Capítulo 6

Enrosquei os dedos no cabelo de frustração, enquanto me esforçava para me concentrar nas palavras na tela. Eu estava encarando o computador havia mais de duas horas, e minha visão estava começando a embaçar.
As persianas das janelas estavam fechadas, mas a luz do pôr do sol havia escapado pelas frestas e sumido horas antes. Depois de estudar o arquivo do caso de Travis, passei o resto da tarde procurando maneiras de livrá-lo da prisão por incêndio, mas usá-lo como informante não era só a melhor ideia. Era a única ideia. Infelizmente para o Travis, seu irmão era tão bom no que fazia que o FBI achou que acrescentar mais um Maddox à casa seria totalmente útil. Então, ele não seria apenas um informante. Ele seria recrutado.
Ouvi uma batida e o agente Sawyer colocou uma pasta no suporte de metal preso na frente da minha porta. O suporte ficava ali para que os agentes não precisassem me incomodar com cada pedido de aprovação, mas Sawyer abriu a porta apenas o suficiente para colocar a cabeça dentro da sala, com um sorriso branco e luminoso como o do gato da Alice.
— Já é tarde — ele disse.
— Eu sei — falei, apoiando o queixo na mão. Não tirei os olhos da tela.
— É sexta-feira.
— Estou sabendo — falei. — Bom fim de semana.
— Achei que talvez você quisesse jantar em algum lugar. Você deve estar faminta.
Maddox entrou no escritório com um ar tranquilo e agradável, então olhou com raiva para Sawyer.
— A agente Lindy e eu temos uma reunião em dois minutos.
— Reunião? — Sawyer perguntou, rindo. Sob o olhar intenso de Maddox, seu sorriso desapareceu. Ele ajeitou a gravata e pigarreou. — Sério?
— Boa noite, agente Sawyer — disse Maddox.
— Boa noite, senhor — ele respondeu antes de desaparecer no corredor.
Maddox veio até a minha mesa e sentou, se recostando casualmente, os dois cotovelos apoiados nos braços da poltrona.
— Não temos uma reunião — comentei, os olhos no monitor.
— Não, não temos — ele concordou, parecendo cansado.
— Você me transformou em chefe dele. Precisa deixá-lo falar comigo em algum momento.
— Não vejo dessa maneira.
Eu me inclinei para o lado para poder ver seu rosto, o meu ainda apoiado na mão, e franzi o cenho, em dúvida.
— Você está um lixo — disse Maddox.
— Você está pior — menti.
Ele parecia um modelo da Abercrombie, incluindo o olhar sério porém impenetrável, e por acaso eu sabia que, por baixo do terno e da gravata, ele também parecia um modelo. Eu me escondi atrás do monitor de novo, antes que ele pudesse captar meus olhos paralisados naqueles lábios absurdamente inesquecíveis.
— Está com fome? — ele perguntou.
— Morrendo.
— Vamos comer alguma coisa. Eu dirijo.
Balancei a cabeça.
— Ainda tenho muita coisa pra fazer.
— Você precisa comer.
— Não.
— Que inferno, você é teimosa.
Olhei pela lateral do monitor de novo, para causar um efeito.
— A agente Davies anda dizendo que trepei para subir de cargo. Você tem ideia de como é difícil fazer os agentes me levarem a sério depois de ter entrado aqui e conseguido uma promoção no primeiro dia?
— Foi no segundo dia, na verdade. E a agente Davies de fato trepou para chegar ao topo... bem, o topo para ela. Ela provavelmente não vai ser mais promovida.
Ergui uma sobrancelha.
— Você já deu algum aumento de salário para ela?
— Claro que não.
— Bem, a Davies pode ter feito isso, mas, tecnicamente, ela está certa em relação a mim. Isso está me atormentando. Estou fazendo hora extra para me convencer de que mereci o cargo.
— Cresça, Liis.
— Você primeiro, Thomas.
Pensei ter ouvido uma risadinha abafada, mas não dei atenção.
Simplesmente me permiti abrir um sorriso presunçoso por trás da segurança da tela iluminada entre nós.
