Capítulo 9
— Então — Val disse enquanto mastigava, limpando a mistura de maionese e mostarda do canto da boca —, você tem um encontro com o Maddox em três semanas. É isso que você está me dizendo?
Franzi a testa.
— Não. Foi isso que você arrancou de mim.
Ela sorriu, pressionando os lábios para impedir que um pedaço grande de hambúrguer com bacon, alface e tomate lhe escapasse.
Apoiei o queixo na mão, fazendo bico.
— Por que você não consegue simplesmente deixar as coisas pra lá, Val? Preciso que ele confie em mim.
Ela engoliu.
— Quantas vezes eu já te disse? Não existem segredos no FBI. O Maddox devia ter imaginado que em algum momento eu ia descobrir. Ele conhece muito bem os meus talentos.
— E o que isso quer dizer?
— Engole o ciúme, O.J. Eu quis dizer que o Maddox sabe que somos amigas e que eu consigo detectar qualquer segredo melhor que um cão farejador.
— Um cão farejador? Quem é você?
— Meus avós moram em Oklahoma. Eu costumava visitá-los todo verão — ela disse com desdém. — Escuta, você está fazendo um trabalho excelente como supervisora. O SAC obviamente está de olho em você. Você vai estar em Quantico antes mesmo que consiga dizer amor no escritório.
Eu quase engasguei com a batata frita.
— Val, você vai me matar.
— Ele não tira os olhos de você.
Balancei a cabeça.
— Para.
Ela me provocou com um olhar sagaz.
— Às vezes ele sorri quando você passa. Não sei. É meio fofo. Eu nunca o vi desse jeito.
— Cala a boca.
— Então, e o casamento do Travis?
Dei de ombros.
— Vamos passar a noite em Illinois, depois vamos para St. Thomas.
O sorriso dela era contagiante.
Dei uma risadinha.
— O que foi? Para com isso, Val! É trabalho.
Ela jogou uma batata em mim, depois me deixou terminar o almoço em paz.
Deixamos o Fuzzy para voltar ao escritório. Quando passamos pela sala do Marks, ele acenou para Val.
— Ei! Me encontra no Cutter hoje à noite — ele disse.
— Hoje à noite? — Ela balançou a cabeça. — Não, tenho que ir ao mercado.
— Mercado? — ele repetiu, fazendo uma careta. — Você não cozinha.
— Pão. Sal. Mostarda. Não tenho nada.
— Me encontra depois. O Maddox também vai. — Os olhos dele flutuaram até mim por uma fração de segundo, o suficiente para fazer meu rosto corar.
Voltei para minha sala, não desejando parecer ansiosa para ouvir os planos de Thomas. Assim que sentei no meu trono e reativei o notebook, Sawyer bateu à porta parcialmente aberta.
— Hora ruim? — perguntou.
— É — respondi, mexendo o mouse. Cliquei no ícone da minha caixa de entrada de e-mail e franzi a testa enquanto lia as inúmeras linhas de assunto. — Como essa merda acontece? Fiquei fora por uma hora e tenho trinta e duas novas mensagens.
Sawyer enfiou as mãos nos bolsos e se apoiou no batente da porta.
— Somos carentes. Tem uma mensagem minha.
— Ótimo.
— Quer ir ao Cutter hoje à noite?
— Esse é o único bar por aqui?
Ele deu de ombros, andando em direção à minha mesa e desabando em uma das poltronas. Ele se recostou, os joelhos separados e os dedos entrelaçados no peito.
— Aqui não é a minha sala de estar, agente.
— Desculpa, senhora — ele disse, se ajeitando no assento. — O Cutter é o lugar que a gente frequenta. É perto para muitos de nós que moramos nas redondezas.
— Por que tantos de nós moramos ali? — perguntei.
Ele deu de ombros.
— O departamento de habitação tem um bom relacionamento com os proprietários. É relativamente perto do escritório. É um bairro bom e, para Midtown, o preço é bem razoável. — Ele sorriu. — Tem um restaurantezinho em Mission Hills chamado Brooklyn Girl. É muito legal. Quer ir lá?
