Capítulo 12
O término do próximo turno se aproximou lenta e silenciosamente,
sem o rugido suave das conversas. As únicas vozes que quebravam a calmaria eram
dos funcionários e dos cinco clientes.
— Estamos quase em setembro — disse Phaedra, fazendo
uma careta para a calçada molhada e as gotas de chuva que escorriam pelas janelas
da frente. — Por que está chovendo tanto, droga?
Chuck balançou a cabeça. Ele tinha parado de preparar
os pratos, tendo a rara oportunidade de ir até a área de refeições durante o
horário de atendimento.
— Precisamos da chuva, lembra, docinho?
Phaedra suspirou e foi para os fundos.
— Vou assar umas tortas. Kirby, pode ir para casa.
Kirby bufou, derrotada, desamarrando o avental.
— Ainda bem que estou com meu carro de novo. — Ela
pegou as chaves e a bolsa antes de sair porta afora.
Fiquei atrás do balcão, procurando alguma coisa para
limpar.
— Falyn? — chamou Kirby.
— Sim? — Assim que levantei o olhar, engoli o pânico
crescente.
Kirby estava parada com Taylor, na frente da
recepção.
— Oi, Tay — falei.
Taylor deu uma risada, e uma dezena de emoções passou
pelo seu rosto, mas nenhuma delas era diversão.
— Oi, Ivy League.
Percebi uma alça sobre seu ombro.
— Qual é a da mochila?
Ele colocou a mochila sobre um banco, no centro do
balcão.
— Trouxe uma coisa para você. — Pouco depois, puxou o
zíper, pegou uma pequena sacola branca e
a colocou sobre o balcão.
— Um presente? — perguntei, tentando não demonstrar o
nervosismo.
— Não abre antes de eu sair.
— Aonde você vai?
— Não é para o trabalho.
— Ah.
— Está chovendo, Falyn. Estamos dragando.
Fiz uma careta.
— Eu não falo a língua dos bombeiros. O que isso
significa?
— Tem umidade suficiente no solo para os caras daqui
conseguirem cuidar da região.
Estou indo embora.
— Mas... você disse que ficaria até outubro.
Ele deu de ombros, o rosto derrotado.
— Não posso impedir a chuva.
Eu o encarei, sem palavras. As nuvens que passavam
estavam se tornando noturnas, escurecendo o céu.
— Não fala merda por causa do seu presente, tá? Uma
vez na vida, não seja uma grande chata.
— Tanto faz — falei, desanimada.
— Tanto faz? — ele disse, piscando.
— Acho que te vejo por aí. — Tirei a sacola do balcão
e a coloquei atrás do bar.
— Falyn...
— Tudo bem — falei, inexplicavelmente esfregando o
balcão com um pano seco.
Ele suspirou.
— A gente não vai entrar nessa porcaria de mal-entendido.
Eu vou voltar. Vamos fazer o que dissemos que íamos fazer.
— Humm, tá bom.
— Não faz isso — ele disse, os ombros desabando.
Parei de esfregar e forcei um sorriso.
— Se fizermos, ótimo. Se não fizermos, dou um jeito.
Não sou responsabilidade sua.
Ele estreitou os olhos e fechou o zíper da mochila
antes de colocá-la nas costas.
— Você vai sentir saudade de mim.
— Nem um pouco.
— Ah, vai sim. Você está puta da vida porque vai
sentir uma saudade enorme de mim.
— Não — falei, balançando a cabeça e continuando a
não limpar o balcão com o pano em círculos rápidos. — Isso seria uma tremenda
perda de tempo.
— Para de ser durona — ele satirizou. — Eu também vou
sentir saudade de você.
Os movimentos de meus braços ficaram lentos.
— É por isso que eu vou voltar no próximo fim de semana
para te pegar. Para te levar para casa. Para a minha casa. Para Eakins.
— O quê? — Levantei o olhar para ele, meus olhos
brilhando instantaneamente.
— Eu queria ir amanhã, mas o Chuck disse que o
funeral...
