Capítulo 3 - Honestidade
Gavin e seus filhos ficaram em nossa casa durante toda a tarde. Passamos a maior parte do dia ensolarado jogando na sala de estar; Hailey arrasou no Monopoly, o meu pai chutou o traseiro de todos no Scrabble, e Kellan e eu dominamos o Pictionary, o que meio que me surpreendeu desde que eu não tinha talento em desenhar. Kellan era apenas excepcionalmente bom adivinhador.
Até o anoitecer, Kellan parecia perfeitamente à vontade com sua nova família, e o incidente anterior com Joey foi empurrado para a parte de trás das mentes de todos. Foi quando minha irmã fluorescente chegou, com o pai-do-bebê no reboque.
Sem qualquer tipo de aviso, a porta da frente se abriu e bateu contra a parede. Eu pulei do meu lugar, o meu coração batendo forte no meu peito. A atenção de todos foi para a porta de entrada batendo. Eu tinha certeza que estávamos sendo atacados, e que um enxame de policiais estava prestes a brilhar na sala com armas em punho.
De pé, Kellan protetoramente entrou em minha frente. Foi quando um idiota loiro, o baixista da banda de Kellan passou pela porta. Relaxando quando percebeu quem estava aqui, Kellan encarou seu companheiro de banda.
— Griffin? Você já ouviu falar em bater?
Griffin fungou e enfiou os cabelos na altura do queixo para trás de suas orelhas.
— Nós somos uma família, cara, eu não preciso bater.
Eu suspirei, não tendo certeza se Kellan poderia argumentar o ponto ou não, não desde que Griffin tinha engravidado minha irmã.
Ele era realmente da família agora. Senhor, me ajude.
Kellan abriu a boca para tentar argumentar de qualquer maneira, mas Anna entrou pela porta depois de Griffin e bateu-lhe em sua cabeça.
— Homem das cavernas, — ela murmurou.
Mamãe e papai se levantaram do sofá para cumprimentar Anna. A expressão de papai escureceu enquanto examinava o pai de seu neto. Pela maneira que papai olhou para Griffin, eu tinha certeza de que Kellan era de repente perfeito em comparação ao ―genro de ouro‖, que não fazia nada de errado.
Recuperando-se do choque da entrada surpresa de Griffin, me juntei aos meus pais em saudação a minha irmã.
Anna era uma das mulheres mais bonitas que eu conhecia. O rosto dela fazia os homens caírem de joelhos, seu corpo tinha feito meninos segui-la como cachorros apaixonados. Mesmo grávida, sua figura curvilínea ainda atraia os olhos dos homens. Ela tinha cabelos incrivelmente sedosos que ondulavam quando ela entrou e olhos que eram tão verdes que era quase difícil parar de olhar para eles. Ela era um nocaute, e crescendo com essa perfeição nem sempre foi fácil para mim. Mas eu estava começando a ficar mais confortável na minha própria pele, e pela primeira vez sua absurda boa aparência não enviou uma pontada de ciúme pela minha espinha. Não, tudo o que eu senti quando a abracei apertado era a felicidade de vê-la. Mesmo que ela tivesse trazido o homem das cavernas com ela.
— Ei, mana. — Conforme eu a puxei de volta, meus olhos percorreram por cima da roupa justa de maternidade que ela usava. Eu não tinha certeza de como minha irmã tinha conseguido encontrar essas roupas provocantes para gestantes, mas quase tudo o que ela tinha era para mostrar o seu decote amplo. Griffin devia estar no céu dos porcos. Deus, eu realmente odiava ter pensamentos como esse.
Anna estava em uma fase adoravelmente bonita da gravidez, apenas rolando em seu quarto mês. Ela não estava mais vomitando tanto, e seu nível de energia estava voltando. Não que você saberia disso pelo jeito que ela rebolava quando entrou, Anna aproveitava da sua condição sempre que tinha a chance. Mas eu sabia que ela estava mais ativa do que deixava transparecer. Eu tinha certeza que sua noite com Griffin tinha sido particularmente atlética.
Anna olhou para onde Gavin e seus filhos estavam educadamente à espera. Sua testa franziu de uma forma que só a deixava mais atraente.
— Oh, desculpe, eu não sabia que vocês tinham companhia.
Kellan encontrou os olhos dela. — Está tudo bem, entrem.
Papai entrou na sala com Anna, segurando-a pelo braço como se ela fosse cair se ele não a ajudasse.
Kellan deu-lhe um breve abraço e, em seguida, apresentou a sua família. — Hey, Anna, eu não tive a chance de apresentá-la ontem à noite. Este é Gavin, o meu... pai biológico. — Coçando a cabeça, ele deu de ombros.
Um lampejo de orgulho passou em mim por Kellan ter admitido uma coisa tão profundamente pessoal, e tão facilmente. Ele estava realmente ficando confortável com a ideia de ter um pai no mundo novamente.
