Capítulo 15 - Sem Ressentimentos

Depois de Dallas, a turnê vagou por Midwest. Era tão plano, aberto e espaçoso quanto Kellan tinha me dito. Eu encontrei a monotonia do ambiente relaxante, aquilo permitia minha mente viajar. E, como tantas vezes fazia, minha mente viajou para Kellan – meu passado com Kellan, para ser exata. O ônibus estava barulhento e ruidoso com tantos garotos nele, mas eu encontrei pequenos espaços de tempo ao longo do dia onde eu podia me esconder no quarto dos fundos e escrever um parágrafo ou dois.
Esse ônibus era muito parecido com o último ônibus em que Kellan e os garotos estiveram, mais projetado para a capacidade do que para o conforto. O ―quarto‖ na parte de trás era basicamente uma versão maior de um cubículo – um colchão fino estava empurrado contra a parte de trás do ônibus. Constantemente cheirava a exaustão do motor. A frágil porta cortava parte do som, e a cama era suficientemente grande para Kellan e eu dormirmos lado a lado, então estava satisfeita. Não era tão bom quanto o nosso lugar em casa, mas era melhor do que beliches.
Nós tínhamos deixado Sienna há cerca de uma semana. Ela tinha voltado para sua turnê com um sorriso no rosto, e nós nos arrumamos e nos mudamos para o próximo local. As manchetes na manhã seguinte eram enormes – Sienna Sexton surpreende namorado em turnê! Mesmo que eu devesse ter esperado por isso, a fofoca me chocou. Só não parecia importar o que Kellan dizia ou fazia; tudo estava torcido na mídia para fazer parecer como se ele e Sienna estivessem profundamente apaixonados.
A fotografia de Sienna beijando o ombro de Kellan naquela noite estava por toda parte. Eu até mesmo vi fãs pedindo à Kellan para assinar copias disso nos bastidores. Ele nunca assinou. Dizendo que Sienna não era sua namorada, e a foto era enganosa, ele sempre perguntou-lhes se poderia assinar alguma outra coisa. E as fãs sempre olhavam para ele como se sua dedicação para manter a relação com Sienna em silêncio fosse cativante. Elas a amavam ainda mais pela forma que ele a protegia, quando na realidade, Kellan estava me protegendo.
Irritada‖ nem sequer começava a descrever como eu me sentia sobre o Kell-Sex sendo o número um de fofoca da história novamente. Ao menos isso eventualmente acabaria, agora que eles estavam separados. E Kellan não concordaria com outro dueto se ela tivesse que aparecer para outro golpe publicitário; ele já tinha me contado sobre isso. Kellan só teria que continuar fazendo seu melhor para esmagar os rumores, enquanto nós esperávamos pacientemente por outro casal de celebridades que arrasasse os sentimentos do mundo. E eu tinha certeza de que isso eventualmente aconteceria. As pessoas amavam ouvir sobre casais poderosos, especialmente quando o casal poderoso tinha problemas.
Nós estávamos em Dakota do Sul hoje, para fazer uma promoção para a turnê que me quebrava toda vez que eu pensava sobre isso. A estação de rádio que estava patrocinando o evento que se chamava ― Dardos com D-Bags‖. Eles tinham alugado um salão de bilhar para à tarde para receber a banda e algumas dúzias de vencedores do concurso. Kellan estava parecendo ansioso para jogar, mas ele não era o melhor jogador de sinuca. Nem eu. Os outros D-Bags eram decentes; Griffin em particular tinha um verdadeiro talento para isso. Enquanto nos dirigíamos para o salão em uma das vans da estação de rádio, Griffin começou a dar para Kellan algumas dicas.
— Agora, se a garota se curva ao meio para fazer sua tacada, isso significa que ela totalmente quer que você pegue a bunda dela.
— Griffin. — Eu gemi, fechando os olhos. O que diabos minha irmã vê nele?
Griffin olhou ao redor de Kellan para zombar de mim. — O que? É o que isso significa. Não há nenhum motivo na Terra para que uma garota tenha que se curvar a esse ponto. É obviamente um código para, ‗Pegue-me agora e faça coisas más em certos lugares meus‘.
Olhando para Kellan, perguntei-lhe — Você se importaria?
Sorrindo, ele respondeu: — Nem um pouco. — Então se aproximou e bateu na parte de trás da cabeça de Griffin.
— Deus, só estou tentando ajudar, cara. — Griffin murmurou, esfregando seu crânio.
Enquanto Griffin mudou sua conversa para Evan no branco da frente, inclinei meu queixo contra o ombro de Kellan, silenciosamente agradecendo-lhe por entender o que eu queria. Ele beijou minha cabeça enquanto riu suavemente. É verdade, eu estava tentando ser agradável com Griffin, mas alguns comentários mereciam um bom tapa. Até mesmo Anna teria batido nele por isso.
