Capítulo 3
— Quem diabos é Lisa? — uma voz alta ecoou pelas quatro paredes da sala do esquadrão. — Lisa Lindy.
Em meu segundo dia no escritório de San Diego, eu era uma das dezenas de agentes esperando o começo da reunião. Todo mundo parecia nervoso antes daquela explosão, mas então todos pareceram relaxar.
Ergui o olhar para o jovem agente especial assistente no comando e quase engoli a língua. Era ele — minha transa de uma noite, os lábios dos quais eu sentia falta, meu vizinho.
Pânico e bile subiram instantaneamente pela minha garganta, mas engoli tudo de volta.
— É Liis — disse Val. — Tipo xis, mas com L, senhor.
Meu coração martelava no peito. Ele estava esperando alguém se apresentar. A vida ia passar de um novo começo para complicada em três, dois...
— Sou Liis Lindy, senhor. Algum problema?
Quando nossos olhos se encontraram, ele fez uma pausa, e um pavor absurdo me invadiu em ondas. O reconhecimento também iluminou seu rosto, e, por um único instante, ele ficou pálido. A transa de uma noite sem compromisso agora estava tão enrolada que eu queria me enforcar.
Ele rapidamente se recuperou. Aquilo que o deixara com tanta raiva se derreteu por um instante, mas logo em seguida seu rosto enrijeceu e ele voltou a odiar tudo.
A reputação cruel do agente especial Maddox o precedia. Agentes do país todo sabiam de sua rédea curta e expectativas inatingíveis. Eu havia me preparado para sofrer sob sua supervisão. Eu não tinha me preparado para isso acontecer depois de estar literalmente debaixo dele.
Merda, merda, merda.
Ele piscou e me estendeu o relatório.
— Este FD-três-zero-dois é inaceitável. Não sei como você fazia as coisas em Chicago, mas em San Diego não botamos uma merda qualquer no papel e dizemos que está bom.
Sua crítica dura e bem pública me fez sair em um estalo da espiral de vergonha e voltar ao papel de Betty Bureau.
— O relatório está completo — falei com confiança.
Apesar da raiva, minha mente brincava com as lembranças daquela noite — como era o corpo por baixo do terno do meu chefe, o modo como seus bíceps se flexionavam enquanto ele se pressionava dentro de mim, como era boa a sensação dos lábios dele nos meus. O peso do rolo em que eu tinha me metido me atingiu. Eu não fazia ideia nem de como formar uma frase, quanto mais de como parecer confiante.
— Senhor — a Val começou —, seria um prazer dar uma olhada no relatório e...
— Agente Taber? — disse Maddox.
Eu meio que esperei ela dizer: Vai se foder.
— Sim, senhor.
— Sou perfeitamente capaz de discernir se vou aceitar um relatório ou não.
— Sim, senhor — ela repetiu, inabalável, entrelaçando os dedos sobre a mesa.
— É capaz de realizar a tarefa que lhe foi atribuída, agente Lindy? — Maddox perguntou.
Não gostei do modo como ele pronunciou meu nome, como se aquilo deixasse um gosto ruim em sua boca.
— Sim, senhor. — Parecia tão absurdamente bizarro chamá-lo de senhor. Isso me fez sentir submissa demais. O sangue do meu pai se agitou em minhas veias.
— Então faça.
Eu queria estar em San Diego mesmo que isso me colocasse diretamente no centro da atenção de um chefe notoriamente babaca como o Maddox. Era melhor que ficar em Chicago, tendo a mesma conversa de sete anos com Jackson Schultz. Esse nome definitivamente deixava um gosto ruim na minha boca.
Ainda assim, não consegui evitar dizer a seguinte frase:
— Eu adoraria, senhor, se me permitir.
Tive certeza de ouvir uma ou duas arfadas quase imperceptíveis na sala. Os olhos do agente Maddox vacilaram. Ele deu um passo em minha direção. Maddox era alto e nada menos que ameaçador, mesmo em um terno feito sob medida. Apesar de ele ser uns trinta centímetros mais alto que eu e conhecido por ser letal com uma arma e com os punhos, meu lado irlandês me fez querer estreitar os olhos e inclinar a cabeça, desafiando meu superior a dar mais um passo, mesmo no meu primeiro dia.
