Capítulo 15 - Beati Bellicosi

O interior da Ironworks estava pungente com feixes cintilantes de luzes multicoloridas. Vários convidados já estavam sentados, mas muitos estavam andando por lá, carregando taças de champanhe cheias de um pálido líquido efervescente. Garçons – os quais também eram lobisomens, Simon notou; o evento todo parecia estar provido com membros da matilha de Luke – moviam-se por entre os convidados, servindo taças.
Simon recusou uma. Desde sua experiência na festa de Magnus, ele não se sentia seguro bebendo qualquer coisa que não tenha sido feita por ele mesmo, e, além disso, ele nunca sabia quais líquidos, sem ser sangue, iriam cair bem e quais o fariam doente.
Maia estava encostada num dos pilares de tijolos, conversando e rindo com outros dois lobisomens. Ela usava um cintilante vestido justo de cetim laranja que destacava sua pele escura, e seu cabelo era um halo selvagem de cachos castanho-dourados ao redor do rosto. Ela viu Simon e Jordan, e deliberadamente se virou. A parte de trás do seu vestido era em decote em V, que mostrava muita pele nua, inclusive a tatuagem de borboleta de um lado ao outro na parte inferior de suas costas.
— Acho que ela não tinha aquilo quando eu a conheci — Jordan comentou — aquela tatuagem, eu quero dizer.
Simon olhou para Jordan. Ele estava arregalando os olhos para a sua ex-namorada com o tipo de cobiça óbvia, Simon suspeitou, que ia levá-lo a tomar um soco na cara de Isabelle se ele não tivesse cuidado.
— Vamos — ele disse, colocando sua mão contra as costas de Jordan e empurrando levemente — vamos ver onde estamos sentados.
Isabelle, que estava os observando por cima de seu ombro, deu um sorriso felino.
— Boa ideia.
Eles fizeram seu caminho pela multidão para a área onde estavam as mesas, apenas para descobrir que a mesa deles já estava meio ocupada. Clary estava sentada em um dos assentos, olhos baixos em uma taça de champanhe cheia de algo que mais parecia cerveja de gengibre. Perto dela estavam Alec e Magnus, ambos com terno preto que vestiam quando chegaram de Viena. Magnus parecia estar brincando com a borda franjada do seu longa cachecol branco. Alec, com os braços cruzados no peito, estava encarando furiosamente o nada.
Clary, vendo Simon e Jordan, pulou para seus pés, alívio evidente em seu rosto. Ela contornou a mesa para cumprimentar Simon, e ele percebeu que ela estava usando um vestido muito simples de seda dourada e sandálias baixas da mesma cor. Sem saltos para lhe dar altura, ela parecia muito pequena. O anel Morgenstern estava em seu pescoço, o prata reluzindo contra a corrente que o segurava. Ela ergueu-se para abraçá-lo e murmurou:
— Acho que Alec e Magnus estão brigados.
— Parece mesmo — ele murmurou de volta — onde está o seu namorado?
Com isso ela desatou os braços do pescoço dele.
— Ele ficou preso no Instituto — ela virou-se — hey, Kyle.
Ele sorriu um pouco embaraçado.
— É Jordan, na verdade.
— É, andei ouvindo — Clary gesticulou em direção as mesas — bem, nós devíamos nos sentar. Acho que logo vai haver o brinde e outras coisas. E então, esperançosamente, comida.
Eles todos sentaram. Houve um longo e estranho silêncio.
— Então — Magnus finalmente disse, correndo um longo dedo branco em volta do aro de sua taça de champanhe — Jordan, ouvi falar que você está no Praetor Lupus. Vejo que você está usando um dos medalhões deles. O que diz nele?
Jordan assentiu. Ele estava corado, seus olhos cor de avelã cintilando, sua atenção apenas parcialmente na conversa. Ele estava seguindo Maia pelo salão com os olhos, seus dedos cerrando e abrindo na borda da toalha de mesa. Simon duvidou que ele estivesse ciente disso.
— Beati bellicosi: abençoados são os guerreiros.
— Boa organização — Magnus observou — conheci o homem que a fundou, por volta de 1800. Woolsey Scott. Respeitável família antiga de lobisomens.
Alec fez um barulho feio no fundo de sua garganta.
— Você dormiu com ele também?
Os olhos de gato de Magnus se arregalaram.
— Alexander!
— Bem, eu não sei nada sobre o seu passado, sei? — Alec demandou. — Você não me conta nada; apenas diz que não importa.
O rosto de Magnus estava sem expressão, mas havia um sombrio matiz de raiva em sua voz.
— Isso significa que toda vez que eu mencionar alguém que conheci você vai me perguntar se eu tive um caso com ele?
A expressão de Alec era inflexível, mas Simon não pôde evitar ter um lapso de simpatia; a dor por trás de seus olhos azuis era clara.
— Talvez.