Quando chegamos ao salão de bilhar, fomos levados para as portas dos fundos pelo pessoal do rádio. Kellan e os garotos posaram para fotos com os DJs enquanto eu esperava com um grupo de estagiários. Uma garota mordeu o lábio enquanto observava Kellan dar um sorriso de parar o coração para a câmera. Talvez tenha sido minha imaginação, mas eu pensei tê-la ouvido gemer.
Brincando com meu anel de casamento, eu debati se queria tentar jogar. Eu não era lá muito coordenada, e havia uma possibilidade distinta de que alguém poderia se machucar se eu jogasse um objeto pontudo pela sala. A estagiária trocou o olhar entre Kellan e eu. Olhei para ela com uma expressão confusa.
— Você veio com os garotos — Ela disse enquanto seus olhos corriam para o meu anel. — Você é casada com um deles? — Poderia dizer que ela estava silenciosamente rezando para que eu dissesse que não. Os nervos apertaram meu estômago. Eu não tinha previsto alguém me perguntando sobre os meus relacionamentos. É verdade, essa era uma conversa entre nós duas, e não uma entrevista oficial, mas essa garota era os ouvidos dos DJs. Dizer-lhe algo era o mesmo que dizer para toda a cidade. Bem, talvez não fosse lá tão dramático, mas ainda assim eu não gostava da ideia.
Sem saber o que dizer, eu simplesmente lhe disse: — Não. Não sou casada. — O que era verdade, desde que legalmente eu não era. Ela parecia prestes a me perguntar mais, mas ficando desconfortável sob sua análise, eu me desculpei e me afastei.
Os vencedores do concurso foram divididos em quatro equipes, e cada equipe foi atribuído um D-Bag como seu capitão. As garotas da equipe de Kellan estavam muito animadas. Mais do que algumas garotas das outras equipes que pareciam um pouco enciumadas, mas rapidamente superaram isso: elas estavam jogando sinuca e dardos com estrelas do rock, afinal. Fiz meu caminho para a equipe de Kellan. Eu não faria muito bem em ajudá-lo a ganhar, mas poderia pelo menos dar-lhe apoio moral quando perdermos. Se perdêssemos. Acho que eu devia começar a pensar positivamente. Vai equipe do Kyle!
Cada D-Bag tinha dez vencedores do concurso em sua equipe mista. A equipe então foi subdividida em uma equipe de cinco que jogaria contra outra equipe de cinco pessoas. Estampado numa parede próxima estava um sistema complexo de parênteses que eventualmente nos diria qual ―Bag tem a maior D‖. Havia até mesmo um troféu ostentado em forma de D para o capitão da equipe vencedora levar para casa. Porém, o processo de pontuação era mais complicado do que qualquer atribuição estatística que já tive na escola, e eu não conseguia descobrir como aquilo tudo funcionava. Tudo o que sabia era que embora Kellan e eu estivéssemos na mesma equipe, ele insistia em tentar me distrair tanto que eu errava quase todos os tiros.
Durante o jogo de dardos, Kellan estendia a mão e apertava a parte de trás da minha coxa direita quando eu estava prestes a atirar. Eu errei o alvo três vezes consecutivas. Uma vez, quando ele fez isso, eu estava tão concentrada em acertar o alvo – qualquer alvo – que não o tinha notado atrás de mim. Exatamente quando eu estava pronta para atirar, ele calmamente passou a mão em volta do meu quadril e no bolso da frente. Aquilo me assustou. Eu torci quando joguei, e arremessei o dardo em um grupo de jogadores adversários. Acertou na bunda de Griffin. Felizmente, ou infelizmente, nós estávamos jogando dardos eletrônicos, e Griffin não ficou ferido. Ele retaliou, porém, em jogar um giz azul em Matt, quem ele incorretamente assumiu tê-lo atacado.
Kellan riu tanto que ele teve que se afastar do jogo. Uma multidão de garotas girava em torno dele como gatos circulando uma lata aberta de atum. Mas, novamente, as pessoas ao redor não pareceram achar estranho Kellan flertar tanto comigo. Provavelmente por que elas descaradamente flertavam com ele. Era como Pete. Kellan passava a maior parte de seu tempo em que não jogava golpeando palmas melosas para longe, e educadamente redirecionando dedos errantes. Até eu tive que admitir, isso era muito engraçado.