— Onde fica Mission Hills?
— A uns dez minutos do seu prédio.
Pensei no assunto durante um segundo.
— Só comida, certo? Não é um encontro.
— Meu Deus, não... a menos que você queira me pagar o jantar.
Dei uma risadinha.
— Não. Tá bom. Brooklyn Girl às oito e meia.
— Bum — ele disse, se levantando.
— O que foi isso?
— Não vou ter que comer sozinho. Me desculpa por comemorar.
— Sai daqui — falei, acenando para ele sair.
Sawyer pigarreou, e eu percebi que a porta não tinha se fechado quando deveria. Ergui o olhar e vi Thomas de pé na porta, o cabelo curto ainda úmido por causa do banho depois da atividade física.
— Há quanto tempo está aí de pé? — perguntei.
— Tempo suficiente.
Eu mal reconheci o sarcasmo.
— Você realmente devia parar de ficar rondando a minha porta. É assustador.
Ele suspirou, fechando a porta atrás de si antes de se aproximar da minha mesa. Sentou, esperando pacientemente, enquanto eu dava uma olhada nos e-mails.
— Liis.
— O quê? — perguntei por trás do monitor.
— O que está fazendo?
— Verificando meus e-mails, também conhecido como trabalho. Você devia experimentar.
— Você costumava me chamar de senhor.
— Você costumava me obrigar. — Um longo e constrangedor silêncio me fez inclinar e encontrar seus olhos. — Não me faça explicar.
— Explicar o quê? — ele perguntou, verdadeiramente intrigado.
Desviei o olhar, irritada, depois cedi.
— É só um jantar.
— No Brooklyn Girl.
— E daí?
— É meu restaurante preferido. Ele sabe disso.
— Meu Deus, Thomas. Não é uma competição de marcação de território.
Ele pensou no que eu disse por um instante.
— Talvez não pra você.
Balancei a cabeça, frustrada.
— O que isso significa?
— Você se lembra da noite em que a gente se conheceu?
Cada pedaço de ousadia e irritação em mim se derreteu, e instantaneamente me senti como nos primeiros segundos depois que ele atingiu o clímax dentro de mim. O constrangimento me colocou em meu lugar com mais rapidez do que a intimidação jamais conseguiria.
— O que tem? — perguntei, roendo a unha do polegar.
Ele hesitou.
— Você estava falando sério?
— Sobre qual parte?
Ele olhou direto nos meus olhos durante o que pareceu uma eternidade, planejando o que dizer em seguida.
— Que você não está emocionalmente disponível.
Ele não só derrubou minhas defesas. Todas elas foram derrubadas com mais rapidez do que qualquer outra defesa derrubada na história das defesas derrubadas.
— Não sei como responder — falei. Muito bem, Liis!
— Isso serve pra todo mundo ou só pra mim? — ele perguntou.
— Também não sei como responder.
— É só que eu... — Sua expressão mudou de flerte casual para curiosa com flerte casual. — Quem é o cara da SWAT que você deixou em Chicago?
Olhei para trás como se alguém pendurado na janela do sétimo andar pudesse escutar.
— Estou no trabalho, Thomas. Por que é que estamos conversando sobre essa merda agora?
— Podemos conversar sobre isso no jantar, se quiser.
— Tenho compromisso — falei.
A pele ao redor de seus olhos se comprimiu.
— Um encontro?
— Não.
— Se não é um encontro, o Sawyer não vai se importar.
— Não vou cancelar com ele porque você quer ganhar o joguinho de vocês. Isso já está velho. Você me cansa.
— Então está combinado. Vamos conversar sobre seu ex-ninja no meu restaurante preferido às oito e meia. — Ele se levantou.
— Não, não vamos. Nada disso parece atraente... nem um pouco.
Ele olhou ao redor e, de um jeito brincalhão, apontou para o próprio peito.
