Capítulo 5
América
Shepley levantou minha última
mala até o banco traseiro do Charger, bufando para fazê-la caber. Depois que
conseguiu esse feito, pegou a própria mochila e a jogou atrás do banco. Beijei
seu rosto, e ele fez um sinal de positivo com a cabeça, levantando a gola da
camiseta para secar o suor da testa. Não tinha nem amanhecido ainda e já estava
quente.
Abby cruzou os braços.
— Tudo certo?
— Isso é tudo — falei.
— Graças a Deus — disse Shepley.
— Fracote — Travis provocou,
dando um soco na lateral do primo.
Shepley se encolheu em reação e
depois revidou o soco.
— Só porque eu não te bato há uns
dois anos, não significa que não vai acontecer de novo.
— Uns dois anos? Quando foi que
você bateu no Travis? — perguntei.
Travis levou a mão ao maxilar.
— Faz um pouco mais de tempo. Na
noite em que você terminou com ele. A noite — ele olhou para Abby, já se
arrependendo do que estava prestes a dizer — em que eu levei a Megan para o
apartamento.
Olhei para Shepley, em dúvida.
— Você bateu no Travis?
— Logo depois que você saiu —
Shepley admitiu. — Achei que você sabia.
Balancei a cabeça e olhei para
Travis.
— Doeu?
— Às vezes ainda dá pra sentir —
ele respondeu. — O Shepley bate com força.
— Ótimo — falei, me sentindo um
pouco excitada ao pensar em Shepley socando alguém. Meu Maddox não era
conhecido por lutar como os primos, mas era bom saber que ele sabia se virar
quando necessário.
Shepley olhou para o relógio.
— É melhor a gente ir. Quero
chegar antes da tempestade. Wichita está em alerta de tornado pela tarde toda.
— Tem certeza que vocês não podem
esperar? — Abby perguntou.
Dei de ombros.
— O Shepley já tirou o dia de
folga.
— Estou feliz por vocês irem com
o Charger — comentou Travis. — A única coisa pior do que dirigir na chuva é
ficar com o carro quebrado na chuva.
Shepley beijou minha têmpora e
abriu a porta do motorista.
— Vamos cair na estrada, baby.
Abracei Abby.
— Eu te ligo quando a gente
chegar. Deve ser no meio da tarde, lá pelas duas e meia ou três.
— Vão com cuidado — disse ela, me
abraçando com força.
Quando prendi o cinto de
segurança e Shepley começou a dar ré para sair da vaga, Travis fingiu chutar a
porta do motorista.
— Tchau, cuzão.
— Adoro o jeito como vocês,
homens, demonstram afeto. É fofo de um jeito meio triste.
— Você acha que eu não sei
demonstrar afeto?
Arqueei a sobrancelha.
Shepley colocou o carro em ponto
morto, saiu e correu até Travis, pulando em cima do primo e envolvendo os
braços e as pernas ao redor dele. Travis não se abalou, segurando-o como um
bebê crescido.
Shepley abraçou Travis, o beijou
— na boca — e depois o soltou, antes de voltar para o Charger com os braços
estendidos.
— E agora? Eu sou homem
suficiente para demonstrar afeto!
— Você venceu — falei, meio
surpresa, meio entretida.
Travis não conseguiu manter a
expressão séria, parecendo ao mesmo tempo enojado e confuso. Ele limpou a boca
e estendeu a mão para Abby, abraçando-a na lateral.
— Você é esquisito pra caralho,
cara.
Shepley deslizou de volta para o
assento, fechou a porta e prendeu o cinto de segurança com um clique. Depois
abriu a janela e deu “tchau” com um aceno rápido.
— Você me beijou primeiro, seu
babaca. Tenho uma foto pra provar.
— Nós tínhamos três anos.
— Te vejo no domingo! — disse
Shepley.
— Falou, otário! — Travis gritou.
Shepley engatou a marcha e saiu
do estacionamento.
Dez minutos depois, já estávamos
quase fora da cidade, passando pela Skin Deep Tattoo no caminho. Shepley
buzinou quando viu os carros de Trenton e de Camille estacionados em frente.
— Eles sempre estavam fumando do
lado de fora quando eu passava por aqui — comentou.
— A Cami disse que eles pararam,
por causa da Olive.
— O Taylor também parou.
— Que doideira — falei num tom de
voz agudo, balançando a cabeça, enquanto pensava em Taylor, que se apaixonara
pela mãe da Olive a mil quilômetros de distância.