— No próximo fim de semana? — As lágrimas escorreram
pelas minhas bochechas em fluxos idênticos.
A expressão de Taylor mudou de convencido para
desesperado.
— Podemos ir amanhã. Eu só achei...
— Não — falei, secando o rosto. — Não, no próximo fim
de semana seria perfeito. Mas — apontei para ele — não faça promessas.
Ele balançou a cabeça.
— Porra, não, não estou fazendo promessas. Se você
quiser, prometo não fazer isso.
Subi no balcão e pulei nele, jogando braços e pernas
ao seu redor.
— Obrigada! — Beijei seu rosto. — Obrigada.
Taylor riu, tentando disfarçar a surpresa. Sua mão se
aninhou na parte de trás do meu cabelo, e ele pressionou o rosto contra o meu.
— Te vejo daqui a uma semana.
Relaxei o abraço, e ele me colocou no chão. Por pura
empolgação, deslizei as mãos em seus braços e entrelacei nossos dedos,
apertando-os.
— Por sua causa, está muito difícil não ter muitas
esperanças.
— Se eu te decepcionasse, acho que a Phaedra me mataria...
logo depois do Chuck cortar a minha garganta.
Olhei para Chuck, que estava segurando uma faca no
próprio pescoço e fingindo cortá-lo, e não era brincadeira.
Taylor se inclinou depois que eu o soltei e beijou
meu rosto antes de se afastar.
— Tem um telefone nessa sacola. Meu número já está
nele. Me manda uma mensagem com seus dados de viagem, para eu poder reservar as
passagens.
Olhei rapidamente para o bar.
— Você vai... — Minha respiração ficou presa. — Você
vai me matar.
— Não me chama de Tay. Nunca mais. Ou vou cancelar o
acordo.
Balancei a cabeça.
— Não vou nem te chamar de babaca pelas costas.
Relutantemente, ele seguiu em direção à porta,
ajeitando a mochila.
— Manda nudes! — ele gritou, fazendo o sinal de paz e
amor antes de sair para a calçada.
Olhei para Chuck e Phaedra.
— Eu não entendo a vida, neste momento. O que está
acontecendo?
Corri para a parte de trás do balcão e vasculhei a
sacola antes de tirar o celular de baixo das camadas de papel de seda. Eu tinha
quase certeza que as três bundas nuas no plano de fundo do aparelho eram de
Taylor, Dalton e Zeke, apesar de o rosto dos três estar escuro porque eles
estavam ligeiramente abaixados enquanto mostravam a bunda para a câmera.
Engoli as lágrimas e cobri a boca.
— Quem faz esse tipo de coisa? — perguntei para
ninguém especificamente. Olhei para Phaedra, que também estava com lágrimas nos
olhos. — Eu vou. No próximo fim de semana, vou estar em Eakins.
— Estou feliz por você, docinho — disse Phaedra,
estendendo os braços enquanto vinha em minha direção. Ela me abraçou com força
e deu um tapinha nas minhas costas.
— Mas, se ele não cumprir a promessa, não vai sobrar
Taylor suficiente para Chuck fatiar depois que eu acabar com ele.
Ela me soltou, e o celular na minha mão zumbiu. O
nome na tela dizia: TAYLORFERA.
Deslizei a tela e li a mensagem de texto:
Para de sentir
saudade de mim. É loucura.
Balancei a cabeça e coloquei o celular no bolso do
avental. Eu o devolveria no instante em que voltássemos de Eakins, mas a
gentileza de Taylor era impressionante.
Durante o resto do meu turno, foi impossível não me
distrair com imagens da minha chegada à cidade e da minha própria reconciliação
— de uma distância considerável —, sem ninguém ser o mais sábio. Eu tinha
sonhado com esse momento durante tanto tempo, e saber que estava a uma semana
disso era quase insuportável.
Fechar a cafeteria poderia levar o dobro do tempo sem
Kirby para ajudar, mas estávamos com o movimento tão fraco que eu comecei antes
de Phaedra virar a placa e trancar a porta.
Contei as gorjetas e separei a parte de Kirby, que
tranquei na caixa registradora, depois subi, acenando para Pete e Hector ao
passar.