— Não, você também não é atraente — soltei.
— Para uma agente federal, você é uma péssima mentirosa — Thomas disse, forçando um sorriso. Ele foi até a porta e a abriu.
— O que está acontecendo com todo mundo hoje? A Val está agindo de um jeito maluco, você está insano... e arrogante, aliás. Eu só quero vir para o trabalho, voltar para casa e, quem sabe, não comer sozinha de vez em quando, e com quem eu bem entender, sem dramas, sem reclamações e sem competições.
O Esquadrão Cinco inteiro estava olhando para a minha sala.
Cerrei os dentes.
— A menos que tenha uma atualização do caso pra mim, agente Maddox, por favor, me deixe continuar minha tarefa.
— Tenha um bom dia, agente Lindy.
— Obrigada — bufei.
Antes de fechar a porta, ele colocou a cabeça para dentro de novo.
— Eu já estava me acostumando com você me chamando de Thomas.
— Sai da minha sala, Thomas.
Ele fechou a porta, e minhas bochechas queimaram quando um sorriso incontrolável se espalhou pelo meu rosto.
***
Rios em miniatura corriam em cada lado da rua, a sujeira e o entulho de uma cidade descendo pelos bueiros grandes e quadrados em cada cruzamento. Pneus espirravam água com barulhos agudos enquanto derrapavam no asfalto molhado, e eu estava de pé na frente da cobertura listrada e das grandes janelas de vidro, com “Brooklyn Girl” escrito em uma fonte vintage.
Eu não conseguia parar de sorrir pelo fato de não estar enrolada em um casaco pesado. As nuvens baixas eram iluminadas pela lua, e o céu respingara e chovera torrencialmente em San Diego o dia todo, mas eu estava ali com uma blusa branca sem manga, um blazer de linho coral e calça jeans skinny com sandálias. Eu queria ter usado meu sapato de salto de camurça que prende no tornozelo, mas não queria correr o risco de molhá-lo.
— Oi — Sawyer disse no meu ouvido.
Virei e sorri, lhe dando uma cotovelada.
— Consegui uma mesa pra gente — Thomas disse, passando rapidamente por nós e abrindo a porta. — Três, certo?
Sawyer pareceu ter engolido a língua.
As sobrancelhas de Thomas se ergueram.
— E aí? Vamos comer. Estou faminto.
Sawyer e eu trocamos olhares, e eu entrei primeiro, seguida por ele. Thomas enfiou as mãos nos bolsos enquanto parava no balcão da recepção.
— Thomas Maddox — a jovem disse, com um brilho nos olhos. — Há quanto tempo.
— Oi, Kasie. Mesa para três, por favor.
— Por aqui. — Kasie sorriu, pegou três cardápios e nos conduziu a uma mesa no canto.
Sawyer sentou primeiro, perto da parede, e eu na cadeira ao lado dele, deixando Thomas sentar de frente para nós. A princípio, os dois homens pareceram felizes com a disposição, mas as sobrancelhas de Thomas se uniram quando Sawyer puxou a cadeira um pouco mais para perto da minha.
Eu o olhei com suspeita.
— Achei que era seu restaurante preferido.
— E é — Thomas disse.
— Ela falou que você não vem aqui há muito tempo.
— É verdade.
— Por quê?
— Você não costumava trazer sua namorada aqui? — Sawyer perguntou.
Thomas abaixou o queixo e olhou com raiva para Sawyer, mas, quando seus olhos encontraram os meus, seus traços se suavizaram. Ele baixou o olhar, ajeitando os talheres e o guardanapo.
— A última vez que eu vim aqui foi com ela.
— Ah — falei, de repente sentindo a boca seca.
Uma jovem garçonete se aproximou da nossa mesa com um sorriso.
— Oi, pessoal. Meu nome é Tessa.
Sawyer levantou os olhos para ela com um brilho conhecido no olhar.
— Alguém tem um encontro depois do trabalho. Estou com ciúme.
