Capítulo 16 - Espetáculo

Eu estava uma pilha de energia inquieta enquanto esperava os garotos subirem no palco. Staples Center. Eles iam tocar em Staples Center! Esse não era um local de tamanho pequeno a moderado. Essa era uma arena, e pelo que eu podia contar quando dei uma espiada no público pelos bastidores, os ingressos tinham esgotado. Eu não fazia ideia de quantas pessoas tinham, mas com certeza era cerca de dez mil. Aquilo me espantou.
Kellan estava bem enquanto descansava em uma cadeira ao meu lado, bebendo uma cerveja; você pensaria que aquela era apenas mais uma noite no Pete por sua atitude entusiasmada. Enquanto eu brincava com meu colar, puxando o pingente de guitarra da esquerda para a direita em um padrão repetitivo que certamente estava enfraquecendo a corrente fina, Kellan tinha uma conversa preguiçosa com Deacon, o vocalista principal de outro ato de abertura de Sienna, Holeshot. Eram eles que abriam os shows até Nick roubar os D-Bags da turnê dos Avoiding Redepmtion.
Os olhos de Kellan se divertiam enquanto me observava e falava porcarias com Deacon. Com os meus nervos lentamente comiam buracos através do meu estômago, eu pulei para os meus pés e comecei a andar. Kellan e Deacon me olharam com expressões entretidas em seus rostos. A banda de Deacon tinha uma música na rádio também, mas não estava indo tão bem quanto à música de Kellan com Sienna. Deacon não parecia muito chateado pelos D-Bags terem sido adicionados na turnê no último minuto, cortando seu tempo. Na verdade, Deacon só parecia feliz por ter os garotos para sair com ele. Coisa boa, já que as duas bandas iam dividir um ônibus pelos próximos meses.
Eu assisti Kellan e Deacon enquanto eles conversavam sobre música. Os dois eram totalmente diferentes. Kellan tinha cabelo castanho claro, desgrenhado, de quem tinha acabado de acordar. O de Deacon era preto, mais longo que o meu, quase na cintura. Kellan tinha olhos azuis escuros, como o céu à noite. Os de Deacon eram de um azul tão claro que eram quase brancos. Enquanto Kellan se mantinha barbeado, Deacon tinha um cavanhaque bem aparado. Porém, sobre música, eles pareciam combinar muito.
Felizmente, eu tinha muito espaço na sala para andar, e eu andei por grande parte dela. Uma coisa que notei imediatamente nessa turnê era que a segurança aqui era muito mais apertada do que a última. Naquela turnê, a área dos bastidores parecia uma casa de fraternidade – mulheres, bebida, e rock and roll. Essa era muito mais regulamentada. Um grupo de fãs tinha se reunido com os garotos mais cedo, após a passagem de som. Tory, uma extraordinária manipuladora, tinha estado lá para dar aos fãs instruções rigorosas sobre o que eles podiam e o que não podiam fazer com estrelas do rock. Enquanto os garotos estavam ocupados no palco, Tory tinha gritado com o grupo vencedor do concurso de rádio como um sargento treinando até que eles estivessem dóceis e submissos. Ouvi-la gritar com eles tinha me chocado, e honestamente, suas ―regras‖ deixaram todo o negócio estranho para Kellan e os fãs. Em minha opinião, se Tory só tivesse deixado as bandas e os fãs se misturarem organicamente como na outra turnê, teria sido uma grande experiência mais gratificante para ambas as partes. Ela não parecia entender que os garotos precisavam dos fãs tanto quanto os fãs precisavam deles.
As únicas pessoas que estavam nos bastidores agora eram a imprensa, funcionários do local, ajudantes para a turnê e os membros da banda. No camarim onde estávamos esperando, estava apenas nós três. Por alguma razão, a falta de pessoas ao redor estava me deixando mais ansiosa por Kellan.
Deacon apontou para mim com um longo dedo. — Ela sempre fica nervosa assim?
Kellan sorriu para mim ao redor da garrafa de cerveja que mantinha em sua boca. — Quase sempre. — Ele respondeu depois de engolir.
A porta se abriu para a sala, e um homem que usava um fone de ouvido colocou a cabeça e olhou para Deacon. — O show está começando, senhor. Você pode entrar.
Deacon acenou para ele, depois se levantou e espreguiçou. — Vejo vocês do outro lado.
Kellan acenou para ele, depois voltou sua atenção para mim quando ele foi embora — Pode se sentar, por favor?
Eu apertei as palmas das mãos sobre meu estômago, tentando parar as borboletas de levantar voo. — Você não está nervoso? Nem um pouco?
Kellan tomou outro gole de cerveja — Bom, te assistir está me deixando um pouco nervoso. — Colocando sua bebida em uma mesa próxima, ele bateu em seu colo — Venha aqui e me ajude a relaxar.
Sorrindo, eu andei até ele. Ele não tinha nenhum osso nervoso em seu corpo. Nada disso, de qualquer maneira. Assim, Kellan podia se apresentar pelado na frente de um milhão de pessoas e ficar bem. Havia algo seriamente errado com ele.
Eu sentei em seu colo, envolvendo minhas mãos em seu cabelo. Talvez sua calma pudesse se infiltrar em mim, se estivéssemos pertos o suficiente. Eu coloquei um leve beijo em seus lábios e Kellan soltou uma risada suave. — Isso, eu já me sinto melhor.
