Capítulo 3

América

— Feliz aniversário de casamento — cantarolei, dando a Abby um cartão e uma caixinha branca com uma fita azul.
Ela olhou para o relógio e secou os olhos.
— Gostei muito mais do nosso primeiro aniversário de casamento.
— Provavelmente porque eu planejei, estávamos em Saint Thomas e foi tudo perfeito.
Abby me lançou um olhar.
— Ou porque o Travis estava presente — falei, tentando manter o ódio longe da voz.
Travis estava viajando muito a trabalho e, apesar de Abby parecer entender, eu certamente não entendia. Ele trabalhava como personal trainer em meio expediente depois das aulas, mas, em algum momento, o proprietário pediu que ele começasse a viajar para fazer umas vendas ou... Eu não sabia muito bem. Era um salário muito melhor, mas sempre era de última hora, e ele nunca recusava.
— Não me olhe assim, Mare. Ele está a caminho. Não é culpa dele que o voo atrasou.
— Ele poderia não ter viajado pro outro lado do país tão perto do aniversário de casamento de vocês. Para de defender o Travis. Isso é irritante.
— Pra quem?
— Pra mim! A pessoa que tem que ver você chorando com o cartão de aniversário de casamento que ele escreveu antes de viajar porque sabia que havia uma grande possibilidade de ele não estar presente. Ele devia estar aqui!
Abby fungou e suspirou.
— Ele não queria perder a data, Mare. Ele está mal por causa disso. Não piore as coisas.
— Tá bom — falei. — Mas não vou te deixar aqui sozinha. Vou ficar até ele chegar.
Abby me abraçou, e eu apoiei o queixo no ombro dela, olhando ao redor do apartamento mal iluminado. Parecia muito diferente de quando entrei ali pela primeira vez, no nosso primeiro ano de faculdade. Travis tinha insistido que Abby o transformasse em seu lar depois que Shepley saiu de lá, pouco depois de eles se casarem. Em vez de placas de rua e pôsteres de cerveja, as paredes estavam enfeitadas com quadros, fotos do casamento e deles com o Totó. Havia luminárias, mesinhas e objetos de cerâmica.
Virei para olhar os pratos cheios de comida fria sobre a pequena mesa de jantar. A vela tinha queimado até o fim e se transformado em gotas secas de cera, que quase chegavam até a madeira de demolição.
— O jantar está com um cheiro ótimo. Vou fazer questão de mencionar isso.
Shepley me mandou uma mensagem, e eu digitei uma resposta rápida.
— Shep? — indagou Abby.
— É. Ele achou que eu já estaria em casa a essa hora.
— Como estão as coisas?
— Ele é maníaco por limpeza, Abby. Como você acha que estão as coisas? — comentei, indignada.
— Vocês dois ficaram putos da vida quando seus pais disseram que vocês não podiam morar juntos. Ficaram emburrados no dormitório durante um ano e meio. Agora que eles finalmente cederam, você está odiando.
— Não estou odiando. Só estou com medo de ele me odiar.
— Já faz quase três anos, Mare. Se fosse possível o Shepley fazer qualquer coisa além de te idolatrar, duvido que o problema seria um par de meias sujas.
Puxei os joelhos até o peito, quase desejando que fosse ele nos meus braços. Às vezes eu me perguntava quando estar perto de Shepley ou até mesmo pensar nele me faria parar de sentir tanta coisa, mas o tempo só deixou meus sentimentos ainda mais fortes.
— A gente se forma no próximo verão, Abby. Dá pra acreditar?
— Não. Vamos ter que virar adultos de verdade.
— Você é adulta desde criança.
— Verdade.
— Eu fico pensando que ele vai me pedir em casamento.
Abby arqueou uma sobrancelha.
— Quando ele diz o meu nome de um jeito especial, ou vamos a um restaurante chique, acho que vai ser naquele momento, mas ele nunca faz o pedido.
— Ele já te pediu em casamento, Mare, lembra? Você disse não. Duas vezes.
Eu me encolhi, lembrando aquela manhã na praia e alguns meses depois, com a luz da vela reluzindo nos olhos dele, o macarrão feito em casa e a decepção suprema estampada em seu rosto.
— Mas isso foi no ano passado.
— Você acha que perdeu a chance, né? Que ele nunca mais vai ter coragem de te pedir. — Como não respondi, ela continuou: — Por que você não pede o Shepley em casamento?
— Porque eu sei que, para ele, é importante ele me pedir.
Pedi-lo em casamento já tinha me passado pela cabeça, mas me lembrei do que ele dissera quando a Abby pediu o Travis em casamento. Isso o incomodou quase tanto quanto a percepção de que seus sentimentos sobre o assunto eram tão tradicionais.
Shepley sentia que era dever dele, como homem, fazer o pedido. O que eu não tinha imaginado era que, se eu não estivesse preparada quando ele fizesse o pedido, ele nunca mais pediria.