Os olhos de Anna cresceram um pouco na admissão de Kellan. Ela não sabia sobre o passado sórdido de Kellan. Quando Anna apertou a mão de Gavin, Kellan apresentou a seus meio irmãos. Seus olhos abriam ainda mais com cada adição para a sua família. Gavin fez um espaço para a Anna no sofá, e meu pai ajudou-a a sentar-se.
Em pé, com um braço preso sobre o ombro de Hailey, Kellan disse a Anna,
— Gavin, Riley e Hails vieram me visitar. Eles são de Pensilvânia. — Seu foco mudou para Gavin. — Tenho qualquer outra família lá?
Gavin sorriu, o sorriso era estranhamente semelhante ao de Kellan.
— Meu irmão e sua família vivem lá, e meus pais.
Hailey deu a Kellan uma cotovelada nas costelas.
— Você vai adorar a vovó, Kellan. Ela é mal-humorada.
Com seu rosto maravilhoso, Kellan olhou para mim.
— Eu tenho avós, Kiera. — Ele olhou para Hailey. — Nunca tive avós vivos, ou um tio, na verdade. — Ele riu, divertido e espantado com a informação. Meu coração encheu-se como a família de Kellan estava ficando cada vez maior. Griffin estava observando a conversa, mas não entendendo nada disso, olhou ao redor da sala.
— Espere. Cara, eu pensei que seu pai estava morto. Quem diabos são essas pessoas?
Todo mundo o ignorou.
O olhar de Anna permaneceu em Gavin assim como o da mamãe. Griffin, alheio ou indiferente, não percebeu. Então, novamente, ele ainda estava tentando decifrar quem Gavin era. Com um sorriso agradável nos lábios, Anna perguntou:
— Então, Gavin, sua esposa está aqui também?
Gavin olhou para suas crianças sentadas no chão, terminando um jogo de tabuleiro.
— Não, eu não sou... Eu não sou casado. — Ele olhou para Anna, com um sorriso triste nos lábios. — Sou viúvo... desde que Riley tinha dois anos.
Hailey olhou para seu pai, sua expressão igualmente sombria.
O pequeno sorriso de Anna caiu. — Oh, eu sinto muito.
Houve um momento de silêncio enquanto todos refletiam sobre a declaração de Gavin. Griffin ficou em pé, perto de Kellan e sussurrou:
— Cara, sério, quem são essas pessoas?
Rindo, Kellan socou Griffin no ombro.
— Venha, eu vou te dar uma cerveja e desenhar um diagrama. — O riso aliviou a tensão na sala quando Kellan levou seu baixista para a cozinha para lhe contar a verdade sobre suas origens. Griffin seria o primeiro membro da banda a saber oficialmente que o falecido pai de Kellan não era realmente seu pai. Esperemos que o imbecil possa entender o conceito.
No momento em que todos se separaram, já era tarde da noite, quase de manhã. Anna e Griffin foram para seu apartamento aproveitar a maior parte do seu tempo limitado juntos. Gavin e seus filhos voltaram para seu hotel, eles tinham um vôo pela manhã. Meus pais foram para o quarto de hóspedes para passar mais uma noite no meu colchão irregular. Papai suspirou quando Kellan e eu acenamos boa noite, da porta do nosso quarto.
Relutantes em perder o pouco tempo que tínhamos dormindo, Kellan e eu ficamos acordados o restante da noite. Ainda vestida, nos abraçamos na cama e conversamos até a luz da manhã filtrar através da janela. Kellan acariciou meu cabelo enquanto eu descansava minha cabeça em seu peito, ouvindo seus batimentos cardíacos e sua voz suave. O conforto que eu senti em seus braços era palpável. Seu abraço me encapsulava em um calor que me protegeria da mais mortal tempestade de gelo, eu tinha certeza.
Desejando que ele não tivesse que me deixar em poucas horas, eu apertei a camisa e o abracei apertado. Ele parou de falar e beijou meu cabelo. Após um momento de silêncio, ele sussurrou, — Kiera?
Olhei para o rosto dele. Seus olhos eram escuros na luz fraca, mas brilhavam de felicidade. Com um pequeno sorriso nos lábios, ele perguntou:
— Você quer se casar comigo?
Meu coração disparou contra o meu peito enquanto eu estava sentada em meus cotovelos.
— O quê?
Seu sorriso se alargou.
— Quer se casar comigo?
Olhei para o anel na minha mão esquerda, então o anel na sua.
— Nós já nos casamos, não?
O peito de Kellan em meus braços retumbaram com sua diversão, borbulhando em uma risada profunda.
— Sim, mas eu percebi que nunca realmente fiz a pergunta a você. — Suspirando, ele levou o dedo até colocar um fio de cabelo atrás da minha orelha. Quando ele terminou, ele acariciou minha bochecha. — E você merece uma proposta adequada.