Eu me joguei no sofá, peguei meu novo celular no avental
e o segurei diante de mim com as duas mãos. Taylor enviara mais mensagens.
Que droga.
Agora eu estou com saudade de você. Obrigado por ser uma má influência.
A que horas
você sai?
Me manda uma
mensagem quando estiver liberada.
Esperar é um
saco.
Com os polegares, digitei na tela sensível ao toque:
Espero que você
não esteja dirigindo.
Imediatamente, três pontos apareceram, fazendo uma
dancinha na tela.
Que diabos
significa isso?
E uma mensagem apareceu:
Não, deixei o
Dalton dirigir.
Ah. Quer dizer que ele está digitando
Digitei de novo, me perguntando se ele sabia que eu
estava respondendo.
Todo mundo em
casa e em segurança, então?
Ãhã.
Depois disso, eu não sabia muito bem o que dizer. Fazia
muito tempo que eu não me comunicava com alguém por uma tela de celular. Eu
estava sem prática.
O telefone fez um ruído metálico na mesa de centro quando
o deixei de lado, e decidi que seria uma boa ideia se eu fosse até uma loja
popular para ver se eles tinham capa de celular. Eu nunca tinha procurado.
Talvez Kirby tivesse uma velha que eu pudesse usar.
O celular zumbiu de novo.
Quais são seus
dados de viagem?
Você vai
reservar agora?
É um horário
tão bom quanto qualquer outro.
Tem certeza?
Ãhã.
Digitei meu nome completo e data de nascimento.
Imogene? Esse é
o pior nome do meio que existe.
Não consigo
soletrar.
Você acabou de
fazer isso.
Sempre
dificultando as coisas.
Você pode
agradecer à minha mãe por isso. Qual o seu nome do meio?
Dean.
Bem fácil.
É o que todas
dizem. Vou fazer a reserva hoje à noite.
Coloquei o celular na mesa de novo e voltei a me
recostar no sofá, apoiando as pernas na almofada. Eu estava recebendo mensagens
de texto em um celular e iria para Eakins, Illinois, daqui a alguns dias. Minha
vida parecia totalmente diferente antes e, apesar de assustador, eu sabia que
tinha sido melhor assim, e agora a sensação era a mesma.
O cômodo estava silencioso, com pulsações abafadas
vindo do Cowboys, do outro lado da rua. Pensei em Taylor Dean dançando, subindo
a trilha, vendo filmes em VHS e lavando a roupa. Pensei em como a vida poderia
ser maravilhosa se eu pudesse ter um encerramento para tudo.
Assim que comecei a relaxar, alguém bateu à porta.
Levantei num pulo e a abri de repente.
Gunnar estava parado no corredor, o rosto vermelho e
inchado, os olhos brilhando sob a luz fraca.
Minha boca se abriu.
— Ei! Tudo bem? Cadê a Kirby? Como foi que você
entrou?
— A Kirby me mostrou onde fica a chave extra. Ela não
quer falar comigo, Falyn.
Dessa vez, eu estraguei tudo de verdade.
— O quê?
Eu o observei enquanto ele passava por mim e sentava
na poltrona. Ele colocou a cabeça nas mãos, apoiando os cotovelos nos joelhos.
Fechei a porta.
— O que aconteceu?
Ele balançou a cabeça.
— Ela acha que eu a estou traindo. Tentei explicar,
mas ela não me ouve.
Atravessei o cômodo, com os braços cruzados. Ele
levantou o olhar para mim, desesperado.
— Você pode falar com ela por mim?
— Claro... assim que você me contar o que está
acontecendo.
Seus olhos encararam o chão.
— Eu menti para ela.
— Sobre o quê?
— Por que estou sempre atrasado. Não é por causa do trânsito.
Só recebo dez horas, e andei trabalhando à noite na faculdade para conseguir
uma grana extra.
Dei de ombros, olhando para ele.
— Por que você simplesmente não contou para ela?
— Ela não ia gostar.
— Qual é o trabalho?