Amando o fato de que estávamos cercados por pessoas e ainda completamente sozinhos dentro desse camarim, eu enterrei meus quadris nos dele, e deixei meu beijo suave virar um profundo. Ele soltou um gemido baixo e passou as mãos pelas minhas costas, debaixo da camisa. Eu pressionei meu peito contra o dele, deliciando-me em seu cheiro, almiscarado e másculo, o gosto dele, ligeiramente amargo pela cerveja, a sensação dele quente, duro, e ainda assim suave também. Sentindo-me perdida e despreocupada, eu deixei o mundo ao nosso redor se derreter.
Os dedos de Kellan se esfregavam em minhas costas em padrões suaves enquanto sua língua levemente encostava contra a minha. Então, aqueles dedos astutos tiraram meu sutiã. Afastando-me, dei-lhe um olhar advertido; nós podíamos estar sozinhos agora, mas esse lugar não era exatamente privado. Seu sorriso era convencido quando ele murmurou: — Oops!
Quando eu estava alcançando para fechar meu sutiã, a porta para a sala abriu novamente. Eu pulei para fora do colo de Kellan, virando-me, assim minhas costas estavam na parede mais distante; eu incorretamente fechei o gancho de meu sutiã e tive que tentar novamente. Enquanto minhas bochechas aqueciam para um ardente quente, Sienna perambulou pela sala.
Olhando entre nós dois, ela perguntou. — Desculpe, interrompi alguma coisa?
Sorrindo para mim, Kellan lhe disse: — Não se preocupe. Estamos acostumados com isso.
Sienna riu e se sentou em uma cadeira felpuda. — Essa é uma história que eu gostaria de ouvir.
Meu sutiã finalmente voltou para o lugar, e eu sentei ao lado de Kellan. Meus nervos começaram a voltar, e eu tirei meus sapatos para dissipar a energia. Holeshot tinha começado a tocar, e a música deles filtrava através dos alto-falantes. Eles eram muito bons. Não tão bons quanto D-Bags, mas bons. Kellan olhou de volta para Sienna quando ela lhe perguntou: — Está pronto para isso?
Kellan pegou sua cerveja, mostrou para ela, e então tomou um gole. — Tudo pronto. — Sienna sorriu e balançou a cabeça, divertindo-se com ele; eu meio que odiava quando ela se divertia com ele.
Kellan e Sienna caíram em um debate sobre música. Enquanto ele não gostava dos jogos que Sienna jogava, eu não achava que ele se importava com ela como pessoa. Quando ela começou a falar sobre seus pais, Kellan ficou silencioso. O rosto dela esvaziado de emoção, Sienna contou-lhe: — Eles estariam gritando na minha cara agora se eles ainda tivessem permissão para os meus shows. Um pouco apavorada... É assim que eles gostavam de me mandar para o palco.
A expressão de Kellan virou pensativa. — Lamento que você tenha passado por isso.
— Obrigada. — Sienna se aproximou e colocou a mão na perna dele. Meus nervos sobre o show de repente desapareceram enquanto eu a observava flertar com ele. — Como os seus pais são? Afetuosos e confusos? — Ela perguntou com um sorriso.
Educadamente, mas com firmeza, Kellan pegou a mão dela e colocou-a de volta em seu próprio colo. Ela franziu as sobrancelhas, mas não disse nada. Recostando de volta na cadeira, Kellan deu outro gole na cerveja. — Não, definitivamente não. — Abaixando a cerveja, ele deu de ombros. — Mas eu não tenho que me preocupar mais com eles.
Eu coloquei minha mão em seu peito e Kellan sorriu para mim. Eu sabia que aquela sentença casual estava repleta de mais dor do que Sienna poderia imaginar. Eu levantei meus lábios aos dele, em conforto, e como um lembrete à Sienna: Ele pode simpatizar com você, mas seu coração está comigo. Quando Kellan me deu um breve beijinho, Sienna comentou: — Família. Não é tudo o que deveria ser.
Pensando em minha irmã descuidada, o pai superprotetor, e mãe obcecada por casamentos, eu lancei: — Minha família é ótima.
O sorriso triste de Sienna virou divertido. — Tenho certeza que é. — Seus olhos estalaram entre Kellan e eu. — Então, vocês dois vão formar uma família própria? Algum filho no futuro? — Seu olhar travou em meu estômago.
Puxando minhas pernas para cima da cadeira, eu escondi meu corpo tanto quando pude. — Um dia, com certeza.
Kellan bateu em meu ombro com o seu. — Talvez depois de estarmos oficialmente casados. — Ele hesitou, e então olhou para Sienna. — O que, só para você saber, vai acontecer em vinte e sete de dezembro, quando a turnê estiver em pausa pro Natal. — Felizmente, as turnês de Sienna e Justin iriam parar para o feriado ao mesmo tempo. Se eu tivesse de mudar a data do casamento depois de mamãe já ter enviado os convites, ela arrancaria a minha pele viva.
Os lábios de Sienna se contraíram, mas ela muito suavemente nos disse: — Bem, eu suponho que os parabéns estão em ordem. — Ela parecia como se quisesse abraçar Kellan para parabenizá-lo, mas da forma que Kellan e eu estávamos abraçados, realmente não estava dando a ela uma oportunidade.
O mesmo homem que veio para Deacon veio para conduzir Kellan ao palco. Sienna levantou-se com Kellan. Estendendo o cotovelo a ele, ela perguntou timidamente: — Posso lhe mostrar o caminho? — Talvez fosse minha imaginação, mas a questão pareceu amarrada com duplo significado.
