Capítulo 19
Eu estava sentada no sofá com os pés apoiados na mesa de
centro, balançando os dedos envolvidos nas meias felpudas até os joelhos e
usando uma camiseta de Tyler grande o suficiente para servir de camisola.
Inspirei o cheiro das velas de abóbora com caramelo que tinha acabado de
acender, e me senti reconfortada pelas linhas do aspirador de pó no carpete e
pelo brilho do polidor de madeira nas mesas laterais.
Levei quase duas semanas para desempacotar todas as caixas e
encontrar lugar para tudo o que os gêmeos tinham. Tyler esteve ocupado, e
passou em casa apenas por tempo suficiente para ver suas coisas desempacotadas
e tomar um banho quente antes de voltar para o alojamento.
Depois que os pertences dos dois foram guardados, limpei cada
centímetro do apartamento, depois usei uma parte das minhas economias para
comprar alguns enfeites para as mesas menores, como as velas e alguns livros
antigos de combate a incêndio que encontrei na Legião da Boa Vontade, os quais
empilhei ao lado dos abajures que os meninos já tinham. Sobre uma das mesas
laterais havia antigas conexões de mangueiras de incêndio de um posto do corpo
de bombeiros de Nova York que haviam sido soldadas na vertical e vendidas no
eBay por um preço camarada, além de um velho extintor de incêndio de cobre e
latão que coloquei ao lado da porta.
Um álbum de fotos da infância de Taylor e Tyler estava no meu
colo, aberto na minha foto preferida de Tyler com a mãe. Ela estava agachada ao
lado dele, os dois cercados pelo seu time de beisebol, os Crushers. Ela era a
treinadora e exibia um amplo sorriso, o braço direito envolvendo a cintura de
Tyler, e o esquerdo, a de Taylor. Eles pareciam mais felizes do que minha
família jamais fora. Não consegui imaginar o que a morte dela provocara neles.
Tirei a foto do álbum e cruzei a sala até o porta-retratos
vazio que repousava na prateleira abaixo da tevê pendurada na parede. Inseri a
foto, com cuidado para só encostar nas pontas, e a coloquei perto de uma das
pequenas luminárias com base de chifre que encontrei numa caixa no quarto de
Taylor. As manchas de metal da moldura destacaram a foto, e eu esperava que ela
os fizesse sorrir como fazia comigo.
Sentei outra vez no sofá com uma xícara de rum e suco de maçã
quente, me recostei e deixei os músculos relaxarem. A ausência de Tyler o
ajudara a se concentrar em sentir a minha falta, e não em nossa última
discussão, e nossos telefonemas noturnos tornavam difícil para mim negar que
sentia saudade dele.
As folhas amareladas dos aspens ao redor de Estes Park
estavam começando a dar sinais precoces de que o outono estava chegando. A
temporada de incêndios estava a poucas semanas de terminar.
Meu celular estava conectado à caixa de som bluetooth de
Taylor no canto, com o álbum de Halsey na repetição, e eu esperava a ligação de
Tyler. Ele ficara em Colorado Springs durante o primeiro período de descanso e
recuperação porque o incêndio ainda não tinha sido contido. Na noite anterior,
ele dissera que eles estavam perto de chamar as equipes de solo, e eu esperava
que ele pudesse vir para casa nesse período de descanso e recuperação.
A fechadura rangeu, e a porta se abriu. Levei um susto,
depois virei e vi Tyler parado na porta, em choque.
— Querida, che... Caralho. — Ele recuou, olhando para o
número na porta. — Será que estou no lugar certo?
Eu me levantei, estendi as mãos e as deixei cair ao lado do
corpo.
— Bem-vindo à sua casa.
Tyler me olhou demoradamente, e uma dezena de emoções
passaram pelo seu rosto.
— O que foi? — Dei uma risadinha nervosa, colocando a caneca
num porta-copos.
Ele soltou a bolsa de viagem e deu longos três passos antes
de me abraçar e me dar um profundo beijo na boca. Em seguida segurou meu rosto,
e os beijos diminuíram de intensidade, ficando menos apaixonados e mais
cuidadosos. Então me deu mais alguns beijinhos antes de se afastar.