— Agora, só precisamos trabalhar
no Travis.
— Ele disse que vai parar quando
a Abby engravidar.
— Isso sim seria um milagre.
— O quê? Ele parar de fumar ou
ela finalmente concordar em ter filhos?
— As duas coisas.
— Você quer ter filhos? — Shepley
não olhou para mim quando perguntou.
Engoli em seco. Ainda nem
tínhamos saído da cidade e ele já estava tocando nos assuntos difíceis. Eu não
sabia se era uma pergunta capciosa. Será que ele estava procurando um motivo
para terminar? Minha resposta seria a gota-d ’água para ele?
— Hum... quero. Quer dizer, acho
que sim. Eu sempre pensei que teria. Mais tarde.
Ele só fez que sim com a cabeça,
o que me deixou mais nervosa. Peguei uma revista e folheei sem pensar, fingindo
ler. Na verdade, não faço ideia de quem ou o que aparecia naquelas páginas. Eu
só estava desesperada para parecer à vontade. Tínhamos falado sobre filhos
antes, e o fato de ser tão desconfortável agora parecia um sinal sinistro de
que estávamos indo na direção errada.
Quando chegamos a Springfield, a
tempestade estava começando a se formar.
Shepley apontou para o céu escuro
no horizonte.
— Quanto mais quente ficar, pior
vai ser a tempestade. Olhe a previsão do tempo para Kansas City.
Tirei o celular da bolsa e
pesquisei a informação. Balancei a cabeça.
— Fala em tempestade, mas vai
começar mais tarde. — Abri meu app preferido de meteorologia. — Ah. Tem umas
manchas vermelhas bem feias
a sudoeste de Oklahoma no
momento. Vai chegar a Wichita mais ou menos na mesma hora que a gente.
— Era isso que eu temia. Espero
que não chegue antes.
— Se for o caso, podemos parar e
dormir num hotel de beira de estrada — falei.
Meu sorriso parecia artificial, e
o clima no carro estava pesado e desconfortável. De repente, fiquei com raiva
por me sentir assim. Shepley era meu namorado. Eu o amava, e ele também me
amava. Disso eu tinha certeza. Estávamos mergulhados até o pescoço num
mal-entendido idiota, e eu não queria ser esse tipo de mulher. Abri a boca para
falar isso, mas a expressão no rosto dele me impediu.
— Eu te amo — foi a única coisa
que consegui dizer.
O pé dele saiu do acelerador por
um instante, depois ele pegou minha mão, mantendo os olhos na estrada.
— Eu também te amo.
Pelo tremor sutil no olho dele,
eu sabia que ele estava se esforçando para tirar a expressão magoada do rosto.
— Ei, olha. A porta daquele carro
diz “O’Fallon, Missouri” — ele observou. — Como a Falyn do Taylor.
— Acho que o nome dela é escrito
diferente.
— É... — Ele deixou a voz morrer,
sem conseguir continuar fingindo.
Folheei a revista pela segunda
vez, fingindo ler e, às vezes, olhando pela janela, para as árvores e os campos
de trigo que demarcavam a Route 36.
Shepley manteve a mão na minha,
apertando de vez em quando. Rezei para não ser porque ele estava colocando na
balança o fato de sentir minha falta versus ter que aguentar as minhas merdas.
Quando passamos por Chillicothe,
Missouri, percebi uma placa de saída para Trenton.
— Ha, olha aquilo. Será que
devíamos fazer uma brincadeira? Encontrar todos os membros da família Maddox?
Parece que tem uma cidade chamada Cameron a norte de Kansas City. Acho que
conta como Cami.
— Claro. Já podemos contar o seu
nome?
— Ha-ha.
Apesar de estarmos ambos
desesperados para aliviar o clima, ainda era estranho. Eu ainda não fazia parte
da família Maddox, na verdade. E era possível que tivesse perdido minha chance.
Quando chegamos à saída para
Kansas City, o céu se derramou, enchendo o ar com cheiro de chuva, asfalto
molhado e um forte aroma de confusão. Eu esperava que as horas no carro
forçassem a comunicação e nos levassem a conversar sobre o que não conseguíamos
dizer, mas lá estava eu. A garota que se orgulhava de falar tudo o que lhe
vinha à mente estava com muito medo de dizer alguma coisa desconfortável.
Mantenha a boca fechada, Mare.
Ele nunca vai superar se você fizer o pedido, mesmo que ele queira casar.
Talvez ele não queira mais...