— Você quer que ele faça isso? Te peça de novo?
— Claro que sim. A gente não precisa casar imediatamente, certo?
— Certo. Então por que você está com pressa de ficar noiva? — perguntou ela.
— Não sei. Ele parece entediado.
— Entediado? Com você? Ele não acabou de mandar uma mensagem pra saber de você?
— É, mas...
— Você está entediada?
— Entediado não é a palavra certa. Ele não está confortável. Estamos estagnados, e eu percebo que ele não gosta disso.
— Talvez ele esteja esperando você dar um sinal de que está preparada.
— Tenho dado sinais pra todo lado, fora mencionar o Famoso Não da América.
Temos um acordo implícito de não tocar no assunto.
— Talvez você devesse falar pra ele que está preparada quando ele estiver pronto para fazer o pedido de novo.
— E se ele não estiver preparado?
Abby fez uma careta.
— Mare, estamos falando do Shep. Ele provavelmente está se esforçando para não fazer o pedido todo dia.
Suspirei.
— Bom, hoje a questão não sou eu. Estou aqui pra cuidar de você.
Ela fez uma careta.
— Eu quase esqueci.
A maçaneta se mexeu, e a porta se abriu violentamente.
— Beija-Flor? — Travis gritou. Sua expressão desabou quando ele viu a comida na mesa e depois olhou para nós duas sentadas no sofá.
Os olhos de Abby se iluminaram quando ele contornou o sofá correndo e se ajoelhou diante dela, envolvendo os braços em sua cintura e enterrando o rosto em seu colo.
Shepley estava parado na porta, sorrindo.
Olhei radiante para ele.
— Você sabe mesmo disfarçar, hein?
— Ele pegou um voo fretado. Fui buscá-lo no FPO aqui na cidade. — Ele fechou a porta ao entrar e deu uma risadinha, cruzando os braços. — Achei que ele ia ter um ataque do coração antes de chegarmos aqui.
Abby franziu o nariz.
— No FPO? Aquele aeroporto minúsculo perto da cidade? — Ela olhou para Travis. — Um voo fretado? Quanto custou?
Ele olhou para ela, balançando a cabeça.
— Não importa. Eu só precisava chegar aqui. — E olhou para mim. — Obrigado por ficar com ela, Mare.
Fiz que sim com a cabeça.
— Imagina. — Eu me levantei, sorrindo para Shepley. — Eu te sigo até em casa.
Ele abriu a porta.
— Você primeiro, baby.
Acenei para Travis e Abby — não que eles tenham percebido —, enquanto ele praticamente engolia o rosto dela.
Shepley pegou minha mão conforme descíamos a escada até nossos carros. O Charger brilhava como novo, estacionado ao lado do meu Honda vermelho, riscado e desbotado.
Ele destrancou a porta, e o cheiro de fumaça atingiu meu nariz.
Acenei com a mão diante do rosto.
— Credo. Você ama tanto o seu carro, por que deixa o Travis fumar dentro dele?
Ele deu de ombros.
— Sei lá. Ele nunca me pediu.
Dei um sorriso forçado.
— O que o Travis faria se, um dia, você parasse de deixar ele fazer o que quer o tempo todo?
Shepley beijou o canto da minha boca.
— Não sei. O que você faria?
Pisquei.
Sua expressão se transformou em pavor.
— Ai, merda. Escapou. Não foi isso que eu quis dizer.
Apertei as chaves.
— Tudo bem. Te vejo em casa.
— Baby... — ele começou.
Mas eu já estava do outro lado do Honda.
Sentei no banco surrado do motorista do meu hatch dilapidado e dei partida, apesar de querer ficar sentada ali por um tempo e chorar. Shepley deu ré, e eu o segui.
Eu não sabia o que era pior — ouvir a verdade que escapou sem querer ou ver o pânico em seus olhos depois que ele falou. Shepley se sentia um capacho em relação a todos que ele amava, inclusive eu.



Shepley

Parei na vaga coberta ao lado do Honda de América e suspirei. O volante gemeu enquanto os nós brancos dos meus dedos giravam de um lado para o outro. O olhar no rosto de América mais cedo, quando falei sem pensar, não era algo que eu já tivesse visto.
Quando eu falava alguma coisa idiota, a raiva ficava evidente nos olhos dela. Mas eu não tinha deixado América com raiva. Isso era pior. Sem querer, eu a tinha magoado profundamente
Morávamos a três prédios de distância de Travis e Abby. Nosso prédio tinha menos universitários e mais casais jovens e pequenas famílias. O estacionamento estava cheio, com os outros moradores já em casa e provavelmente na cama.