— Eu conheci Napoleão uma vez — Magnus comentou — nós não tivemos um caso, entretanto. Ele era chocantemente pudico para um cara francês.
— Você conheceu Napoleão? — Jordan, quem parecera ter perdido a maior parte da conversa, olhou impressionado. — Então é verdade o que eles dizem sobre os bruxos?
Alec deu a ele um olhar muito desgostoso.
— O que é verdade?
— Alexander — Magnus rebateu friamente, e Clary encontrou os olhos de Simon por sobre a mesa. Os dela estavam arregalados, verdes e cheios de uma expressão que diz uh-oh. — Você não pode ser rude com todo mundo que fala comigo.
Alec fez um gesto amplo e taxativo.
— E por que não? Eu estou te constrangendo? Quero dizer, talvez você estivesse esperando flertar com o garoto lobisomem aqui. Ele é bem atraente, se você gosta do tipo cabelo bagunçado, ombros-largos, escultural.
— Ei, é... — Jordan falou rapidamente.
Magnus pôs suas mãos na cabeça.
— Ou há um monte de garotas aqui, desde que aparentemente seu gosto vai em ambas as vias. Existe alguma coisa a qual você não tope?
— Sereias — Magnus respondeu entre seus dedos — elas sempre cheiram a algas marinhas.
— Isso não é engraçado — Alec disse selvagemente, e chutando para trás sua cadeira, levantou-se da mesa e retirou-se para dentro da multidão.
Magnus ainda tinha sua cabeça nas mãos, as pontas pretas de seus cabelos saindo por entre seus dedos.
— Eu apenas não vejo — ele disse para ninguém em particular — porque o passado tem que importar.
Para a surpresa de Simon, foi Jordan quem respondeu.
— O passado sempre importa. É o que eles te dizem quando você se junta ao Praetor. Você não pode esquecer as coisas que fez no passado, ou nunca vai aprender com elas.
Magnus olhou para cima, seus olhos verde-dourados reluzindo através de seus dedos.
— Quantos anos você tem? — Ele demandou. — Dezesseis?
— Dezoito — Jordan respondeu, parecendo ligeiramente assustado.
A idade de Alec, Simon pensou, suprimindo um sorriso interior. Ele na verdade não achava o drama de Alec e Magnus divertido, mas era difícil não sentir certo divertimento amargo com a expressão do Jordan. Jordan era duas vezes o tamanho de Magnus – apesar de ser alto, Magnus era esbelto pelo ponto da magreza – mas Jordan estava claramente com medo dele. Simon se virou para compartilhar um olhar com Clary, mas ela estava olhando para a porta da frente, seu rosto ficara repentinamente branco osso.
Largando seu guardanapo sobre a mesa, ela murmurou, “Com licença”, e se levantou, praticamente fugindo da mesa.
Magnus jogou suas mãos para cima.
— Bem, se vai ser um êxodo em massa... — ele disse, e levantou graciosamente, jogando seu cachecol em volta do pescoço.
Ele desapareceu no meio da multidão, provavelmente procurando por Alec.
Simon olhou para Jordan, que estava fitando Maia de novo. Ela estava de costas para eles e conversava com Luke e Jocelyn, rindo, jogando seu cabelo cacheado para trás.
— Nem mesmo pense nisso — Simon disse, e se levantou. Ele apontou para Jordan — você fique aqui.
— E faço o quê? — Jordan demandou.
— O que quer que um Praetor Lupus faz nessas situações. Medita. Contempla seus poderes Jedi. Seja o que for. Eu volto em cinco minutos, e é melhor você estar aqui.
Jordan recostou-se cruzando os braços sobre o peito em um claro jeito rebelde, mas Simon já havia parado de prestar atenção. Ele se virou e moveu-se para dentro da multidão seguindo Clary.
Ela era uma partícula de vermelho e dourado no meio dos corpos em movimento, coroada com seu retorcer de cabelos brilhantes. A alcançou em um dos pilares envoltos em luz e colocou uma mão em seu ombro. Ela se virou com uma assustada exclamação, olhos arregalados, mãos levantadas como que para afastá-lo. Ela relaxou quando viu quem era.
— Você me assustou!
— Obviamente. O que está acontecendo? Com o que você está tão apavorada?
— Eu...
Ela abaixou sua mão com um encolher de ombros. Apesar de ter forçado uma aparência de casual desdenho, a pulsação em sua garganta estava como um beija-flor.
— Pensei ter visto Jace.
— Eu notei — Simon disse — mas...
— Mas?
— Você parece realmente assustada.
Ele não tinha certeza do por que tinha dito aquilo exatamente, ou o que estava esperando que ela respondesse. Ela mordeu seu lábio, do modo como sempre fazia quando estava nervosa. Seu olhar por um momento estava longe dali; essa era uma expressão familiar para Simon. Uma das coisas que ele sempre amou em Clary era o jeito que ela facilmente era apanhada por sua imaginação, como podia facilmente enclausurar-se em mundos ilusórios de maldições, príncipes, destino e mágica.
