Capítulo 14
Taylor parou o carro que alugamos
no aeroporto na entrada de carros da casa do pai. Ele falou a maior parte do
caminho — sobre o emprego, os lugares para onde viajou, os irmãos, o primo e o
que ele sabia da esposa de Travis.
Mal notei a casa do pai de
Taylor. Meus olhos estavam grudados no terreno ao lado, na casa rústica de
tijolos a uns trinta metros da rua, com a longa entrada de carros vazia.
Taylor e eu chegamos perto da
hora do jantar. Vi o sol afundando no fim do horizonte, em vez de ver sua luz
queimar atrás do pico de uma montanha. Isso me pareceu uma bela estranheza.
— Lar, doce lar — disse Taylor,
abrindo a porta. — E ali está ele.
Afastei os olhos da casa vizinha
por tempo suficiente para ver um senhor saindo da casa.
— É o seu pai? — perguntei.
Taylor assentiu, sorrindo para o
homem robusto de cabelos brancos que acenava para nós da porta. Foi aí que
notei que Taylor estacionara o carro alugado atrás de um Toyota Camry prata, e
um jovem casal saiu de trás do pai de Taylor. A mulher estava segurando um
cachorrinho preto, e o cara se parecia tanto com Taylor que, por um instante,
eu me perguntei se era seu irmão gêmeo.
Taylor pegou nossas malas no banco
traseiro, e subimos os degraus. Ele abraçou o pai e depois aquele que eu
imaginei que fosse seu irmão, já que os dois eram tão parecidos.
— Falyn, esse é o meu pai, Jim
Maddox.
Jim estendeu a mão para mim, e eu
a apertei.
— Muito prazer — falei.
Ele tinha os olhos mais gentis
que eu já vira, assim como os de Chuck e Phaedra. Também eram pacientes e um
pouco empolgados e curiosos.
— Esse é o meu irmão Travis e a
minha cunhada, Abby.
Apertei a mão de Travis e depois
a de Abby. Seu cabelo caramelo comprido lhe caía sobre os ombros, parecido com
o meu. Ela era mais baixa que eu, e Travis mais alto que Taylor. Travis estava
sorrindo, feliz só de me conhecer, mas Abby me observava com atenção,
absorvendo cada detalhe, provavelmente se perguntando o que havia de especial
em mim a ponto de Taylor me levar para casa.
— Bom, está ficando tarde. Vamos
acomodar vocês — disse Jim.
A porta de tela rangeu quando ele
a puxou, e eu segui Taylor para dentro. A casa era bem surrada. Os carpetes
pareciam muito com os meus, e os móveis eram tão velhos que cada peça tinha sua
própria história para contar. O corredor dava para a cozinha, com uma escada do
outro lado.
— Podem ficar no quarto do Thomas
— disse Jim. — Vemos vocês aqui embaixo para o jantar. A Abby e o Trav já
cozinharam.
Taylor arqueou uma sobrancelha.
— Devo ter medo?
Abby bateu no braço dele.
— Tá bom — disse Taylor. — Vamos
guardar nossas coisas e vemos vocês em um segundo. Onde está o Trent?
— No Chicken Joe’s — respondeu
Jim.
— Ele ainda está fazendo isso, é?
— comentou Taylor, me olhando por meio segundo.
— Só uma vez por semana, agora —
disse Jim.
Travis e Abby nos deixaram e
seguiram para a cozinha, e Taylor pegou a minha mão, me guiando escada acima e
por outro corredor. Ele parou na última porta à direita e virou a maçaneta,
empurrando-a. Então colocou a bolsa sobre uma tábua solta, fazendo-a gemer e se
revelar sob o carpete.
Eu não dormia na casa de amigos
com muita frequência quando era criança, e ir morar na faculdade foi difícil.
Mudar para o andar de cima do Bucksaw foi um alívio, mas também foi
estressante. Nunca me dei bem em lugares estranhos, mas a má conservação, os
móveis e o papel de parede de décadas atrás formavam um lugar que eu poderia chamar
de casa.