Depois que ele disse isso, seu rosto mudou para uma expressão de contemplação. Antes que eu pudesse responder a sua pergunta, ele empurrou meu corpo para longe dele. Tentei puxá-lo de volta, para dizer ansiosamente que sim, mas ele deslizou para fora de debaixo de mim e se levantou. Andando para o outro lado da cama, ele olhou para mim por vários segundos. Assim, quando eu estava prestes a perguntar o que ele estava fazendo, ele soltou um lento, controlado suspiro e, lentamente, afundou-se a um joelho.
Eu não sei por que, mas apenas observá-lo mover-se para o chão fez um soluço subir minha garganta. Minha visão estava nublada, meus dedos foram até meus olhos para limpar as lágrimas. Eu queria ver cada parte disto.
Seus olhos eram brilhantes sob a luz fraca, Kellan olhou para mim.
— Kiera Michelle Allen, você vai me dar a grande honra de ser minha esposa? Quer se casar comigo?
Eu estava balançando a cabeça muito antes de ele terminar de falar. Descendo, peguei seu rosto.
— Sim, é claro, sim. — Beijei-o mais e mais quando eu o puxei de volta para meus braços.
Seu corpo caiu sobre o meu e nós nos beijamos, rimos, e até choramos um pouco, até a luz da manhã desaparecer se transformando em raios de sol brilhantes. Eu ouvi meu pai sair do quarto de hóspedes, que foi uma vez o quarto que eu tinha compartilhado com Denny. Kellan e eu paramos de nos beijar para olhar para a porta fechada do nosso quarto.
Papai levou um tempo excessivamente longo para fazer isso, mas ele acabou se arrastando para baixo para fazer um café.
Com um sorriso de êxtase em seu rosto, Kellan olhou para mim. Entrelaçando nossos dedos juntos, ele sussurrou:
— Por que eu sinto que eu deveria estar me escondendo no armário?
Ele apertou os quadris no meu e se inclinou para beijar o meu pescoço. Fechei os olhos e inclinei a cabeça. As atenções de Kellan começaram a despertar meu corpo. Eu envolvi minhas pernas em volta dele, perguntando o quão quietos Kellan e eu poderíamos ser. Sexo em silêncio com ele era difícil, mas não impossível. Quando seus lábios vagaram para mais longe no meu pescoço, eu murmurei,
— Mmm... porque você é um menino malvado que apenas me usa para satisfazer seus instintos mais básicos.
Kellan me empurrou para trás, me beijando.
— Isso é realmente o que o seu pai pensa de mim?
Pega de surpresa pela sua mudança abrupta de ritmo, eu pisquei e balbuciei:
— Uh, eu não sei... não... Acho que não.
Kellan se deslocou para o meu lado, e eu virei o corpo para encará-lo.
— Sim, ele pensa isso. Ele acha que tudo que eu quero de você é sexo, e que eu tenho uma versão diferente de você em cada cidade que visito.
Apertei os lábios, tentando pensar em alguma pequena mentira na avaliação de Kellan. Infelizmente, eu tinha certeza de que era a maior parte do problema do meu pai com Kellan. Ele simplesmente não confiava nele, não com seu estilo de vida.
Eu dei de ombros.
— Tenho certeza que ele não acha que é em cada cidade.
Kellan franziu a testa, em seguida, pulou para fora da cama novamente. Sentando-se, ele soltou um grunhido exasperado.
— Agora, o que você está fazendo?
Kellan foi até sua cômoda e começou a procurar. Minha objeção saiu dos meus lábios enquanto seus boxers acertaram o chão. Kellan me viu olhando para ele com um sorriso. Escorregando em sua cueca fresca e calça jeans, ele percebeu que eu o olhava descaradamente. Tão atraente como seu corpo nu era, havia algo excessivamente erótico sobre ele ali com seus jeans desprendido. Especialmente com as linhas intrigantes em seu abdômen perfeitamente esculpido esticando e flexionando enquanto ele se movia. Eu realmente queria aquele corpo deitado cima de mim novamente.
Divertindo-se com a minha inspeção intensa, Kellan encontrou uma camisa que ele gostava e colocou-a sobre a sua cabeça. Eu sorri enquanto seu corpo fabuloso foi envolto em algodão vermelho escuro. Mesmo vestido, ele era impressionante. Fechando as calças, Kellan balançou a cabeça enquanto ele se aproximou de mim.
— Sabe que, se eu te olhasse do jeito que você está olhando para mim, você gritaria comigo.
Eu lhe dei um beijo rápido quando ele se inclinou para mim.