Um dia ele tinha sido capaz de fazer o mesmo, tinha sido capaz de habitar mundos imaginários ainda mais emocionantes por serem seguros – por serem fictícios. Agora que o mundo real e o imaginário se colidiam, ele se perguntava se ela, como ele, ansiava pelo passado, pelo normal. Ele se perguntava se normalidade era algo como a visão ou o silêncio, que você não percebia que era precioso até perder.
— Ele está passando por um momento difícil — ela sussurrou — estou assustada por ele.
— Eu sei. Olha, sem querer bisbilhotar, mas... ele descobriu o que tem de errado? Alguém descobriu?
— Ele... — ela interrompeu — ele está bem. Está apenas passando por um momento difícil que vem do período de algumas coisas do Valentim. Você sabe.
Simon sabia. Também sabia que ela estava mentindo. Clary, que dificilmente escondia alguma coisa dele. Ele deu a ela um olhar duro.
— Ele está tendo sonhos ruins — Clary contou — estava preocupado que houvesse algum envolvimento demoníaco...
— Envolvimento demoníaco? — Simon ecoou em descrença.
Ele tinha conhecimento de que Jace estava tendo sonhos ruins – ele havia dito isso – mas Jace nunca mencionou demônios.
— Bem, aparentemente, há tipos de demônios que tentam te alcançar através dos sonhos — Clary disse, soando como se estivesse arrependida de ter trazido isso à tona de qualquer modo — mas tenho certeza de que não é nada. Todo mundo tem sonhos ruins de vez em quando, não tem? — Ela colocou uma mão no braço do Simon. — Estou apenas indo ver como ele está. Eu vou voltar.
O olhar dela já estava deslizando por ele, indo para as portas levavam ao terraço. Ele ficou para trás e com um aceno de cabeça deixou-a ir, observando-a se afastar em meio à multidão.
Ela parecia tão pequena – pequena do modo como era na primeira série quando ele tinha caminhado para a porta da frente da casa dela e a observado subir as escadas, minúscula e determinada, sua lancheira batendo contra seu joelho enquanto ela ia. Ele sentiu seu coração, o qual já não batia mais, contrair, e se questionou se havia algo mais doloroso no mundo do que não ser capaz de proteger as pessoas que você amava.
— Você parece mal — disse uma voz em seu cotovelo. Rouca, familiar — pensando sobre que pessoa horrível você é?
Simon se virou e viu Maia inclinada contra o pilar atrás dele. Ela tinha uma linha de pequenas luzes brilhantes branca envolvida em torno do seu pescoço, e seu rosto estava corado com champanhe e calor do salão.
— Ou talvez eu devesse dizer — ela continuou — que vampiro horrível você é. Exceto que isso faz soar que você é ruim em ser um vampiro.
— Eu sou ruim em ser um vampiro. Mas não significa que eu não tenha sido ruim em ser um namorado, também.
Ela sorriu torto.
— Bat disse que eu não deveria ser tão dura com você. Ele diz que garotos fazem coisas estúpidas quando garotas estão envolvidas. Especialmente os geeks que anteriormente não tiveram muita sorte com mulheres.
— É como se ele pudesse ver dentro da minha alma.
Maia balançou a cabeça.
— É difícil ficar furiosa com você.  Mas eu estou trabalhando nisso.
Ela se virou para ir.
— Maia — Simon chamou.
Sua cabeça tinha começado a doer, ele se sentiu um pouco tonto. Se não falasse com ela agora, contudo, nunca falaria.
— Por favor. Espere.
Ela voltou e olhou para ele, ambas as sobrancelhas erguidas questionadoramente.
— Desculpe-me pelo o que fiz. Sei que eu disse isso antes, mas eu realmente sinto muito.
Ela encolheu os ombros, sem expressão, dando nada a ele.
Ele afastou a dor em sua cabeça.
— Talvez Bat esteja certo — ele disse — mas acho que há mais do que isso. Eu quis ficar com você porque... e isso vai soar bem egoísta – você me faz sentir normal. Como a pessoa que eu era antes.
— Eu sou um lobisomem, Simon. Não exatamente normal.
— Mas você... você é — ele continuou, tropeçando um pouco nas palavras — você é genuína e real – uma das pessoas mais reais que eu já conheci. Você queria aparecer e jogar Halo. Queria falar sobre quadrinhos, ir para shows, sair para dançar e apenas fazer coisas normais. E você me tratou como se eu fosse normal. Você nunca me chamou de “Diurno” ou “vampiro” ou nada mais além de Simon.
— Essas são todas coisas de amigos — Maia apontou. Ela estava recostada contra o pilar de novo, seus olhos brilhando suavemente enquanto falava — não coisas de namorada.
Simon apenas olhou para ela. Sua dor de cabeça pulsava como um batimento cardíaco.
— E então você anda por aí — ela adicionou — trazendo Jordan com você. O que você estava pensando?