O barulho constante da chuva no
Charger começou a ficar irritante. Enquanto dirigíamos entre uma tempestade e
outra, os limpadores de para-brisa se alternavam entre se arrastar pelo vidro
quase seco e tentar furiosamente acompanhar a enxurrada.
Shepley falava coisas triviais —
sobre a chuva, claro, e o ano letivo que estava prestes a começar —, mas se
mantinha nos assuntos seguros, tomando cuidado para não se aproximar demais de
alguma coisa séria.
— Topeka — ele anunciou, como se
a placa não estivesse bem ali, em grandes letras brancas.
— Viemos bem. Vamos parar num
restaurante. Estou cansada de comida de posto de gasolina.
— Tudo bem. Dá uma olhada no
celular pra ver se tem alguma coisa no caminho.
— Gator’s Bar and Grill — falei
em voz alta. Era o terceiro da lista, mas a classificação era de apenas duas
estrelas e meia. — Um dos comentários diz pra não ir lá de noite.
Interessante. Será que tem
vampiros?
Shepley deu uma risadinha,
olhando para o relógio acima do rádio.
— É pouco mais de meio-dia. Acho
que estaremos seguros.
— Fica a uns cinco quilômetros
daqui — falei. — Pouco depois do pedágio.
— Qual? Onde a 470 vira a I-35?
— É.
Shepley fez que sim com a cabeça,
satisfeito.
— Pro Gator’s então.
Como prometido, o Gator’s ficava
logo depois do pedágio, a pouco mais de cinco quilômetros de distância. Shepley
escolheu uma vaga e desligou o motor pela primeira vez em quase quatro horas.
Saí para o estacionamento cimentado, com os músculos duros.
Shepley se alongou ao lado do
carro, se inclinando para baixo e depois se erguendo, puxando os braços em
frente ao peito.
— Ficar sentado por tanto tempo
deve fazer mal. Não sei como pessoas que trabalham em escritório aguentam.
— Você trabalha em escritório —
falei com um sorriso afetado.
— Meio expediente. Se fossem
quarenta ou cinquenta horas por semana, eu ia ficar maluco.
— Então você não vai ficar no
banco? — perguntei, surpresa. — Achei que você gostasse de lá.
— O departamento financeiro é um
bom lugar pra trabalhar, mas você sabe que eu não vou ficar lá.
— Não. Você não me falou nada.
— Falei, sim. Eu... Ah. Foi com a
Cami.
— A Cami?
— Na última vez que fui com o
Trenton ao The Red. Você sabe como eu fico tagarela quando estou bêbado.
— Eu esqueci — falei.
Shepley pegou minha mão enquanto
entrávamos, mas havia uma lacuna de pensamentos não ditos entre nós.
Olhei ao redor do Gator’s,
observando o teto alto. Luzes de Natal multicoloridas estavam penduradas no
sistema de ventilação exposto, os assentos tinham rasgos na forração, e o piso
tinha pelo menos dez anos de imundície entranhada em cada tufo retorcido do
carpete surrado. O cheiro de gordura saturada invadiu meus sentidos, e os
lambris de metal enferrujado e a tinta cinza-carvão nos faziam sentir menos acolhidos
do que o estilo “industrial chique” pretendia.
— A classificação de duas
estrelas está começando a fazer sentido — falei, tremendo por causa do
ar-condicionado.
Esperamos uma mesa por tanto
tempo que quase sugeri ao Shepley que fôssemos embora, mas aí uma garçonete
emburrada de cabelo azul e mais piercings do que buracos à mostra nos conduziu
até duas banquetas vazias no bar.
— Por que ela colocou a gente
aqui? — perguntei. — Tem mesas vazias. Muitas mesas vazias.
— Nem os funcionários querem
estar aqui — disse Shepley.
— Talvez seja melhor a gente ir
embora.
Ele balançou a cabeça.
— Vamos só comer alguma coisa
rápida e voltar pra estrada.
Fiz que sim com a cabeça,
incomodada.
O barman limpou o espaço à nossa
frente e perguntou o que íamos beber. Shepley pediu uma água, e eu pedi uma
limonada com morango.
— Nem uma cerveja? Por que vocês
sentaram no bar, então? — o cara perguntou, incomodado.
— Colocaram a gente aqui. Não foi
um pedido nosso — retruquei.
Shepley deu um tapinha no meu
joelho.
— Estou dirigindo. Você pode
servir uma Bud Light pra ela. Chope, por favor.
O barman colocou os cardápios
diante de nós e se afastou.
— Por que você pediu uma cerveja?
