Capítulo 20
A única coisa que eu conseguia
ouvir quando Travis ajudou Abby a descer os degraus do gazebo era uma grande
comemoração. Eles passaram apressados pelos convidados animados antes de
desaparecerem atrás de uma parede de arbustos altos e folhagens de palmeiras.
O pastor desceu os degraus,
parando no corredor.
— O sr. e a sra. Maddox pedem que
todos se juntem a eles no restaurante Sails para o jantar e a recepção. Eles
agradecem a presença de vocês neste dia tão especial.
Ele fez um gesto indicando que
estávamos liberados para ir, e Jim se levantou, estimulando as outras pessoas a
fazerem o mesmo. Os homens se posicionaram ao redor com as mãos nos bolsos
enquanto as mulheres pegavam as bolsas e cuidavam do rímel borrado.
Os irmãos relaxaram, dando alguns
passos até a primeira fileira.
Levantei o celular para Thomas e
Liis.
— Digam xis!
Thomas ficou parado atrás de
Liis. Ele a envolveu nos braços e beijou seu rosto. Tirei a foto e virei o
celular para mostrar o resultado a eles.
— Perfeito.
Thomas a abraçou.
— Ela é.
— Ah, que fofo — falei.
Alguém deu um tapinha em meu
ombro.
Quando vi que era Taylor, eu o
abracei, sentindo o tecido grosso do smoking sob os dedos.
— Você está com calor? —
perguntei.
— Cozinhando.
— Bom, você está absurdamente
sexy — sussurrei.
Seus olhos arderam quando
encontraram os meus.
— É?
— Seria uma boa não ter toda essa
beleza do lado de fora. Torna mais fácil ficar lá dentro.
Taylor me puxou para si.
— Sou flexível. Tem uma praia
ótima logo ali.
Jim bateu palmas e esfregou as
mãos, nos lembrando que havia outras pessoas ao redor. Mas ninguém estava
prestando atenção à nossa paquera silenciosa. Em vez disso, as pessoas pareciam
notar a tensão palpável entre Thomas e Liis, e Trenton e Camille.
— Peguem suas garotas, meninos —
disse Jim. — Estou morto de fome. Vamos comer.
De mãos dadas com Liis, Thomas
seguiu o pai, Trenton e Camille.
— O que é isso? — perguntei a
Taylor.
— Ah, Liis e Camille?
Fiz que sim com a cabeça.
Ellison se aproximou.
— As duas namoraram o Thomas. Vai
ser meio esquisito durante um tempo, mas vai melhorar.
— Bom, vocês duas beijaram o
mesmo cara — disse Tyler.
Ellison deu um soco de
brincadeira nele, mas o contato fez barulho.
Tyler abraçou o estômago,
surpreso.
— Ai!
Taylor deu uma gargalhada e
entrelaçou os dedos nos meus, e juntos andamos até o Sails, o restaurante que
ficava perto do nosso prédio. O pátio era do lado oposto, e os gêmeos ocuparam
uma das mesas vazias com uma placa de Reservado.
Pouco depois de nos sentarmos, um
garçom se aproximou para anotar nossos pedidos.
— Uísque — disse Taylor. — Puro.
— Temos um excelente uísque
dezoito anos irlandês.
— Ótimo — disse ele. Taylor
estava sorrindo, mas seus olhos não diziam a mesma coisa.
O garçom olhou para mim.
— Só uma água, por favor.
— Sim, senhora. Com ou sem gás?
— Com gás — respondi. Pelo menos,
assim eu me sentiria comemorando com todos os outros.
Liis e Thomas estavam do outro
lado, sentados com Shepley e America e os pais de Shepley. Parecendo contentes
e apaixonados, Camille e Trenton conversavam com Jim a duas mesas de distância,
totalmente alheios a Thomas e Liis na outra mesa. Qualquer que fosse a
estranheza entre os dois casais, deve ter sido unilateral, mas eu só estava especulando.
Taylor tirou o paletó do smoking
e enrolou as mangas da camisa social branca. Ele se aproximou, apontando para a
gravata-borboleta, e eu o ajudei a afrouxá-la e a abrir o primeiro botão.
— Caramba, estou feliz de você
estar aqui — disse ele, se aproximando e beijando o canto da minha boca. — Eu
estava suando de verdade quando você me mandou a mensagem.
— Eu te falei que vinha.
Ele analisou meu rosto e levou o
polegar ao meu lábio inferior.
— Eu quero você. Só você. Mais
nada. Não estou só contente com isso, Falyn. Você não é parte do que eu quero.