Quando o nosso grupo foi para as mesas de sinuca, os rankings das equipes eram: Equipe do Griffin, equipe do Evan, equipe do Matt, e depois a equipe do Kellan. Eu não estava surpresa por sermos os últimos. Ninguém em nossa equipe estava muito concentrado, exceto talvez os três vencedores do concurso masculino. Embora, mesmo aqueles caras acharam difícil jogar sinuca com tantas garotas paquerando ao redor.
Enquanto dois dos homens da nossa equipe perdedora olhavam para uma ruiva alta que claramente só tinha olhos para Kellan, eu me inclinei para ele e sussurrei: — Vinte dólares que eu consigo mais tacadas do que você.
Kellan zombou de mim. — Quarenta dólares que você acabou de perder vinte dólares. — Eu ri de sua observação e estiquei a mão para apertar a sua. Os lábios de Kellan se curvaram em um sorriso que fez meu coração pular — Não, vamos tornar isso interessante. Se eu ganhar, nós faremos sexo nos bastidores esta noite. Se você ganhar, nós faremos sexo nos bastidores esta noite.
Eu quis rir novamente, mas a maneira como ele disse sexo congelou meu cérebro por um segundo. — Hm... Eu não acho que você entende sobre como apostas funcionam.
Movendo-se para perto de mim, ele respirou sua resposta em meu ouvido enquanto descansou a mão em meu estômago. — Não entendo?
— Ok — Murmurei, querendo que ele deslizasse sua mão um pouco mais para baixo. — Combinado. — Eu não fazia ideia de onde encontraríamos privacidade no circo que era a área dos bastidores, mas realmente não me importava naquele momento.
Kellan e eu continuamos a perder tacada após de tacada após tacada. Eu estava começando a me perguntar quais eram as regras de nossa aposta se terminássemos com zero, quando o sol brilhou sobre Kellan e ele finalmente afundou uma bola em um buraco. Ele pareceu tão surpreso quanto eu. Jogando o punho no ar, ele gritou: — Sim!
Desde que a nossa equipe ainda estava perdendo, todos ao seu redor o olharam como se ele estivesse um pouco fora de forma. Kellan não se importou, no entanto. Sorrindo como um menino, ele começou a brincar com seu taco de sinuca como se fosse uma guitarra. Revirei os olhos, mas as garotas o assistindo voaram em um ataque de risada.
Enquanto elas o bajulavam sobre o quanto adorável ele era, me disse: — Eu ganhei. — Eu sabia que provavelmente teria mais uma chance de acertar uma bola, e também sabia que as chances de isso acontecer eram bem reduzidas. E eu também sabia que realmente não importava quem ganharia esse jogo – nós faríamos sexo nos bastidores esta noite.
Quanto a quem ganhou o troféu de D-Bag, a honra eventualmente foi para Evan. Foi uma virada ouvida em todo o salão de bilhar. Principalmente porque Griffin soltou um grito de Coração Valente digno de derrota, quando sua equipe perdeu por quatro pontos. Quem diria que um troféu de plástico cafona seria um motivo de orgulho?
Evan orgulhosamente exibiu seu gigante ―D‖ em seu colo durante a viagem toda de volta para a estação de rádio. No momento em que todos nos encaminhávamos para o local, Griffin estava tão fora de si que ele nem sequer olhava mais para Evan. — Você trapaceou — Ele murmurou.
— Como eu poderia trapacear? — Evan contrapôs.
Fungando, Griffin murmurou. — Eu não sei, mas você definitivamente trapaceou.
— Se você quer dizer que eu trapaceei por ser melhor que você, então sim, eu totalmente trapaceei.
Kellan riu de seus companheiros de banda enquanto Griffin fez uma careta para Evan. À medida que as conversas se deslocavam para temas menos combativos, Kellan olhou para mim com desejo puro e forte em seus olhos. — Estou muito ansioso para o show de hoje à noite. Eu mal posso esperar.
Eu senti minhas bochechas aquecerem quando suas insinuações me bateram com força total. Querendo desafiar sua graça, eu murmurei: — Sim, eu sei. Eu acho será realmente furioso. — Ah meu deus, eu acabei de dizer isso em voz alta?
Os olhos de Kellan se arregalaram, juntamente com o seu sorriso. — Eu acho que eu vou estar encharcado quando tiver acabado.
Eu imediatamente desviei o olhar. Ah Deus, aquilo era tão embaraçoso... E quente. Olhando de volta, eu sorri e lhe disse: — Sim, você provavelmente vai ser completamente drenado. — Eu não conseguia acreditar que disse aquilo com uma cara séria. Kellan também. Ele olhou para longe, os lábios se contraindo.
Assim que ele se recompôs, chegamos à entrada de trás para o teatro onde os garotos iam tocar esta noite. Antes de Kellan abrir a porta, ele me disse: — Eu espero que eu tenha energia para passar por isso.