Buzinas e sirenes vindas da rua lá embaixo podiam ser ouvidas. Do lado de fora, o mundo seguia em frente, sem saber que trabalhávamos até tarde e tínhamos uma vida solitária para garantir que eles pudessem ir se deitar com menos um mafioso, uma área de prostituição e um assassino em série à solta. Caçar e capturar era meu trabalho diário — ou o que tinha sido minha função um dia. Agora minha tarefa era manter o irmão de Thomas fora da cadeia. Pelo menos, era assim que eu me sentia.
Meu sorriso presunçoso desapareceu.
— Fale a verdade — pedi, o rosto apoiado na mão.
— Sim, estou com fome — Thomas respondeu de um jeito monótono.
— Não é isso. Qual é o seu objetivo? Prender o Benny ou manter o Travis longe da prisão?
— Uma coisa envolve a outra.
— Escolha uma.
— Eu praticamente o criei.
— Isso não é resposta.
Thomas respirou fundo e soltou o ar, os ombros afundando como se a resposta estivesse pesando sobre ele.
— Eu daria minha vida para salvar a dele. Eu definitivamente me afastaria dessa missão. Já me afastei antes.
— Do trabalho?
— Não, e eu não quero falar sobre isso.
— Entendido — respondi. Eu também não queria falar dela.
— Você não quer que eu fale? Todo mundo aqui está morrendo para saber.
Olhei séria para ele.
— Você disse que não queria. Mas tem uma coisa que eu quero saber.
— O quê? — ele perguntou, preocupado.
— Quem está nas fotos na sua mesa?
— O que a faz pensar que é alguém? Talvez sejam fotos de gatos.
Todas as emoções escaparam do meu rosto.
— Você não tem gatos.
— Mas eu gosto de gatos.
Eu me recostei na cadeira e bati na mesa, frustrada.
— Você não gosta de gatos.
— Você não me conhece tão bem assim.
Eu me escondi atrás do monitor de novo.
— Eu sei que ou você tem um removedor de pelos milagroso ou não tem gatos.
— Ainda assim eu poderia gostar de gatos.
Eu me inclinei para frente.
— Você está me matando.
Um fraco vislumbre de sorriso roçou seus lábios.
— Vamos jantar.
— Não, a menos que você me diga quem está naqueles porta-retratos.
Thomas franziu a testa.
— Por que você simplesmente não olha na próxima vez em que for lá?
— Talvez eu faça isso.
— Ótimo.
Ficamos em silêncio por vários segundos, então eu finalmente falei:
— Vou te ajudar.
— Com o jantar?
— Vou te ajudar a ajudar o Travis.
Ele se remexeu na cadeira.
— Eu não sabia que antes você não pretendia fazer isso.
— Talvez você não devesse me considerar como algo certo.
— Talvez você não devesse ter dito sim — ele retrucou.
Fechei o notebook com força.
— Eu não disse sim. Eu disse que ia esperar o e-mail da Constance.
Ele estreitou os olhos para mim.
— Vou ter que ficar de olho em você.
Um sorriso presunçoso se espalhou pelo meu rosto.
— Vai, sim.
Meu celular apitou, e o nome de Val apareceu na tela. Peguei o aparelho e o levei à orelha.
— Oi, Val. Sim, estou quase terminando aqui. Tá bom. Te vejo em vinte minutos. — Apertei o botão para encerrar a chamada e coloquei o celular sobre a mesa.
— Isso magoa — Thomas disse, verificando o próprio celular.
— Aceita que dói menos — falei, abrindo a gaveta inferior para pegar a bolsa e as chaves.
As sobrancelhas dele se uniram.
— O Marks vai?
— Não sei — respondi, me levantando antes de pendurar a alça da bolsa no ombro.
Aspiradores de pó estavam sendo empurrados em algum lugar do corredor. Apenas metade das luzes estava acesa. Thomas e eu éramos os únicos funcionários na ala além do pessoal da limpeza.
A expressão dele me fez sentir culpada. Inclinei a cabeça.
— Quer ir?
— Se a Val vai estar lá, seria menos constrangedor se o Marks fosse — ele disse, ficando de pé.
— Concordo. — Pensei no assunto por um instante. — Convida o Marks.
Os olhos de Thomas brilharam, e ele ergueu o celular, digitando rapidamente uma mensagem. Em poucos segundos, o celular apitou de volta. Ele levantou o olhar para mim.