Kellan não pegou em seu cotovelo, mas deu-lhe um aceno educado com a cabeça. Eu os segui porta a fora, meus dedos levemente entrelaçados nos de Kellan. Um grupo de homens e mulheres vestindo uniformes esportivos com o nome de uma das estações de rádio local avistaram Sienna instantaneamente. É claro, ela não era difícil de perder. Ela estava em sua roupa teatral – um vestido dos anos setenta inspirado em um macacão cheio de strass que brilhava sob as luzes. Amarrava ao redor de seu pescoço em um top e não tinha absolutamente nenhuma parte de trás nele; era tão baixo que eu podia ver as covinhas ao lado de seu cóccix. E eu estive tentando realmente ignorar o quanto profundamente curto o V era na frente enquanto estivemos conversando no camarim. Estou assumindo que uma boa quantidade de fita dupla-face estava mantendo tudo no lugar.
— Sienna! Podemos fazer uma entrevista rápida? Talvez algumas fotos?
Os guarda-costas que pareciam flanquear Sienna por toda parte que ela fosse não deixaram as pessoas se aproximarem até Sienna falar: — Claro que sim.
— Com Kellan? — Uma loira em jeans superapertados perguntou. O sorriso sugestivo no rosto dela era muito amador.
Kellan apontou o polegar em direção ao palco. — Desculpe, eu tenho que ir.
A loira fez beicinho para ele, segurando uma câmera. — Só uma foto rápida do casal feliz?
Kellan revirou os olhos enquanto olhava de volta para mim. Eu estava um pouco atrás dele, então a loira provavelmente não poderia dizer que estávamos de mãos dadas. Travando o olhar com a loira, ele apontou para Sienna e lhe disse com firmeza: — Nós não estamos juntos.
A loira deu um sorriso à Kellan. Era tão claro para mim que ela estava pensando, Entendi, você não quer falar sobre sua relação com Sienna ainda. Seu segredo está seguro comigo. Kellan olhou como se ele quisesse corrigi-la, mas eu puxei seu braço. Ele teria que apontar quem eu era para efetivamente corrigi-la, e eu não queria fazer parte desse espetáculo. Além disso, o homem que usava fones de ouvido estava acenando freneticamente para nós nos apressarmos.
À medida que nos afastamos da imprensa, notei Sienna soprando um beijo para Kellan. Antes de estarmos fora de alcance, uma das personalidades do rádio apontou para mim e perguntou: — Quem é aquela?
Com seu sorriso ainda brilhante e encantador, Sienna imediatamente respondeu: — Só uma velha amiga de Kellan. — Ela sorriu um pouco depois de dizer isso, então toda a sua atenção foi dada aos entrevistadores.
Kellan não ouviu, mas a encarei com adagas em suas costas, sem certeza se deveria estar com raiva ou não. Ela tinha me chamado de velha amiga quando ela podia ter dito ‗ninguém‘ e deixado por isso mesmo. Eu só não tinha certeza sobre o que sentir por Sienna. Em um minuto ela não era tão ruim, então no próximo ela estava tão manipuladora quanto Nick. Eu não podia dizer qual era o negócio dela.
Pensando em velhos amigos e triando pelos meus sentimentos me fez pensar em Denny. O passe de acesso ao redor de meu pescoço me deixa a ir para qualquer lugar que eu queria nos bastidores, então eu peguei meu celular e tirei algumas fotos para enviar para ele. Caminhando para onde eu pudesse assistir os garotos tocarem, eu tirei uma foto da enorme multidão pulando para cima e para baixo. Logo depois que enviei a foto com uma mensagem que dizia: Você consegue acreditar no tamanho dessa multidão? Eu notei um enorme sinal de que uma fã estava segurando no ar – Kell-Sex para sempre! Deus, eu realmente odiava esse apelido.
Denny me mandou uma mensagem de volta, enquanto eu estava olhando ao redor da arena mal iluminada por mais sinais. Porra, eu estaria em cólicas se fosse ele. Acho que ele não está nem ao menos nervoso, porém, ele está?
Eu ri enquanto mandava de volta que ele estava bem. Fleumático, mesmo.
O palco estava escuro enquanto as luzes dançavam drasticamente por toda a multidão em padrões fortuitos. Os fãs gritavam em delírio e erguiam os braços no ar. Então, todas as luzes balançaram simultaneamente em direção ao palco, e a multidão gritou. Kellan e os garotos tinham entrado quando eles não estavam olhando. Uma vez que as pessoas perceberam que eles estavam ali, esperando, ficaram loucos; era fácil ver que os fãs estavam perdendo a cabeça pelo fato de D-Bags ter sido adicionado à turnê. O barulho vibrou em meu peito. Eu cobri meus ouvidos enquanto ria. Do meu ponto de vista, eu podia ver Kellan sacudindo um pouco a cabeça, completamente deslumbrado com a massa de corpos balançando à sua frente. Mesmo que eu o tenha visto fazer isso milhares de vezes antes, a emoção me inundou enquanto eu o observava se aproximar do microfone.
— Boa noite, Los Angeles!
Os gritos em resposta vibraram meu crânio. Ajustando a guitarra amarrada sobre o peito, Kellan brilhou a multidão com um sorriso de desmaiar. Eu vi alguém na fila da frente cair em seus amigos; aposto que seus joelhos fraquejaram.
Enquanto o resto dos garotos entrava em posição, Kellan ergueu a mão no ar. A multidão se silenciou... Um pouco. — Somos os D-Bags e estamos honrados em tocar para vocês esta noite — O silêncio evaporou em gritos. Kellan colocou as duas mãos para acalmá-los. — Agora, nós só vamos tocar para vocês se vocês estiverem bem. — Desprendendo o microfone, ele caminhou até a beira do palco e olhou para baixo, sobre a multidão aos seus pés. — Então... Vocês estão se sentindo bem? — Ele perguntou, sua voz cheia de sensualidade.