Seguindo atrás dele quando ele saiu do carro, eu falei rapidamente: — Tenho certeza que você vai chegar ao seu clímax.
Todos os garotos estavam me encarando quando saí do carro. Matt e Evan pareciam surpresos pelo que eu tinha acabado de falar; Griffin parecia um pouco ligado. Kellan mal estava contendo sua diversão. Sentindo-me um pimentão, eu olhei para Kellan. — Isso não foi sutil o suficiente, não é?
Ele balançou a cabeça, e então parou quando começou a rir histericamente. Cobri meus olhos com minhas mãos. Deus. Acho que ainda sou uma idiota. Quando ouvi Matt e Evan começarem a rir, eu espiei pelos meus dedos. Eles estavam me dando sorrisos tão afetuosos que não consegui evitar além de começar a rir também.
Todo mundo entrou no teatro de bom humor. Especialmente Griffin, que estava a poucos passos atrás de nós, simulando empurrões enquanto andava. Quando ele começou a ficar para trás do grupo, ele gemeu: — Esperem por mim, estou indo. — Eu mordi minha bochecha e fiz uma nota mental para deixar conversas provocantes para momentos em que Kellan e eu estivéssemos sozinhos, ou ao menos, longe de Griffin.
Enquanto Matt e Evan foram ajudar com a preparação do show, Kellan foi para trás de mim e passou os braços em volta da minha cintura.
— Para onde devemos ir? — Ele perguntou enquanto se abaixava e acariciava meu pescoço.
Olhei ao redor da sala já cheia de fãs e estrelas do rock. Realmente não havia nenhuma privacidade aqui; até mesmo os banheiros estavam constantemente abrindo e fechando enquanto as pessoas os usavam. Olhando sobre o meu ombro, eu lhe perguntei: — Você estava falando sério sobre aquela aposta?
Kellan me girou em seus braços. Algumas fãs pararam e olharam para ele; elas obviamente queriam uma volta sendo seguradas pelo namorado galanteador de Sienna. — Se eu estava falando sério sobre o sexo? Sempre. — Inclinando-se para baixo, ele sussurrou em meu ouvido. — E tenho certeza que tenho um favor a devolver. — Seus lábios roçaram contra meu ouvido quando ele falou aquilo, e um choque de eletricidade percorreu minha espinha. Eu podia sentir o calor retornando ao eu meu corpo, mas não tinha nada a ver com constrangimento dessa vez.
Pegando minha mão, Kellan começou a me puxar através da multidão. Eu não tinha ideia de para onde ele estava me levando. Armário de depósito, talvez? As pessoas pelas quais passávamos murmuravam que Kellan certamente era amigável com suas fãs, mas elas diziam isso de uma forma animada. Eu até mesmo ouvi uma garota dizendo: — Eu ouvi que Sienna não tem problemas com o flerte dele, então talvez nós consigamos um abraço da próxima vez!
Eu quase não consegui acreditar o quanto densas algumas pessoas eram, mas realmente não era culpa delas. Elas não o conheciam, elas não me conheciam. Elas só tinham revistas famosas cheias de fofocas para acreditar. Aquilo realmente me fez perguntar que histórias de celebridades eu firmemente acreditei e que tinha sido, na verdade, uma porcaria completa.
Kellan estava fazendo um caminho mais curto para um corredor. Ele tinha que parar e assinar algo a cada cinco passos, mas ele sempre retomava o seu caminho quando terminava. Sua determinação me fez rir. — Você não deveria estar ajudando a preparar o show, estrela do rock? — Não havia muitos ajudantes na turnê, então todos os garotos ajudavam com a instalação e desmontagem. Kellan estava sendo um preguiçoso por escapar comigo.
Kellan sorriu para mim por cima do ombro. — Quando eu puder me concentrar adequadamente, eu vou.
Seu comentário foi cortado quando Justin esbarrou nele. Olhos colados em seu celular, Justin tinha estado andando por um caminho perpendicular à nós e não tinha notado Kellan a tempo de evitá-lo. Justin olhou para cima quando foi empurrado, e o pequeno sorriso em seu rosto virou envergonhado. — Ah, hey, desculpe, não estava olhando para onde eu estava indo. — Ele mostrou seu celular para nós, e notei a foto de Kate no canto. Eu não estava muito chocada em vê-la ali; a última vez que tinha falado com ela, ela tinha me contado que Justin mandava uma mensagem para ela todos os dias. Ela sempre ria depois de mencionar o nome dele. Fiquei feliz que Justin e Kate estivessem frequentemente se falando; ele era um bom rapaz, e ela era um amor.
Eu sorri para ele enquanto Kellan disse: — Não tem problema, nós só estávamos... Executando um serviço.