— Senhor — outro agente falou, chamando a atenção de Maddox.
Ele se virou, permitindo que o homem sussurrasse em seu ouvido.
Val se inclinou em minha direção, falando tão baixo que quase murmurou as palavras.
— Esse é o Marks. É o mais próximo do Maddox aqui.
Maddox teve de se inclinar, porque Marks não era muito mais alto que eu, mas tinha os ombros largos e parecia quase tão perigoso quanto o ASAC.
Maddox assentiu, e seus olhos castanho-esverdeados percorreram todas as pessoas na sala.
— Temos algumas pistas de Abernathy. O Marks vai se encontrar com nosso contato em Vegas hoje à noite. Taber, em que ponto estamos com o cara do Benny, o tal Arturo?
Val começou a passar seu relatório no exato momento em que Maddox jogou meu FD-302 sobre a mesa.
Ele a deixou terminar, depois me olhou feio.
— Me mande alguma coisa quando tiver informação de verdade. Eu trouxe você pra cá com base na recomendação do Carter. Não o faça passar vergonha.
— O agente Carter não faz elogios levianos — falei, sem achar graça. — Isso é muito sério.
Maddox ergueu uma sobrancelha, esperando.
— Levo a recomendação dele muito a sério, senhor.
— Então me dê algo que eu possa usar até o fim do dia.
— Sim, senhor — falei entredentes.
Todo mundo levantou e se dispersou, e eu peguei meu relatório de cima da mesa e olhei furiosa para Maddox enquanto ele saía com o agente Marks em seu encalço.
Alguém me passou um copo de isopor cheio de água, e eu o peguei antes de me arrastar com dificuldade até minha estação de trabalho e desabar desajeitada na cadeira.
— Obrigada, agente Taber.
— Vai se foder — ela disse. — E você está ferrada. Ele te odeia.
— O sentimento é mútuo — falei antes de tomar mais um gole. — Só estou de passagem. Meu objetivo é me tornar analista em Quantico.
Val puxou os longos cachos castanhos para cima, enroscando-os e prendendo-os em um coque baixo. Meu triste cabelo preto e fino estava morrendo de inveja enquanto ela lutava com quatro grampos para impedir que o peso do cabelo desmanchasse o penteado. A franja usada de lado foi puxada da testa e colocada atrás da orelha esquerda.
Val parecia jovem, mas não inexperiente. No dia anterior, ela tinha mencionado vários casos encerrados que já estavam em seu currículo.
— Eu também falei que San Diego era temporário, e aqui estou eu, quatro anos depois.
Ela me seguiu até o canto onde ficava o café.
O Esquadrão Cinco tinha voltado ao trabalho, digitando no computador ou falando ao telefone. Quando minha xícara estava cheia, peguei sachês de açúcar e creme e voltei para minha cadeira preta de encosto alto. Tentei não comparar tudo com meu cubículo de Chicago, mas o escritório de San Diego era novo, construído apenas dois anos antes. Em algumas áreas, eu ainda podia sentir o cheiro de tinta fresca. O escritório de Chicago era bem desgastado. Tinha sido meu lar durante seis anos e meio antes da minha transferência. Minha cadeira era praticamente moldada à minha bunda, a papelada na minha mesa organizada do jeito que eu queria, as divisórias entre os cubículos eram altas o suficiente para termos ao menos um pouco de privacidade, e o ASAC não tinha me destruído na frente da equipe toda no meu segundo dia.
Val me observou colocar a xícara fumegante sobre a mesa, depois sentou na cadeira dela.
Mexi no sachê de creme, franzindo a testa.
— Estou sem creme de leite desnatado, mas tenho um semidesnatado na geladeira — ela disse, com um toque de simpatia na voz.
Fiz uma careta.
— Não. Odeio leite.
As sobrancelhas dela se ergueram com tudo, depois seus olhos desabaram para o chão, surpresa com o meu tom.
— Tudo bem, então. Você não é fã de leite. Não vou perguntar de novo.
— Não. Eu odeio leite. Tipo, minha alma odeia leite.
Val deu uma risadinha.