América saiu do carro. A porta gemeu quando ela a empurrou para fechar. Ela foi até a calçada, sem nenhuma emoção no rosto. Eu tinha aprendido a ficar calmo durante nossas discussões, mas ela era emotiva, e qualquer esforço para mascarar seus sentimentos nunca era algo bom.
Ter crescido com meus primos me dava muitos recursos para lidar com alguém obstinado como América, mas me apaixonar por uma mulher forte e autoconfiante às vezes exigia batalhar contra minhas próprias inseguranças e fraquezas.
Ela me esperou sair do Charger, e andamos juntos até nosso apartamento no subsolo.
Ela estava calada, e isso só me deixava mais nervoso.
— Não tive tempo de lavar a louça antes de ir pra casa da Abby — disse, indo para a cozinha. Então contornou o balcão e congelou.
— Eu lavei antes de ir pegar o Travis.
Ela não virou.
— Mas eu disse que ia lavar.
Merda.
— Tudo bem, baby. Foi rapidinho.
— Então eu devia ter tido tempo de lavar antes de sair.
Merda!
— Não foi isso que eu quis dizer. Eu não me importo de lavar a louça.
— Nem eu, e foi por isso que eu disse que ia lavar. — Ela jogou a bolsa sobre o balcão e desapareceu no corredor.
Dava para ouvir seus passos entrando no nosso quarto, e a porta do banheiro batendo com força.
Sentei no sofá, cobrindo o rosto com as mãos. Nosso relacionamento não ia muito bem nos últimos meses. Eu não sabia se era porque ela não estava feliz de morar comigo ou não estava feliz comigo. De qualquer maneira, não era um bom presságio para o nosso futuro. Não havia nada que me apavorasse mais.
— Shep? — chamou uma voz no corredor.
Virei, observando América sair da escuridão para a sala de estar com iluminação fraca.
— Você está certo. Eu sou dominadora e espero que você faça tudo o que eu quero.
Quando você não faz, tenho um ataque de raiva. Não posso continuar fazendo isso com você.
Meu sangue gelou. Quando ela sentou ao meu lado, instintivamente me afastei, com medo da dor que ela provocaria em mim quando dissesse as palavras que eu mais temia.
— Mare, eu te amo. O que quer que você esteja pensando, pare.
— Desculpa — ela começou.
— Para, droga!
— Eu vou ser melhor — continuou ela, com lágrimas nos olhos. — Você não merece isso.
— Espera. O quê?
— Você me ouviu — disse ela, parecendo envergonhada.
Ela desapareceu de novo no corredor, e eu me levantei e a segui. Abri a porta do nosso quarto escuro. Apenas uma faixa de luz escapava do banheiro, revelando a cama feita e as mesas de cabeceira repletas de revistas de fofoca, livros e fotos nossas em preto e branco.
América tirou a roupa, uma peça de cada vez, deixando cada uma como um rastro até o chuveiro, antes de abri-lo.
Eu a imaginei parada do lado de fora da cortina, estendendo a mão para dentro do chuveiro, as curvas suaves de seu corpo se mexendo lentamente a cada movimento.
Minha calça jeans resistiu instantaneamente ao volume por trás do tecido. Levei a mão até lá e reajustei, andando até a porta emoldurada pela luz fluorescente.
A porta gemeu quando a empurrei. América já tinha entrado no boxe, mas eu ouvia a água escorrendo ruidosamente no chão da banheira.
— Mare? — falei. Meu pau estava me implorando para eu me despir e entrar no chuveiro atrás dela, mas eu sabia que ela não estaria no clima. — Eu não tive a intenção.
O que eu disse mais cedo simplesmente escapou. Você não é autoritária. Você é teimosa, sincera e decidida, e eu amo todas essas coisas. Elas são parte do que faz com que você seja você.
— Está diferente. — Sua voz mal atravessava a cortina e o lamento da água correndo pelos canos.
— O que está diferente? — perguntei, imaginando imediatamente se era o sexo.
Depois, amaldiçoei a voz de dezesseis anos na minha cabeça que tinha inventado essa estupidez infantil.
— Você está diferente. Nós estamos diferentes.
Suspirei, deixando a cabeça cair para a frente. A conversa estava piorando em vez de melhorar.
— Isso é ruim?
— Acho que sim.
— Como eu posso consertar?
América me espiou por trás da cortina, com apenas um dos lindos olhos cor de esmeralda. A água escorria por sua testa e nariz, pingando na ponta.
— Nós estamos morando juntos.
Engoli em seco.
— Você está infeliz?
Ela balançou a cabeça, mas isso só aliviou parcialmente minha ansiedade.
— Você está.
— Mare — sussurrei. — Não estou, não. Nada em relação a estar com você poderia me deixar infeliz.
Seu olho ficou instantaneamente vidrado e ela o fechou, fazendo as lágrimas salgadas se misturarem à água que escorria pelo seu rosto.