Justin franziu a testa juntamente, como se ele estivesse tentando descobrir exatamente o serviço que podíamos estar executando nos bastidores. Eu tive a súbita vontade de beliscar Kellan novamente. Ele geralmente era muito melhor em inventar histórias.
Kellan bateu no ombro de Justin, então começou a se mover em torno dele. Justin nos deixou passar, e depois gritou: — Hey, eu só queria que vocês soubessem que eu entendo totalmente, e não há ressentimentos. Nós estamos bem, cara.
Kellan parou no caminho e olhou de volta para Justin. — Do que você está falando?
Justin deu um passo em nossa direção. — Você saindo da turnê. Eu só queria que você soubesse que eu entendo. Vocês são maiores do que isso. Até eu mesmo admito isso.
A mandíbula de Kellan caiu. — Eu estou... Saindo... Do que? Do que diabos você está falando?
A expressão de Justin era uma estranha combinação de terror, choque e confusão. — Você não sabe? Eu achei que você soubesse. Droga desculpa, cara.
O rosto de Kellan anuviou. — Saber o quê? O que diabos aconteceu esta manhã?
Justin suspirou enquanto passava a mão pelo cabelo desengrenhado. — Ah, merda. Bem, isso veio a baixo enquanto vocês estavam fazendo aquilo com a estação de rádio. Algum, ah, figurão da gravadora apareceu e começou a dar ordens para as pessoas. Ele disse que estaria enviando pessoas depois do show de hoje à noite para ‗recolher‘ suas coisas, e se mais alguém tocasse seu material, teria que pagar o inferno.
O aperto de Kellan em minha mão se intensificou, e eu sutilmente acariciei seu antebraço. — E para onde exatamente eles estão enviando o nosso material? Para aonde diabos estamos indo?
Justin mudou em seus pés, claramente desconfortável em ser o portador de más notícias. — Uh, de volta para L.A. Você vai tocar em Staples Center amanhã à noite... Com Sienna Sexton. A gravadora está te colocando na turnê dela.
Por apenas uma fração de segundos, enquanto Justin estava falando, eu pensei que Kellan tinha de alguma forma feito algo muito errado, e ele estava sendo jogado para forma da turnê como uma punição. Talvez ele até mesmo fosse mandado para casa. Eu não tinha certeza. Porém, depois que Justin disse o nome dela, tudo começou a fazer sentido. Sienna queria seu foco ampliado, e Kellan era apenas a potência extra que ela precisava. — Aquela vadia! — Eu exclamei.
Justin olhou para mim, e depois de volta para Kellan. — Não acho que foi ela. É só que, você sabe, vocês são grandes agora. Digo, você pode se apresentar em locais dez vezes maiores que os lugares que vamos. A gravadora sabe disso. Eles estão apenas fazendo o que faz sentido, e eles estão certos. Realmente não faz sentido para você estar em turnê com a gente. Eu sabia disso no minuto em que Sienna apareceu para o dueto. — Ele apertou o braço de Kellan. — Você é maior que isso, cara. Nós estamos te segurando.
Claramente não concordando, Kellan balançou a cabeça. Ele tentou dizer algo, mas ele não tinha palavras. Entendendo, Justin sorriu, deu-lhe duas palmadas de parabéns nas costas, e então foi embora. Kellan se virou para mim. — Que porra acabou de acontecer?
Suspirando, eu lhe disse: — Sienna e Nick. Isso é o que aconteceu.
Kellan enfiou a mão no bolso para pegar o celular. — Eu acho que não. — Ele rolou através de sua lista de contatos até alcançar o número de Nick, então começou a chamada e levou o celular ao ouvido. Enquanto tocava, ele murmurou: — Isso é besteira, e não é assim que tudo vai acabar.
Os olhos de Kellan endureceram, e eu poderia dizer que Nick tinha atendido. — O que você fez? — Irritado, Kellan ouviu em silêncio por um momento, e depois a surpresa tomou conta de suas feições. — Onde você está? — Kellan olhou para o corredor a qual tínhamos nos aproximado mais cedo. — Tudo bem, vejo você em um minuto. — Acho que estávamos indo para lá, afinal, apenas por uma razão inteiramente diferente agora.
Kellan empurrou o celular de volta para o bolso e saiu em frente. Desde que ele ainda estava se segurando firmemente em mim, eu não tive escolha a não ser segui-lo. Eu não queria perder isso, de qualquer jeito. Nick não poderia fazer isso. Ele não era dono de Kellan. Não podia simplesmente ditar aonde ele iria e com quem ele iria. Isso parecia completamente fora da linha para mim, e muito além dos termos do âmbito dos contratos de Kellan.