— Onde?
— Um lugar no centro chamado Kansas City BBQ.
Thomas riu.
— Ela está fazendo um roteiro turístico com você?
Eu sorri.
— É o bar do filme Top Gun. Ela disse que não fez essas coisas quando se mudou pra cá e acabou nunca indo lá. Agora tem uma desculpa.
Ele digitou no celular, um sorrisinho se espalhando rapidamente em seu rosto.
— KC BBQ, então.

***

Sentei no último banco, dando uma olhada no ambiente. As paredes eram cobertas de itens do filme Top Gun: ases indomáveis — cartazes, imagens e fotos autografadas do elenco. Para mim, não se parecia nem um pouco com o bar do filme, exceto pela jukebox e pelo piano antigo.
Val e Marks estavam mergulhados em uma conversa sobre os prós e os contras das pistolas 9 mm comparadas à Smith & Wesson padrão. Thomas estava do outro lado do balcão, no meio de um pequeno rebanho de garotas da Califórnia do qual qualquer um dos Beach Boys se orgulharia. As mulheres davam risadinhas enquanto bebiam e se revezavam nos dardos, aplaudindo e torcendo todas as vezes em que Thomas atingia o centro do alvo.
Ele não parecia muito satisfeito com a atenção, mas estava se divertindo, me olhando de vez em quando com um sorriso relaxado.
Ele havia tirado o paletó e enrolado as mangas da camisa, revelando vários centímetros dos antebraços torneados e bronzeados. A gravata estava frouxa, o botão do colarinho aberto. Afastei o ciúme que ameaçava borbulhar todas as vezes que eu olhava para suas novas fãs, mas ainda podia sentir aqueles braços ao meu redor, me puxando para diferentes posições, observando-os flexionar enquanto ele...
— Liis! — Val chamou, estalando os dedos. — Você não ouviu nem uma palavra do que eu disse, né?
— Não — respondi antes de terminar meu drinque. — Vou embora.
— O quê? Não! — ela comentou, fazendo biquinho. O lábio inferior protuberante recuou quando ela sorriu. — Você não tem carona. Você não pode ir embora.
— Chamei um táxi.
Seus olhos refletiram a sensação de ter sido traída.
— Como você teve coragem?
— Te vejo na segunda — falei, ajeitando a alça da bolsa.
— Segunda? E amanhã? Você vai desperdiçar uma noite de sábado perfeita?
— Tenho que desempacotar a mudança e realmente gostaria de passar um tempo no apartamento pelo qual estou pagando.
Val voltou a fazer bico.
— Tá bom.
— Boa noite, Lindy — Marks falou antes de voltar a atenção para Val.
Abri a porta, sorrindo educadamente para os clientes sentados na área externa. Os fios de luzes multicoloridas pendurados no alto me deram a impressão de que eu estava em férias. Eu ainda não havia me acostumado ao fato de que a temperatura agradável e as roupas leves agora eram corriqueiras para mim. Em vez de caminhar com dificuldade pela tundra congelada de Chicago usando casaco acolchoado, eu podia sair com vestido de alça e sandálias, se quisesse, mesmo bem cedo.
— Já vai? — Thomas disse, parecendo apressado.
— Sim. Quero terminar de desempacotar a mudança neste fim de semana.
— Deixa eu te levar.
— Parece que você está... — eu me inclinei para espiar suas fãs pela janela — ocupado.
— Não estou. — Ele balançou a cabeça como se eu tivesse que ser mais esperta.
Quando ele me olhava daquele jeito, eu me sentia a única pessoa na cidade.
Meu coração se agitou, e eu implorei que qualquer resquício de ódio que eu ainda sentisse por ele viesse à tona.
— Você não vai me levar para casa. Você estava bebendo.
Ele colocou a garrafa de cerveja pela metade em uma mesa.
— Estou bem. Eu juro.
Olhei para meu pulso.
— Que bonito — Thomas disse.
— Obrigada. Foi presente de aniversário dos meus pais. O Jackson nunca entendeu por que eu usava uma coisa tão minúscula que nem tem números.
Thomas cobriu meu relógio com a mão, os dedos dando uma volta e meia em meu pulso estreito.