— Isso não é justo — Simon protestou — eu não tinha ideia de que ele era seu ex...
— Eu sei. Isabelle me contou — Maia interrompeu — mas, de qualquer maneira, me sinto apenas mandando você para o inferno a respeito disso.
— Ah é?
Simon levantou o olhar para Jordan, que estava sentado sozinho na mesa redonda revestida de drapeados, como um garoto cujo o par do baile de formatura não tinha aparecido. Simon de repente se sentiu cansado – cansado de se sentir preocupado com todo mundo, cansado de se sentir culpado pelas coisas que ele havia feito e que provavelmente faria no futuro.
— Bem, Izzy te contou que Jordan se designou para mim, pois assim ele poderia ficar perto de você? Você deveria ouvir o jeito como ele pergunta sobre você. Até mesmo o modo como ele diz seu nome. Cara, o jeito como ele me atacou quando pensou que eu estava te traindo...
— Você não estava me traindo. Nós não estávamos exclusivos. Trair é diferente...
Simon sorriu conforme Maia se interrompia, corando.
— Eu acho ótimo que você o odeie tanto que vai me defender contra ele, não importa o quê — ele apontou.
— Anos se passaram. Ele nunca tentou entrar em contato comigo. Nem uma vez.
— Ele tentou. Você sabia que na noite em que ele te mordeu foi a primeira vez que ele se transformou?
Ela balançou a cabeça, seus cachos chacoalhando, seus amplos olhos âmbar muito sérios.
— Não. Eu pensei que ele soubesse...
— Que era um lobisomem? Não. Ele sabia que estava perdendo o controle de alguma forma, mas quem adivinha que está se tornando um lobisomem? Após o dia em que ele te mordeu, ele foi te procurar, mas o Praetor o barrou. Eles o mantiveram longe de você. E mesmo assim, ele não parou de procurar. Não acredito que tenha se passado um dia nesses últimos dois anos em que ele não tenha se perguntado onde você estava...
— Por que você o está defendendo? — ela sussurrou.
— Porque achei que deveria saber. Eu fui um idiota como namorado, e estou em dívida com você. Você deveria saber que ele não pretendia te abandonar. Ele apenas me pegou como designado porque o seu nome estava mencionado nas anotações do meu caso.
Os lábios dela se abriram. Enquanto ela balançava a cabeça, as brilhantes luzes em seu colar piscaram como estrelas.
— Eu apenas não sei o que devo fazer com essas informações, Simon. O que eu deveria fazer?
— Eu não sei — sua cabeça parecia estar sendo esmagada por unhas afiadas — mas posso te dizer uma coisa. Eu sou o último cara no mundo para o qual você deveria estar pedindo conselhos sobre relacionamentos — ele pressionou uma mão em sua testa — estou indo lá fora. Pegar um ar. Jordan está naquela mesa se você quiser falar com ele.
Ele gesticulou em direção às mesas e então se distanciou, distanciou dos seus olhos questionadores, dos olhos de todos no salão, do som de vozes e risos elevados, e tropeçou em direção às portas.

***

Clary empurrou as portas que conduziam para o terraço e foi saudada por uma corrente de ar frio. Ela estremeceu, desejando que tivesse seu casaco, mas pouco disposta a voltar à mesa sequer por um momento para buscá-lo. Saiu para o terraço e fechou a porta atrás dela.
O terraço era uma ampla extensão de lajes, rodeado por grades de metal. Tochas queimavam em grandes apoios de estanho, mas faziam muito pouco para aquecer o ar – o que provavelmente explicava porque ninguém estava ali além de Jace. Ele estava de pé junto à grade, olhando para o rio.
Ela quis correr para cima dele, mas não pôde evitar de hesitar. Ele estava usando um terno escuro, o paletó aberto sobre uma camisa branca, e sua cabeça estava virada para o lado para longe.
Clary nunca o tinha visto vestido daquela forma antes, e isso o fazia parecer mais velho e um pouco distante. O vento do rio levantou seu cabelo louro, e ela viu a pequena cicatriz atravessando o lado de sua garganta onde Simon o tinha mordido uma vez, e ela lembrou que Jace tinha se deixado morder, tinha arriscado sua vida, por ela.
— Jace — ela chamou.
Ele se virou para ela e sorriu. O sorriso era familiar e pareceu destrancar algo dentro dela, libertando-a para correr através da laje para ele e jogar seus braços a sua volta. Ele a pegou no ar e a segurou por um longo tempo, seu rosto enterrado no pescoço dela.
— Você está bem — ela disse finalmente, quando ele a abaixou.
Ela esfregou ferozmente as lágrimas que tinham se derramado para fora de seus olhos.
— Eu quero dizer, os Irmãos do Silêncio não teriam deixado você ir se não estivesse tudo bem, mas pensei que eles tinham dito que o ritual ia levar um longo tempo. Até mesmo dias?