A resposta do público foi tão alta que eu quase não ouvi Evan começar a introdução. Eu tinha certeza de que Kellan e os garotos só ouviram por causa dos fones de ouvido que estavam usando. Dando ao público uma vista gloriosa de sua parte traseira, Kellan passeou de volta ao seu pedestal do microfone. Deslizando o equipamento de volta ao lugar, Kellan começou a tocar sua guitarra. Também soava alto, e o som ecoava ao redor da arena.
Eles estavam tocando uma música que era clássica para mim, mas nova para a maioria dos fãs ali. A multidão enlouquecia. A voz de Kellan era perfeita e poderosa; fazia um arrepio correr pela minha espinha. Ele realmente era muito bom nisso, tão inspirador de assistir. Enquanto ele tocava, palavras e histórias filtravam por minha cabeça. Mesmo que eu odiasse me afastar de Kellan, eu decidi não deixar essa faísca criativa fugir de mim. Tão rápido quanto pude, eu corri para longe, para encontrar algum papel. No momento em que voltei ao meu lugar, os D-Bags tinham mudado de música. A guitarra de Kellan estava descansando perto de seu pedestal de microfone vazio, e Kellan estava andando para frente e para trás perto da borda do palco, atentando a multidão com sua proximidade.
Palavras foram caindo pelo meu cérebro enquanto sua voz flutuava próxima aos meus ouvidos. Assistindo a um filme em minha cabeça, eu anotei tudo o que vi. Era uma história completamente diferente do que a tragédia da última na qual trabalhei. Mudar para algo novo trouxe um enorme sorriso aos meus lábios. Escrever era tão recompensador. E escrever enquanto ouvia Kellan tocar ao vivo era ótimo, perto de eufórico.
Kellan me encontrou após seu show ter acabado, e eu praticamente pulei em seus braços, eu estava tão orgulhosa dele. Ele ficou tonto enquanto me girava em um círculo. Assim como depois de seus outros shows, o público estava gritando para os D-Bags, gritando para Kellan. Colocando-me no chão, Kellan espiou por cima da multidão.
Evan e Matt estavam boquiabertos. Griffin parecia como se tivesse esperado por isso. Batendo no ombro de Kellan, disse-lhe: — Temos que dar a eles um bis.
Kellan olhou para o baixista e balançou a cabeça. — Não temos tempo para tocar outra música. É o show de Sienna, e ela é grande na estrutura.
Griffin apertou os lábios, e depois agarrou o braço de Kellan. — E quem disse que eu me importo com Sienna? — Empurrando Kellan para frente, ele sorriu: — É a nossa vez de brilhar, baby!
Matt e Evan o empurraram para frente também. Matt disse: — Só coloque a cabeça para fora e acene.— Enquanto Kellan encolhia os ombros, Matt olhou para mim e riu. — Tampe os seus ouvidos, Kiera.
Sorrindo para o grupo enquanto eles corriam de volta para o palco, eu fiz como Matt sugeriu. Coisa boa também. Meus tímpanos podiam ter estourado se eu não tivesse. Um membro da equipe entrou em pânico, acenando freneticamente com os braços para que os garotos finalmente descessem de seu holofote. Eles todos estavam rindo enquanto se juntavam a mim novamente. Eu não pude evitar ser pega pela excitação deles.
Kellan passou os braços em volta de minha cintura, enquanto a gritaria da multidão cessava. — Temos que ficar por perto para me juntar a Sienna para a canção final, mas os caras e eu estávamos pensando em correr pela rua para o bar. Quer vir?
Uma parte de mim queria ficar onde eu estava para que pudesse trabalhar no novo romance que eu tinha trago à vida durante a performance de Kellan, mas o sorriso de Kellan era contagioso, e não havia forma que eu pudesse dizer não. Além disso, haveria inúmeras performances ao vivo em meu futuro para me inspirar. Enquanto eu assentia, Kellan apontou para o bloco de notas que eu estava abraçando contra meu peito. — Você estava escrevendo? — Meu aceno enfático continuou, e ele perguntou: — Enquanto eu estava cantando?
— Você é muito inspirador de assistir. — Eu declarei.
Seu rosto estava incrédulo enquanto ele passava a mão pelo cabelo ligeiramente úmido. — Eu... Inspiro Você?
Estrelas em meus olhos, eu suspirei. — Diariamente.
Kellan olhou para mim como se tivesse acabado de crescer outra cabeça em mim. — E você diz que eu sou absurdo. — Eu ri até que ele afastasse o caderno de mim. Eu tentei pegar de volta, mas ele o entregou a um homem com um fone de ouvido que tinha o tirado do camarim. — Isso é inestimável, um gênio literário, e você precisa guardá-lo com sua vida.
Os olhos do homem se arregalaram enquanto ele o segurava perto. — Sim, senhor. — Eu quase pensei que ele ia nos saudar.
Satisfeito, Kellan disse-lhe: — Certifique-se de que isso acabe dentro da capa da minha guitarra, por favor.
— Sim, senhor. — O homem disse de novo antes de sair.
— Ele acabou de me chamar de senhor... Duas vezes? — Kellan riu enquanto ele lançava o braço em volta de minha cintura.
Eu bati levemente em seu estômago. — Não deixe que isso suba à cabeça.
Ele me olhou com um sorriso. — Eu não sonharia com isso.
O nosso grupo seguiu em direção à saída depois disso. Matt e Griffin estavam liderando o caminho, esgueirando em torno dos cantos como se estivéssemos roubando o lugar. — Nós estamos autorizados a sair da arena enquanto o show está acontecendo? — Eu perguntei à Kellan.
Ele riu enquanto olhava em volta. — Não temos ideia... Portanto, aja como espiã lá em cima.