— Por favor, me deixa te levar.
— Já chamei um táxi.
— Ele vai entender.
— Eu...
— Liis — Thomas deslizou a mão do meu pulso para a minha mão, me conduzindo para o estacionamento. — Eu vou naquela direção de qualquer maneira.
O calor em seu sorriso o fez parecer mais com o desconhecido que eu levara para casa e menos com o ogro do escritório. Ele não soltou minha mão até chegarmos ao seu Land Rover Defender preto. O carro parecia quase tão velho quanto eu, mas Thomas claramente tinha feito umas melhorias e modificações e o mantinha meticulosamente limpo.
— O que foi? — ele disse, notando meu olhar antes de sentar no banco do motorista.
— É um carro tão esquisito para ter na cidade.
— Concordo, mas não posso desistir dele. Passamos por muitas coisas juntos. Comprei no eBay quando me mudei para cá pela primeira vez. 
Eu havia deixado meu Toyota Camry prateado de quatro anos em Chicago. Eu não tinha dinheiro para transportá-lo, e uma viagem de carro tão longa não me pareceu nem um pouco atraente, então ele estava na entrada da casa dos meus pais, com “Vende-se” e o número do meu celular escritos com cera de sapato branca no para-brisa. Eu nem tinha considerado o eBay. Estava tão determinada a não pensar em Jackson e na minha cidade que não tinha pensado em ninguém nem nada dentro dos limites urbanos de Chicago. Eu não havia telefonado para os meus amigos nem para os meus pais.
Thomas me deixou com meus pensamentos, perdido nos dele, enquanto conduzia o SUV pelo tráfego até nosso prédio. Minha mão estava solitária desde que ele a soltou para abrir minha porta. Quando ele estacionou e veio até o meu lado para agir como um cavalheiro novamente, tentei não esperar que ele a pegasse, mas fracassei. No entanto, Thomas não fracassou em me desapontar.
Caminhei com os braços cruzados, fingindo que não teria aceitado a mão dele de qualquer forma. Quando entramos, Thomas apertou o botão, e nós esperamos em silêncio pelo elevador. As portas se abriram e ele fez sinal para eu entrar, mas não me seguiu.
— Você não vem?
— Não estou cansado.
— Você vai voltar até lá?
Ele pensou na pergunta e então balançou a cabeça.
— Não, provavelmente vou ali do outro lado da rua.
— Para o Cutter Pub?
— Se eu subir com você agora... — ele disse enquanto as portas deslizavam. Ele não conseguiu terminar.
O elevador subiu cinco andares e me libertou. Eu estava me sentindo ridícula, mas corri até a janela no fim do corredor e observei Thomas atravessar a rua com as mãos nos bolsos. Uma tristeza esquisita me invadiu até ele parar e olhar para cima. Quando seus olhos encontraram os meus, um sorriso gentil se espalhou em seu rosto. Acenei para ele, ele acenou de volta e continuou.
Meio envergonhada e meio feliz ao mesmo tempo, caminhei até o meu apartamento e vasculhei a bolsa, procurando a chave. O metal rangeu enquanto eu movimentava a tranca e virava a maçaneta. Imediatamente fechei a porta, deslizei a corrente e virei o trinco.
As caixas empilhadas ali estavam começando a parecer móveis. Deixei a bolsa deslizar do meu ombro para a mesinha ao lado e chutei os sapatos. Ia ser uma noite longa e solitária.
Três batidas altas à porta me fizeram dar um pulo, e, sem olhar pelo olho mágico, me arrastei tão rapidamente para destravar as trancas que o vento fez meu cabelo voar.
— Oi — falei, piscando.
— Não pareça tão decepcionada — Sawyer disse, passando apressado por mim e entrando na sala de estar.
Ele sentou no meu sofá, se recostando nas almofadas e esticando os braços sobre o encosto. Parecia mais confortável no meu apartamento que eu.
Não me preocupei em perguntar a um agente do FBI como ele sabia onde eu morava.
— Que diabos você está fazendo aqui, sem avisar?
— É sexta-feira. Estou tentando falar com você a semana toda. Moro no prédio ao lado. Eu estava fumando meu cigarro eletrônico lá fora e vi o Maddox entrar com você, mas depois ele saiu sozinho em direção ao Cutter.