— Não levou — ele colocou suas mãos de ambos os lados do seu rosto e sorriu para ela. Por trás dele, a ponte Queensboro se arqueava por cima da água — você conhece os Irmãos do Silêncio. Eles gostam de tornar uma grande coisa tudo que eles fazem. Mas na verdade é uma cerimônia muito simples — ele sorriu — me senti meio estúpido. É uma cerimônia destinada a crianças, mas eu apenas me mantive pensando que se eu terminasse isso rápido, eu ia conseguir vê-la no seu vestido de festa sexy. Isso me levou até o fim — os olhos dele observaram-na de cima a baixo — e deixe-me te dizer, eu não estou desapontado. Você está maravilhosa.
— Você também está muito bonito — ela riu um pouco através das lágrimas — eu nem mesmo imaginava que você tinha um terno.
— Eu não tinha. Tive que comprar um — ele deslizou seus polegares sobre suas bochechas onde as lágrimas as tinham feito úmidas — Clary...
— Porque você veio aqui para fora? — Ela perguntou. — Está congelando. Você não quer voltar pra dentro?
Ele balançou sua cabeça.
— Eu queria conversar com você a sós.
— Então fala — Clary disse em um meio sussurro.
Ela tirou as mãos dele do seu rosto e as colocou em sua cintura. A necessidade dela de ser segurada contra ele era quase esmagadora.
— Tem algo mais errado? Você vai ficar bem? Por favor, não esconda nada de mim. Depois de tudo que aconteceu, você deve saber que eu posso lidar com quaisquer más notícias.
Ela sabia que estava tagarelando nervosamente, mas não conseguia evitar. Sentia como se seu coração estivesse batendo a mil quilômetros por hora.
— Apenas quero que você fique bem — ela lhe disse o mais calmamente que pode.
Os olhos dourados dele escureceram.
— Eu fico revisando aquela caixa. Aquela que pertenceu ao meu pai. Não sinto nada sobre ela. As cartas, as fotos. Não sei quem eram aquelas pessoas. Elas não parecem reais para mim. Valentim era real.
Clary piscou; não era isso que ela esperava que ele dissesse.
— Lembre-se, eu disse que isso poderia levar tempo...
Ele não parecia ao menos estar ouvindo-a.
— Se eu realmente fosse Jace Morgenstern, você ainda me amaria? Se eu fosse Sebastian, você me amaria?
Ela apertou as mãos dele.
— Você nunca poderia ser aquilo.
— Se Valentim fizesse em mim o que ele fez com o Sebastian, você me amaria?
Havia uma urgência para a questão que ela não entendeu. Clary respondeu:
— Mas então não seria você.
Ele prendeu a respiração, quase como se o que ela tivesse dito o machucasse – mas como poderia? Era a verdade. Ele não era como Sebastian. Ele era como ele mesmo.
— Eu não sei quem eu sou. Eu me olho no espelho e vejo Stephen Herondale, mas ajo como um Lightwood e falo como meu pai – como Valentim. Então, vejo quem eu sou em seus olhos, e tento ser esta pessoa, porque você tem fé nesta pessoa, e penso que a fé pode ser o suficiente para me fazer como você quer.
— Você já é o que eu quero. Você sempre foi — Clary respondeu, mas ela não pôde evitar sentir como se estivesse falando dentro de um quarto vazio. Era como se Jace não pudesse ouvi-la, não importando quantas vezes ela tivesse dito que o amava. — Eu sei que você se sente como se não soubesse quem é, mas eu sei. Eu sei. E algum dia você saberá também. E enquanto isso, você não pode ficar se preocupando sobre me perder, porque isso nunca vai acontecer.
— Há um modo... — Jace ergueu seus olhos para ela. — Me dê sua mão.
Surpresa, Clary ergueu sua mão, lembrando-se da primeira vez em que ele pegara sua mão daquela forma. Ela tinha a runa agora, a runa do olho nas costas de sua mão, aquela que ele tinha procurado na época e não tinha encontrado. Sua primeira runa permanente.
Ele virou a mão dela, ostentando seu pulso, a pele vulnerável de seu antebraço.
Ela tremeu. O vento vindo do rio parecia como se estivesse entrando em seus ossos.
— Jace, o que você está fazendo?
— Você se lembra do que eu falei sobre casamentos de Caçadores de Sombras? Que ao invés de trocar alianças, nós nos marcamos uns aos outros com runas de amor e compromisso? — Ele olhou para ela, seus olhos largos e vulneráveis sob seus espessos cílios dourados. — Quero marcar você de forma a ligar nós dois, Clary. É apenas uma pequena marca, mas é permanente. Você está disposta?
Ela hesitou. Uma runa permanente, quando eles eram tão jovens – sua mãe ficaria furiosa. Mas nada mais parecia estar funcionando; nada que ela dissera o convenceu. Talvez isso pudesse. Silenciosamente, ela puxou sua estela e a entregou a ele. Jace a pegou, roçando nos dedos dela quando o fez.