Você é tudo que eu quero. Qualquer outra coisa é bônus.
Eu me recostei na cadeira,
tentando não o encarar. Seu antebraço ficou tenso quando ele levantou a mão
para esfregar a nuca, e tive que cruzar as pernas para controlar a dor entre as
coxas. Fazia mais de duas semanas que eu não sentia sua pele na minha, e meu corpo
estava me avisando isso.
— O que foi? — ele perguntou, com
um sorriso tímido se estendendo pelo rosto.
— Nada — falei, desviando o olhar
enquanto tentava não sorrir.
Abby e Travis chegaram. Travis
segurou a mão da esposa no alto, enquanto a outra mão dela segurava o buquê. A
mestre de cerimônias anunciou a chegada dos dois pelo sistema de som, e todo
mundo no Sails bateu palmas e gritou. Uma balada de rock começou a tocar, e
Travis puxou Abby para dançar. Ela estava absolutamente linda, os cachos caramelo
elegantes quase se misturando à sua pele, bronzeada pelo sol do Caribe.
O branco total do vestido só
fazia seu bronzeado parecer mais intenso.
Olhei para os meus braços, uma
palidez triste do Colorado. Se tivéssemos um tempo livre, eu me comprometi, ali
mesmo, a passá-los no sol.
Comemos, dançamos, rimos e
ouvimos os discursos do padrinho do noivo e da dama de honra. Os homens
deixaram o pátio coberto para fumar os charutos que Jim tinhatrazido.
Pouco depois das dez horas, os
pais de Shepley decidiram se recolher. Alguns instantes depois, foi a vez de
Jim.
Ansiosos para ficarem sozinhos,
Travis ergueu Abby nos braços. Ela acenou o buquê enquanto ele a carregava para
a escuridão lá de fora, em direção ao prédio cinco. Pensei no que aconteceria
quando Taylor e eu chegássemos ao nosso quarto, e meu corpo gritou para eu
inventar uma desculpa para irmos embora. Olhei para Taylor se divertindo tanto com
os irmãos e ignorei a luxúria devastadora que crescia dentro de mim.
Thomas e Liis foram os próximos a
se despedir, deixando os Maddox do meio e o primo deles com suas namoradas.
Uma música animada tocou nos
alto-falantes, e Taylor me puxou para a pista de dança improvisada, uma área do
pátio sem mesas. Pela décima vez naquela noite, ele me girou, mas tropeçou em
seguida, e nós dois caímos no chão. Nos poucos segundos que levamos para cair,
apesar dos muitos drinques que ele tinha bebido, ele estendeu a mão e me
segurou a centímetros do chão, enquanto seu quadril e seu ombro batiam no concreto.
— Ah! — seus irmãos exclamaram à
nossa volta.
Shepley, Tyler e Trenton me
ajudaram a levantar.
— Você está bem? — perguntou
Shepley.
— Estou — respondi enquanto
observava Taylor, que se esforçava para ficar em pé.
— Você está bem? — Taylor me
perguntou.
— Eu nem bati no chão. Você está
bem?
Ele fez que sim com a cabeça, os
olhos desfocados.
— Por enquanto não estou sentindo
nada.
Tyler deu um tapa com força no
ombro do irmão.
— Isso aê.
America balançou a cabeça,
virando-se para mim.
— Quer alguma coisa além de água
com gás? Ele está bem à sua frente.
— Estou vendo — falei, sorrindo
quando os irmãos de Taylor se alternaram, empurrando-o para um lado e para o
outro.
— Tá bom, tá bom — disse Shepley.
— Estamos todos bêbados. Parem de fazer merda antes que alguém fique puto e
comece uma briga. Não quero ser expulso de um hotel quando estamos fora do
país.
— Estamos em território americano
— disse Taylor, balançando. — Está tudo bem.
— Viu? — disse Ellison, apontando
para Taylor. — Ele não está bêbado demais. A festa pode continuar.
Os garotos foram até a grade de
proteção para fumar, e America, Ellison e Camille se juntaram a mim na mesa.
America apoiou o braço nas costas
de uma cadeira, parecendo exausta.
— Você foi ótima — disse Camille.
— Você planejou isso tudo? —
perguntei.
— Cada detalhe — respondeu
America. — A Abby não queria nem saber. Se eu quisesse dar à minha amiga o
casamento dos sonhos, no qual eu seria a coestrela como dama de honra, teria de
planejar tudo. E foi isso que eu fiz.
— Impressionante — comentei.
O barulho da chuva fez os garçons
baixarem as laterais de tecido e moverem as mesas para proteger os convidados.