— Não estou entendendo como isso se traduz em um convite.
— Desculpa — ele disse, sem um pingo de arrependimento na voz. — Posso ir até sua casa?
— Não.
— É sobre o irmão mais novo do Maddox.
Isso me fez parar.
— O que tem ele?
Sawyer gostou de ter toda a minha atenção.
— Você leu o arquivo?
— Li.
— Inteiro?
— Sim, Sawyer. Pare de desperdiçar o meu tempo.
— Você leu a parte sobre o Benny tentando contratar o Travis? O SAC ordenou que o Maddox transforme o irmão em informante. Ele tem uma influência que ninguém mais tem.
— Já sei disso. — Eu não queria que ele soubesse que Travis já tinha sido selecionado para o recrutamento. Meu instinto me dizia para guardar isso para mim.
— Você também sabia que essa ideia é uma merda? A Abby Abernathy é o caminho.
— Ela não se dá com o pai. O Travis é a opção mais viável.
— Ela carregou o Travis pra Vegas e mentiu sobre o álibi. O Trenton estava na luta. Ele sabia que o irmão estava lá. A família toda sabia.
— Exceto o Thomas.
Ele soltou um suspiro frustrado e se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Agora é Thomas? — Olhei furiosa para ele. — Há um ano venho dizendo ao Thomas que a gente devia usar a Abby. Ela seria melhor como informante.
— Discordo — falei simplesmente.
Ele sentou na beirada do sofá e estendeu as mãos.
— Apenas... me escuta.
— Pra quê? Se o Travis descobrir que coagimos sua esposa, a operação vai implodir.
— Então, a melhor opção é trazer aquele cara instável para ser informante? — ele disse, sem expressar nenhuma emoção.
— Acho que o Maddox conhece o irmão, e ele está na liderança do caso. Nós devemos confiar nele.
— Você o conhece há uma semana. Você confia nele?
— Não, não faz nem uma semana. E sim. E você devia fazer o mesmo.
— Ele está próximo demais desse caso. É o irmão dele. Merda, até o diretor está próximo demais. Por alguma razão desconhecida, ele praticamente adotou o Maddox. Eles deviam ser mais espertos. Não estou sendo um babaca. Estou raciocinando e ficando maluco porque ninguém me escuta. Aí você chega... alguém de fora colocada em uma posição de autoridade. Achei que finalmente eu tinha conseguido minha chance, e tenho certeza de que o Maddox está me mantendo longe de você de propósito.
— Isso mesmo — falei.
— O pior é que, quanto mais alto eu falo, menos eles me escutam.
— Talvez você devesse tentar falar mais baixo.
Sawyer balançou a cabeça. Os olhos azuis ardentes queimaram quando ele desviou o olhar de mim.
— Meu Deus, Lindy. Você precisa de ajuda com a mudança?
Eu queria mandá-lo embora, mas um par de mãos extra ia acelerar tudo.
— Na verdade...
Ele ergueu as mãos de novo.
— Eu sei minha reputação no escritório. E admito metade dela... tudo bem, a maior parte. Mas não sou um babaca o tempo todo. Eu te ajudo e vou embora. Eu juro.
Olhei séria para ele.
— Sou lésbica.
— Não, você não é.
— Tá bom, mas as chances de eu me tornar lésbica são maiores que as de transar com você.
— Entendido. Embora eu te ache bem atraente... não nego que, no mundo real, eu tentaria ao máximo te levar pra casa depois do bar... você precisa saber que, apesar de eu ser idiota e galinha às vezes, não sou burro. Eu não dormiria com a minha chefe.
O comentário de Sawyer fez meu rosto corar, e eu virei de costas para ele. Seu charme sulista me atingia, apesar de a razão me dizer que ele era uma perda de tempo para qualquer mulher que quisesse respeito ou um relacionamento sério.
Sawyer podia ser um conquistador e até um babaca a maior parte do tempo, mas não tinha problemas em ser transparente. Mantido a certa distância, ele na verdade poderia ser uma vantagem e talvez até um amigo.
Apontei para a cozinha.
— Vamos começar por ali.

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