— Não quero que ele mande o
cozinheiro cuspir na nossa comida, Mare. Você não precisa beber.
Um trovão estalou lá fora e fez o
lugar tremer, depois a chuva começou a castigar o telhado.
— Podemos esperar a tempestade
passar em algum lugar, mas não quero que seja aqui — falei.
— Tudo bem. Vamos encontrar outro
lugar, nem que seja o estacionamento. — Ele deu outro tapinha no meu joelho e
depois o apertou.
— Ei — disse um homem, passando
atrás de nós com um amigo. Ele já parecia bêbado, se arrastando até uma
banqueta na ponta do bar. Seus olhos se despejaram sobre mim como água suja.
— Ei — Shepley respondeu por mim,
travando o olhar no do bêbado.
— Baby — alertei.
— Só estou mostrando que eu não
me intimido. Espero que assim ele desista de incomodar a gente.
O barman voltou com minha
limonada e a água de Shepley.
— Prontos pra fazer o pedido?
— Sim, nós dois queremos o wrap
de frango.
— Com fritas ou anéis de cebola?
— Nenhum dos dois.
O barman pegou nossos cardápios,
nos observou e depois saiu para fazer o pedido à cozinha.
— Aonde ele vai, porra? — o
bêbado perguntou para o amigo.
— Calma, Rich. Ele vai voltar —
respondeu o amigo, rindo.
Tentei ignorá-los.
— Quer dizer que você está
pensando na carreira de olheiro esportivo?
Shepley deu de ombros.
— É o emprego dos sonhos. Não sei
se é possível, mas, sim, o plano é esse. O
treinador Greer disse que eu
devia me candidatar ao cargo de treinador assistente. Ele falou que eu tenho
uma boa chance. Vou começar por aí.
— Mas... você não joga futebol.
Shepley se mexeu no assento.
— Eu já joguei.
— Jogou? Quando?
— Nunca na faculdade, mas nos
quatro anos do ensino médio. Acredite se quiser, eu era muito bom.
— O que aconteceu? E por que você
nunca me contou?
Shepley empurrou a água enquanto
se inclinava sobre o balcão.
— Acho que é besteira, mas era a
única coisa em que eu era melhor do que todos os meus primos.
— Mas o Travis nunca falou nisso.
Seus pais nunca falaram. Se você começou no primeiro ano, devia ser mais do que
bom. Nunca vi nenhuma foto sua que pudesse insinuar que você praticava
esportes.
— Eu estourei três dos quatro
ligamentos principais do joelho no último jogo, antes da final no último ano.
Eu me esforcei pra voltar, mas, quando comecei a treinar para a Eastern, o
joelho não parecia o mesmo. Ainda não tinha curado, então eu fiquei de fora das
competições. Eu não sabia quanto tempo os treinadores iam esperar, mas sabia
que, mesmo se eles me dessem um ano, eu não seria o mesmo. — Ele se empertigou.
— Por isso, acabei saindo.
— Isso explica por que você
sempre dá um motivo diferente pras cicatrizes. Achei que você só tinha
vergonha.
— Eu tinha.
Franzi a testa.
— Não tem nada pra se
envergonhar. Agora eu entendo por que você quer fazer parte disso de novo.
Ele fez que sim com a cabeça, e o
sorriso em seu rosto revelou que só agora ele estava se dando conta disso.
Ele tinha desabafado comigo. Era
a oportunidade perfeita para começar uma conversa sobre por que o clima estava
tão tenso no carro, mas, assim que abri a boca, amarelei.
— Obrigada por me contar.
— Eu devia ter te contado há
muito tempo, mas... — Ele deixou a voz sumir.
Finalmente, a curiosidade e a
impaciência venceram o medo.
— Por que as coisas estão tão
estranhas entre nós? — perguntei. — O que está se passando pela sua cabeça?
Shepley ficou ainda mais tenso do
que já estava.
— O quê? Nada. Por que você está
perguntando?
— Você não está pensando em nada?
— Em que você está pensando?
— Baby — falei, num tom mais
crítico do que pretendia.
Shepley suspirou, fazendo um
sinal de positivo com a cabeça quando o barman me trouxe uma caneca gelada
cheia de líquido âmbar e uma linha fina de espuma.
— Vira! — o tal Rich rosnou. —
Meu Deus, essa boca é um tesão. Aposto que ela consegue chupar uma bola de
golfe através de uma mangueira de jardim! Lambe os lábios depois de beber,
gostosa. Faz esse favor a todos os homens aqui.
