O que você tem contra Spaceballs? Eu preciso saber, antes de irmos mais longe.
 ― Mais longe do que o quê?
 ― Você está enrolando.
Eu suspirei.
 ― Entre o trabalho e a Red, e... estamos nos vendo muito.
Ele me olhou por um momento, uma centena de pensamentos rolaram por trás de seus olhos castanho-avermelhados quentes. Ele caminhou alguns passos para ficar ao meu lado, colocando a palma da mão sobre o balcão ao lado do meu quadril, seu peito tocando o meu braço esquerdo. Ele se inclinou para baixo, sua boca quase tocando meu cabelo.
 ― E isso é uma coisa ruim?
 ― Sim. Não. Eu não sei, ― eu disse, meu rosto comprimido. Ele estava me confundindo, e muito perto para eu pensar direito. Virei-me para dizer-lhe para se afastar, mas quando olhei para cima, fiz uma pausa. Ele estava bem ali. Centímetros de distância. Olhando para mim com um olhar em seus olhos que eu não conseguia decifrar.
Ele olhou para o meu ombro nu.
 ― Esse é um local perfeito para eu tatuar.
Eu ri uma vez.
 ― Não.
 ― Vamos. Você já viu o meu trabalho.
 ― Eu vi, ― eu disse, balançando a cabeça enfaticamente. ― É incrível.
 ― Então o quê?
Olhei de volta para ele, tentando interpretar sua expressão.
 ― Eu não confio em você. Provavelmente eu iria acabar com ‘que a SCHWARTZ’ esteja com você.
Trenton sorriu.
 ― Isso é uma referência à Spaceballs? Estou impressionado!
 ― Está vendo? Eu já vi isso. Muito.
 ― Você nunca pode ver Spaceballs demais.
Hazel, Rachel, e namorado de Rachel voltaram para o saguão. Hazel deu a Rachel um grande abraço, e então elas disseram um adeus choroso.
 ― O Natal está chegando, ― disse Trenton.
Quando Rachel saiu, Hazel estava sorrindo, mas um pouco triste.
 ― Maldição. Eu a amo.
 ― Você ama todos eles, ― disse Trenton. ― Se você pegá-los num ciclo mensal, você pode ver um deles todos os dias.
Hazel deu uma cotovelada em Trenton, e ele deu uma cotovelada nela de volta. Eles lutavam como irmão e irmã.
 ― Então, ― disse Hazel, mastigando um pedaço de goma. ― Eu ouvi vocês conversando. Não acredito que você está com medo de fazer uma tatuagem.
Balancei minha cabeça.
 ― Nem um pouco.
Calvin foi até a recepção.
 ― Bishop apareceu? ― ele questionou.
Hazel balançou a cabeça.
 ― Não, Cal. Você já me perguntou isso hoje. Estávamos discutindo a primeira tatuagem de Cami.
Calvin me avaliou da cabeça aos pés.
 ― Isso é ruim para os negócios, uma recepcionista que não possui tatuagens. Você pode me compensar por isso pegando algumas horas no domingo.
 ― Só se você me deixar começar a trabalhar em documentos e trabalhos de casa quando não estivermos ocupados.
Ele deu de ombros.
 ― Negócio fechado.
Meus ombros caíram. Não esperava que ele concordasse.
 ― Deixe-me furar seu nariz, ― disse Hazel, seus olhos brilhantes.
 ― Qualquer dia desses, ― eu disse.
 ― Bonequinha, não os deixe convencer você a qualquer coisa que você não queira fazer. Não há nenhuma vergonha em ter medo de agulhas, ― disse Trenton.
 ― Não estou com medo, ― eu disse, exasperada.
 ― Então deixe-me tatuar você, ― disse ele.
 ― Você é uma barman, por amor de Deus, ― disse Hazel. ― Você deve ter pelo menos uma tatuagem.
Eu olhei para cada um deles.
 ― Isso é pressão em grupo? Porque isso é ridículo.
 ― Como eu estou te pressionando? Eu acabei de dizer para não deixar ninguém te convencer a nada, ― disse Trenton.
 ― E em seguida você me disse para deixá-lo me fazer uma tatuagem.
Ele deu de ombros.
 ― Admito que seria foda saber que eu a tatuei primeiro. É meio que como tirar sua virgindade.
 ― Bem, isso exigiria voltar no tempo, e isso não vai acontecer, ― eu disse com um sorriso.
 ― Exatamente. Isto é a próxima melhor coisa. Confie em mim, ― disse ele, a voz baixa e suave.
Hazel gargalhou.
 ― Oh, Deus. Tenho vergonha de admitir que essa conversa funcionou totalmente comigo.
 ― É? ― Eu disse, de repente me sentindo muito desconfortável. ― De Trent?
Ela começou a rir de novo.
 ― Quem me dera! ― Ela fechou os olhos e se encolheu. ― Bobby Prínce. Fala mansa. Pênis minúsculo. ― Ela falou a última frase em falsete, e levantou seu dedo indicador e o polegar, nem sequer um centímetro de distância.