Tessa ficou vermelha.
— Batom novo.
— Eu sabia que tinha alguma coisa. — Os olhos de Sawyer se demoraram um pouco mais na garçonete antes de ele mirar o cardápio.
Thomas revirou os olhos, pediu uma garrafa de vinho sem olhar a carta de vinhos, e ela foi embora.
— Então — Sawyer disse, virando o corpo todo na minha direção —, você ajeitou o quadro?
— Não — respondi com uma risada silenciosa, balançando a cabeça. — Não sei por que é tão pesado. Ainda está apoiado na parede em que quero pendurá-lo.
— É tão estranho não ter prego nenhum naquela parede — ele comentou, tentando desesperadamente não parecer nervoso.
Thomas se ajeitou na cadeira.
— Tenho buchas em casa. É muito pesado?
— Pesado demais para a parede de gesso, mas acho que com uma bucha vai dar certo — falei.
Ele deu de ombros, parecendo muito mais confortável com a situação do que Sawyer ou eu.
— Levo uma pra você mais tarde.
Pela visão periférica, vi um movimento mínimo no maxilar de Sawyer. Thomas tinha acabado de garantir um tempo sozinho comigo mais tarde. Eu não sabia bem se outras mulheres apreciavam estar nessa posição, mas eu estava quase deprimida.
Tessa voltou com uma garrafa e três taças. Enquanto ela servia, Sawyer piscou para ela.
— Obrigada, querida.
— De nada, Sawyer. — Ela mal conseguia conter a felicidade enquanto se balançava nos calcanhares. — Hum, vocês já escolheram as entradas?
— Abobrinha recheada — Thomas disse, sem tirar os olhos de mim.
A intensidade de seu olhar me fez ficar envergonhada, mas não desviei os olhos. Pelo menos por fora, eu queria parecer impenetrável.
— Quero o homus — Sawyer disse, parecendo enojado com a escolha de Thomas.
Tessa girou nos calcanhares, e Sawyer a observou voltar para a cozinha.
— Com licença — ele disse, fazendo sinal de que precisava sair da mesa.
— Ah. — Eu me afastei e levantei, deixando-o passar.
Ele passou por mim com um sorriso e foi em direção ao que imaginei ser o toalete, passando pelas paredes cinza e por uma arte rústica moderna pendurada ali.
Thomas sorriu enquanto eu voltava para o meu assento. O arcondicionado foi ativado, e eu apertei o blazer ao meu redor.
— Quer o meu casaco? — ele perguntou, oferecendo seu blazer, que combinava perfeitamente com as paredes. Ele estava de calça jeans e botas Timberland de couro marrom.
Balancei a cabeça.
— Não estou com tanto frio assim.
— Você só não quer estar vestindo meu casaco quando o Sawyer voltar do banheiro. Mas ele não vai notar, porque vai estar de papo com a Tessa.
— O que o Sawyer pensa ou sente não me diz respeito.
— Então por que está aqui com ele? — O tom não era de acusação. Na verdade, era tão diferente de sua voz alta e exigente de sempre que suas palavras quase se misturaram ao zumbido do ar-condicionado.
— Não estou sentada na frente dele. No momento, estou aqui com você.
Os cantos de sua boca se curvaram. Ele pareceu apreciar o que ouviu, e eu me xinguei internamente pelo modo como me senti em relação a isso.
— Gostei desse lugar — falei, olhando ao redor. — Meio que lembra você.
— Eu adorava este lugar — Thomas disse.
— Mas não adora mais. Por causa dela?
— Minha última lembrança daqui também é minha última lembrança dela. Sem contar o aeroporto.
— Então ela te deixou.
— Sim. Achei que a gente ia falar do seu ex, não da minha.
— Ela te deixou pra ficar com seu irmão? — perguntei, ignorando-o.
Seu pomo de adão se elevou quando ele engoliu em seco, e Thomas olhou na direção do banheiro, procurando Sawyer, que como previsto, estava de pé na beirada do balcão, perto da estação de bebidas, fazendo
Tessa dar risadinhas.