— Eu nunca iria gritar... mas sim, eu sei. — Seu rosto era uma mistura de diversão e irritação quando ele se afastou. Rindo, eu disse a ele:
— A vida é cheia de injustiça. — Eu fiz uma careta. — Como você me deixando agora. Para onde você está indo?
Kellan sorriu enquanto passava os dedos pelo cabelo, facilmente organizando as camadas em um bagunça irresistível.
— Eu vou mostrar para o seu pai que você significa mais para mim do que ele pensa. Meu único interesse não é só dormir com sua filha. — Ele piscou, então se virou para ir embora. Com a mão na maçaneta da porta, ele virou de volta. — Embora, isto é realmente o que eu gostaria de estar fazendo agora. — Seus olhos percorreram meu corpo, me acendendo. Kellan suspirou enquanto eu me contorcia sob seu exame minucioso. Encontrando meus olhos, ele acrescentou: — Vê o sacrifício que eu faço por você?
Ele sorriu e saiu do quarto antes que eu pudesse responder.
Pensei em me juntar a Kellan e meu pai, mas decidi esperar. Meu pai precisava conhecer Kellan sozinho se estivesse realmente tentando ter um vínculo com ele. E além do mais, eu não queria distrair Kellan com meu sexy fascínio. Sim, claro, sexy. Sorrindo para o meu próprio ridículo pensamento, eu pulei da cama. Kellan era o sedutor no nosso relacionamento, o que era um privilégio para mim. Eu era a sortuda.
Topei com minha mãe no corredor, quando fiz meu caminho para o banheiro. A casa de Kellan era um pouco pequena. O andar de cima consistia apenas de dois quartos com banheiro pequeno escondido entre eles.
Esbarrar em pessoas no corredor era quase inevitável. Foi como eu oficialmente conheci Kellan pela primeira vez.
Minha mãe sorriu enquanto ouvia seu marido ter uma conversa civilizada com o meu. Eu lhe dei um breve abraço enquanto eu ouvia também. Papai estava perguntando a Kellan se ele poderia realmente fazer algum dinheiro com sua ―coisa‖ de banda.
Quando Kellan começou a explicar que ele provavelmente faria "bem", mamãe concentrou sua atenção em mim.
— Devemos passar em algumas boutiques de casamento enquanto eu estou na cidade. Encontrar um vestido antes de eu voltar para casa.
Eu me arrepiei com a ideia.
— Mãe, eu realmente não preciso de uma grande produção. Eu só quero mantê-lo simples.
Mamãe balançou sua mão.
— Mesmo simples você ainda vai precisar de um vestido.
Eu contive o suspiro de derrota que se mexia em meus pulmões. Eu realmente não podia discutir com isso.
— Ok, com certeza.
Antes que ela pudesse comentar mais, eu entrei no banheiro e rapidamente fechei a porta atrás de mim. Eu só sabia que noventa por cento do meu casamento seria traçado antes dela ir embora. Quem imaginaria que ela ficaria tão obcecada com casamentos? Nós certamente nunca discutimos isso antes. Isso só não tinha realmente chegado a ser discutido quando eu estava com Denny.
Talvez mamãe tenha visto a conexão entre Kellan e eu, e sabia, assim como eu, que eu tinha encontrado a pessoa certa.
Minha alma. Minha cara-metade. Minha razão de ser. Nada nesta vida jamais me encheu de tanta alegria e paz como Kellan. Eu realmente não sei o que eu faria sem ele.
Quando saí do banheiro após o meu obscenamente longo banho, Kellan estava em nosso quarto, mas ele tinha colocado suas calças de corrida e estava amarrando seus tênis de corrida. Minha expressão deve ter sido estranha, pois ele tinha uma também quando ele me notou. Claro, isso poderia ter sido porque tudo o que eu usava era uma toalha fina, branca que mal cobria meu corpo. Eu realmente precisava colocar uma roupa.
Com um sorriso divertido nos lábios, ele terminou de amarrar seus sapatos.
— O quê? — perguntei, fechando a porta atrás de mim.
Kellan balançou a cabeça, seu sorriso crescendo.
— Nada. — comecei a perguntar novamente o que era tão divertido para ele, mas ele terminou com seus sapatos e se levantou. — Eu estou indo para uma corrida rápida.
— Ok. — Querendo saber se o meu pai tinha sido duro com ele na minha ausência, acrescentei: — Tudo bem?
Seus profundos olhos azuis caíam no meu corpo quase nu. Eu estava imediatamente ciente do fato de que eu não estava usando nada. Quando seus olhos se voltaram para o meu, houve uma nítida vantagem de calor neles.
— Tudo está bem. Só preciso fazer um pouco de manutenção. — Mudando a sua expressão para um sorriso casual, ele passou a mão em cima de sua camisa e acariciou seu abdômen tanquinho. Mão sortuda. Caminhando para mim, ele retirou sua mão sob a camisa, em seguida, estendeu a mão para apertar a minha bunda. — Não gostaria de ficar flácido agora que eu sou casado.