Coloquei a palma da mão na testa.
— Não consigo acreditar que estou
aqui. Eles estão na casa ao lado.
— Também não consigo acreditar
que você está aqui — disse Taylor, com reverência na voz.
O quarto era decorado com troféus
de plástico, medalhas, fotografias antigas e uma camada de poeira. A casa toda
tinha cheiro de jantar, fumaça velha e um toque de loção pós-barba.
Dei um passo em direção à parede,
o sol destacando o retrato de um Jim muito novo e da mãe de Taylor, Diane.
— Onde ela está? — perguntei,
virando para ele. — Sua mãe.
Taylor esfregou a nuca.
— Ela... não está aqui. Morreu
quando eu era criança.
Minha boca se abriu de repente, e
eu a fechei.
— Por que não me contou?
— O assunto não surgiu.
— Claro que sim, caramba... pelo
menos duas vezes. Toda aquela conversa sobre confiar um no outro e você não me
disse que cresceu sem mãe?
Taylor deixou a mão cair até a
coxa.
— Não gosto de falar sobre isso.
É tipo o negócio de ser gêmeo. As pessoas me olham diferente quando sabem.
— Quem se importa com alguém que
pode te desprezar porque sua mãe morreu? — Ele deu uma risada. — Estou falando
sério — eu disse. — Você devia ter me contado.
— Por quê?
— Porque somos amigos.
Ele me encarou, magoado.
— Sério? Nossa amizade vai
depender de compartilhar coisas? Porque eu só tenho uma vaga ideia de por que
você está aqui.
— Acidente? — perguntei.
Ele balançou a cabeça.
— Câncer.
— Meu Deus. Isso é horrível.
Ele apontou para mim.
— Essa expressão no seu rosto é o
motivo pra eu não ter te contado. — Ele começou a desarrumar nossas malas,
tirando nossas coisas das sacolas como se as odiasse.
— Você tem sorte de eu não ter
perguntado ao seu pai pela sua mãe. Eu jamais teria te perdoado.
Ele suspirou.
— Não pensei nisso. Você está
certa. Desculpa.
— Tá perdoado.
— Tenho que te contar mais uma
coisa — disse ele.
Eu me preparei, cruzando os
braços.
— Meu pai não sabe o que eu faço.
Ele nos fez prometer, muito tempo atrás, que não trabalharíamos em nada que
pudesse nos colocar em perigo. Ele trabalhava cumprindo a lei, e minha mãe
pediu para ele desistir antes de ela morrer. É meio que um pacto que fizemos.
— E aí, você se candidatou para
uma equipe de bombeiros de elite? — perguntei, sem acreditar.
— Não. Enquanto estamos aqui,
Tyler e eu vendemos seguros.
Ri incrédula.
— Você tá brincando.
— Não.
— O que o Tyler faz?
— Serviço Florestal, como eu.
Minha boca se abriu.
— Ele também é bombeiro de elite?
— É. Normalmente ele trabalha em
turnos diferentes. Só não fala nada, tá? Não quero chatear o meu pai.
— Vocês todos têm um pacto para
ficarem em segurança, mas seu irmão caçula lutou numa luta clandestina, e você
e seu irmão gêmeo combatem incêndios florestais. Thomas é o quê? Espião?
— Não, é executivo de propaganda
na Califórnia. Ele tem uma personalidade tipo A, faz sempre o que deve fazer.
— Pelo menos um de vocês é.
Ele estendeu a mão.
— A gente devia descer.
Encarei seus dedos estendidos e
balancei a cabeça.
— Não quero dar uma ideia errada
para eles.
Uma ruga profunda se formou entre
suas sobrancelhas, e seu rosto ficou vermelho.
— Dá um tempo, Falyn, porra. Você
está aqui. Podemos parar com esse joguinho?
— O que isso significa?
Ele deu um passo em minha
direção.
— Cansei de fingir que você não
falou aquelas coisas.
— O quê? — soltei.
— No telefone, na outra noite.