— É — Thomas disse, então bufou, como se alguma coisa tivesse tirado seu fôlego. — Mas, para começar, ela não era minha. A Camille sempre pertenceu ao Trent.
Balancei a cabeça e franzi a testa.
— Por que fazer isso consigo mesmo?
— É difícil explicar. O Trent é apaixonado por ela desde que éramos crianças. Eu sabia.
Sua confissão me surpreendeu. Pelo que eu sabia de sua infância e de seus sentimentos em relação aos irmãos, era difícil imaginar Thomas fazendo algo tão insensível.
— Mas foi atrás dela mesmo assim. Só não entendo por quê.
Seus ombros subiram só um pouquinho.
— Eu também sou apaixonado por ela.
Tempo presente. Uma pontada de ciúme atingiu meu peito.
— Não foi de propósito — Thomas disse. — Eu costumava voltar sempre pra casa, principalmente para vê-la. Ela trabalha num bar por lá. Uma noite, fui direto para o Red e sentei em frente ao balcão dela, e então de repente me dei conta. Ela não era mais uma garotinha de rabo de cavalo. Ela tinha crescido e estava sorrindo pra mim. O Trent falava da Camille o tempo todo, mas, para mim pelo menos, nunca pareceu que ele ia tentar algo. Durante muito tempo, achei que ele nunca ia ficar com alguém de verdade. Então ele começou a sair com outra garota... a Mackenzie. E foi aí que eu achei que ele tinha superado a paixonite pela Camille. Mas, pouco tempo depois, houve um acidente e a Mackenzie morreu.
Engoli uma respiração curta.
Thomas reconheceu meu choque com um sinal de cabeça e continuou:
— O Trent nunca mais foi o mesmo depois disso. Ele bebia muito, transava com qualquer uma e abandonou a faculdade. Num fim de semana, voltei pra casa pra ver como ele e meu pai estavam e então fui até o bar. Ela estava lá. — Ele hesitou. — Eu tentei evitar.
— Mas não evitou.
— Cheguei à conclusão de que ele não a merecia. Foi a segunda coisa mais egoísta que já fiz, e ambas foram com meus irmãos.
— Mas o Trent e a Camille acabaram juntos?
— Eu trabalho muito. Ela está lá. Ele está lá. Era óbvio que ia acontecer, depois que o Trent decidiu ir atrás dela. Eu não podia protestar de verdade. Ele se apaixonou primeiro.
A tristeza em seus olhos fez meu peito doer.
— Ela sabe o que você faz?
— Sabe.
Arqueei uma sobrancelha.
— Você contou pra ela onde trabalha, mas não para sua família?
Thomas pensou nas minhas palavras e se remexeu na cadeira.
— Ela não vai contar. Ela prometeu que não ia contar.
— Então ela mente para todos eles?
— Ela omite.
— Para o Trent também?
— Ele sabe que a gente namorava. Ele acha que mantínhamos tudo em segredo por causa do que ele sentia pela Camille. Ele ainda não sabe sobre o FBI.
— Você confia que ela não vai contar para ele?
— Confio — ele disse sem hesitar. — Eu lhe pedi segredo em relação ao fato de que estávamos saindo. Durante meses, ninguém soube, exceto a amiga que mora com ela e algumas pessoas do trabalho dela.
— É verdade, não é? Você não queria que seu irmão soubesse que você tinha roubado a Camille dele — falei, presunçosa.
Seu rosto se contorceu em repulsa pela minha falta de sutileza.
— Em parte. Mas também não queria que meu pai ficasse insistindo para que ela desse informações sobre mim. Ela teria que mentir. Isso teria tornado as coisas mais difíceis do que já eram.
— Ela teve que mentir de qualquer jeito.