Eu ri e bati a mão dele quando começou a puxar a minha toalha. Colocando meus braços ao redor de seu pescoço, deixei-me ficar um pouco perdida em sua perfeição física.
— Eu prefiro ter você flácido a você ir.
Kellan me segurou perto dele, ele parecia um pouco perdido em si mesmo quando ele olhou para mim.
— Eu só preciso... — Ele parou por um segundo e então me disse: — Eu preciso de um pouco de ar fresco. — Ele me deu um beijo rápido e pareceu perfeitamente à vontade, mas eu juro que ele tinha acabado de alterar o que ele ia dizer para mim. Ou talvez eu só estivesse sendo paranoica. Nosso relacionamento não foi sempre o mais honesto. Mas tinha jurado que não íamos mais guardar nada do outro, e eu confiava nele.
Balançando a cabeça, eu o liberei. Seu sorriso nunca vacilou, mas eu pensei ter visto a luz em seus olhos diminuindo um pouco quando ele se afastou de mim. Abrindo meu armário, eu vi Kellan quando ele começou a abrir a porta. Ele parou antes que fizesse, no entanto. Encostando a cabeça no batente da porta, ele murmurou,
— Porra, eu não posso fazer isso.
Ignorando minhas roupas, eu virei para ele.
— Kellan? — Eu estava certa agora? Ele mentiu para mim?
Inalando uma respiração profunda, Kellan olhou para mim em silêncio por longos momentos. A tensão no quarto triplicou a cada segundo que passava. O ar frio tomou conta de minha pele úmida, me refrigerando, e cada gota de água que caia do meu cabelo parecia uma perfuração de gelo no meu corpo. Eu comecei a tremer quando meus nervos amplificaram a sensação.
Vendo o meu medo, Kellan deu um passo em minha direção.
— Você disse que a honestidade total e completa, certo?
Eu balancei a cabeça, incapaz de falar ainda. Kellan olhou para longe. Sua mente estava girando claramente sobre algum problema.
Eu só não sabia o que era. Engoli o caroço na minha garganta, e consegui perguntar:
— O que foi?
Ele olhou para mim.
— Sinto muito. Eu propositadamente enganei você agora. Eu não vou sair de casa porque quero me exercitar, ou porque eu quero ar. Eu preciso fazer uma coisa... e eu preciso fazer isso sozinho.
O gelo se estabeleceu sobre a minha pele e explodiu imediatamente em chamas, eu jurei que eu podia ouvir o chiar.
— Você... Mentiu para mim? Sobre o quê? O que exatamente você precisa fazer sozinho?
Kellan se encolheu e estendeu as mãos para cima.
— Olha, eu queria evitar essa reação, é por isso que eu menti. Mas estamos tentando fazer a coisa da honestidade, então eu mudei de ideia e decidi contar a verdade. Então, não fique brava.
Eu estava tão quente de raiva que eu senti meu cabelo secando por si só, nos próximos cinco segundos, eu soltei,
— Mas você não me disse a verdade. Você não me disse nada. Você está sendo vago e misterioso... e eu não gosto disso.
Kellan fechou os olhos.
— Teria sido mais fácil simplesmente continuar andando. — Eu comecei a tocar meu pé, e Kellan lentamente reabriu os olhos. — Joey ligou enquanto você estava no chuveiro. Eu estou indo me encontrar com ela, e eu quero que você fique aqui com seus pais.
Meu queixo caiu.
— Não! Eu não quero que você a veja sem mim. Eu vou com você!
Kellan balançou a cabeça.
— Eu não te quero perto dela. Quero que você fique aqui. — Seu tom era firme, de comando. Isso realmente me deixa puta.
— Você não é o meu chefe. Se eu quero ir... — Suspirando, Kellan se afastou de mim. Eu agarrei o cotovelo e o fiz girar o rosto para mim. — Ei, eu não tinha terminado de falar com você.
Com a boca definida em uma linha firme, Kellan respondeu:
— Eu sei que não sou seu chefe, Kiera. Eu tive noção disso alto e claro quando Denny caminhou de volta para sua vida e você não disse uma palavra para mim. Mas você não é minha chefe também, e se eu quero fazer isso no meu próprio jeito, então eu vou.
Com isso, ele se virou e saiu. E eu deixei.
Lágrimas estavam ardendo em meus olhos quando me sentei na cama. Absoluta honestidade não era tudo o que eu achava que era.