Havia algumas salas ao longo do corredor que as pessoas estavam tropeçando para dentro e para fora. Porém, havia apenas uma sala com um homem na frente dela, braços cruzados sobre o peito. Kellan foi direto para aquela sala. O homem olhou para Kellan vindo, e em seguida, bateu na porta atrás dele. — Ele está aqui.
Nick deve ter respondido ao homem, porque o cara abriu a porta para nós direto quando chegamos lá. Kellan nem sequer olhou para o guarda-costas quando irrompeu pela porta e caminhou para o que parecia ser um escritório para o teatro. Nick estava esperando pacientemente por Kellan trás de uma mesa repleta de papelada. — Por que diabos você nos tirou da turnê?
Nick sorriu para nós de uma forma perfeitamente calma e composta. Aquilo me irritou. Indicando um par de cadeiras à nossa esquerda, ele disse: — Por que não se sentam?
Eu comecei a andar para uma, mas Kellan segurou minha mão firmemente e retrucou: — Eu não vou sentar, e não vou sair da turnê de Justin.
Nick suspirou e colocou as mãos no colo. — Você parece estar com a impressão de que tem uma escolha sobre o assunto. Você não tem. Eu decido onde os astros tocam, e com quem eles tocam. — Ele esticou as mãos. — Agora, geralmente eu sou um homem muito flexível, e me esforço a dar aos meus artistas o tanto de limite possível. — Eu bufei com isso, e Nick me lançou um olhar duro. — Mas em alguns casos. — Ele continuou — Quando o meu talento está sendo totalmente mal representado, eu sinto a necessidade – não, eu sinto que é meu dever – de intervir e fazer as coisas certas.
Levantando-se, ele casualmente enfiou as mãos nos bolsos da calça e andou pelo nosso caminho. Seu comportamento era descontraído, mas ainda assim também intimidante. — A dura realidade é que você é muito grande em um ato. Você pertence aos estádios. É um desperdício do nosso dinheiro e um desperdício de seu talento tocar em algo tão menor. E eu não sou um homem de desperdiçar... Qualquer coisa.
Sentando na borda da mesa, ele encolheu os ombros. — A turnê de Sienna é onde você pertence. Ficou muito claro para mim depois que ela se apresentou em dueto no palco com você. É mágico quando vocês estão juntos, e nós vamos aproveitar essa magia.
Kellan inalou uma respiração profunda, e em seguida, afirmou: — Não. Eu vou ficar.
Nick continuou como se ele não tivesse acabado de falar. — Sienna foi informada, e ela graciosamente preparou um quarto para você. Seu material está sendo transferido hoje à noite, o que eu suponho que você já saiba. Um carro vai te buscar e levá-lo ao aeroporto no momento em que seu show acabar. Quando você chegar em L.A., uma limusine estará à sua espera, cortesia da Senhorita Sexton.
Soltando minha mão, Kellan cruzou os braços sobre o peito. — Eu disse que vamos ficar.
Nick levantou-se lentamente. Ele era mais baixo que Kellan, mas isso não parecia ter importância. — E eu disse que você não tem escolha. Se você leu o contrato, como você disse que leu, então você deve saber que a gravadora tem a palavra final sobre a sua programação. Se quisermos te tirar de uma turnê e te colocarmos em outra, nós vamos. Se quisermos te mandar em um cruzeiro de solteiros para maiores de cinquenta no Alaska, nós vamos. E você irá, porque, o que você parece ainda não ter entendido, é que... — Estando de igual para igual com Kellan, ele inclinou-se como se estivesse contando-lhe um segredo. — Nós somos seus donos.
Quando Nick se afastou, ele deu um tapinha no braço de Kellan. — E, além disso, você me disse, e eu acredito que esta seja uma citação direta: ‗Eu vou ajudá-lo a promover o álbum de todas as maneiras que eu puder... Dentro da razão. — Ele fungou e ajeitou o paletó. — Eu acho que lhe pedir para se apresentar no show da turnê mais quente da terra é muito... Razoável. — Ele levantou uma sobrancelha. — Você não acha?
Não havia nada que Kellan pudesse dizer sobre aquilo. Nick o tinha, e sabia disso. Ele sempre soube. É por isso que não tinha havido uma grande discussão da última vez que Kellan tinha se levantado contra ele. Nick tinha tido o controle por todo esse tempo.
Kellan estava tremendo quando Nick saiu da sala. Eu podia ver as veias grossas ao longo dos lados de seu pescoço, e sabia que ele estava absolutamente furioso. Silenciosamente ao lado dele, eu lhe dei um minuto para se acalmar. Não pareceu ajudar. Soltando um grunhido frustrado, Kellan pegou uma das cadeiras ao nosso lado e a atirou contra a parede; ela deixou um par de marcas circulares de amassado na parede.
