Capítulo 19

O ar estava tão denso quando saí do avião que parecia que eu o estava vestindo, sufocando com ele e o atravessando. Uma camada de suor se formou instantaneamente na minha pele, apesar de eu estar usando shorts e uma blusa leve.
Ajeitei a bolsa de viagem no ombro, desci a escada do lado de fora da saída frontal do avião e parei assim que meus pés chegaram à pista. St. Thomas era incrível por mais motivos do que seu ar pesado. A paisagem era cheia de florestas exuberantes, com montanhas ao longe e palmeiras bem perto do concreto.
Peguei o celular e mandei uma mensagem curta para Taylor, avisando que eu tinha pousado. Ele mandou um S2 como resposta, mas só isso.
Os passageiros andaram em fila até o terminal, onde nos juntamos a outros passageiros até nos reunirmos de novo na esteira de bagagem. Percebi um homem parado perto da saída, segurando um cartaz com o meu nome. Isso não acontecia desde que eu morava com os meus pais.
— Oi — falei confusa. — Sou Falyn Fairchild.
Sua boca se abriu num sorriso muito branco, num contraste incrível com a pele de ébano.
— Sim! Vem comigo! Só uma bolsa de viagem? — ele perguntou com um sotaque pesado, estendendo a mão para a minha bolsa.
— Quem pediu o carro?
— Humm — ele olhou para baixo, para um papel que tinha na mão —, Taylor Mad Dox.
— Taylor Maddox? — perguntei, tão surpresa que me vi obrigada a corrigi-lo sem querer ao enfatizar a pronúncia de ix no fim.
O choque evoluiu rapidamente para a suspeita. Taylor estava tentando fazer com que eu voltasse para ele — ou, por algum motivo, estava no modo de humilhação total.
Estendi a bolsa de viagem para o homem, me repreendendo em silêncio. Taylor tinha garantido meu transporte até o hotel, e eu estava pensando o pior. Ele só queria ter certeza de que eu estava em segurança porque não podia ir até o aeroporto.
O volante do motorista era do lado esquerdo, mas ele dirigia no lado esquerdo da rua.Levei algum tempo para não entrar em pânico todas as vezes que ele entrava numa rua com trânsito de mão dupla, achando que ele estava na pista errada.
Depois de algumas colinas e muitas e muitas curvas, finalmente chegamos à guarita de segurança do hotel Ritz-Carlton. O motorista estacionou sob a entrada coberta do saguão e saltou rapidamente para abrir a minha porta. Saltei e engoli em seco. Os dias em que eu me hospedara em hotéis como o Ritz pareciam ter sido há um século.
O estuque claro e o telhado com telhas espanholas, assim como a vegetação, eram impecáveis. Retribuí o sorriso e o aceno de um homem no alto de uma palmeira, que colhia cocos.
O motorista me passou minha bolsa de viagem, e eu a abri.
— Não, não. Já está tudo certo.
Estendi uma nota de dez dólares.
— Mas e a sua gorjeta?
Ele me rejeitou com um sorriso.
— Está tudo resolvido, madame. Aproveite a estadia.
Ele se afastou no carro, e eu entrei no hotel, impressionada com o maravilhoso saguão. Avistei Taylor imediatamente. Ele estava sentado numa poltrona com os cotovelos nas coxas, as mãos entrelaçadas, enquanto o joelho quicava de um jeito nervoso.
Antes que eu desse mais um passo, ele levantou o olhar, e uma dezena de emoções atravessou seu rosto. Ele saltou da poltrona e correu até mim, quase me derrubando antes de me envolver num abraço. Nunca me senti tão amada e desejada na vida.
— Você está aqui. Graças a Deus — ele disse, tomado de alívio. Ele enterrou o rosto no meu cabelo.
Quando finalmente me soltou, percebi que minhas suspeitas anteriores não eram ridículas, afinal. Seu rosto estava carregado, e o suor não era a única coisa que o fazia transpirar.
— Você está linda — ele disse.
— Obrigada — falei, tentando não parecer tão preocupada quanto me sentia.
— Meu Deus, como eu senti saudade de você. — Ele me abraçou e beijou minha testa, deixando os lábios na minha pele por um segundo a mais. Depois, pegou minha bolsa de viagem. — Estamos no prédio cinco, classe executiva, com vista para o mar. —
Ele sorriu, mas havia tristeza em seu olhar.
— Classe executiva?
— Fiz um upgrade. Estamos na mesma torre que Travis e Abby. O quarto é incrível. Mal posso esperar para você ver. — Ele fez sinal para eu segui-lo até o lado de fora, onde um homem esperava num carrinho de golfe.