Eu me irritei por um longo tempo depois que ele saiu. Meu pai tentou me fazer sentir melhor, dizendo-me que talvez Kellan não fosse a pessoa certa para mim. Ele parou de falar quando o meu olhar frio virou mortal. Minha mãe estava suspeitamente tranquila enquanto folheava uma revista de casamento, eu não tinha ideia de onde ela tirou a revista, mas pelo prazer em seu rosto enquanto examinava as páginas, e seu silêncio em meu óbvio desprazer, ficou claro que ela estava esperando que Kellan e eu concertássemos as coisas em breve. E eu queria. Eu não gostava de estar zangada com ele. Eu não gostava quando gritávamos um com o outro. Eu sabia que as divergências eram inevitáveis, apesar de tudo. Kellan e eu tínhamos brigado muitas vezes antes, mas parecia que a maioria de nossas brigas eram coisas grandes. Nós não tínhamos briguinhas. Não de verdade. Isto era novo para nós, e eu realmente não sabia como lidar com isso.
Tudo o que eu ficava pensando, quando ele foi embora, foi o que ele poderia dizer ou fazer com Joey. Bem, não, eu realmente não acho que ele faria qualquer coisa com ela. Ele me amava, estávamos casados. Ele não iria quebrar isso com uma prostituta com quem tinha tido relações sexuais anos atrás.
Então, eu estava com medo sobre o que ele diria? Bem, não, eu sabia muito bem o que ele diria. Ele a xingaria, diria que ela foi um grande erro, e jogaria um punhado de dinheiro para ela, com a esperança de que se calasse. Sorri para a imagem dele pondo tudo isso para fora. Ele era absurdamente atraente quando estava com raiva.
Meu pequeno sorriso descongelou meus nervos. Não, eu não estava preocupada com Kellan e tudo isso. Era o elemento desconhecido. Era Joey. Eu não sabia o que ela faria ou diria a ele, e isso me deixava ansiosa. E isso era exatamente o motivo que Kellan não queria que eu fosse. Ele a conhecia, morou com ela. Ele sabia que ela tinha um temperamento ardente. Ele estava tentando me proteger indo encontrá-la sozinho, e eu briguei com ele por causa disso.
Minha raiva desapareceu enquanto eu considerava a visão de Kellan da situação. Ele devia estar envergonhado. Não pelo vídeo, mas pela forma como foi exposto na frente dos meus pais e eu. Ele queria a história com Joey resolvida para seguir em frente. Ele sabia que me levando só arrastaria o processo, ou possivelmente até mesmo atrapalharia tudo. Certamente Joey iria dizer ou fazer algo que iria me ofender, e eu ia acabar brigando com a mulher. Kellan provavelmente estava certo sobre ter me deixado para trás. Se eu fosse ele, eu acho que eu iria querer que eu ficasse para trás também.
Quando Kellan finalmente chegou em casa, cerca de uma hora e meia mais tarde, minha raiva tinha desaparecido. Todo o mundo olhou para Kellan quando ele entrou na casa. Ele inalou uma respiração profunda enquanto fechava a porta. Lançou-me olhares nervosos, nunca totalmente voltando-se para olhar para mim. Seu cabelo estava pingando de suor e os braços brilhavam. Eu imaginei que ele tinha decidido ir para uma corrida, afinal. Talvez ele precisasse depois de lidar com a putinha.
Sabendo que eu precisava pedir desculpas, eu deixei o notebook que eu estava usando e fiz com cautela meu caminho até ele. Ele olhou para longe de mim e murmurou algo sobre a necessidade de um banho antes de sair para o aeroporto. Uma fatia de dor passou por mim com a ideia dele partir, mas agora, sua distância estava me preocupando mais. Quando eu entrei na porta de entrada, ele se virou e subiu a escada.
— Kellan?
Ele desapareceu na esquina, mas falou,
— Eu vou estar de volta... só preciso me limpar.
Eu tentei não interpretar isso de outra forma além da honestidade, ele estava suado e queria estar fresco para sua viagem. Resumidamente olhando de volta para os meus pais, e o segui pelas escadas. Ele estava examinando-se no espelho do banheiro quando eu encontrei com ele.
— Kellan? — perguntei novamente.
Ele olhou para mim e eu engasguei. No espelho eu podia ver uma linha vermelha de raiva rasgada e ensanguentada de pele. Começava em sua bochecha e se estendia até o queixo. Era por isso que ele não olhou para mim lá embaixo- A cadela o atacou.
— Ela bateu em você? — Meu coração disparou quando corri até ele.
Kellan olhou para o ferimento no espelho, então suspirou quando ele percebeu que eu poderia vê-lo no reflexo.
— Eu estou bem, Kiera.
Agarrando seu rosto, eu cuidadosamente virei a cabeça para examinar o ferimento mais de perto.
— Ela tirou sangue. Essa cadela tirou seu sangue!
— Está tudo bem. — Ele sorriu. — Não é a primeira vez que uma mulher me corta.
Eu ignorei a sua referência provocativa ao nosso encontro no stand de café, os meus olhos lacrimejantes. Seu sorriso deslizou para longe dele enquanto ele examinava meu rosto, tão certo como eu estava examinando o seu.