Clary estava tremendo mais forte agora, frio em todos os lugares exceto onde ele a tocava. Ele segurou com delicadeza o braço dela e abaixou a estela, tocando-a suavemente em sua pele, movendo-a gentilmente para cima e para baixo, e então, quando ela não protestou, com mais força.
Tão fria como ela estava, a queimação da estela era quase bem-vinda. Ela observou enquanto as linhas escuras espiralavam para fora da ponta da estela, formando um padrão de duras linhas angulares.
Seus nervos formigaram em um súbito alarme. O padrão não falava de amor e compromisso; havia algo mais lá, algo mais sombrio, algo que falava de controle e submissão, de perda e escuridão. Ele estava desenhando a runa errada? Mas este era Jace; certamente ele sabia melhor que isso. E ainda assim, um entorpecimento estava começando a espalhar-se pelo seu braço do lugar onde a estela tocara – um doloroso formigamento, como nervos acordando – e ela se sentiu tonta, como se o chão estivesse se movendo embaixo dela...
— Jace — a voz dela aumentou, tinindo com ansiedade — Jace, eu não acho que isso está certo...
Ele soltou o seu braço. Ele segurou a estela balançando levemente em sua mão, com a mesma graça com que seguraria qualquer arma.
— Eu sinto muito, Clary. Eu quero estar ligado a você. Eu nunca mentiria sobre isso.
Ela abriu a boca para perguntar sobre o que ele estava falando, mas as palavras não vieram. A escuridão estava avançando muito rápido. A última coisa que sentiu foram os braços de Jace em volta dela enquanto caía.

***

Após o que pareceu uma eternidade perambulando em torno do que ele considerava uma festa extremamente chata, Magnus finalmente encontrou Alec, sentado sozinho em uma mesa num canto atrás de um buquê de rosas brancas artificiais. Havia um número de taças de champanhe na mesa, a maioria meio cheia, como se os foliões passantes as tivessem abandonado lá. Alec parecia meio abandonado a si mesmo. Ele tinha seu queixo em suas mãos e estava encarando mal-humorado o nada. Ele não olhou para cima, nem mesmo quando Magnus engatou um pé na cadeira oposta à dele, girando-a em sua direção, e se sentou, descansando seus braços no encosto da cadeira.
— Você quer voltar para Viena? — Ele perguntou.
Alec não respondeu, apenas encarou o nada.
— Ou nós podemos ir a qualquer outro lugar. Qualquer lugar que você queira. Tailândia, Carolina do Sul, Brasil, Peru... Oh, espere, não, eu fui banido do Peru. Eu tinha me esquecido. É uma longa história, mas divertida, se você a quiser ouvir.
A expressão de Alec dizia que ele não queria muito ouvir a história. Incisivamente, ele se virou e olhou por cima da sala, como se o quarteto de músicos composto por lobisomens o fascinasse.
Desde que Alec o estava ignorando, Magnus decidiu se distrair mudando a cor do champanhe das taças na mesa. Ele fez uma ficar azul, a próxima rosa e estava trabalhando em uma verde quando Alec o alcançou através da mesa e o golpeou no pulso.
— Pare com isso — ele disse — as pessoas estão olhando.
Magnus olhou para seus dedos, os quais estavam soltando faíscas azuis
— Talvez isso fosse um pouco óbvio — ele dobrou seus dedos para baixo. — Bem, tenho que fazer alguma coisa para me impedir de morrer de tédio, desde que você não está falando comigo.
— Eu não estou. Não estou se falar com você, eu quero dizer.
— Oh? — disse Magnus. — Eu apenas perguntei se você queria ir para Viena, ou Tailândia, ou a lua, e não me recordo de você dizendo algo em resposta.
— Eu não sei o que quero — Alec, sua cabeça inclinada, estava brincando com um garfo de plástico abandonado.
Embora seus olhos estivessem desafiadoramente abatidos, sua cor azul clara era visível até mesmo através das suas pálpebras abaixadas, as quais eram pálidas e finas como pergaminhos.
Magnus sempre achou os humanos mais bonitos do que quaisquer outras criaturas vivas na Terra, e tinha frequentemente se perguntado o porquê. Apenas alguns poucos anos antes da separação, Camille tinha dito. Era a mortalidade que fazia deles o que eram, a chama que resplandecia mais brilhante devido a seu oscilar. A morte é a mãe da beleza, como o poeta disse.
Ele se perguntou se o Anjo já havia considerado fazer seus servos humanos, os Nephilins, imortais. Mas não, por toda sua força, eles caíam como os humanos, sempre tinham caído em batalha no decorrer de todas as eras do mundo.
— Você tem aquele olhar de novo — Alec disse irritadiço, olhando para cima através de seus cílios — como se você estivesse visualizando algo que eu não consigo ver. Você está pensando em Camille?
— Não realmente. Quanto da conversa que eu tive com ela você ouviu ocasionalmente?