Evitando cada pessoa que podíamos, nós rastejamos nosso caminho para um conjunto de portas marcadas com um sinal de saída. Nós furtivamente fizemos nosso caminho por um corredor que Matt disse que nos levava aos ônibus. Nós não iríamos para os ônibus, mas ninguém ao redor precisava saber disso. Quando chegamos ao lado de fora, um guarda estava estacionado do lado de fora da porta, mantendo um olho nas coisas. Os garotos acenaram para ele, andando por perto como se eles fossem donos do lugar. Ou o guarda os reconheceu como estrelas do rock, ou viu o meu passe livre para qualquer lugar. De qualquer maneira, ele não questionou qualquer um de nós quando saímos da arena. Acho que ele estava mais preocupado com as pessoas tentando entrar nos bastidores do que com as pessoas saindo de lá.
Quando chegamos à rua regular, aquele guarda de segurança era a única pessoa que sabia que tínhamos ido embora. Esse tipo de liberdade nos deu todo um burburinho; havia um monte de risadas e gozações de brincadeira. Eu adorava estar incluída nisso. Griffin vasculhou a rua, tentando descobrir onde estávamos em relação ao bar mais próximo, enquanto Kellan cutucou o braço de Matt. — Você sabe a hora que devemos voltar, certo? — Matt assentiu enquanto batia no relógio em seu pulso. Eu esperava que ele soubesse. Não seria bom se os garotos se atrasassem.
De repente, Griffin apontou para a direita e gritou: — Bar, ho!
Ele imediatamente começou a correr em direção ao seu refúgio alcoólico. Matt e Evan correram atrás dele, ambos rindo. Kellan olhou para mim. — O último a chegar ao bar tem que sentar perto de Griffin. — Eu comecei a correr antes mesmo que ele terminasse a frase.
Eu tive uma dor grave no meu lado quando pisei no tapete de boas vindas de borracha, mas meu pé desceu meio segundo antes do de Kellan, então eu considerei aquilo uma vitória. Com as mãos nos joelhos, eu lutava para recuperar minha respiração enquanto eu olhava para ele. Havia um tempo que eu não corria. — Ganhei! — Eu ofeguei.
Kellan estava respirando pesadamente também enquanto empurrava a porta aberta. — Eu te deixei ganhar. Gostei da vista. — Ele piscou para mim enquanto eu entrava.
Eu esperava que qualquer som no bar parasse quando os D-Bags entrassem, mas ninguém ali pareceu saber quem eles eram. Eu amei que eles ainda tivessem algum anonimato. Kellan foi o único que causou uma agitação, mas eu não sabia se aquilo era reconhecimento, ou se era apenas sua aparência que estava causando uma onda de sussurros flutuando em torno das pequenas mesas circulares.
Griffin caminhou para uma mesa na parte de trás e nós o seguimos. Quando todos nós chegamos, seu rosto virou estranhamente sério. — As mesmas regras da última vez.
Matt revirou os olhos enquanto Evan ria e dava de ombros. Kellan franziu a testa e olhou para mim. — Não vamos jogar esse jogo essa noite, Griff.
Griffin olhou para Kellan de cima a baixo. — Uh, sim, nós vamos. — Seu sorriso virou arrogante. — O que? Está com medo de perder?
Evan virou-se para Matt. — Quando Kellan perdeu alguma vez?
Curiosa, e me perguntando se eu queria saber que jogo eles jogavam rotineiramente em bares durante a turnê, eu perguntei: — Que jogo?
Kellan se virou para mim. — É estúpido... Griffin inventou isso. — Ele disse como se Griffin e estúpido fossem sinônimos.
Griffin bufou. — Você é um viadinho. Todo intimidado porque sua namorada está aqui?
— Esposa. — Kellan corrigiu.
— Que seja, nós vamos jogar. Vire seus bolsos. — Ele imediatamente puxou os bolsos para fora da calça jeans.
Eles estavam vazios.
Kellan olhou para mim e, curiosa demais para dizer não, eu assenti. Kellan virou seus bolsos, que também estavam vazios. Depois de todos os garotos fazerem isso, Griffin parecia satisfeito. — Ótimo. Agora, números contas como um ponto, preservativos contam como cinco. A pessoa com o mínimo de pontos paga a conta. O garanhão com mais pontos ganha uma dose de todo mundo... E o top de merda também. — Ele apontou para cada um se virar. — E trapacear de qualquer modo é motivo para um imediato chute na bunda. — Seus dedos apontaram para os próprios olhos, e depois para os de Matt. Estou te observando. Matt suspirou.
Ainda tentando focar minha cabeça ao redor do sistema de pontos – Preservativos? – eu perguntei: — Espera, que jogo?
Griffin se agachou na minha frente. — O cara que enche os bolsos com mais números de gatinhas ganha. — Ele disse lentamente, como se eu já estivesse bêbada, então possivelmente não conseguisse compreendê-lo.
Meus olhos se arregalaram e eu me virei para Kellan com uma sobrancelha levantada. — E você nunca perdeu esse jogo?
Kellan ergueu as mãos no ar. — Totalmente espontâneo, eu juro. — Apertei os lábios para ele e Kellan coçou a cabeça. — Você, ahn, quer uma bebida?
Eu lhe dei um sorriso tenso. — Uhum.
Kellan imediatamente se levantou e se dirigiu para o bar. Eu tive que rir um pouco enquanto ele nadava através da multidão com a cabeça abaixada. Evan passou o braço em volta dos meus ombros. — Ele realmente não pediu para nenhuma. Ele não precisa. As garotas tendem a... Jogar as coisas no caminho de Kellan. — Sua sobrancelha se ergueu, e o anel furado nela brilhou para mim; quase combinava com o brilho divertido em seu olhar. — Só observe.