Simplesmente rangi os dentes para
ele, empurrando a caneca para longe de mim.
Rich se levantou.
O amigo tentou impedi-lo.
— Senta, porra!
Rich balançou a cabeça e limpou a
boca com o antebraço, cambaleando em nossa direção.
— Merda — falei num sussurro e
continuei olhando para a frente.
Shepley apertou meu joelho.
— Tudo bem. Não se preocupe.
— Você pode pegar essa boca... —
começou Rich.
— Senta. Agora. Porra — alertou
Shepley.
Eu só o tinha ouvido falar com
tanta seriedade com Travis. Minha respiração ficou presa na garganta, e um
misto de nervosismo, surpresa e a sensação clara de estar excitada aqueceu o
sangue em meu rosto.
— O que foi que você disse, seu
merda? — perguntou Rich, se apoiando no bar do meu outro lado.
Shepley se enfureceu.
— Você tem três segundos pra se
afastar da minha namorada, ou eu acabo com a sua raça, porra.
— Rich! — chamou o amigo. — Vem
pra cá!
Rich se inclinou e Shepley se
levantou, dando um passo ao redor da minha banqueta, encarando o bêbado,
furioso.
— Sai de perto, Mare.
— Shepley...
Rich bufou.
— Mare? Shepley? Vocês são
celebridades? Que nomes de merda são esses?
— Se afasta — disse Shepley.
Eu me levantei e dei alguns
passos para trás.
— É a última vez que vou avisar —
Shepley acrescentou.
O barman congelou na porta da
cozinha, segurando nossos pratos.
— Shep — falei, tentando pegar
seu braço. Eu nunca o tinha visto tão bravo. — Deixa pra lá.
Com dois dedos, Rich bateu no
ombro de Shepley.
— O que você vai fazer,
rapazinho? Que tal eu enfiar o pau na boca da sua namorada, pra você ter motivo
pra ficar com raiva?
O maxilar de Shepley se mexeu sob
a pele.
— Baby — falei.
Seus ombros relaxaram. Ele pegou
algumas notas no bolso e as jogou sobre o balcão.
Em seguida esticou a mão para
trás e me pegou.
Fui andando até a porta,
encorajando meu namorado a fazer o mesmo. Shepley começou a virar na minha
direção, mas Rich estendeu a mão, agarrando a camiseta dele e puxando-o para
trás.
Shepley não hesitou. Os olhos de
Rich se arregalaram quando viu meu namorado indo para cima dele com o cotovelo
erguido. Um barulho seco soou quando o cotovelo de Shepley atingiu o rosto do
cara. Ele cambaleou para trás, segurando a bochecha, e o amigo se levantou.
— Eu te desafio a se meter,
caralho — Shepley rosnou.
Rich tentou tirar vantagem da
distração momentânea de Shepley e deu um soco.
Shepley desviou, e Rich caiu para
a frente enquanto seguia com o movimento. Cobri a boca, sem acreditar que era
meu namorado, e não Travis, no meio de uma briga. Fazia muito tempo desde que
eu vira Travis no ringue do Círculo e, apesar de ele ter se acalmado um pouco
desde o casamento, ainda daria um soco ou dois se alguém forçasse demais a
barra.
Shepley sempre foi o pacifista,
mas, naquele momento, estava socando Rich com força suficiente para arrancar
sangue. Um corte começou a sangrar pouco acima do olho direito do cara.
O barman pegou o telefone bem na
hora em que Shepley recuou o punho e rosnou, dando mais um murro. Rich deu um
giro de cento e oitenta graus e caiu no chão, quicando uma vez. Ele estava
inconsciente. O amigo observava tudo, balançando a cabeça. Os olhos de Rich já
estavam começando a inchar enquanto ele permanecia deitado ali, desmaiado no
carpete sujo.
— Vamos embora, baby — falei.
Shepley deu um passo em direção
ao amigo do cara, que recuou em reação.
— Shepley Maddox! Vamos embora!
Ele me olhou, bufando de raiva.
Não tinha uma única marca no rosto. Então passou por mim, pegou minha mão e me
puxou porta afora.
O Shepley pode ser pacifista, calmo, não gosta de brigas, mas ele um Maddox, então né 😁😁😁
ResponderExcluirOh loko.... Shepley Maddox... 👏👏👏 esses Maddox 😍😍
ResponderExcluirOs genes Maddox
ResponderExcluirmesmo sendo pacificador, um maddox faz de tudo pra proteger sua amada kkkk
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