Tudo bem, você estava bêbada, mas... não sou só eu. Não estou sozinho nessa.
A risada da família de Taylor
flutuou escada acima e pelo corredor até onde estávamos.
— Você está certo — falei. —
Taylor me encarou cheio de expectativa. — É melhor a gente descer.
A expressão de raiva em seu rosto
fez com que eu me encolhesse. Ele abriu a porta, esperando que eu fosse na
frente.
Travis estava em pé atrás de Abby
no fogão, com os braços ao redor dela, se inclinando para esfregar o nariz em
seu pescoço.
— Posso ajudar em alguma coisa? —
perguntei.
Os dois pararam de dar risadinhas
e se balançar de um lado para o outro por tempo suficiente para olhar para mim,
fazendo com que eu me arrependesse por ter interrompido.
Com o garfo na mão, Abby apontou
para uma pilha de pratos de vidro marrons.
— Se quiser, você pode arrumar a
mesa.
Taylor passou por mim e pegou os
pratos, fazendo sinal com a cabeça para eu segui-lo. Peguei os talheres e fui
atrás dele até o próximo cômodo, onde Jim estava sentado sozinho.
Então ele colocou um prato na
frente do pai, e eu coloquei seus talheres. Abby não tinha separado colheres,
mas eu não imaginava que teríamos um prato de sopa.
Qualquer casa onde eu me sentia
bem não teria vários pratos — nem empregadas e agendas egoístas para mudar a
vida das pessoas.
Travis entrou, colocou descansos
de pratos sobre a mesa, e Abby veio atrás rapidamente, posicionando um prato de
vidro fundo com várias costelas de porco bem temperadas e suculentas. Eles eram
jovens, mas estavam claramente apaixonados, sempre se beijando ou se tocando
quando passavam perto um do outro.
Taylor puxou uma cadeira ao lado
de Jim.
— Senta.
O tecido marrom estava manchado e
desbotado, mas a almofada era bem aconchegante, assim como a família de Taylor.
Jim empurrou os óculos no nariz.
Ele sorriu para mim, e a pele levemente inchada sob os olhos se ergueu.
Quando as tigelas de purê de
batatas, molho de pimenta branca e ervilhas tortas estavam sobre a mesa, Jim
fez um sinal de positivo com a cabeça.
— Parece bom, meu filho.
— Consegui uma boa — disse
Travis, sorrindo para Abby.
— Conseguiu mesmo — disse Jim,
piscando para a nora.
Depois que Jim deu uma garfada,
peguei meu garfo e pus mãos à obra, sem perceber que as três mordidas do
sanduíche de Taylor que eu roubei a caminho de Eakins não tinham sido
suficientes para me alimentar.
— Ai, meu Deus, que delícia —
falei, fechando os olhos.
Phaedra era uma boa cozinheira, e
eu sempre comia bem no Bucksaw, mas comer a mesma coisa todos os dias fazia a
comida caseira de outra pessoa parecer comida de restaurante.
— Você cozinha? — perguntou Abby.
Seus olhos cinza penetraram
direta e profundamente nos meus. Eu não podia culpála por querer proteger sua
família de alguém que não fosse digno. Eles tinham passado por muitas coisas, e
qualquer mulher importante o suficiente para levar para casa merecia uma
avaliação minuciosa.
— Só algumas coisas. Mas o que eu
cozinho faço bem — respondi.
— Tipo o quê? — Ela sorriu com
doçura enquanto mastigava.
— Comidas de café da manhã,
principalmente.
— O Taylor acorda cedo o
suficiente para tomar café da manhã? — provocou Travis.
— Cala a boca, babaca — resmungou
Taylor.
— Não sei — respondi.
Todo mundo olhou para mim.
— Somos só amigos — acrescentei.
As sobrancelhas de Abby
dispararam para cima, e ela olhou para Travis.
— Ah.
— Baby — disse Travis —, me passa
o sal e a pimenta, por favor?