Curiosa, eu me virei para observar o meu marido. Enquanto ele esperava no bar pelas nossas bebidas foi abordado por duas garotas. Elas não tinham falado com ele por mais de cinco segundos antes de uma delas deslizar um guardanapo em seu caminho. Meu queixo caiu. Isso foi tão rápido! Griffin aparentemente estava tão chocado quanto eu.
— Você tem que estar brincando comigo! — Ele ergueu as mãos no ar. — Você é um puto! — Ele gritou para Kellan. Algumas garotas, talvez pensando que ele quis realmente dizer aquilo, olharam para Griffin com carrancas em seus rostos. Eu percebi que nenhuma delas se aproximaria dele com seus números hoje à noite.
Kellan olhou de volta para a nossa mesa. Vendo o meu sorriso divertido, Kellan provocou, acenando o guardanapo para Griffin, e em seguida o enfiou no bolso. A carranca de Griffin cresceu. — De jeito nenhum aquele filho da puta vai ganhar de mim outra vez. — Ele desapareceu pelo bar lotado, e eu tive a nítida sensação de que cada um de seus números de telefone seriam ‗solicitados‘. Fortemente solicitados. Talvez subornados.
Eu sabia que o jogo devia ter me revoltado, mas além de Griffin, nenhum dos garotos tentou ativamente obter os números de telefone. A boa aparência natural e o carisma deles fizeram isso por eles. A rapidez de sorrir e personalidade descontraída deles formou um círculo de pessoas ao seu redor. Era quase como se estivéssemos de volta ao Pete. Eu até mesmo tive que me parar de limpar uma mesa por uma ou duas vezes. Porém, ao contrário de Pete, Kellan apenas tinha que andar por uma mulher para fazer com que ela empurrasse discretamente o dedo em seu bolso. Ele não agradecia o deslizamento, ou a garota, e eu comecei a me perguntar se talvez eu estivesse errada. Talvez fosse exatamente igual ao Pete, e eu só não percebia isso. Talvez Kellan tenha escorregado os números no nosso bar de volta para casa e eu nunca tinha notado. Bom, se ele fez isso, ele era rápido em descartá-las.
Também ajudou que todos os garotos tratassem o jogo como uma grande piada. Sempre que Kellan pegava uma bebida no bar, ou ia ao banheiro, alguém lhe perguntava quantos nomes ele tinha pegado quando retornava. Quando Griffin amuou e caminhou de volta para a mesa com uma expressão irritada, Matt deu-lhe um exagerado, simpático: — Ah, não teve sorte? — Para o qual Griffin respondia com graça virando de costas.
Bebidas e alegria tinham em abundância em nossa mesa, e meu amor cresceu pela minha decisão de viajar ao redor do país com os D-Bags cada vez mais. Quando ninguém estava sentindo dor, o alarme do relógio de Matt disparou. Todos nós olhamos para ele por um segundo, então nos lembramos de que ainda havia um show acontecendo.
— Droga, o show de Sienna está quase acabando. Nós temos que ir. — Matt parecia um pouco em pânico enquanto derrubava sua cerveja.
Todo mundo começou a sair da mesa, mas Griffin jogou as mãos para fora. — Espera! Nós precisamos de um vencedor de bolsos.
Enquanto eu abafava uma risadinha bêbada, eu me perguntava qual garoto estaria quebrando mais corações esta noite. Minha aposta estava em Kellan. Eu me inclinei ansiosamente ao seu lado, como se ele estivesse estabelecendo uma mão vencedora de pôquer, não números de telefone de garotas. Evan iniciou o processo, colocando um único número de telefone rabiscado em um pedaço de papel enrolado. — Só um. — Ele deu de ombros, sem se importar muito.
Exaltado, Griffin jogou um guardanapo, um cartão de visita, e... Eu juro... Uma parte de papel higiênico. — Há! Três! Leia e chore. — Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou para Kellan.
Sabendo que ele tinha que ter muito mais do que isso, eu cutuquei suas costelas. Kellan balançou a cabeça para mim, então puxou seus prêmios de seus bolsos. Ele teve que desdobrá-los, tinha tantos. — Uh... Cinco. — Ele murmurou, jogando-os em cima da mesa.
Griffin bateu a mão na mesa. — Droga, Kellan! Eu te odeio.
Evan ergueu um canto de seu lábio. — Só cinco? Noite devagar, Kell?
Kellan riu para Evan, enquanto Griffin murmurava: — Tudo bem, idiota, que dose você quer?
— E Matt? — Eu perguntei, olhando para o guitarrista silencioso; ele estava assistindo a troca com um sorriso secreto nos lábios. — Quanto você fez?
Matt estava prestes a responder quando Griffin interrompeu. — Por favor, de jeito nenhum Matt derrotaria Kellan... Está acabado. — Ele levantou uma sobrancelha clara. — A menos que... Alguém lhe escorregou uma camisinha?
Matt balançou a cabeça lentamente. — Não... — Alcançando dentro de seu bolso, ele lentamente tirou um cartão de crédito plano, procurando algo. Suas bochechas se iluminaram com cor quando ele o jogou em cima da mesa. — Eu tenho uma chave de motel.
Pela algazarra e gritaria que os garotos fizeram você pensaria que Matt tinha acabado de ganhar na loteria. — Puta merda! — Exclamou Griffin. — Essa é uma vitória imediata! — Pulando em seus pés, Griffin agarrou os ombros de Matt. — Ah meu Deus, você derrotou Kellan! — Girando Matt, ele o exibiu para o bar. — Todo mundo! Este aqui é o meu primo, e ele destronou o Presente de Deus para as Mulheres! — Ele esfregou a cabeça de Matt com suas juntas enquanto Matt transformava-se em milhões de tons de vermelho.