Eu me encolhi, e então tentativamente coloquei uma mão em seu braço. — Vai ficar tudo bem, Kellan.
Ele virou a cabeça para mim. — Eu achei que tinha parado de ser manipulado, mas toda vez eu tenho outra corda me puxando.
Eu assenti enquanto cobria suas bochechas. Sua pele estava quente, e seus olhos pegando fogo. E dane-se se isso era tão atraente como o inferno. — Eu sei que isso é uma merda. Acredite, eu sei. Mas... Nick pode realmente ter um ponto nisso.
Kellan franziu a testa, mas sua raiva se dissipou um pouco. — O que você quer dizer?
Contente por ele ter se acalmado, eu lancei meus braços ao redor de seu pescoço. — Por mais que eu ame Justin e os garotos, você é maior do que eles. Digo, você já os substituiu no encerramento. Você pertence a um estádio. — Sorrindo, eu enfiei os dedos pelo seu cabelo. — E Staples Center, Kellan. Isso... É algo muito grande.
Kellan franziu a testa para mim. — Eu gosto de pequeno. — uma curva deliciosa apareceu em sua boca. — Eu gosto de íntimo.
Chegando mais perto para beijar aquela boca deliciosa, eu murmurei: — Eu sei. Mas você pode gostar disso também. Você não vai ter certeza se não tentar. — Eu dei de ombros. — Talvez isso vá ser uma coisa boa.
Kellan balançou a cabeça para mim. — Eu acho que você está sendo ingênua novamente.
Minha mente correu através de uma milha de cenários horríveis, alguns prováveis, com Sienna sendo um constante espinho ao nosso lado, alguns altamente improváveis, como a gravadora dando a Kellan com alguma droga, para que Sienna fosse capaz de seduzi-lo por uma noite. A droga induzida deles por uma noite então resultaria em Sienna ficando grávida da criança mais esperada do mundo. Nick a chamaria de ―Platina‖.
Eu franzi as sobrancelhas para o meu cenário imaginário. — Estou tentando olhar pelo lado positivo.
Kellan deixou escapar um longo suspiro. — Acho que é melhor irmos contar aos caras as boas noticias.
Nós todos fomos escoltados do local no mesmo segundo em que D-Bags terminaram a apresentação. A multidão clamava por ―Regretfully‖ como sempre faziam, mas não havia sido dado tempo para eles fazerem um bis. Não lhes deram tempo para fazer nada. Na verdade, eles foram arrastados tão rápido que Kellan não foi capaz de pegar seu apreciado violão. Ele se preocupou com seu instrumento o tempo inteiro em que estivemos no ar. Eu considerei brevemente me juntar ao clube Mile-High com ele, só para fazer com que ele parasse de pensar nisso, mas no final eu só lhe disse que seu bebê estava em boas mãos.
A limusine que estava esperando por nós em Los Angeles era impressionante. Não era uma limusine típica, era um Hummer alongado, um fato que deixou Griffin próximo de um ataque epiléptico. Depois que ele ansiosamente entrou, nós todos ouvimos: — Ah, meu Deus, Kell, vocês têm que ver esse bar. E tem totalmente espaço para um poste de stripper! Eu com certeza terei uma desses um dia.
Kellan revirou os olhos para seu baixista enquanto me ajudava a entrar no gigantesco símbolo de riqueza – riqueza sobre rodas. Os caras tinham se despedaçado nas novidades quando contamos a eles. Eles gostavam de Avoiding Redemption e do resto das bandas, mas fazer turnê com Sienna era um grande negócio e poderia abrir portas ainda maiores para eles. A exposição iria ser além das expectativas.
Muito para minha surpresa, Sienna estava dentro do carro. Ela tinha uma garrafa aberta de champanhe nas mãos e estava derramando um pouco em um par de taças que Griffin estava segurando — Bem vindos, amores. — Ela exclamou brilhantemente enquanto tomamos nossos lugares.
Matt e Evan calorosamente a cumprimentaram enquanto Kellan apenas lhe deu um breve sorriso. Indicando para Griffin começar a passar as taças de champanhe, Sienna soltou um suspiro melancólico. — Eu sinto muito que vocês tenham sido arrancados da sua turnê desse jeito. Sim, Nick tem o direito, mas como uma cortesia profissional para outras bandas, ele não deveria ter feito isso. — Parecendo como se ela não entendesse totalmente Nick, ela balançou a cabeça enquanto terminava de servir bebida para todos. — Eu disse a ele que estava cometendo um erro, e que deveria deixar sua banda em paz, mas... Bem, Nick se deixa levar às vezes.