Sentamos juntos no banco traseiro, levando um sacolejo quando o motorista apertou o acelerador. Taylor olhou para mim, com alívio e admiração ao mesmo tempo. O carrinho de golfe passou por uma ruazinha estreita durante pelo menos dois minutos antes de chegarmos ao nosso prédio. Taylor não falou mais nada, apesar de parecer que queria.
O motorista estacionou e carregou minha bolsa de viagem até o outro lado da rua e a colocou numa calçada de pedras. Passamos pelas portas que levavam aos quartos, dando um passo para o lado sempre que um casal ou família saía, carregando bolsas de praia, toalhas ou câmeras. Subimos alguns degraus e, em seguida, segui os homens até o quarto que eu dividiria com Taylor.
De repente, esse pensamento me deixou nervosa. Tecnicamente, não estávamos juntos, apesar de parecer que tudo estava bem. Uma conversa importante era inevitável, e eu me perguntei se Taylor queria tirar isso do caminho agora ou se ele me deixaria esperando o fim de semana todo.
Taylor pegou minha bolsa de viagem, deu gorjeta para o nosso motorista e depois usou o cartão-chave para abrir a porta. Aromas florais frescos encheram minhas narinas, e minhas sandálias clicaram no piso de cerâmica. A roupa de cama branca e a decoração leve eram sofisticadas, mas aconchegantes, e à nossa frente havia uma grande porta deslizante, com as cortinas abertas para expor a incrível beleza do mar do Caribe.
Soltei minha bolsa.
— Ai, meu Deus — falei, com os pés me carregando direto para a porta.
Taylor chegou lá antes de mim e abriu as portas de vidro.
Eu saí, escutando pássaros e observando a folhagem das palmeiras que dançavam com a brisa que conduzia o cheiro do mar até a nossa varanda. A praia particular do Ritz-Carlton tinha fileiras de espreguiçadeiras, guarda-sóis, catamarãs e barquinhos a remo.
Um veleiro impressionante estava atracado a uns duzentos metros dos banhistas, com uma tinta branca marcando orgulhosamente seu nome: Lady Lindsey.
— Acho que eu nunca vi algo tão lindo — falei, balançando a cabeça em reverência.
— Eu já — disse Taylor.
Pelo canto do olho, percebi que ele estava me encarando. Virei para ele e deixei seus olhos cor de chocolate absorverem todos os detalhes do meu rosto.
— Estou muito feliz de você estar aqui. Fiquei preocupado. Vários dias.
— Eu te falei que vinha. Você comprou a passagem. Eu não ia te dar um bolo.
— Depois daquela noite...
— Você me mandou uma mensagem bêbado. Existem coisas piores; como tortura, por exemplo.
Uma ruga se formou em sua testa.
— Foi uma semana longa. Acho que me apaixonei mais por você a cada dia. E que existe alguma verdade naquele ditado.
— A distância faz o coração bater mais forte?
— É, e acontece a mesma coisa quando a gente pensa que perdeu a mulher por quem se é loucamente apaixonado. Quando eu estava sozinho, e mesmo quando eu não estava, eu falei umas coisas bem horríveis sobre você na minha cabeça, Falyn. Retiro todas elas.
Eu me perguntei o que a equipe e o irmão dele deviam pensar de mim. Só consegui imaginar o que ele falava quando estava frustrado.
— Eu não terminei com você. Só demos um tempo, para você poder pensar numa coisa importante.
Ele piscou.
— Então... nós não estávamos... Nós ainda estamos juntos — ele disse, mais para si mesmo do que em tom de pergunta. Toda a cor sumiu do seu rosto, e ele se afastou de mim, sentando com força numa poltrona de vime.
— Eu não fui clara. De qualquer maneira, não é justo. Foi idiota e cruel, e... desculpa.
Ele balançou a cabeça.
— Não precisa pedir desculpas. Você definitivamente não devia pedir desculpas por isso.
Sentei perto dele.
— O que eu fiz foi ridículo, não importa o que eu pensei nem as minhas intenções. Eu simplesmente tenho sorte de você me amar e de você ser mais paciente do que parecia.
Ele encarou o chão e depois sorriu para mim.
— Vamos fingir que a última semana não aconteceu. Apaga na última sexta. Volta no instante em que eu te vi no saguão. — Como eu não respondi, ele continuou: — Pensei no assunto, como você pediu, e não me sinto nem um pouco diferente do que na noite em que eu fui embora.
— Tem certeza?