Escapando dele, Matt saiu correndo do bar. Griffin levantou as mãos. — Cara? Suas doses?
Evan estava rindo tanto que ele teve que limpar as lágrimas de seus olhos. Eu não conseguia parar de rir também. Quando Evan conseguiu falar, ele murmurou: — Eu acho que perdi. — E foi pegar sua carteira.
Kellan o deteve e entregou à garçonete uma nota de cem dólares dobrada, ou talvez duas delas. Eu não tive certeza. — Eu pago, Evan.
Evan bateu em seu ombro. — Obrigado, Kell. — Depois tropeçou atrás de Matt e Griffin.
Kellan pegou minha mão e me puxou atrás deles, deixando a chave do motel e a pilha de números de telefone em cima da mesa. Sorri ao saber que nem um único membro da banda mantinha qualquer um dos números... Nem mesmo Griffin. Quando chegamos lá fora, Kellan me perguntou: — Então, você realmente não está irritada?
Eu lhe dei um sorriso sarcástico. — Estou furiosa. — Kellan levantou uma sobrancelha para mim, e eu ri novamente. — Só teria me deixado irritada se Griffin tivesse te derrotado.
Kellan olhou para onde Griffin estava anunciando para a rua que as ‗bolas do seu primo muito envergonhado tinham acabado de cair‘. Balançando a cabeça, Kellan murmurou: — Isso nunca aconteceria.
Sob a insistência de Matt, os muito barulhentos D-Bags caminharam para arena comigo. Entrar pelo guarda de segurança perto da entrada de trás foi um pouco mais complicado do que sair. Era um guarda diferente do anterior, e ele ficava pedindo por provas de que os garotos realmente estavam no show. Kellan, Matt e Evan tinham a permissão com eles, mas Griffin tinha esquecido a dele. Todos estavam bêbados demais para chegar a qualquer coisa que soasse lógico; Griffin só continuou mostrando-lhe o passe ao redor do meu pescoço, mas isso só permitia o meu acesso. Felizmente, Deacon, que estava relaxando no ônibus, ouviu o argumento, e pegou o passe perdido de Griffin para ele.
Uma vez lá dentro, os garotos foram direto ao palco. Uma pessoa exausta com uma prancheta apressadamente puxou-os para a entrada dos fundos do palco. Antes de Kellan desaparecer, ele agarrou meu rosto e me beijou. O álcool em sua respiração estava forte; esperançosamente ele se lembraria de todas as palavras para o dueto que estava prestes a fazer.
Eu voltei para o meu lugar favorito para assistir Sienna anunciar seu bis especial para encerrar a noite. A multidão enlouqueceu já suspeitando do que seria. Tonta e risonha, eu tentei assobiar junto com a multidão. Ele saiu plano e arejado, mais como se eu estivesse explodindo um tubo interno.
O braço de Sienna se movimentou para a parte de trás do palco. — Senhoras e senhores, por favor, coloquem suas mãos juntas novamente para os D-Bags, liderados pelo excelente Kellan Kyle!
Talvez fosse porque eu estava mais alta do que antes, mas os gritos pareciam penetrar extramente. Os garotos saíram mancando, só meio tropeçando enquanto trocavam de lugar com a banda de Sienna. Kellan subiu para ficar ao lado de Sienna, ela pegou a mão dele, então se inclinou para beijar sua bochecha. Eu realmente desejei que ela parasse de fazer aquilo. Kellan discretamente se afastou dela enquanto agradecia a multidão. Perguntando-me se alguma das garotas da frente do bar de hoje à noite perceberam em que calça jeans elas estavam empurrando seus números, eu assisti Kellan e Sienna começarem seu hit número um.
Mesmo que Kellan tenha tropeçado e caído em um poste no caminho de volta para o centro, ele parecia completamente com ela enquanto cantava sobre seu coração partido imaginário. Quando Sienna deu um passo para seu lado para cantar sua parte para ele, ela estava tão perto que eu tinha certeza de que conseguiria sentir o cheiro da fumaça flutuando dele. Em vez de encarar o público, Kellan e Sienna mantiveram a canção isolada, cantando um para o outro, praticamente ignorando a multidão. Aquilo ampliou a dor na música. Flashes saiam como loucos, capturando cada momento aquecido. Quando a música terminou, Kellan fez como se ele fosse sair do palco como uma tempestade, como se ele estivesse com tanta raiva que não conseguia mais ficar perto dela; aquilo combinava com a forma como o vídeo terminava. Sienna mudou, no entanto. Agarrando seu braço enquanto ele caminhava por ela o puxou contra seu corpo. Bêbado demais para resistir, Kellan colidiu com ela. Alcançando rapidamente, ela puxou sua cabeça para a dela. Seus lábios colidiram próximos, e em seguida, o palco escureceu; apenas os flashes de celulares iluminavam seus corpos.
A resposta do público foi ensurdecedora. Eu estava tão atordoada, não conseguia me mexer.
É demais para Sienna respeitar os desejos de Kellan.
Mesmo que eu tivesse certeza que Sienna tenha principalmente o beijado na frente do público para fotografias, tive a sensação esmagadora de que ela também estava declarando seu interesse pessoal por Kellan. Sua afirmação dramática me atingiu como uma bola de destruição no intestino.
Bem, é claro que ela o queria. Quem não queria? Porém, ele era o meu marido, e ela não podia tê-lo.