— Tudo bem, não toco mais nesse assunto. — Ela olhou para a minha mesa de trabalho vazia, sem fotos de família, nem mesmo um porta-lápis.
— O cara que costumava sentar nesse cubículo... o nome dele era Trex.
— Trex? — perguntei.
— Scottie Trexler. Meu Deus, ele era um gato. Ele também pediu transferência... pra fora. Acho que ele está numa agência diferente, agora. — Ela suspirou, os olhos enxergando alguma coisa que eu não podia ver. — Eu gostava dele.
— Sinto muito — falei, sem saber o que mais dizer.
Ela deu de ombros.
— Aprendi a não me apegar por aqui. O Maddox dirige a coisa com rédea curta, e poucos agentes conseguem suportar.
— Ele não me assusta — falei.
— Não vou contar pra ele que você disse isso, senão ele não vai mesmo sair de cima de você.
Senti o rosto esquentar, o suficiente para Val perceber, e ela estreitou os olhos.
— Você está vermelha.
— Não estou, não.
— E agora está mentindo.
— É o café.
Val olhou fundo nos meus olhos.
— Você não tomou nem um gole. Alguma coisa que eu falei te deixou com vergonha. Maddox... sair de cima...
Eu me remexi por causa do olhar intenso.
— Você mora em Midtown.
— Não — falei, balançando a cabeça. Eu não queria negar o local da minha residência, mas o que eu sabia que ela ia descobrir em breve. Que merda ter amigos que trabalham como investigadores federais.
— O Maddox é o seu vizinho, não é?
Balancei a cabeça com mais rapidez, olhando ao redor.
— Val, não... para...
— Puta que pariu. Você tá brincando. O Maddox é a sua transa de uma noite só! — ela sibilou, felizmente mantendo a voz num sussurro.
Cobri o rosto e deixei a testa cair sobre a mesa. Eu pude ouvi-la se inclinando sobre o cubículo.
— Ai, meu Deus, Liis. Você morreu quando o viu? Como você não sabia? Como ele não sabia? Ele te contratou, pelo amor de Deus!
— Não sei — falei, balançando a cabeça de um lado para o outro, meus dedos se enterrando na beirada da mesa. Eu me endireitei, puxando a pele abaixo dos olhos enquanto fazia isso. — Estou fodida, não estou?
— No mínimo uma vez, que eu saiba. — Val se levantou, e seu crachá balançou quando ela fez isso. Ela forçou um sorriso para mim, deslizando os dedos magros e longos para dentro dos bolsos.
Levantei o olhar para ela, desesperada.
— Agora você pode me matar. Acabe com o meu desespero. Você tem uma arma, pode fazer isso.
— Por que eu faria isso? Essa é a melhor coisa que aconteceu com esse esquadrão em anos. O Maddox trepou.
— Você não vai contar pra ninguém, vai? Promete.
Val fez uma careta.
— Somos amigas. Eu não faria uma coisa dessas.
— Isso mesmo. Somos amigas.
Ela inclinou o pescoço na minha direção.
— Por que você está falando comigo como se eu fosse doente mental?
Pisquei e balancei a cabeça.
— Desculpa. É bem possível que eu esteja vivendo o pior dia da minha vida.
— Bom, você parece quente. — Ela se afastou.
— Obrigada — falei para mim mesma enquanto passava os olhos pela sala.
Ninguém ouviu nossa conversa, mas mesmo assim parecia que o segredo tinha se espalhado. Afundei de novo na cadeira e coloquei os fones de ouvido enquanto Val passava pelas portas de segurança que levavam ao corredor.
Cobri a boca por um instante e suspirei, me sentindo perdida. Como foi que eu consegui estragar meu recomeço antes mesmo de começar? Não só eu tinha transado com o meu chefe, mas, se os outros agentes descobrissem, isso poderia acabar com todas as chances de eu ser promovida enquanto estivesse sob a supervisão de Maddox. Se ele tivesse alguma integridade, nunca me escolheria para uma promoção, temendo que a verdade se espalhasse. Uma promoção seria ruim para nós dois — não que isso importasse. Maddox tinha dado um jeito de deixar todo mundo saber que ele não estava impressionado com o meu trabalho — um relatório ao qual me dediquei completamente, e o melhor de mim era absurdamente bom.