Ele expirou como se estivesse sem fôlego.
— Mais agora do que nunca.
— Talvez tenha sido uma coisa boa, então. Nosso tempo?
— Não sei — ele disse, empurrando a mesa entre nós para trás e puxando minha poltrona para mais perto. — Mas não tenho a menor dúvida de quanto você significa para mim. Você é a última mulher que eu quero tocar.
— Sinto muito — falei, sem conseguir afastar a culpa. — Eu só queria dizer que devia ter te escutado. Você estava certo sobre eu estar tentando forçar a barra e, apesar de eu não ter percebido, talvez eu estava tentando te afastar. Não quero que você me deixe, mesmo que isso me torne uma pessoa egoísta.
Eu me inclinei para perto, levando os lábios aos dele, e suspirei quando ele me envolveu nos braços.
— Isso não te torna egoísta, Falyn. O egoísta sou eu. Meu Deus, eu também sinto muito. Só quero esquecer tudo isso, está bem? Podemos fazer isso? Somos só você e eu. Mais nada importa.
E, quando ele me abraçou, o mundo voltou a ser certo. Nunca fiquei tão feliz de estar errada.
Ele se afastou, meio contrariado.
— Tenho que ir. Os caras estão todos se arrumando no quarto do Shep. — Então ele se levantou e me conduziu de volta ao quarto.
Sentei na beirada da cama, observando enquanto ele abria o armário e pegava um smoking envolvido em plástico. Ele o levantou, dando de ombros.
— A America insistiu que a gente se vestisse de um jeito tradicional.
— Estou ansiosa para ver você nisso aí.
— Tem toalha no banheiro, se você quiser tomar banho antes da cerimônia. Já tomei e sinto que preciso de outro.
— Talvez você devesse tomar um comigo — falei, arqueando a sobrancelha.
Ele largou o smoking e correu para se ajoelhar diante de mim.
— Estamos bem, certo?
Fiz que sim com a cabeça.
Ele plantou um beijo em meus lábios. Quando se afastou, a decepção cruzou rapidamente seus olhos.
— Bem que eu queria. A cerimônia é no gazebo na praia. É só dobrar o corredor e descer os degraus.
— Te vejo em noventa minutos — falei, acenando enquanto ele saía porta afora, de costas.
Quando a porta se fechou, tirei as sandálias e pisei na cerâmica até chegar ao piso de mármore do banheiro. O silêncio me deu tempo suficiente para pensar em meu difícil reencontro com Taylor, e um nó se formou em minha garganta. Colorado Springs estava a milhares de quilômetros, e eu não conseguia me esconder da culpa. Em vez de vê-la em meu reflexo no espelho, eu a vi nos olhos de Taylor.
Por mais que eu estivesse feliz de vê-lo e entender que ele me queria, apesar de saber que nunca teríamos filhos, alguma coisa ainda parecia esquisita. Muitas perguntas se acumulavam em minha mente. Talvez eu o tivesse magoado a ponto de não conseguir corrigir isso. Talvez o que eu fiz o tivesse mudado. Talvez tivesse mudado a gente.
Minha blusa grudou na pele úmida quando ergui a barra. O ar era tão denso que ainda me cobria, mesmo depois de eu tirar as roupas.
Tentei não chorar no banho, me repreendendo por ficar melancólica num banheiro de mármore, debaixo de um chuveiro com muita pressão, em vez daquele do loft, de encanamento antigo. Depois de um tempo, argumentei que meu rosto já estava molhado de qualquer maneira e eu estava sozinha, então era um bom momento para expulsar esses sentimentos.
Então chorei. Chorei por Olive, pelos meus pais, pelo que fiz com Taylor. Chorei por não estar contente antes e porque eu sabia que não conseguiríamos recuperar isso. Sendo a primeira mulher que Taylor amava, eu não tinha ideia do que deve ter sido necessário para ele admitir para si mesmo — e para mim. Chorei porque estava com raiva. E depois chorei por ter chorado em uma bela ilha tropical, em um resort cinco estrelas.
Quando terminei de chorar, puxei a alavanca, e o fluxo de água desapareceu como se nunca tivesse estado ali, como uma chuva tropical. Eu me enrolei na toalha branca mais felpuda que eu já tocara e saí, tirando a umidade do espelho.
Lá estava eu, uma confusão borrada, mas, dessa vez, com os olhos inchados e vermelhos.
— Merda. — Molhei rapidamente um pano com água fria e o coloquei sob os olhos.
Quando desincharam, penteei o cabelo molhado e o sequei. A cerimônia aconteceria em quarenta e cinco minutos. Havia levado mais tempo no chuveiro do que pretendia.