— Não é propriamente um trabalho... Estou ajudando um
cara com a manutenção de um prédio perto do campus: lixo, grama, pintura,
consertar coisas.
— Tá. E por que você não contou isso para a Kirby?
Ele engoliu em seco.
— Porque é para a sede da irmandade Delta Gamma.
Não consegui evitar que o riso escapasse da minha boca
e segurei os lábios com os dedos.
— Eu cavei minha própria cova, Falyn. Preciso da sua
ajuda.
— Como é que eu vou te ajudar? E desde quando a
Universidade do Colorado tem sedes de irmandade?
— É em Boulder — ele respondeu, exausto.
— Você dirige uma hora e meia até Boulder todos os
dias para trabalhar? Por quê?
— Porque fica a meia hora de Denver, e eu queria ter
um emprego mais próximo quando a gente se mudar. A oportunidade apareceu, e eu
agarrei.
Dei uma risadinha.
— Aposto que sim.
Kirby e eu éramos próximas, mas nada que eu dissesse
a faria ignorar os fatos.
— Não é engraçado, Falyn. É uma boa grana, mas ela
não vai acreditar em mim. Por favor, fala para ela. Você sabe que eu a amo.
Você sabe que eu não a trairia. Ela também sabe. Ela só está com raiva.
— Ela também sabe que você mentiu.
Seus ombros afundaram.
— Ela vai me deixar por causa de uma bobagem. — Ele
olhou para mim com a expressão mais deplorável. — Por favor?
— Vou falar com ela, mas não te prometo nada.
Gunnar fez que sim com a cabeça e se levantou antes
de se arrastar até a porta. Ele a abriu um pouco, antes de se virar para mim.
— Eu nunca a trairia, Falyn. Ela é a única garota que
eu já amei na vida.
— Ah, nisso eu acredito.
Então ele abriu a porta toda, revelando uma Kirby com
o rosto molhado parada no corredor, com uma garrafa de vinho na mão.
Gunnar prendeu a respiração. O lábio inferior de
Kirby estremeceu.
— Eu só... eu não sabia o que fazer — ele disse.
Kirby se jogou nos braços dele, ainda segurando a garrafa.
Gunnar a levantou do chão para não ter que se abaixar muito. Ele a abraçou com
força, e ela enterrou a cabeça em seu pescoço.
— Você é tão idiota!
— Eu sei — ele admitiu.
Ela se afastou para olhar nos olhos dele e fungou.
— Nunca mais minta para mim.
Ele balançou a cabeça.
— Nunca mais. Eu fiquei apavorado.
Ela beijou os lábios dele e me passou a garrafa.
— Trouxe isso para dividir.
Eu a peguei da mão dela.
— Você não tem idade para beber.
— Eu estava chateada. Roubei do armário da minha mãe.
Ela olhou para Gunnar, e eles praticamente se
atacaram de novo.
— Vão para algum lugar. — Empurrei Gunnar até o corredor
para conseguir fechar a porta.
Então me encostei na lateral da geladeira e dei uma
risadinha, olhando para a garrafa de vinho que eu tinha na mão. Mesmo quando os
dois eram chatos e dramáticos, eles eram fofos.
— Bom — falei sozinha —, pelo menos vou dormir bem,
hoje. — Eu estava sozinha.
Era seguro curtir um ou dois copos.
Abri a tampa e servi o moscatel branco num copo,
levando a garrafa comigo até a cama. O gosto era exatamente o de uma garrafa de
vinho de doze dólares: quente demais e doce demais, mas servia.
Terminei o copo em cinco minutos e servi mais um, enchendo
até a borda, dessa vez. Dez minutos depois, esse também tinha acabado, e servi
outro. Não foram só dois copos.
Liguei o celular na tomada e o coloquei na minha mesinha
de cabeceira, depois tirei toda a roupa antes de me arrastar para a cama. Uma das
muitas coisas boas de morar sozinha era poder dormir nua sem segundas
intenções.
Os lençóis roçaram na minha pele quando eu me espreguicei
sob eles e relaxei no meu travesseiro de plumas.