Olhei para a transcrição e balancei a cabeça. A tradução estava perfeita. O relatório era abrangente. Passei o mouse sobre a seta do lado direito e cliquei, tocando o áudio de novo.
Quanto mais a voz dos dois italianos tagarelava sobre um serviço e a prostituta com quem um deles transou na noite anterior, mais meu rosto ficava vermelho de raiva. Eu tinha orgulho dos meus relatórios. Essa era minha primeira tarefa no escritório de San Diego, e Maddox chamar minha atenção na frente de todo mundo tinha sido uma vergonha.
Em seguida, pensei no almoço com a Val no dia anterior e nos alertas que ela me dera em relação a Maddox. Ele vai dizer que você é uma inútil mesmo que seja a melhor das agentes, só para poder observar seu desempenho quando sua confiança é esmagada.
Arranquei os fones e peguei o relatório. Então disparei rumo à sala do ASAC, do outro lado do escritório do esquadrão.
Fiz uma pausa ao avistar a mulher impressionantemente linda que servia de barreira para impedir que alguém entrasse no escritório de Maddox. A placa sobre a mesa dizia CONSTANCE ASHLEY, um nome que combinava com ela, os cabelos loiro-esbranquiçados que caíam em ondas suaves, pouco acima dos ombros, quase combinando com a pele de porcelana. Ela levantou os olhos sob os cílios abundantes para mim.
— Agente Lindy — disse com um leve sotaque fanhoso do sul. O rosto corado de Constance, sua segurança e disposição despretensiosa eram um artifício. Os olhos azuis de aço a entregavam.
— Srta. Ashley — falei, assentindo.
Ela me deu um sorriso doce.
— Apenas Constance.
— Apenas Liis. — Tentei não soar tão impaciente quanto estava. Ela era simpática, mas eu estava ansiosa para falar com Maddox.
Ela tocou no aparelho minúsculo no ouvido e fez um sinal positivo com a cabeça.
— Agente Lindy, sinto informar que o agente especial Maddox não está na mesa dele. Devo marcar um horário?
— Onde ele está? — perguntei.
— Isso é confidencial. — Seu sorriso doce continuou inabalado.
Mostrei meu crachá.
— Felizmente, tenho autorização para assuntos super confidenciais. — Constance não se impressionou. — Preciso falar com ele — expliquei, tentando não implorar. — Ele está esperando meu relatório.
Ela tocou no pequeno dispositivo de plástico mais uma vez e fez que sim com a cabeça.
— Ele vai voltar depois do almoço.
— Obrigada — falei, girando nos calcanhares e voltando pelo caminho por onde tinha vindo.
Em vez de retornar para o meu cubículo, fui até o corredor e dei uma olhada ao redor até encontrar a Val. Ela estava no escritório do agente Marks.
— Posso falar com você um minuto? — perguntei.
Ela olhou para Marks e se levantou.
— Claro.
Saiu e fechou a porta, mordendo o lábio.
— Desculpa interromper.
Ela fez uma careta.
— Ele está atrás de mim há seis meses. Agora que o Trex saiu do caminho, ele acha que tem uma chance, mas está errado.
Meu rosto se contraiu.
— Eu me transferi para um bar de solteiros? — Balancei a cabeça. — Não responda. Eu preciso de um favor.
— Já?
— Aonde o Maddox costuma ir na hora do almoço? Ele tem um restaurante preferido? Ele fica aqui?
— A academia de ginástica. Ele está lá todos os dias neste horário.
— É verdade. Você já tinha dito isso. Obrigada — falei.
Ela gritou nas minhas costas:
— Ele odeia ser interrompido! Tipo, ele odeia do fundo da alma.
— Ele odeia tudo — resmunguei baixinho, apertando o botão do elevador.
Desci dois andares e segui pela passarela até os escritórios da ala oeste. O escritório de San Diego, recém-construído, era composto de três grandes edifícios, e provavelmente seria um labirinto para mim durante pelo menos uma ou duas semanas. Foi pura sorte a Val ter me mostrado o caminho até a academia de ginástica no dia anterior.