Eu me apressei pelo quarto, pegando o vestido longo que Kirby me emprestara. O tecido era leve e delicado, a cintura alta fazendo o decote em V parecer um pouco mais modesto. Minha parte preferida era o degradê, em que o marfim escurecia até o rosapêssego e depois um roxo-acinzentado. Ele me lembrava o pôr do sol na praia, por isso foi automaticamente a escolha certa.
Torci o cabelo num coque lateral baixo e elegante e fiz uma maquiagem um pouco mais formal. Eu era péssima nesse negócio de ser menina.
Quando Taylor disse para eu dobrar o corredor e descer os degraus até a praia, não imaginei que seriam uns cem degraus. Segurei a saia e tentei não deixar minhas sandálias baterem na pedra a cada passo. Um pequeno lagarto passou correndo bem na frente dos meus pés, e eu soltei um gritinho.
Um funcionário do hotel deu uma risadinha para mim quando passou, indo na direção oposta. Fiquei feliz por ele ter sido a única testemunha. Quando cheguei finalmente à passagem lá embaixo, tive um vislumbre da musselina branca voando na brisa do mar e fui naquela direção. Algumas cadeiras brancas estavam posicionadas diante de um gazebo branco, um tecido também branco havia sido enrolado ao redor das colunas, e dezenas de rosas em tons suaves cobriam os laços.
Jim estava sentado sozinho na primeira fileira, na cadeira mais próxima da passagem, e eu andei desajeitada pela passarela de areia branca, cambaleando por causa dos sapatos.
Quando finalmente cheguei perto, ele olhou para mim com uma expressão simpática.
— Você veio — ele disse, dando um tapinha na cadeira vazia à sua direita.
— Vim. Você provavelmente está surpreso, não é?
— Eu tinha esperança.
Dei um sorriso e me afastei para ver sua expressão. Eu não o conhecia o suficiente para saber se ele estava brincando ou não.
— É uma coisa simpática para se dizer.
— Oi! Estou aqui! — disse uma mulher, passando aos tropeços por Jim e por mim antes de se jogar na cadeira ao meu lado. — Fiu! — disse ela, jogando os cachos escuros compridos para trás dos ombros nus. Ela usava uma camiseta branca de alça com uma saia floral comprida. Seus olhos grandes e azuis ofuscavam a batida intermitente de seus cílios. Ela parecia uma supermodelo, mas se movimentava como uma adolescente que havia crescido demais.
— É, você está, sim — disse Jim, rindo. — Manhã difícil, Ellie?
— Sempre. Eu estava no quarto do Shep, tirando fotos. Oi — disse ela, uma das mãos soltando a câmera muito cara por tempo suficiente para me cumprimentar. — Sou Ellison, amiga do Tyler. Namorada. Qualquer coisa.
— Ah — falei, meu corpo se sacudindo com o firme aperto de mão.
Um sorriso irônico destacou suas feições lindamente bronzeadas.
— Ele beija bem, né?
Pisquei, totalmente envergonhada por ela mencionar o erro-barra-mal-entendido-barra- caos no Cowboys alguns meses atrás.
— Isso foi há muito tempo. E foi um acidente.
Jim riu com mais vontade, a barriga balançando.
— Esses malditos garotos. Não sei de quem herdaram isso. Não foi de mim.
— Nem da mãe — disse Ellison.
Fiquei tensa com a menção à falecida esposa de Jim, Diane, mas ele sorriu, os olhos iluminados apenas por lembranças agradáveis.
Ele deu um tapinha na aliança de ouro no dedo.
— Ela era uma boa mulher. Mas nunca teria chamado minha atenção se fosse apenas boa.
— Os garotos definitivamente herdaram isso de você — comentou Ellison.
Eu me perguntei há quanto tempo ela conhecia Jim. Ela parecia à vontade o suficiente com ele para provocá-lo, mas Taylor nunca a mencionara.
Ela colocou o braço atrás de mim e apertou, encostando o rosto no meu.
— É tão legal conhecer a outra metade da outra metade do Tyler...
Tudo bem, talvez ela simplesmente fique muito à vontade com todo mundo. Outra mulher se aproximou de nós depois de tirar algumas fotos do gazebo com o celular.
Ellison se afastou, deixando uma cadeira vazia entre nós.
— Senta aqui, Cami.
— Ah, obrigada — disse Camille.
Tive a sensação de que Ellison queria mais do que oferecer um lugar para ela sentar. O cabelo repicado de Cami oscilou quando ela sentou, e ela ajeitou o corpete do vestido tomara que caia. Seus braços eram cobertos por dezenas de tatuagens, grandes e pequenas, simples e trabalhadas, que desciam até os dedos.