— Dá pra ver. Dá pra perceber. Só não sei por quê.
Puxei a cortina para o lado e ela recuou o máximo que pôde, me observando colocar um pé lá dentro e depois o outro, apesar de eu ainda estar totalmente vestido.
— O que você está fazendo? — ela perguntou.
Envolvi os braços ao seu redor, sentindo a água escorrer no alto da minha cabeça, encharcando minha camisa.
— Onde quer que você esteja, eu vou estar com você. Não quero estar em nenhum lugar onde você não esteja.
Eu a beijei, e ela choramingou nos meus braços. Não era característico dela mostrar seu lado mais frágil. Normalmente, quando estava magoada ou triste, ela ficava brava.
— Não sei por que as coisas estão diferentes, mas eu te amo do mesmo jeito. Na verdade, ainda mais.
— Então por que... — Ela deixou a voz desaparecer, perdendo a coragem.
— Por que o quê?
Ela balançou a cabeça.
— Desculpa pela louça.
— Baby — falei, colocando o dedo sob seu queixo e levantando-o delicadamente, até ela olhar para mim. — Foda-se a louça.
América levantou minha camisa e a tirou, deixando-a cair no chão com um barulho.
Depois, desabotoou meu cinto enquanto sua língua passeava pelo meu pescoço. Ela já estava nua, então não havia nada para eu fazer além de deixá-la me despir. O que era estranhamente excitante.
Assim que meu zíper se abriu, América se ajoelhou à minha frente e tirou minha calça. Chutei os tênis, e ela os jogou para fora da banheira antes de fazer a mesma coisa com meu jeans. Ela levou a mão para cima, curvando os dedos até eles estarem entre minha pele e o elástico da cueca, deslizando-a para baixo e por cima da minha ereção.
Assim que a cueca caiu no piso do banheiro, ela colocou toda a minha extensão na boca, e tive que me firmar com as mãos na parede.
Gemi, conforme a sucção e a mão dela trabalhavam juntas para criar, possivelmente, a melhor sensação do mundo. Sua boca ávida era quente e úmida. Era a única boca que me dava vontade de beijar e foder ao mesmo tempo. Por um instante passageiro, a ideia de ela ter resolvido me chupar para mudar de assunto surgiu na minha cabeça, mas era difícil argumentar com ela, se fosse isso. Sexo com América era um dos meus assuntos preferidos.
Sua mão livre subiu para acariciar minhas bolas, e isso quase me levou ao limite.
— Preciso te comer — falei.
Ela não respondeu, e eu a coloquei de pé e levantei seu joelho até meu quadril.
Ela segurou meu rosto e me puxou até sua boca, e eu me posicionei, decidindo, naquele instante, descê-la até meu pau — devagar, porque ela já tinha me deixado no ponto. Levantei sua outra perna. Assim que me mexi para me posicionar, escorreguei.
América soltou um gritinho enquanto eu estendia a mão, procurando alguma coisa para nos salvar, depois decidi aceitar o tombo. A cortina de nylon rasgou das argolas, só nos dando meio segundo antes de minhas costas baterem no chão.
Gemi e olhei para América, com o cabelo pingando e os olhos fechados. Um olho cor de jade se abriu, depois o outro.
— Minha nossa, você está bem? — perguntei.
— Você está?
Soltei uma risada.
— Acho que sim.
Ela cobriu a boca e começou a rir, fazendo uma gargalhada surgir da minha garganta e se espalhar pelo apartamento. Em pouco tempo, estávamos secando os olhos e tentando recuperar o fôlego.
As risadas desapareceram e ficamos ali no chão, com a água escorrendo da pele para o azulejo. Uma gota se formou no nariz de América e pingou no meu rosto. Ela a secou, seus olhos indo de um lado para o outro, esperando enquanto se perguntava o que eu diria a seguir.
— Estamos bem — falei baixinho. — Eu juro.
América sentou, e eu fiz o mesmo.
— Não precisamos fazer o que todo mundo está fazendo para sermos felizes, certo?
— Sua voz tinha uma pontada de tristeza.
Engoli o nó que se formava em minha garganta. Não é que eu quisesse fazer o que todo mundo estava fazendo. Durante muito tempo, eu quis o que eles já tinham.
— Não — respondi. Pela primeira vez desde que nos conhecíamos, eu menti para América.

Eu estava com vergonha de admitir para ela que queria aquelas coisas — as alianças, os votos, a hipoteca, os filhos. Eu queria tudo aquilo. Mas era difícil demais dizer a uma garota não convencional que eu queria uma vida convencional com ela. A ideia de não querermos as mesmas coisas e o que isso significava me apavorava, então empurrei tudo para o fundo da mente, para o mesmo lugar onde eu mantinha as lembranças da minha mãe chorando por causa da tia Diane, bem lá no fundo, para meu coração não sentir.

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