O celular zumbiu na mesinha, e eu percebi que estava
me enrolando para pegá-lo, rindo.
Não consigo
dormir. Queria estar em Springs ainda.
Lutei contra a vontade de abraçar o celular. Ver a discussão
de namorados de Gunnar e Kirby, seguida de três copos de vinho em menos de
vinte minutos, me deixou estranhamente sentimental.
Também não
consigo. O Gunnar acabou de sair daqui.
E a Kirby?
Também. Eles
brigaram.
Paixão
adolescente.
Acho que sim.
Não seja tão
durona. Acontece.
Com quem?
Meu irmão
Travis. Ele se apaixonou perdidamente no ano passado. Agora está casado antes
mesmo de ter idade pra beber.
Quantos anos
ele tem?
Vinte.
Então ele casou
aos dezenove? Estranho.
Não é, não.
Eles são ótimos juntos.
Ah, então você
aprova?
Se eles se
amam, claro.
Como você sabe
que ama alguém aos dezenove?
Você vai
conhecer os dois na próxima semana. Você vai ver.
Encontro
marcado.
;)
Deixei o celular de lado e terminei o copo, sentindo
tudo ficar mais devagar. Até meus olhos estavam mais lentos para piscar.
Estiquei as pernas, deixando os lençóis deslizarem nas partes macias da minha
pele. Olhei para o celular, sorri e estendi a mão. Apertei alguns botões e o
segurei longe de mim, esperando até um sinal comprido encher o quarto.
— Você ainda está acordada? — perguntou Taylor, com a
voz parecendo cansada, mas não sonolenta.
— Esse celular treme toda vez que você me manda
mensagem, e eu estou nua na cama — falei, ouvindo minhas palavras se embolando.
— Estou com muita vontade de colocá-lo entre as pernas e esperar você me mandar
mais uma mensagem. — Eu sabia como isso soava totalmente inadequado, mas não
dei a mínima.
Durante dez segundos... silêncio.
— Você acha que não vai funcionar? — perguntei,
impaciente por uma resposta.
— Você está bêbada?
Pressionei os lábios, tentando, sem conseguir, abafar
uma risada.
— A Kirby trouxe uma garrafa de vinho.
— Achei que você não bebia.
— Não bebo, mas estou sozinha, então por que não?
— Ah, então você não bebe em público.
— Nem em particular, se tiver alguém por perto.
— Estou com um dilema — ele disse casualmente. — É
tentador deixar esse papo rolar. Por outro lado, eu sei que você vai se
odiar... e muito possivelmente a mim... amanhã.
— Já estou com saudade — falei, o sorriso desaparecendo
do meu rosto. — Eu tentei não gostar de você.
— Eu sabia — ele disse, se divertindo. Então suspirou.
— Eu fiquei perdido desde o começo. Você é cruel pra caralho, e isso me deixa
totalmente maluco. Mas de um jeito bom.
— Eu sou cruel? — perguntei, sentindo as lágrimas
queimando os meus olhos.
— É, mas... merda. Você é uma bêbada triste, né? Você
não devia beber sozinha.
— Estou com saudade de tudo — sussurrei, levando os dedos
até a boca.
— Saudade do quê? — ele perguntou. — Sabe, meu pai
ficou muito mal durante muitos anos. Ele compensou isso. Às vezes, você precisa
perdoar os seus pais. Eles também não sabem de tudo o tempo todo.
Balancei a cabeça, sem conseguir responder.
— Falyn, vai dormir, baby. Isso só vai piorar.
— Como você sabe?
— Meu pai também era um bêbado triste.
Fiz que sim com a cabeça, apesar de ele não poder me
ver.
— Deixa o celular no ouvido. Deita e fecha os olhos.
Vou ficar aqui até você dormir.
— Tá bom — falei, obedecendo.
Ele não disse mais nada, mas eu o ouvia respirando.
Eu me esforcei para ficar acordada, pelo menos para saber até quando ele
ficaria ali, mas não demorou muito para a sensação de completa confusão me
engolir.
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