Ela me lançou um sorriso perfeito, e eu acenei com a cabeça.
— Falyn — eu disse.
— Sou Camille.
— Qual... — comecei, mas decidi tarde demais que era uma pergunta inadequada.
— O Trenton — ela respondeu.
Ellison levantou a mão esquerda de Camille.
— Eles acabaram de ficar noivos! Imagina uma coisa dessas!
— Não... entendi — falei.
Jim riu.
— Ela quer dizer que a ideia de casar com um Maddox a apavora. E ela devia se preocupar mesmo. Ela vai ceder cedo ou tarde.
— De acordo com o Tyler — disse Ellison.
— Você não consegue nem enganar a si mesma — provocou Camille.
Ellison apenas balançou a cabeça, ainda bem-humorada.
Depois de alguns minutos, um casal mais velho chegou com outra mulher. Jim os apresentou como seu irmão, Jack, e a esposa, Deana. A mulher era mãe de America: Pam. Olhei para o meu celular, verificando a hora. Faltavam só dez minutos para a cerimônia.
Uma quinta mulher chegou, agarrada à bolsa de mão e tentando ao máximo parecer calma.
— Liis! — disse Camille, com um toque de pânico na voz. Ela reagiu à chegada de Liis, afastando-se de mim.
— O quê? — disse Ellison, mudando para a última cadeira da fileira. — Achei que...
Camille pareceu perceber o que aconteceria em seguida quando se ajeitou na cadeira. Liis encarou, horrorizada, a cadeira vazia entre mim e Camille. Ela sentou rapidamente e olhou para a frente.
Camille e Ellison se entreolharam, e o rosto de Camille ficou vermelho.
Liis era estonteante. O cabelo preto brilhoso fazia um belo contraste com o vestido violeta. Não foi difícil adivinhar com qual irmão ela estava porque Thomas a beijou no rosto antes de subir os degraus do gazebo.
— Oi, Liis — disse Jim, inclinando-se para frente.
Ela também se inclinou, apertando a mão estendida de Jim. Ellison observou a cena com um sorriso simpático, mas Camille tentou ao máximo ignorar.
Oh-oh. O que será isso?
A música começou a soar de alguns alto-falantes posicionados em cada extremidade e virados para frente, e o pastor assumiu seu lugar, seguido pelos homens.
Os padrinhos estavam organizados por idade, do mais novo para o mais velho.
— Aquele é o Shepley? O padrinho do noivo? — perguntei a Jim.
Jim anuiu, olhando para todos os meninos como um pai orgulhoso. Dava para ver que eles formavam uma família próxima, e eu me perguntei como é que alguém conseguia manter segredos.
Taylor estava incrível de smoking, mas eu me senti estranha pensando isso porque ele estava exatamente igual a Tyler, cuja suposta namorada estava sentada a duas cadeiras de distância. Taylor piscou para mim, e nós todos demos risadinhas quando os outros irmãos fizeram a mesma coisa quase ao mesmo tempo com as namoradas.
A cerimônia teve início, e eu me recostei e observei enquanto Travis e Abby renovavam seus votos, jurando amor um pelo outro. Foi lindo, puro e sincero. Eles eram jovens, mas o modo como se olhavam era tão tocante que fazia meu coração quase doer.
Os dois tinham um longo futuro pela frente, um futuro que incluía filhos e netos. Até onde eu sabia, Taylor era o único irmão ali que certamente não teria a mesma chance. Lá estava ele, em pé, inegavelmente feliz, enquanto observava Travis renovando seus votos, olhando para mim quando o irmão dizia palavras como sempre e eternidade.
Menos de dez minutos depois de Abby se juntar a Travis no gazebo, o pastor os instruiu a se beijarem, e todos nós comemoramos. Jim me abraçou de lado, rindo e secando os olhos com a outra mão.
Levantei o celular para tirar uma foto no momento em que Travis segurou Abby nos braços, selando o futuro dos dois com um beijo. Fiz questão de incluir Taylor na foto, observando os dois com um sorriso.
O vento soprou o véu de Abby quando Travis a colocou no chão, e o pastor ergueu os braços.

— Eu apresento a vocês o sr. e a sra. Travis Maddox — disse o pastor, se esforçando para ser ouvido acima do ruído do vento, das ondas do mar e dos aplausos e gritos selvagens dos irmãos de Travis.

Comentários

Postar um comentário

Nada de spoilers! :)

Postagens mais visitadas deste blog

Trono de Vidro

Os Instrumentos Mortais

Trono de Vidro