Sabendo que eu estava provavelmente prestes a ser expulsa da turnê, eu invadi a entrada dos fundos do palco, aonde os artistas só iam quando estavam saindo. Eu sentia minhas mãos cerrando em punhos e me perguntava se estava prestes a bater em uma superstar. Eu queria. Ela tinha ido longe demais.
Enquanto eu fazia meu caminho para a parte de trás, Kellan estava descendo as escadas e empurrando as pessoas para fora de seu caminho. Seu rosto acompanhava o meu humor ardente. Evan estava a um passo atrás dele, chamando seu nome. Sienna estava no topo da escada, com as mãos nos quadris. — Você está exagerando, amor. — Ela gritou para ele.
Lábios apertados, Kellan fechou os olhos. Eu parei e o assisti. Aquela era normalmente a cara que ele fazia quando estava prestes a arrancar a cabeça de alguém. Voltando-se para Sienna, ele apontou para ela. — Eu te disse, não na boca!
Com um sorriso doce no rosto, Sienna desceu as escadas perto de Evan; ele ficou tenso quando percebeu a expressão de Kellan. Sienna parou ao lado de Kellan e colocou a mão em seu braço rígido. — Eu me empolguei pelo calor do momento. Não vai acontecer de novo. — Ela encolheu os ombros, seu rabo de cavalo longo e elegante balançando sobre os ombros.
Olhando diretamente para ela, eu dei um passo adiante. — Com certeza isso não vai acontecer de novo! — Talvez fosse a coragem líquida na minha barriga, mas de repente eu queria dar uma porrada nessa mulher. Sim, definitivamente, a bebida falando. — Ele não pertence a você!
Alguém agarrou meus ombros enquanto eu cambaleava para frente. Pensei que era Kellan primeiro, mas olhando para trás, vi um dos sempre presentes guarda-costas de Sienna me segurando - Coisa 2, eu acho. Com o rosto sereno, Sienna deu passos á minha frente. — Ele é uma pessoa, amor, então ele não pertence a ninguém.
Ela deu a todos um olhar frio, como se todo aquele drama estivesse embaixo dela. Quando seus olhos retornaram aos meus, havia fogo nas profundezas escuras. — E em caso de você não ter percebido, ele não se afastou exatamente de mim. — Seus olhos desafiadores balançaram para Kellan; a mandíbula dele se apertou, mas ele não disse nada. Satisfeita, Sienna saiu, e a Coisa 2 me deixou ir.
Eu bufei enquanto me endireitava. Ela tinha um ponto. Eu tranquei o olhar com o de Kellan. As pessoas ao nosso redor retomaram o que estavam fazendo, agora que a miniluta tinha acabado. Evan deu um tapinha em meu ombro enquanto se afastava com os outros D-Bags. Matt empurrou Griffin para longe. Felizmente, ou talvez infelizmente, ninguém da mídia havia testemunhado a discussão dos ‗amantes‘. Eu não sabia o que pensar do meu marido no momento. Parte de mim entendia – ele era um artista, ele estava no palco, ele não teria feito um espetáculo enorme na frente de tantas pessoas. O resto de mim tinha as palavras de Sienna envoltas apertadas em torno disso como um vício. Ele não tinha se afastado. Ele tinha a beijado de volta?
Incapaz de tolerar encará-lo mais, eu virei em meu calcanhar e tropecei para longe. Ele estava atrás de mim num segundo depois. — Estou bêbado, Kiera. Aconteceu tão rápido, eu não tive tempo de...
Girando, eu levantei meu dedo ao seu rosto. — Eu sei!
Eu virei de volta, e ele continuou a me seguir. — Então porque você está irritada?
Suspirando, eu me virei de novo. Aquilo me deixou um pouco tonta. — Porque eu também estou bêbada!
Quando eu tentei virar novamente, Kellan agarrou meu braço. — Quer parar de se afastar de mim, por favor? — Irritada, eu olhei para ele do melhor jeito que pude. — Você está irritada comigo? — Ele perguntou incisivamente.
Meus sentimentos ainda rodavam, e respondi com: — Eu não sei. Você a beijou de volta?
A boca de Kellan caiu aberta, e eu vi a luta em seus olhos. Ele podia mentir tão perfeitamente quando podia cantar. Eu já o tinha visto fazer isso. Essa era uma de muitas questões que tinha atrasado o nosso relacionamento por tanto tempo. É difícil confiar em alguém que era tão confortável sendo hipócrita. Porém, eu não tinha absolutamente nenhum espaço para falar sobre o assunto, então tentei muito duramente nunca usar esse fato contra ele. Nós dois éramos capazes de coisas horríveis. É por isso que a honestidade era tão importante para nós agora.
Boca em uma linha firme, ele me disse: — Só por um microssegundo. — Quando meus olhos embaçaram, ele começou a divagar. — Estou bêbado, ela me pegou desprevenido. Foi o instinto. Eu movi meus lábios uma vez, apenas uma fração pequena de uma polegada, mas não fiz isso de novo. Eu a empurrei para longe quando percebi o que estava acontecendo, mas as luzes já tinham apagado nesse ponto. — Ele jogou as mãos para cima. — Griffin ficou mais fora de ação do que eu, mas eu tenho que dizer sim para ser honesto com você.
Eu queria estar com raiva dele, realmente queria, mas o entendia muito bem, e eu estava na verdade meio que orgulhosa por ele me dizer uma verdade dolorosa quando uma mentira branca teria sido muito mais fácil. Fungando, porque doeu um pouco, eu pendurei meus braços ao redor de seu pescoço e o puxei apertado.
— Está tudo bem. — Eu murmurei em seu ouvido. — Eu não estou brava com você. Eu estou brava com ela.
Seu corpo relaxou contra o meu. — Assim como eu.

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