— A maior parte dela — Alec cutucou a toalha de mesa com seu garfo — eu estava ouvindo na porta. O suficiente.
— De modo nenhum o suficiente, eu penso — Magnus olhou para o garfo, e ele deslizou sobre a mesa para fora do alcance de Alec direto para a mão do bruxo. Bateu com sua mão sobre ele e disse: — Chega de inquietação. O que foi que eu disse para Camille que te incomodou tanto?
Alec ergueu seus olhos azuis.
— Quem é Will?
Magnus exalou um tipo de risada.
— Will. Santo Deus. Aquilo foi há muito tempo. Will era um Caçador de Sombras, como você. E sim, ele parecia com você, mas você não é nada como ele. Jace é muito mais como Will era, na personalidade pelo menos – e meu relacionamento com você não é nada como o que tive com Will. É isso o que está te incomodando?
— Eu não gosto de pensar que você apenas está comigo porque pareço com algum cara morto de quem você gostou.
— Eu nunca disse isso. Camille deixou subentendido. Ela é uma mestra da implicação e manipulação. Ela sempre foi.
— Você não disse para ela que ela estava errada.
— Se você deixar, Camille atacará por todos os lados. Defenda um lado, e ela vai atacar outro. O único modo de lidar com ela é fingir que ela não te atingiu.
— Ela disse que garotos bonitos eram sua ruína — Alec lembrou — o que faz soar como se eu fosse apenas mais um em uma longa linha de brinquedos para você. Um morre ou vai embora, você pega outro. Eu não sou nada. Eu sou... trivial.
— Alexander...
— O que — Alec continuou, encarando a mesa novamente — é especialmente injusto, porque você é qualquer coisa, exceto trivial para mim. Eu mudei minha vida inteira por você. Mas nada nunca muda para você, muda? Eu acho que é isso o que significa viver para sempre. Nada tem que importar tanto assim.
— Eu estou te dizendo que você importa...
— O Livro Branco — Alec falou, de repente — por que você o queria tanto?
Magnus olhou para ele intrigado.
— Você sabe o porquê. É um livro de feitiços muito poderoso.
— Mas você o queria para algo especifico, não queria? Um feitiço que estava nele? — Alec tomou uma respiração irregular. — Você não tem que responder; eu posso dizer pela cara que você fez. Era... era um feitiço para me fazer imortal?
Magnus sentiu-se abalado em seu âmago.
— Alec — ele sussurrou — não. Não, eu... eu não faria isso.
Alec o encarou com seu penetrante olhar azul.
— Porque não? Porque, por todos esses anos, de todos os relacionamentos que você teve, nunca tentou fazer nenhum deles imortal como você? Se pudesse me ter com você para sempre, não gostaria de ter?
— É claro que eu gostaria! — Magnus, percebendo que estava quase gritando, abaixou sua voz com um esforço. — Mas você não entende. Não se ganha nada de graça. O preço de se viver para sempre...
— Magnus — era Isabelle, se apressando na direção deles, seu telefone na mão — Magnus, eu preciso falar com você.
— Isabelle — normalmente Magnus gostava da irmã de Alec. Não tanto no momento — adorável, maravilhosa Isabelle. Você poderia, por favor, ir embora? Agora é realmente uma péssima hora.
Isabelle olhou de Magnus para seu irmão, e de volta para Magnus.
— Então você não quer que eu te diga que Camille fugiu do Santuário e minha mãe está pedindo para você voltar para o Instituto agora para ajudá-los a encontrá-la?
— Não — Magnus respondeu — eu não quero que você me diga isso.
— Bem, isso é muito ruim — Isabelle apontou — porque é verdade. Quer dizer, eu acho que você não tem que ir, mas...
O resto da frase pairou no ar, mas Magnus sabia o que ela não estava dizendo. Se ele não fosse, a Clave poderia suspeitar que ele tivesse algo a ver com a fuga de Camille, e essa era a última coisa que ele precisava. Maryse ficaria furiosa, complicando seu relacionamento com Alec ainda mais. E ainda...
— Ela escapou? — Alec perguntou. — Nunca ninguém escapou do Santuário.
— Bem — Isabelle respondeu — agora, alguém conseguiu.
Alec esgueirou-se mais para baixo em seu assento.
— Vai. É uma emergência. Apenas vá. Nós podemos conversar mais tarde.
— Magnus... — Isabelle soou meio apologética, mas não havia confusão na urgência de sua voz.
— Ótimo — Magnus se levantou — mas — ele adicionou, parando próximo a cadeira do Alec e se inclinado para perto dele — você não é trivial.
Alec corou.
— Se você diz — ele respondeu.
— Eu digo — Magnus respondeu, e se virou para seguir Isabelle para fora do salão.