— Eu sei. Foi burrice. Agi sob o impulso de um sentimento passageiro que acabou virando algo mais. Coloquei todo mundo em uma posição ruim. Fui um babaca egoísta. Mas eu a amava... eu a amo. Pode acreditar, estou sendo castigado por isso.
— Ela vai estar no casamento, não vai?
— Vai — ele respondeu, retorcendo o guardanapo.
— Com o Trent.
— Eles ainda estão juntos. Eles moram juntos.
— Ah — falei, surpresa. — E isso não tem nada a ver com o motivo pelo qual você quer que eu vá?
— O Polanski quer que você vá.
— Você não quer?
— Não porque estou tentando provocar ciúme na Camille, se é isso que está tentando dizer. Eles se amam. Ela faz parte do meu passado.
— Faz? — perguntei antes de conseguir me impedir. E me preparei para a resposta.
Ele me encarou por um tempo.
— Por quê?
Engoli em seco. Essa é a verdadeira pergunta, não é? Por que eu quero saber?
Pigarreei, rindo de um jeito nervoso.
— Não sei por quê. Apenas quero saber.
Ele soltou uma risada e baixou o olhar.
— Você pode amar alguém sem querer estar com essa pessoa. Assim como você pode querer estar com uma pessoa antes de amá-la.
Ele levantou o olhar para mim, uma centelha em seus olhos. Pela visão periférica, vi que Sawyer estava em pé ao lado da nossa mesa, esperando com Tessa, que tinha uma bandeja na mão.
Thomas não desviou o olhar de mim, e eu não conseguia desviar o meu dele.
— Posso, hum... com licença — Sawyer disse.
Pisquei algumas vezes e olhei para cima.
— Ah. Sim, desculpa. — Eu me levantei para que ele pudesse passar, depois voltei ao meu assento, tentando não me encolher sob o olhar decidido de Thomas.
Tessa colocou as entradas na mesa com três pratinhos. Ela encheu a taça de Thomas, que estava pela metade, o merlot escuro respingando ali dentro, mas eu coloquei a mão sobre a minha antes que ela pudesse servir.
Sawyer levou a taça aos lábios, e um silêncio constrangedor se abateu sobre a mesa enquanto o resto do restaurante zumbia com uma conversa constante, interrompida apenas por risadas intermitentes.
— Você contou a ela sobre a Camille? — Sawyer perguntou.
Os pelos em minha nuca se eriçaram, e minha boca de repente pareceu seca. Bebi o último gole do líquido vermelho em minha taça.
Thomas rangeu os dentes e estreitou os olhos, parecendo arrependido.
— Você contou à Tessa sobre aquela coceira?
Sawyer quase engasgou com o vinho. A garçonete tentou pensar em algo para dizer, mas não conseguiu e, depois de alguns pulinhos, voltou para a cozinha.
— Por quê? Por que você é tão babaca? — Sawyer perguntou.
Thomas deu uma risadinha, e eu tentei abafar um sorriso, mas não consegui, soltando a risada dentro do copo de água.
Sawyer também riu e balançou a cabeça antes de passar uma boa quantidade de homus na fatia de pão árabe.
— Muito boa, Maddox. Muito boa.
Thomas olhou para mim.
— Como você vai pra casa, Liis?
— Você vai me levar.
Ele assentiu.
— Eu não queria supor isso, mas estou contente por concordar.
Quantas coisas o Thomas esconde? Fico impressionada
ResponderExcluir— Você contou pra ela onde trabalha, mas não para sua família?
ResponderExcluirThomas pensou nas minhas palavras e se remexeu na cadeira.
— Ela não vai contar. Ela prometeu que não ia contar.
— Então ela mente para todos eles?
— Ela omite.
— Para o Trent também?
— Ele sabe que a gente namorava. Ele acha que mantínhamos tudo em segredo por causa do que ele sentia pela Camille. Ele ainda não sabe sobre o FBI.
Agora esta explicado... qd ele disse a Cami q ja tinha esclarecido... e Trent e eles se abraçaram no hospital <3 uffa... que alivio