Todos nós sacudimos com o riso. Hazel estava esfregando a pele molhada sob seus olhos. Assim que recuperamos a compostura, eu peguei Trenton me encarando. Alguma coisa no jeito que ele estava me olhando me fez esquecer tudo sobre ser responsável, e a razão. Pela primeira vez, eu só queria ser jovem, e não pensar muito duro ou demais.
 ― Ok, Trent. Tire minha virgindade.
 ― Sério? ― Perguntou ele, levantando-se em linha reta.
 ― Estamos fazendo isso ou o quê? ― Perguntei.
 ― O que você quer? ― Ele foi até o computador e colocou uma caneta na boca, segurando-a longitudinalmente em seus dentes.
Eu pensei por um momento, e então sorri.
 ― Baby Doll26. Através de meus dedos.
 ― Você está de sacanagem comigo, ― disse Trenton em torno da caneta, atordoado.
 ― Não é bom? ― Eu perguntei.
Ele riu e pegou a caneta para fora de sua boca.
 ― Não, eu gosto disso... muito... mas isso é uma tatuagem e tanto para uma virgem. ― Ele bateu a caneta de volta, liberando a mão para mover o mouse.
Sorri.
 ― Se vou perdê-la, quero perder direito.
A caneta caiu da boca de Trenton para o chão, e ele se abaixou para pegá-la. ― Uh... alguma, uh... alguma fonte em especial? ― disse ele, olhando de volta para mim uma vez antes de sua elaborar isso no computador.
 ― Quero que pareça um pouco feminina para que não pareça que eu vim direto da prisão.
 ― Colorida? Ou preto e branco?
 ― Contorno em preto. Não sei sobre a cor. Azul, talvez?
 ― Como azul Smurf, ― ele brincou. Quando eu não respondi, ele continuou. ― Que tal um visual inclinado. Azul na parte inferior e, em seguida, quando for subindo nas letras ele desaparece lentamente para fora?
 ― Fantástico, ― eu disse, cutucando-o com o meu ombro.
Uma vez que decidi sobre fonte e cor, Trenton imprimiu as transferências, e eu o segui de volta para sua sala. Sentei-me na cadeira, e Trenton ajeitou seu equipamento.
 ― Isto vai ficar foda, ― disse Hazel, sentada numa cadeira não muito longe de mim.
Trenton colocou algumas luvas de látex.
 ― Vou usar apenas uma única agulha. Isso ainda assim vai doer como uma cadela, no entanto. Porque será bem sobre o osso. Você não tem nenhuma gordura em seus dedos.
 ― Ou em qualquer outro lugar, ― disse Hazel.
Pisquei para ela.
Trenton riu enquanto ele limpava cada um dos meus dedos com um sabonete verde, tirou o sabão, e em seguida, colocou o álcool num pedaço de algodão e esfregou cada um dos dedos que pretendia tatuar.
 ― Pode não pegar na primeira vez. Você pode ter que fazê-la novamente. ― Ele usou um dedo para esfregar um pouco de vaselina, onde ele limpou com álcool.
 ― Sério? ― Eu disse com uma careta.
Hazel assentiu.
 ― Sim. Pés fazem isso também.
Trenton situou as transferências.
 ― O que você acha? Eles estão em linha reta? É assim que você quer?
 ― Apenas certifique-se que está escrito certo. Não quero ser um desses idiotas com uma tatuagem mal escrita.
Trenton riu. ― Está escrito certo. Eu seria um completo imbecil, se não pudesse soletrar duas palavras de quatro letras corretamente.
 ― Você disse isso, não eu, ― eu provoquei.
Hazel balançou a cabeça.
 ― Não o insulte antes que ele pinte de forma permanente sua pele, menina!
 ― Ele vai deixá-lo bonito, não é? ― Perguntei.
Trenton ligou a máquina e, em seguida, olhou para mim com uma expressão suave.
 ― Você já é linda.
Eu podia sentir meu rosto corar. Quando Trenton tinha certeza que as transferências estavam secas, ele tocou a agulha na minha pele, isso foi mais uma agradável distração do que uma dor excruciante. Trenton desenhou, então limpou, e repetiu o processo, concentrando-se fortemente. Eu sabia que ele iria se certificar de que estivesse perfeito. Mesmo que a dor não fosse tão ruim no começo, enquanto os minutos passavam, a queimação chata que eu sentia em meus dedos cada vez que ele começava a marcar a minha pele tornava muito tentador me afastar.
 ― Feito! ― Disse ele, quase 15 minutos depois. Ele limpou a manchas de tinta, revelando as letras em meus dedos. O azul era tão vívido. Era linda. Enfrentei o espelho, fechei os punhos, e coloquei-os juntos.
 ― Parece bom, bonequinha, ― disse Trenton com um sorriso largo.
Estava perfeita.
 ― Porra, isso é foda, ― disse Hazel. ― Quero tatuagens nos dedos, agora!
Trenton me entregou alguns pacotes de Aquaphor.
 ― Mantenha isto nela. É bom. Especialmente para cor.