— As coisas... não foram muito bem. Talvez você deveria ter ido, afinal.
Coloquei a mão na parte do seu rosto ileso. — Talvez tenha sido melhor eu não ter ido. Eu provavelmente teria sido presa por assassinato.
Um leve sorriso levantou os lábios de Kellan, mas rapidamente desapareceu.
— Me desculpe, eu fui um idiota com você. Eu só não queria que você estivesse envolvido nessa feiura. — Eu acariciava sua pele úmida com meu polegar.
— Eu não estou envolvida com ela, estou envolvida com você, e eu queria estar lá para apoiá-lo.
Kellan olhou para baixo, seu rosto uma mistura de valorização e preocupação. — Eu sei. Eu só... Eu sei como ela é, e eu sabia como ela seria. — Ele olhou para mim. — Especialmente agora que ela sabe o que você significa para mim. Eu queria protegê-la.
Eu dei um leve beijo no queixo dele, sua pele estava um pouco salgada.
— Eu não sou fraca. Eu posso lidar com isso.
O sorriso de Kellan foi pacífico quando ele sentou no balcão do banheiro.
— Eu sei que você não é fraca. Acho que eu sou o fraco. Precisava saber que você estava segura e protegida. Eu não queria que você tivesse que ouvir... — Sua voz sumiu quando ele deixou seu pensamento morrer. — Isso foi tudo sobre mim, Kiera... e eu sinto muito.
Eu poderia facilmente imaginar o que Joey teria dito para mim, cada intimidade que ela teria descrito, cada mau comportamento que ela tinha testemunhado de Kellan. Ela teria tentado fazer uma rachadura entre nós, só porque ela não tinha sido capaz de transformar Kellan em um de seus brinquedos. Ela só reafirmou para mim o quão perigoso pode ser o ciúme.
Endireitando os meus ombros, eu coloquei meus braços ao redor do pescoço de Kellan.
— Você pode parar de se desculpar, sabe. Eu te perdoei um tempo atrás.
Com seu sorriso largo, Kellan passou os braços em volta da minha cintura. A linha irregular ao longo de sua mandíbula não parecia tão ruim com os olhos brilhando de felicidade.
— Sim?
Aproximando-me dele, eu encolhi os ombros.
— Claro. Você e eu não vamos sempre concordar, nem sempre vamos nos dar bem. — Com cuidado para evitar o seu corte, peguei ambas bochechas quentes. — E... estou tão orgulhosa de você por me dizer a verdade quando realmente queria mentir. Isso significa mais para mim do que... Bem, tudo. — Minha garganta fechou, e eu tive que engolir para aliviar a pressão.
Os olhos de Kellan procuraram os meus quando ele balançou a cabeça em minhas mãos. Lágrimas picavam meus olhos enquanto eu pensava nas muitas mentiras que tinham salpicado nosso relacionamento. Honestidade, mesmo que dolorosa, às vezes, é a melhor coisa que poderíamos fazer.
Antes da emoção do momento pudesse me varrer, eu fiz o meu humor iluminar e perguntei-lhe:
— Você quer me dizer o que aconteceu?
Kellan deu um suspiro longo e prolongado, lembrando-me que nem um de nós dormiu na noite passada. Eu sufoquei um bocejar após essa reflexão.
— Ela queria vir aqui em casa, mas eu disse a ela que eu ia encontrá-la em um lugar perto daqui. Eu queria vê-la lá, para que ela não aparecesse aqui de qualquer maneira, então eu não tive tempo para ir a um banco. Eu não tinha dinheiro suficiente, e ela surtou quando eu escrevi-lhe um cheque para pagar o que faltava. Eu me ofereci para dirigir com ela até o banco, mas ela me deu um tapa, e eu disse-lhe para se foder. Eu fui para uma corrida depois para jogar fora um pouco da raiva. — Puta. Ele revirou os olhos. — Ela tem um toque de loucura. Não sei como convivi com ela.
Eu estava querendo saber como ele já dormiu com ela. Mas ele já estava irritado, então eu não disse isso. Beijando minha cabeça, ele murmurou,
— Eu só quero tomar banho agora, preparar-me para ir.
Dei um passo para trás para Kellan poder afastar-se da pia. Eu odiava que ele ia embora hoje e eu não.
Eu desejava que ele pudesse ficar. Eu queria poder ir. Mas desejar não muda nada, e nós dois tínhamos que ser pacientes. Kellan ligou a água enquanto eu fechava a porta do banheiro. Eu assumi seu lugar no balcão e o observei ajustar a temperatura do chuveiro. Esperamos que a água quente tivesse recarregado desde o meu longo banho mais cedo.