Os garotos não se mexeram, felizes na chuvarada da ilha quente.
Camille se levantou num pulo e
correu até Trenton, o abraçando. Ele a girou, e ela soltou gritinhos de
alegria, deixando a cabeça cair para trás enquanto fechava os olhos.
Um garçom se aproximou dos
garotos, lhes oferecendo um copo de água para apagarem os cigarros, e eles
voltaram para nós. Gotas de chuva formavam manchas translúcidas nos ombros, no
peito e nas mangas das camisas sociais.
Taylor sentou ao meu lado e levou
minha mão à boca antes de beijar meus dedos.
— Estou tentando ser educado, mas
só consigo pensar em te levar de volta para o quarto.
— Podemos ver todos eles amanhã.
Foi um dia longo. Acho que vão entender — falei, sem conseguir fingir que não
queria ficar nem mais um segundo.
Taylor se levantou e me levou
junto.
— Estamos indo! — gritou.
Andamos numa linha não muito reta
do Sails até a calçada que levava ao nosso edifício. As ondas batiam na areia a
menos de cinquenta metros do nosso caminho, mas estava escuro, e eu só
conseguia ver o brilho das luzes nas colinas do outro lado da enseada.
Em pouco tempo, ouvimos vozes por
entre o som da água incansável.
— Você age como se amar alguém
pudesse ser desligado com um interruptor de luz. Já tivemos essa conversa
várias vezes. Eu quero você. Estou com você.
Taylor congelou, e eu o atropelei
por trás.
— Desculpa — sussurrou Taylor,
mas ele não estava tão silencioso quando parecia pensar. — É o Tommy.
— Shhh — falei.
— ... saudade dela — disse Liis
—, desejando estar com ela. E você quer que eu mude tudo em que confio por
isso?
— Essa situação é impossível —
Thomas respondeu.
Eu me encolhi, sentindo culpa e
empatia pelos dois.
— Vem — sussurrei. — A gente não
devia ficar ouvindo.
Taylor levantou um dedo.
— Sua vingança? — gritou Liis. —
Você me fez passar o fim de semana todo acreditando que você estava se
apaixonando por mim!
— E estou! Já me apaixonei! Meu
Deus, Camille, como é que eu posso enfiar isso na sua cabeça?
— Puta que pariu — disse Taylor.
— Ferrou.
— Ele acabou de chamá-la de
Camille? — perguntei horrorizada.
Taylor fez que sim com a cabeça,
oscilando conforme tentava ficar reto.
— Merda — disse Thomas, com a voz
desesperada. — Sinto muito mesmo.
— Podemos ir, por favor? —
perguntei, puxando o braço de Taylor.
— Sou tão... burra — disse Liis,
com uma dor na voz que podia se estender por todo o oceano.
— Taylor — sibilei.
— Quero ter certeza que ele está
bem.
Bem nesse momento, Thomas surgiu
vindo da praia, surpreso por nos ver ali. Suas feições ficaram graves.
— Ei, cara. Você está bem? —
perguntou Taylor, me usando para se estabilizar.
A expressão de Thomas passou de
raiva para preocupação.
— Você bebeu?
— Muito — respondi.
— Não muito — disse Taylor ao
mesmo tempo.
Thomas olhou para mim e depois se
aproximou do irmão.
— Lembra do que eu falei. Vai
dormir. Você sabe como você fica.
Taylor o dispensou com um aceno,
e Thomas deu um tapinha no ombro do irmão.
— Boa noite. — Ele olhou para
mim. — Carrega ele direto para a cama. Nada de banho. Nem tira a roupa dele. Só
coloca ele na cama, para ele poder desmaiar.
Franzi a testa. Eu já tinha visto
Taylor bêbado. Ele ficou chapado na noite do Ano-Novo. Eu era a bêbada triste.
Taylor gostava de falar muito; tipo, até o amanhecer. Mas eu gostava. Ele
ficava sincero e perdia a vergonha em relação a seus pensamentos e sentimentos
sobre tudo. Não havia filtros nem impedimentos.
— Falyn? — disse Thomas numa voz
autoritária.
— Eu ouvi — falei, sem gostar de
receber uma ordem. — Vem, Taylor, vamos embora.
Thomas passou por nós, e eu guiei
Taylor até a escada interminável que dava no nosso quarto. Ele se apoiou em mim
para chutar os sapatos e tirar as meias.
— Que nojo. Acho que preciso
jogar esse par no lixo. Estão tão suadas que provavelmente pesam dois quilos
cada uma.
— Ãhã — falei —, aí está a
honestidade que eu tanto adoro.