Sugou o lábio inferior, sentiu o gosto de suco de maçã e
olhou para a caneca.
— O que é isso? Rum?
Sorri.
— Só um pouquinho, com suco de maçã. Foi um dia longo.
— Foi um mês longo. Muito, muito longo. — Ele se alternou
olhando para os meus olhos, um de cada vez, as íris castanhas indo e vindo
enquanto ele pensava em algo adequado para dizer. Depois analisou o meu rosto,
passando o polegar pelo meu lábio inferior.
Ele balançou a cabeça.
— Que cheiro maravilhoso é esse?
— As velas.
— Velas? — Ele soltou uma risada. — No meu apartamento? O
Taylor vai surtar.
— Posso me livrar delas. Só achei...
— São ótimas. Não precisava fazer tudo isso.
— Precisava, sim.
Ele parecia pensativo, depois suas sobrancelhas se uniram.
— Quando estava nas montanhas, eu ficava pensando que
precisava me concentrar no trabalho e parar de pensar em você. É o lugar errado
para ficar preocupado. Durante vinte e oito dias, fiquei acordado à noite
pensando nos seus lábios, nas suas mãos e no modo como suas sobrancelhas se
erguem quando seu detector de mentiras desliga e você apela para mim. Senti sua
falta como um louco, Ellie. E voltar pra casa e te encontrar...
Dei um sorrisinho, sem saber o que dizer.
— Quer ver o resto? — perguntei.
Ele deu uma risada e olhou para baixo, sem se preocupar em
ficar frustrado com a minha resposta. Quando ergueu o olhar, a covinha se
aprofundou em seu rosto.
— Quero. Me mostra.
Peguei sua mão e o puxei até a cozinha, mostrando onde os
pratos estavam guardados e em qual gaveta estavam os talheres, depois seguimos
pelo corredor, e eu curti suas reações diante de cada cômodo.
Quando chegamos ao seu quarto, Tyler entrelaçou os dedos no
alto da cabeça e suspirou, encantado. Ele não tinha cabeceira na cama, e eu
usei como cabeceira uma treliça que estava na caçamba de lixo. Eu a limpei e
pintei com sobras de tinta da construção do prédio onde funcionava a revista.
— Que loucura! Onde você conseguiu isso?
— Eu fiz. — Dei de ombros. — O Wick me ajudou.
Ele balançou a cabeça.
— Você não precisava fazer tudo isso, Ellie. Nem parece o
mesmo apartamento... Parece...
— Um lar. — Olhei ao redor para o meu trabalho árduo e sorri.
Tyler me beijou de novo, tirou meu suéter largo e me conduziu
em direção à cama. Sua língua dançava com a minha e, quando sentei, o mantive
longe com a perna direita, apontando o pé com meia felpuda para o peito dele.
Tyler colocou as duas mãos nas minhas coxas, depois recuou, tirando as meias e
jogando-as com perfeição no cesto no canto.
Pegou meu pé e o beijou, subindo até o tornozelo, rastreando
a parte de dentro da minha perna com beijinhos, cada qual deixando para trás um
segundo de calor antes de esfriar.
Colocou meu pé de volta ao colchão e esticou a mão para trás,
puxando a própria camiseta para cima. A barra inferior revelou sua barriga,
depois o peito, antes de ele tirá-la e jogá-la enquanto mantinha o olhar fixo
em mim. Ele tinha emagrecido durante a temporada de incêndios, fazendo todos os
seis músculos do abdome se destacarem, e o pequeno V sobressair, deixando o
caminho que levava ao volume por trás da calça cargo ainda mais visível.
Tirou as botas com um chute, depois baixou a calça, subindo
em mim apenas com a cueca boxer. O cabelo estava mais comprido, o rosto um
pouco mais afundado, o maxilar mais proeminente, mas a pele ainda era áspera na
minha, a língua ainda macia e quente, do jeito que eu me lembrava.