Quando a água estava perfeita, Kellan tirou os sapatos, meias e camiseta, a camisa úmida agarrou-se a sua pele. Quando ele tirou a camisa, meus olhos fixaram na tatuagem sobre seu coração. Foi uma coisa boa Joey não ter visto o meu nome gravado em sua pele. Kellan poderia ter recebido mais do que uma linha sangrenta em seu rosto. Mas Kellan não costumava mostrar sua tatuagem para o mundo. Era nossa, particular. Eu realmente sentiria falta de ver as letras quando ele fosse embora. Apenas uma das milhares de coisas que eu gostava e sentiria saudade.
Os dedos de Kellan fizeram uma pausa em suas calças de corrida. Despertada de meus pensamentos melancólicos, olhei para o seu rosto. Ele estava franzindo a testa.
— Estou cometendo um erro? — ele sussurrou sobre o som do chuveiro.
Já que não havíamos falado nada, eu não tinha certeza do que ele quis dizer com isso. Vendo minha expressão perdida, Kellan esclareceu.
— Fazer um álbum, sair em turnê... estou cometendo um erro? — O banheiro estava cheio de vapor, quando eu pulei do balcão. Kellan agarrou a minha mão quando eu pisei na frente dele. — Tudo que eu quero é uma vida tranquila com você, — continuou ele. — O que eu estou indo fazer... não é exatamente uma vida tranquila.
Querendo saber como consolá-lo, quando muitas vezes eu pensei a mesma coisa, eu subi e corri meu polegar sobre sua cicatriz.
— Kellan, sua vida nunca mais será tranquila, não importa o que você faça. — Ele riu da minha referência, a confusão no rosto. Eu coloquei minha mão em seu peito e olhei em seus olhos. — Você pertence a um palco. É o que você nasceu para fazer.
Mesmo que fosse contraditório com a paz e tranquilidade que tanto queria, eu sabia, sem dúvida que o minha declaração era verdade. Kellan estava fazendo o que deveria fazer. Ele estava vivendo o seu destino.
Mas isso não tinha que significar que iríamos desistir de uma vida pacífica juntos. Só queria dizer que tínhamos que ser flexíveis. Dando-lhe um beijo suave, eu murmurei,
— Nós vamos ter que encontrar momentos de calma em meio ao caos, e somos muito bons nisso.
Kellan devolveu meu beijo suave.
— Sim... nós vamos. — Inclinando a cabeça para o chuveiro, ele levantou uma sobrancelha em questão. Eu sabia o que ele estava perguntando: Quer se juntar a mim? Uma grande parte de mim queria dizer que sim, mas tinha coisas importantes a fazer hoje, e eu tinha dois pais sempre vigilantes no andar térreo que estávamos tentando impressionar com a nossa moderação. E eu tinha certeza de que não tinha água quente o suficiente no reservatório.
Balançando a cabeça, dei-lhe um beijo final, em seguida, reuni a roupa. Ele franziu a testa para mim, então pegou o resto de suas roupas e as colocou em meus braços.
— Obrigado pela conversa. — disse ele, inclinando-se para beijar minha bochecha.
Eu tentei manter meus olhos em seu rosto, eu realmente fiz, mas eu não pude resistir a olhar seu corpo.
— Sempre que quiser.
Minhas bochechas coraram quando eu o assisti entrar no chuveiro. Ele balançava a cortina no lugar e começou cantarolando uma canção. Eu parei com a mão na maçaneta da porta, ouvindo-o, eu podia ouvi-lo todos os dias.
De repente, ele prendeu uma respiração afiada e praguejou. Voltei a olhar para a sua sombra através da cortina pálida.
— Você está bem?
Ele enfiou a cabeça para fora, com a cabeça confusa de cabelo que foi completamente puxado para trás.
— Sim... caramba, isso ardeu.
Eu queria franzir a testa com a dor que a cadela havia lhe dado, mas o olhar petulante no rosto era tão adorável que eu acabei rindo em seu lugar. Ele não estava se divertindo com isso e voltou para o chuveiro.
— Eu poderia te arranjar um curativo, quer? — perguntei, com um tom alegre.
Kellan soltou um sonoro exalar.
— Estou bem, obrigado.
— Bebezão, — eu murmurei, abrindo a porta.
Mamãe estava subindo as escadas quando saí para o corredor. Seu rosto se iluminou quando ela viu. Seu dedo longo, elegante apontou para uma seção da revista brilhante que ela tinha em suas mãos.
— Eu só encontrei o mais lindo buquê no mundo. Você tem que dar uma olhada nisso.
Com os braços cheios de roupas suadas de Kellan, eu lancei um sorriso.
— Claro, mãe... Não há problema. Deixe-me colocar estes na lavanderia antes.
Ela assentiu com entusiasmo enquanto me seguia. Quando que ela e meu pai iriam embora mesmo?
Comentários
Postar um comentário
Nada de spoilers! :)