Taylor olhou para mim, com alguma
coisa brilhando nos olhos, mas desviou o olhar, tentando desabotoar a camisa.
— Deixa eu te ajudar — falei.
Ele não fez contato visual comigo
enquanto eu tirava sua roupa, mas não conseguiu tirar os olhos de mim enquanto
eu tirava as minhas. Eu me ajoelhei diante dele, mas ele deu um passo para
trás.
Deixei minhas mãos baterem nas
coxas.
— O que está acontecendo com
você?
— Nada — ele respondeu, me
puxando para me levantar. E foi andando de costas, me levando para a cama.
— Tem alguma coisa a ver com o
que o Thomas falou?
Ele balançou a cabeça.
— Não.
Eu me aproximei para beijá-lo,
deslizando as mãos nas suas costas. A cama estava logo atrás dele e, com um
leve empurrão, Taylor estava deitado de costas no colchão. Engatinhei para cima
dele, e suas mãos encontraram o caminho até os meus quadris. Ele gemeu quando
suguei seu lábio inferior, e sua ereção se formou sob mim enquanto eu o
beijava.
— Ai, meu Deus, isso foi tudo que
pensei na última semana — ele disse.
Eu me ergui.
— Só essa semana?
— Você me mandou pensar em não
ter filhos essa semana, para pensar de verdade, e foi isso que eu fiz.
Eu me abaixei até meus seios
pressionarem seu peito quente. Minha boca criou um rastro de beijos ao longo de
seu maxilar até a ponta da orelha, mordiscando delicadamente a pele macia antes
de me afastar com uma sucção suave.
Ele gemeu, segurando meu maxilar
com as duas mãos, forçando minha boca até a dele. Eu me posicionei sobre ele, mas
Taylor me soltou e agarrou meus quadris, me acuando.
— Baby — ele disse, ofegante.
Eu esperei, tentando prever o que
ele diria.
— Eu te amo.
— Eu também te amo — falei, me
dobrando para mais um beijo.
Ele se sentou e, ao mesmo tempo,
me empurrou de modo a me sentar o mais longe possível dele, apesar de eu ainda
estar no seu colo. Ele engoliu em seco.
— Taylor, que diabos está
acontecendo?
Ele soltou uma respiração
controlada, seus pensamentos nadando na quantidade de uísque que ele consumira
desde o jantar.
— A gente devia dormir.
— O quê? Por quê? — perguntei,
minha voz uma oitava acima do normal.
— Porque eu preciso dormir. Eu
não devia ter bebido tanto.
Balancei a cabeça, confusa.
Taylor esfregou a nuca.
— Eu não... não quero que você me
deixe.
Eu o abracei.
— Estou bem aqui. Não vou a lugar
nenhum.
— Jura? — ele perguntou.
Inclinei a cabeça.
— Me promete, Falyn. Promete que
vai ficar.
Dei de ombros, meio que me
divertindo.
— Para onde mais eu iria?
Ele tocou meu rosto com aquela
expressão nos olhos, como se analisasse cada curva, cada linha. Depois
suspirou, os olhos ficando vidrados.
— Eu não sabia. Achei que você...
Achei que estávamos... Eu estava puto com você, e só queria parar de pensar
nisso por uma noite.
Fiz uma pausa.
— De que noite você está falando?
— Semana passada. Quando eu
estava em San Diego.
Dei de ombros.
— E daí, você ficou bêbado?
A preocupação que estivera em
seus olhos o dia todo, o medo, até mesmo algumas das coisas que ele dissera
agora faziam sentido.
Meus lábios se separaram enquanto
a ficha caía.
— Baby, eu juro por Deus, eu não
sabia que ainda estávamos juntos. Isso não é desculpa, porque eu não devia ter
feito isso, de qualquer maneira.
— O que foi que você fez? —
perguntei, me afastando dele e me cobrindo com a ponta do edredom. A pergunta
tinha dois significados.
— Fui para um bar com Thomas. Eu
estava chateado e tomei todas, porra. O Thomas foi embora, e eu fiquei.
— Você foi para casa com alguém.
— Eu... O bar era em frente ao
apartamento do Thomas. Ela voltou comigo.
— Então ele sabe — comentei,
revirando os olhos com minhas palavras. — Claro que ele sabe. Ele não queria
que você me contasse.
— Ele não acreditou que você ia
me perdoar.
— Não vou.
A boca de Taylor se abriu de
repente, e ele veio na minha direção.
Saltei da cama, puxando o edredom
até Taylor se levantar e eu poder levá-lo comigo.