Ela jogou um sorriso encantador e simpático, mas eu não fiquei inteiramente convencida. Suas palavras soaram ótimas, mas isso só a beneficiou tanto quanto a Nick, então seria duramente pressionada a acreditar que ela não tinha tido uma mão naquilo. Quando todos nós estávamos segurando taças, Sienna levantou a bebida para o alto. — Esse pode não ter sido o começo ideal para a nossa união, mas eu digo para que façamos o melhor dele. — Ela estendeu sua taça para o meio do carro. — Para fazer dessa, a maior turnê que alguém já viu.
Kellan suspirou, mas brindou com todos. Depois de aceitar o brinde, ele pareceu mais leve. Como eu, ele provavelmente não acreditava em Sienna, mas ele concordou com seu sentimento. Deixar Justin era uma droga, mas estava feito, e todos nós poderíamos muito bem seguir em frente.
Depois de tomar um gole, Sienna gritou como uma menina. — Eu mal posso esperar para vocês verem o seu ônibus. Vocês vão amar. É tão mais legal do que o que vocês estavam.
Kellan olhou para a opulência que já estava cercada nele, mas não pareceu impressionado. Se Sienna realmente o conhecia, então ela entenderia que sua afirmação não significava muito para Kellan. Ele não precisava de coisas para ser feliz.
Mesmo que fosse bem tarde – ou bem cedo – Sienna insistiu em nos mostrar os ônibus. As luzes estavam apagadas quando nos aproximamos, Sienna disse que a turnê tinha sido a atração na noite passada, e os caras estavam dormindo em um hotel nas proximidades. Aquilo iluminou meu espírito. Nós dormiríamos em hotéis de tempo em tempo? Aquele era um luxo que a turnê de Justin não tinha.
Quase brilhando de alegria, Sienna nos deu uma turnê pela nossa nova casa longe de casa. Andando pelo corredor principal, ela passou a mão por cima de algumas cadeiras felpudas em torno de mesas firmemente ancoradas. Um sofá curvado pegava uma grande área para ‗relaxar‘, e havia uma TV de tela plana aparafusada à parede a frente, junto de um armário próximo repleto de jogos de vídeo game. Sienna estava certa, este ônibus era muito melhor do que o que tínhamos. Apresentando todas as comodidades no ônibus em um charmoso sotaque que fez até mesmo as palavras engraçadas soarem sublime, Sienna nos levou para área de dormir. Esse ônibus tinha cubículos na parede, assim como o ultimo ônibus, mas não havia tantos; então havia uma boa quantidade de espaço em casa. Eu diria que duas pessoas poderiam caber confortavelmente, se estivessem aconchegadas.
Desde que Sienna estava nos apertando em uma turnê que já estava em progresso, eu me perguntava em qual beliche Kellan e eu dormiríamos. Enquanto debatia se o beliche de cima era melhor ou pior do que o de baixo, Sienna agarrou a mão de Kellan e o puxou pela cortina aberta que levava aos fundos. Franzindo a testa para o rapto de Kellan, os segui. Perto dos cubículos de dormir estava um banheiro – com um chuveiro e tudo mais – e uma porta fechada que eu tive que assumir que era o quarto dos fundos.
Sienna estava de pé ao lado da porta como Vanna White. Seu sorriso efervescente, ela torceu a maçaneta e empurrou a porta aberta. — Para o casal feliz! — Ela murmurou, com os olhos demorando nas costas de Kellan enquanto ele entrava.
Kellan estendeu a mão para mim, e me juntei a ele. A primeira coisa que notei, além do fato de que este era cem vezes melhor do que o cubículo glorificado que dormíamos no ônibus de Justin, foram as janelas. Todas as três paredes da seção de trás do ônibus era coberta por painéis de vidro preto e grande. Ao menos, eu esperava que eles fossem de vidro. Eu podia ver tudo no estacionamento. Depois que eu avistei a abertura do quarto, a cama enorme no centro foi o que chamou minha atenção. Uma cama... Nós dormiríamos decentemente em uma cama com decente colchão verdade! Havia um armário perto da porta para nossas roupas, e até mesmo uma TV aparafusada à parede. Era quase como o nosso próprio estúdio privado. Eu poderia ter abraçado Sienna por ter arranjado as coisas para que pudéssemos ter esse quarto.
Ainda atordoada com o quanto confortável Kellan e eu poderíamos ficar aqui, eu torci de volta para a nossa benfeitora. — Obrigada, Sienna.
Ela acenou com a minha gratidão. — Qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar. — Lábios se juntando, ela acrescentou: — Eu quero benefícios nesse trabalho... Para todas as partes. — O olhar em seu rosto irradiava sinceridade, e eu queria tanto acreditar nela. Eu só... Não conseguia.

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