Abby estendeu a mão e deu o
saleiro e o pimenteiro pequenos para o marido. Ele parecia jovem demais para
usar uma aliança de casamento. Os dois usavam, mas as alianças e o casamento
pareciam naturais, como se estivessem destinados a se amar por toda a
eternidade.
— Nós dois já fomos amigos —
disse Travis, sem se abalar.
Abby pressionou os lábios,
tentando não sorrir.
— Não que eu não tenha lutado
contra.
Travis balançou a cabeça enquanto
mastigava.
— Meu Deus, como ela lutou.
— Mas você bem que gostou da
perseguição — falei.
O ambiente se encheu de risadas,
tons profundos dos garotos Maddox e gargalhadas mais suaves de Abby. Isso me
fez sentir mais confortável. A conversa, a risada, a inflexão das idas e
vindas, parecia a área de refeições do Bucksaw.
— Então você me entende? — ela
perguntou.
Parei de mastigar no meio da
mordida.
Taylor olhou para mim com os
olhos cheios de esperança. Como eu não respondi, ele olhou para o irmão.
— Então, como vocês passaram
dessa fase para a de agora? — Taylor perguntou. — Só... por curiosidade.
Travis e Abby trocaram olhares
conhecidos. Travis pegou um pedaço de costela de porco, e Abby apoiou o queixo
na mão, sorrindo para ele, muito apaixonada.
— Não esperamos até a gente
resolver as coisas — disse Travis depois de engolir. — Senão, eu ainda estaria
perseguindo essa garota. — Ele se inclinou e beijou o rosto de Abby. — E ainda
bem que isso já acabou, porra. Estar com ela e depois sem ela foi como morrer
aos poucos... com uma pitada de loucura para temperar. Você vai ver.
Taylor me deu uma olhada rápida
de relance, depois serrou sua costela de porco.
Abby revirou os olhos.
— Não foi tão ruim assim.
Travis parou de mastigar e olhou
para ela.
— Foi exatamente ruim assim.
Bem quando Abby estendeu a mão
para tocar no rosto do marido, a porta da frente se abriu. Esperamos para ver
quem tinha chegado, escutando os passos descendo pelo corredor junto com o
barulho de papel e plástico.
Outro Maddox apareceu, segurando
uma sacola marrom. Abaixo dele, uma garotinha segurava pequenas sacolas de
plástico em cada mão. Seu cabelo platinado caía em ondas suaves sobre o casaco
em miniatura. Seus enormes olhos verdes miraram em cada um de nós, um de cada
vez.
— Olive! — disse Jim. — Como foi
no Chicken Joe’s?
A bile subiu na minha garganta, e
minhas mãos começaram a tremer. Uma fina camada de suor imediatamente se formou
em minha pele. Senti vontade de rir e chorar e comemorar e desmoronar ao mesmo
tempo.
— Foi bom — disse ela numa voz
que combinava com sua estatura. — A Cami não pôde ir. O Tenton tinha que lavá a
louça antes de saí, mas ele esqueceu. A Cami vai fica muito, muito, muito bava.
Soltei uma risadinha. Ela era
muito articulada, e sua vozinha doce fez meus olhos arderem.
Taylor percebeu minha reação e
estendeu a mão até a minha.
— Ei — ele sussurrou —, tudo bem?
— Ela provavelmente teve que
trabalhar, né? — perguntou Travis, olhando para Trenton.
— Sempre — comentou Trenton,
ajeitando a sacola nos braços.
Todo o ar sumiu dos meus pulmões,
e lágrimas salgadas escorreram pelo meu rosto. Eu tinha lutado para manter
minhas emoções sob controle durante anos, mas não estava preparada para vê-la
naquele momento. Sua voz inocente ecoou nos meus ouvidos. Das centenas de
cenários que surgiram na minha cabeça, Olive entrando atrás de mim com o irmão
de Taylor não foi um deles.
Qualquer que fosse minha
expressão, Taylor pareceu preocupado e apertou minha mão com força.
Jim também percebeu, mas forçou
uma conversa casual.
— Então, acho que vocês não estão
com fome.