 ― Obrigada, ― eu disse.
Por apenas um momento, ele olhou para mim como se ele realmente tivesse acabado de tomar a minha virgindade. Borboletas invadiram o meu estômago e meu peito estava quente.
Dei alguns passos para trás, e voltei para a recepção. O telefone tocou, mas Hazel atendeu por mim.
Trenton apoiou os cotovelos no balcão, sorrindo para mim com o sorriso mais ridículo.
 ― Pare com isso, ― eu disse, tentando não sorrir de volta.
 ― Eu não disse nada, ― disse ele, ainda sorrindo como um idiota.
Meu celular tocou, e depois tocou novamente.
 ― Ei, Chase, ― eu disse, já sabendo por que ele estava ligando.
  ― Mamãe vai cozinhar esta noite. Vemo-nos as cinco.
 ― Eu tenho que trabalhar. Ela sabe que trabalho nos fins de semana.
 ― É por isso que é jantar de família em vez de almoço em família.
Suspirei. ― Eu não saio até sete.
 ― De onde? Você não está trabalhando no Red?
 ― Sim... ― eu disse, silenciosamente me xingando por escorregar. ― Ainda estou de bartender. Tenho um segundo emprego.
 ― Um segundo emprego? Por quê? ― Ele perguntou, sua voz cheia de desprezo. Chase era um representante de marca passo e pensava que ele era grande coisa. Ele fez um bom dinheiro, mas gostava de fingir que era um médico, quando, na verdade, ele apenas buscava café para puxar o saco do pessoal.
 ― Estou... ajudando um amigo.
Chase ficou em silêncio por um longo tempo, e então finalmente falou.
 ― Coby está usando de novo, não é?
Fechei os olhos com força, sem saber o que dizer.
 ― Traga o seu traseiro até a casa da mamãe as cinco, ou eu vou buscar você.
 ― Tudo bem, ― eu disse, desligando e jogando meu celular sobre o balcão. Coloquei minhas mãos em meus quadris e olhei para o monitor do computador.
 ― Tudo bem? ― Perguntou Trenton.
 ― Apenas comecei uma luta enorme em família. O coração da minha mãe vai ser quebrado, e vai ser tudo de alguma forma minha culpa. Cal? ― Eu gritei. ― Eu vou ter que sair às quatro e meia.
 ― Você não sai até sete, ― ele gritou de seu escritório.
 ― É para a família! Ela está saindo às quatro e meia!
Hazel gritou de volta.
 ― Que seja, então! ― disse Calvin, não soando de todo chateado.
 ― Cal! ― Trenton gritou. ― Eu vou com ela!
Calvin não respondeu, ao invés sua porta bateu, e ele entrou no saguão. ― O que diabos está acontecendo?
 ― Jantar em família, ― eu disse.
Calvin me olhou com olhos desconfiados por um momento, e então olhou para Trenton.
 ― Você viu Bishop hoje?
Trenton virou a cabeça.
 ― Não. Não vi.
Calvin virou-se para mim.
 ― Você realmente precisa de apoio para ir para casa jantar? ― Disse Calvin, duvidando.
 ― Não.
 ― Sim, ela precisa, ― disse Trenton. ― Mesmo que ela não vá admitir isso.
Não conseguia manter o tom de súplica de minha voz.
 ― Você não sabe como eles são. E hoje à noite vai ser... você não quer ir, confie em mim.
 ― Você precisa de pelo menos uma pessoa na mesa ao seu lado, e serei eu.
Como eu poderia discutir com isso? Mesmo que não quisesse que Trenton visse a loucura que era a minha família, seria reconfortante quando eles inevitavelmente decidissem que a reincidência de Coby e sua ignorância sobre isso eram de alguma forma minha culpa. E então não haveria o momento em que Coby descobriria que eu tinha o delatado.
 ― Só não... soque alguém.
 ― Negócio fechado, ― disse ele, abraçando-me a seu lado.

Comentários

  1. "― Se vocês acabarem casando, você me deve uma centena de dólares.
    ― Casar? ― Travis disse, seu rosto torcido em desgosto. ― Que porra é essa, Cami? Tenho dezenove anos! Ninguém se casa aos dezenove anos.

    Ele bufou.

    ― EU me casar é totalmente improvável? Em breve? Nunca vai acontecer."
    ����Inocente ��

    Depois de meses em outros livros,voltei!
    Agora vai,já já termino esse livro!��

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    Respostas
    1. Pois não é,kkkkkkk não caso com dezenove anos, sei...

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  2. KKKKKKKKKKKKKK Aiai Travis,aiai,mal sabe ele que daqui 5 meses ele vai estar em uma capela em Las Vegas casa de com Abigail Abernathy

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Nada de spoilers! :)

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