***

Do lado de fora na rua deserta, Simon inclinou-se contra o muro da Ironworks, contra o tijolo coberto de hera, e olhou para o céu. As luzes da ponte desbotavam as estrelas, então não havia nada para se ver exceto uma camada de escuridão aveludada. Ele desejou com uma ferocidade súbita que pudesse respirar o ar gelado para limpar sua cabeça, que pudesse senti-lo em seu rosto, em sua pele. Tudo o que estava usando era uma camisa fina, e isso não fazia diferença. Ele não podia tremer, e mesmo a lembrança dessa sensação parecia estar indo embora dele, pouco a pouco, todo dia, deslizando para fora como lembranças de outra vida.
— Simon?
Ele congelou onde estava. Aquela voz, baixa e familiar, vagando como uma linha no ar frio. Sorria. Essa foi a última coisa que ela tinha dito para ele. Mas não podia ser. Ela estava morta.
— Não vai olhar para mim, Simon? — Sua voz estava baixa como sempre, apenas um sopro. — Eu estou bem aqui.
Pavor arranhou seu caminho em sua espinha. Ele abriu os olhos e virou sua cabeça lentamente.
Maurren estava de pé no círculo de luz moldado por uma lâmpada da rua na esquina da Vernon Boulevard. Ela usava um longo vestido branco virginal. Seu cabelo estava penteado liso por sobre seus ombros, brilhando amarelo na luz da lâmpada. Ainda havia um pouco de sujeira de túmulo preso nele. Havia pequenos chinelos brancos em seus pés. Seu rosto estava branco morto, círculos de ruge pintados em suas bochechas, sua boca colorida com um rosa escuro como se tivesse sido desenhado com um marcador de texto.
Os joelhos de Simon cederam. Ele deslizou pela parede em que tinha se encostado até estar sentado no chão, seus joelhos dobraram. Sua cabeça parecia que ia explodir.
Maureen deu uma pequena risada de menina e saiu de debaixo da luz da lâmpada. Ela se moveu até ele e olhou para baixo; seu rosto tinha um olhar de satisfação divertida.
— Eu imaginei que você ficaria surpreso.
— Você é uma vampira — Simon disse — mas... como? Eu não fiz isso com você. Eu sei que não fiz.
Maureen balançou sua cabeça.
— Não foi você. Mas foi por sua causa. Eles pensaram que eu era a sua namorada, você sabe. Me tiraram do meu quarto de noite, e me mantiveram em uma jaula por todo o dia seguinte. Eles me disseram para não me preocupar porque você viria por mim. Mas você não foi. Nunca veio.
— Eu não sabia — a voz de Simon rachou — eu teria ido se soubesse.
Maurren arremessou seu cabelo loiro para trás dos ombros em um gesto que, de repente e dolorosamente, lembrou Simon de Camille.
— Isso não importa — ela disse em uma pequena voz de menina — quando o sol se pôs, eles me disseram que eu poderia morrer ou poderia viver desse jeito. Como vampiro.
— Então você escolheu isso?
— Eu não queria morrer — ela ofegou — e agora vou ser bonita e jovem para sempre. Eu posso ficar fora a noite toda, e nunca preciso ir para casa. E ela toma conta de mim.
— De quem você está falando? Quem é ela? Você quer dizer Camille? Olha, Maurren, ela é louca. Você não deveria ouvi-la — Simon cambaleou para seus pés — eu posso te ajudar. Achar um lugar para você ficar. Te ensinar como ser um vampiro...
— Oh, Simon — ela sorriu, e seus pequenos dentes brancos apareceram em uma pequena linha precisa — não acho que você saiba como ser um vampiro, tampouco. Você não queria me morder, mas você o fez. Eu lembro. Seus olhos ficaram totalmente negros como olhos de tubarão, e você me mordeu.
— Eu sinto muito. Se você me deixar ajudá-la...
— Você poderia vir comigo. Isso poderia me ajudar.
— Ir com você aonde?
Maurren olhou a rua vazia de cima a baixo. Ela se parecia com um fantasma em seu fino vestido branco. O vento o soprou ao redor de seu corpo, mas ela claramente não sentiu o frio.
— Você foi escolhido porque é um Diurno. Aqueles que fizeram isso comigo te querem. Mas eles sabem que você carrega a Marca agora. Não podem chegar a você, a menos que você decida ir até eles. Então eles me mandaram como uma mensageira — ela inclinou sua cabeça para o lado como a de um pássaro — eu posso ser alguém que não importa para você, mas da próxima vez será. Eles vão continuar indo atrás das pessoas que você ama até que não reste nenhuma, portanto, você poderia vir comigo e descobrir o que eles querem.
— Você sabe? — Simon perguntou. — Você sabe o que eles querem?
Ela balançou sua cabeça. Ela estava tão pálida embaixo da difusa luz da lâmpada que parecia quase transparente, como se Simon pudesse ter olhado direto através dela. Do modo, ele supôs, que sempre tinha feito.
— Isso importa? — ela perguntou, e estendeu sua mão.
— Não. Não, acho que não importa.
E ele pegou sua mão.

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