— Oi, Olive — disse Abby. — O que
tem nas sacolas?
As perninhas de Olive correram
até Abby, e ela se atrapalhou para abrir uma das sacolas.
— Ah! — disse Abby, os olhos
brilhando enquanto olhava de novo para Olive. — Nhã! Sua mãe vai estrangular o
Trent!
Travis se inclinou para olhar
dentro da sacola e deu uma risadinha.
— Quantas balas, Olive.
— Não é tudo pa mim — disse ela.
Trenton estendeu a mão para
Olive, fazendo-a voltar para o seu lado.
— Nós passamos na loja para pegar
algumas coisas de que você precisava, pai. A Liza está em casa. Vou deixar a
Olive lá e vou até o Red ver a Cami.
— Boa ideia — disse Jim,
remexendo no prato com o garfo. — Vocês ainda estão gostando do apartamento?
— Um paraíso doméstico —
respondeu Trenton com um amplo sorriso.
Ele colocou a sacola na cozinha e
descarregou alguns itens. Depois, conduziu Olive pelo corredor de mãos dadas.
Eles estavam discutindo alguma coisa. Ele olhava para ela lá embaixo, e ela
olhava para ele lá em cima.
Percebi que eu ainda estava
virada, agarrando a parte de cima das costas da cadeira.
Ela estava indo embora. Eu me
senti enjoada.
— Falyn, tá tudo bem? — perguntou
Taylor, com uma preocupação sincera na voz.
Estendi a mão para o copo de água
e tomei um gole.
— Acho que só estou cansada por
não dormir muito na noite passada e viajar hoje.
— Leva a água com você — disse
Jim. — Andar de avião desidrata. Eu também nunca durmo bem na noite anterior a
uma viagem.
Agradeci a Travis e Abby pelo
jantar, depois pedi licença da mesa, com o copo de água na mão. Subi dois
degraus de cada vez, disparei pelo corredor e empurrei a porta do quarto,
colocando o copo sobre a cômoda antes de deitar e me encolher no colchão.
Por mais que eu puxasse o ar para
os pulmões, não parecia suficiente. Meu coração estava zumbindo como um
beija-flor, e minha cabeça girava. Implorei a mim mesma para me recompor, mas,
quanto mais eu tentava lutar contra a sensação de pânico, pior ela ficava.
— Falyn? — disse Taylor, abrindo
a porta devagar. Quando me viu, ficou horrorizado e colocou o prato de sobras
na cômoda ao lado da porta. — Meu Deus, você está branca como papel. — Ele
sentou ao meu lado e pegou o copo de água, tirando minha franja do rosto. — Não
é de surpreender que os seus pais não quisessem que você viesse aqui. Não importa
o que está tentando fazer, mas você não está preparada.
Balancei a cabeça.
— Bebe um gole — disse Taylor, me
ajudando a levantar e colocando o copo em minhas mãos.
Tomei um gole.
— Estou bem — falei finalmente.
— Não, merda, você não está bem.
Isso não está bem.
Tomei mais um gole e soltei o ar.
— Sério. É besteira. Estou ótima.
Taylor franziu a testa.
— No começo, eu sabia que, se me
aproximasse demais, eu ia me queimar. Estou surpreso de ser você que está
tentando me manter afastado.
— Talvez eu é que esteja te
salvando.
Ele balançou a cabeça.
— Para de me afastar, Falyn. Eu
não vou embora. Vou ficar aqui até pegar fogo.
— Para — falei simplesmente. —
Você precisa parar.
Sua expressão se suavizou.
— Não posso. Eu nunca precisei de
ninguém até te conhecer.
Nossos olhos se encontraram, mas
eu não tinha palavras para dizer. Taylor me dava segurança, a mesma sensação
que imaginei que Kirby sentia quando andava num beco escuro com Gunnar. O tipo
de segurança que você sente com um super-herói.
— Eu também preciso de você —
sussurrei.
— Eu sei — disse ele, olhando
para baixo.
— Não. Não estou dizendo que
preciso da sua ajuda. Eu preciso de você.