Quanto mais eu me aproximava da academia, mais rápido caminhava. Voltei meu crachá para o quadrado preto na parede. Depois de um bipe e do som da fechadura destravando, empurrei a porta e vi os pés de Maddox pendurados, o rosto vermelho brilhando de suor, conforme ele se exercitava rapidamente na barra. Ele mal me notou, continuando com os exercícios.
— Precisamos conversar — falei, mostrando meu relatório, agora amassado de tanto eu apertar. Isso me deixou com ainda mais raiva.
Ele soltou a barra, e seus tênis pousaram no chão com um ruído seco.
Maddox estava respirando com dificuldade, e usou o colarinho da camiseta cinza mescla do FBI para secar o suor que lhe pingava do rosto. A barra da camiseta se ergueu, revelando apenas um pedaço do abdome inferior esculpido com perfeição e um lado do V com o qual eu fantasiara pelo menos umas dez vezes desde que o vi pela primeira vez.
Sua resposta me trouxe de volta ao presente.
— Sai daqui.
— Esse espaço é para todos os funcionários do escritório, não?
— Não entre onze e meio-dia.
— Quem disse?
— Eu. — O músculo de seu maxilar se contraiu levemente, e ele olhou
para os papéis na minha mão. — Você mexeu naquele FD-três-zero-dois?
— Não.
— Não?
— Não — falei com raiva. — A transcrição e a tradução estão precisas, e o FD-três-zero-dois, como eu já disse, está perfeito.
— Você está errada — ele disse, me olhando feio de cima para baixo.
Além da irritação, havia algo mais que eu não conseguia decifrar.
— Pode me explicar o que está faltando? — perguntei.
Maddox se afastou, marcas escuras de suor no tecido sob os dois braços e na parte inferior das costas.
— Com licença, senhor, mas eu fiz uma pergunta.
Ele virou de repente.
— Você não pode vir até mim fazendo perguntas. Você recebe ordens, e eu mandei você modificar esse relatório para ficar do meu jeito.
— Como exatamente quer que eu faça isso, senhor?
Ele soltou uma risada, irritado.
— Seu superior fazia seu trabalho por você em Chicago? Porque em...
— Estou em San Diego. Eu sei.
Ele estreitou os olhos.
— Você é insubordinada, agente Lindy? Por isso foi mandada pra cá? Pra ficar sob o meu comando?
— O senhor me solicitou, lembra?
Eu ainda não podia ler sua expressão, e isso estava me enlouquecendo.
— Não solicitei você — ele disse. — Solicitei o melhor especialista em idiomas que tínhamos.
— Sou eu, senhor.
— Sinto muito, agente Lindy, mas, depois de ler esse relatório, estou tendo dificuldades para acreditar que é tão boa quanto pensa.
— Não posso lhe dar informações que não estejam lá. Talvez o senhor devesse me dizer o que quer saber a respeito desse Título Três.
— Está sugerindo que estou pedindo que minta no relatório?
— Não, senhor. Estou sugerindo que me diga o que espera de mim.
— Quero que faça seu serviço.
Cerrei os dentes, tentando impedir meu lado irlandês de providenciar minha demissão.
— Eu adoraria cumprir minhas responsabilidades, senhor, e de acordo com o seu gosto. O que acha que está faltando no meu relatório?
— Tudo.
— Isso não ajuda.
— Que pena — ele disse num tom presunçoso, se afastando outra vez.
Minha paciência havia se esgotado.
— Que merda você fez para ser promovido a ASAC?
Ele parou e girou nos calcanhares, se inclinando um pouco para baixo, parecendo incrédulo.
— O que foi que você disse?
— Sinto muito, mas o senhor ouviu.
— Este é o seu segundo dia, agente Lindy. Você acha que pode...
— E pode muito bem ser o último depois disso, mas estou aqui para fazer um trabalho e o senhor está me atrapalhando.
Maddox me observou por muito tempo.
— Você acha que pode fazer melhor?
— Claro que posso, droga.
— Ótimo. Agora você é a supervisora do Esquadrão Cinco. Dê seu relatório para a Constance digitalizar e leve suas merdas para o seu escritório.
Meus olhos dançaram pelo espaço, tentando processar o que acabara de acontecer. Ele me dera uma promoção que eu achava que levaria pelo menos mais quatro anos.