— Admito que o que fiz foi
horrível. Não tem desculpa. Foi um jeito péssimo de ter certeza que você sabia
no que estava se metendo. Mas você... — Levei a mão à testa. — Você disse que
estava pensando no assunto. Você estava pensando no nosso futuro e se queria
ficar comigo apesar de eu ser estéril. E você fode alguém? Como exatamente isso
ajudou no seu processo?
Ele se levantou, vestiu um shorts
e deu um passo na minha direção. Estendi a mão, a palma para a frente, e
apontei para ele.
— Não encosta em mim.
Seus ombros afundaram.
— Por favor, não me odeia. Achei
que fosse enlouquecer na semana passada. Não posso passar por isso de novo,
Falyn. Não consigo fazer essa merda. — Sua voz falhou.
Sentei na cama, encarando o nada.
— Bom, eu também não. E agora?
Ele sentou ao meu lado.
— Você não consegue o quê?
— Fazer isso. — Olhei para ele. —
Não consigo ficar com você agora. Não é justo nem você pedir isso.
— Você está certa. Não é. Mas não
dou a mínima, porra. Não posso te perder de novo.
— O Thomas não queria que você me
contasse, mas você contou mesmo assim. Por quê?
— Eu ia te contar. Eu tinha que
fazer isso antes de...
— Você não usou nada?
— Não consigo lembrar — ele
respondeu, envergonhado.
Fiz cara de nojo e sequei uma
lágrima que tinha escorrido pelo meu rosto.
— Você prometeu que ia ficar —
disse ele.
— Você prometeu que não ia.
— Sou um idiota. Foi burrice
fazer isso. Admito. Mas não fui para San Diego para te trair. Apesar de ser um
completo babaca e tentar me distrair com a primeira garota que me deu atenção,
eu te amo de verdade.
— Nós dois fomos burros.
— Você estava tentando fazer a
coisa certa. Eu não entendi no início, mas você estava certa. Teria sido
difícil terminar com você se eu decidisse que queria filhos.
Eu me levantei, e ele se
assustou.
— O que você vai fazer? — ele
perguntou, com pânico na voz.
— Me vestir. Acho que posso dizer
que não tem mais clima.
Eu o deixei e fui ao banheiro,
arrastando o edredom comigo. Lavei o rosto e escovei os dentes, agradecendo por
ele não ter me deixado fazer um boquete. Ele teria que fazer um exame de DST.
Bem quando eu pensei que a parte difícil tinha ficado para trás, tudo se tornou
mais complicado.
Sequei o rosto com uma toalha, e
as lágrimas surgiram. Enquanto eu chorava em silêncio na toalha macia, tudo que
ele disse e fez desde que eu cheguei, junto com a mensagem que escrevera quando
estava bêbado, fazia sentido. Ele praticamente admitiu isso para mim naquele
momento. Ele tinha cometido um grande erro, mas, até agora, ele era o único que
tinha perdido a confiança. Eu também consegui partir seu coração, e não precisei
dormir com ninguém para isso.
Voltei, vesti uma camiseta de
Taylor como camisola, carregando o edredom enrolado nos braços. Ele ainda
estava sentado na beirada da cama, com a cabeça nas mãos.
— Vou ficar — falei. — Temos
muita coisa para ajeitar. Mas não me faz sentir que eu preciso te consolar.
Quando você estiver perto de mim, vai ter que se virar.
Ele assentiu e empurrou o próprio
corpo até ficar na cabeceira da cama. Ele me observou afastar o lençol, e eu
virei a coberta para o meu lado da cama.
— Posso te abraçar? — ele
perguntou.
— Não — respondi simplesmente,
deitando e virando de costas para ele.
Não consegui dormir. Escutei cada
sopro de sua respiração, cada suspiro e cada movimento que ele fez. O
ar-condicionado ligou enquanto eu encarava as ranhuras nas paredes e depois no
teto. Tínhamos passado noites suficientes juntos para eu saber que ele também
não estava dormindo, pelo jeito como respirava, mas ficamos deitados ali, mudos,
sem encostar um no outro, nos sentindo torturados.
Chorei!! Tadinha da Faley. O Tayler n devia ter feito isso
ResponderExcluirBah, coitada dela, dessa vez tu errou Taylor
ResponderExcluirDeve ser doloroso para ambos 💔 ela de um jeito "errado pensou" nele e o afastou... e ele enfia a cara no álcool "trai ela" complicado... os irmãos Maddox tem o jeito mto errado de sentir a dor 🤔 qd eles se quebram, acham q tem q voltar as "origens"
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