Ele me olhou com esperança.
Sua proteção não me tornava
fraca. Só me lembrava de que eu era valorizada. Eu não era a garota inútil que
vivia no reflexo dos olhos dos meus pais. Taylor era um herói, mas isso não
significava que me via como vítima. Alguém que fazia você se sentir segura e forte
ao mesmo tempo só podia ser uma coisa boa. Isso não era algo que uma garota como
eu podia ignorar.
Ele fez um sinal com a cabeça
para a porta.
— O que foi aquilo? Lá embaixo.
— Eu não estava preparada.
— Para o quê?
— Para ela. Estou bem agora.
— Tem certeza? — ele perguntou,
tocando o meu joelho.
— Por que a Olive estava com o
Trent? — perguntei.
Taylor deu de ombros.
— Às vezes ele toma conta dela
para o Shane e a Liza.
— Seu irmão de vinte e poucos
anos, cheio de tatuagens, cuida da Olive? Como foi que isso aconteceu?
— Falyn...
— Só — soltei — responda por
favor.
— Eu... não sei direito. O
Trenton é um cara legal. O Shane e o Trent se dão bem. Desde que o irmão da
Olive morreu...
— Austin. Pode falar o nome dele.
Taylor se remexeu,
desconfortável.
— Desde que o Austin morreu, o
Shane e a Liza têm consultado um terapeuta. Eles precisaram de ajuda para
passar por isso, e, tendo a Olive para cuidar, eles se preocuparam em ser bons
pais. Eles vão à terapia juntos e têm uma noite sozinhos duas vezes por mês.
— Eles não conseguiram achar uma
boa garota do ensino médio para cuidar dela? — perguntei, minha voz ficando
mais aguda a cada pergunta.
— O Trenton mataria qualquer um
que tentasse machucar a Olive. Ele levaria um tiro por ela. O Shane e a Liza
sabem disso. Eles não vão encontrar uma babá melhor que o Trent. É estranho, eu
sei. Mas o Trent também perdeu uma pessoa, e a Olive é a melhor amiga dele.
— Uma garotinha é a melhor amiga
do seu irmão? Você não acha isso estranho?
— Não, porque eu conheço o meu
irmão e conheço a história deles.
Respirei fundo.
— Falyn, você não vai até lá,
vai? Eles não sabem que você está aqui, e acho que você não tem estrutura para
isso.
Balancei a cabeça.
Taylor ficou calado por um tempo,
depois suspirou.
— Pode me contar. Meus
sentimentos não vão mudar. Foi você?
— Fui eu o quê?
— Não sei muito da história. Quer
dizer... só sei o pouco que meu pai e o Trent me contaram. Sei que foi um
acidente. Sei que ninguém foi preso. Estou vendo que você quer o perdão deles,
mas, Falyn... eles podem não estar preparados para te perdoar.
Eu não tinha o que dizer.
— Foi você que... você sabe...
atingiu o Austin? Você que estava dirigindo?
Meus olhos se encheram de
lágrimas, e baixei o olhar.
Taylor envolveu o braço nos meus
ombros, a mão segurando a parte superior do meu braço e me apertando ao seu
lado.
— Tudo bem. Foi um acidente.
— Não foi um acidente — falei,
secando os olhos.
Olhei para Taylor e ele me olhou
de volta, sem compreender.
Após um instante de hesitação,
ele perguntou:
— O que você quer dizer?
— Não fui eu. Eu não tirei o
filho deles, Taylor. Eu dei a minha filha para eles.
😮😮😮 sem palavras...
ResponderExcluirMas uma coisa é, estou louca pra ler belo funeral, pq todos eles escondem em que trabalham, quero vê a cara deles quando descobrirem oq todos fazem, o único que não esconde em que trabalha é o Trento, que é tatuador.
Imaginei que esse era o segredo ... pq na foto ela falava da Olive 🤔
ResponderExcluireu sabiaaaa.Trent é o unico verdadeiro nessa historia toda,mas eu amo todos os irmãos maddox
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