Maddox se afastou e abriu a porta do vestiário masculino. Eu estava respirando com dificuldade, talvez pior do que ele depois de malhar.
Virei e avistei uma dúzia de pessoas em pé na porta de vidro. Elas enrijeceram e se afastaram quando perceberam que foram vistas. Abri a porta e voltei pelo corredor, cruzando a passarela, atordoada.
Eu me lembrava de ter visto uma caixa vazia perto da cafeteira, então eu a peguei e a coloquei em cima da minha mesa de trabalho, enchendo-a com meu notebook, minha arma e os poucos papéis em minhas gavetas.
— Foi tão ruim assim? — Val perguntou, uma preocupação genuína em sua voz.
— Não — respondi, ainda atordoada. — Ele me promoveu a supervisora do esquadrão.
— Desculpa. — Ela deu uma risadinha. — Achei que você tinha dito que virou supervisora.
Ergui o olhar para ela.
— Isso mesmo.
Suas sobrancelhas saltaram.
— Ele olha pra você com mais ódio do que olha para o agente Sawyer, e isso significa alguma coisa. Você está me dizendo que o enfrentou uma vez e ele te deu uma promoção?
Corri os olhos pela sala, tentando pensar em um motivo plausível também.
Val deu de ombros.
— Ele perdeu a cabeça, enlouqueceu de vez. — Ela apontou para mim. — Se eu soubesse que ser insubordinada e mexer com algo tabu, dizendo a outro agente como cuidar de um caso, significava ser promovida, teria mandado o Maddox para o inferno há muito tempo.
Respirei fundo e peguei a caixa antes de entrar no escritório vazio do supervisor. Val me seguiu lá para dentro.
— Este escritório está vazio desde a promoção do Maddox a ASAC. Ele é um dos mais jovens do FBI no cargo. Sabia?
Balancei a cabeça enquanto colocava a caixa sobre minha nova mesa de trabalho.
— Se alguém consegue lidar com isso, é o Maddox. Ele é tão queridinho do diretor que posso apostar que vai virar SAC cedo também.
SAC era agente especial no comando, um cargo acima do dele.
— Ele conhece o diretor? — perguntei.
Val riu uma vez.
— Ele costuma jantar com o diretor. No ano passado, ele passou o Dia de Ação de Graças na casa do diretor. Ele é o preferido do diretor, e não estou falando só do escritório de San Diego nem dos da Califórnia. Estou falando no FBI. Thomas Maddox é o menino de ouro. Ele consegue o que quer, e sabe disso. Todo mundo sabe.
Fiz uma careta.
— Ele não tem família? Por que ele não foi para casa no Dia de Ação de Graças?
— Tem a ver com a ex ou alguma coisa assim, foi o que ouvi dizer.
— Como alguém feito o Maddox consegue andar com o diretor? Ele é tão irritante.
— Talvez. Mas é leal aos que fazem parte de seu círculo, e eles são leais a ele. Então cuidado com o que você fala e com quem. Você pode passar de promoção surpresa para transferência surpresa.
Isso me fez parar.
— Eu vou, hum... me ajeitar aqui.
Val seguiu para o corredor, se detendo na porta.
— Drinques hoje à noite?
— De novo? Achei que você tivesse me dito para ficar longe de você.
Ela sorriu.
— Não me dê ouvidos. Sou conhecida por dar péssimos conselhos.
Pressionei os lábios, tentando conter um sorriso. Mesmo com a merda monumental que eu tinha feito, talvez aqui não fosse tão ruim, afinal.
Ahh dos irmão até agr o Thomas é o mais babaca!!
ResponderExcluirE como assim ele gostava da Cami?
Ah :( eu acho o Thomas um amorzinho, todo mundo erra né?
ExcluirE sim, ele gostava da Cami, já leu Bela Distração?
Mas os maddox são assim mesmo, por fora são irritantes, briguentos, idiotas, mas por dentro, depois que conhecemos eles melhor, são amáveis, sensíveis e amorosos
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAté agora tô custando a acreditar q ele é o mesmo que namorava a Cammi!!
ResponderExcluirTb estou curiosa... espero descobrir logo kkkkkk frio na barriga ja 😅😅
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