O peso dele entre minhas coxas me fez enterrar os dedos em
suas costas, puxando-o para perto, implorando para ele me penetrar e gozar
antes que meu coração pudesse sentir alguma coisa a mais. Em vez disso, seus
beijos ficaram mais lentos, e ele flutuou sobre mim enquanto se equilibrava com
um cotovelo, me ajudando a tirar as únicas duas peças de tecido entre nós.
Estendi uma mão sobre a cabeça para apontar, segurando-o com
a outra.
— Camisinhas na mesa de cabeceira.
Ele roçou a ponta do nariz no meu maxilar e me cheirou,
decidindo sobre algo quando chegou à minha orelha.
— Você esteve com alguém além de mim depois do Sterling? —
ele perguntou.
Neguei com a cabeça.
— O DIU ainda está aí?
Fiz que sim.
— Quero te sentir — disse ele. Como não protestei, ele prendeu
a respiração, deslizando a pele nua para dentro de mim. Depois fechou os olhos,
expirando enquanto gemia.
Uma intensa euforia me tomou, se esgueirando sob minha pele,
da cabeça aos pés. Ele se encaixava com perfeição, como se tivesse sido moldado
para mim. Sua pele na minha era mais poderosa do que qualquer barato que eu já
sentira, seja pelo uso de drogas ou pela adrenalina de estar nas montanhas.
Tyler Maddox era o extremo da embriaguez.
***
Apertei o cinto do roupão e me recostei no batente da porta
entre o corredor e a sala de estar.
Tyler estava do outro lado do pequeno balcão da cozinha,
parado diante de uma frigideira que chiava no fogão.
— Ele cozinha — falei.
Tyler jogou uma panqueca no ar, pegou-a de volta, depois a
colocou de lado para pegar as pinças e virar o bacon. Ele virou para me olhar
por sobre o ombro, mostrando a covinha pela qual eu estava me apaixonando, e
fez um sinal para eu me juntar a ele.
Fui com calma até onde ele estava, apoiei as costas no balcão
ao seu lado e cruzei os braços. Ele se inclinou para beijar o meu rosto e
voltou a preparar o café da manhã, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Analisei meus sentimentos, me perguntando por que eu não estava com vontade de
sair correndo porta afora.
— Você ronca — disse Tyler, me imitando.
— Não ronco nada — falei, revirando os olhos.
— Não, mas você é a coisa mais linda que eu já vi de manhã.
Olhei para baixo, deixando o cabelo cobrir meu rosto.
Os pratos fizeram barulho enquanto ele os enchia de comida
gordurosa, depois ele os levou até a pequena mesa de bistrô encostada na
parede. Nossos dois pratos mal cabiam nela, mas ele os colocou ali, me
orientando a sentar enquanto servia dois copos de suco de laranja.
Ele sentou, tomou um gole demorado e colocou o copo vazio
sobre o balcão atrás de si.
— Não quero que você procure outro lugar pra morar. Quero que
você fique aqui.
— São só dois quartos, e o Taylor vai acabar querendo a cama
dele.
— Não, eu quero que você more aqui comigo.
— Com você — falei, observando-o esperar, nervoso, pela minha
reação. Sentir tanto poder sobre um homem normalmente seria estimulante para
mim, mas um homem do tamanho do
Tyler se contorcendo era desconfortável de observar.
— Sinto muito, Ellie — ele soltou de repente. — Não consegui
evitar.
— Não conseguiu evitar o quê?
— Acordei hoje com você nos meus braços. — Ele deu uma
risadinha. — Seu maldito cabelo estava por toda parte. Tive um trabalho dos
infernos para tirá-lo do seu rosto. E aí todos os fios estavam espalhados, te
emoldurando dos ombros pra cima. Você parecia tão tranquila.
Simplesmente aconteceu.
Franzi a testa.
— Do que você está falando?
Seu rosto desabou, com desespero nos olhos.
— Eu me apaixonei por você. Isso está acontecendo há algum
tempo. Tentei não me apaixonar.
— Você está apaixonado por mim — falei.
— Estou apaixonado por você — ele repetiu, mais em tom de
confissão do que de declaração.
Nós dois tínhamos concordado como seria nosso relacionamento,
e ele estava estragando tudo.
— Tyler...
— Não quero que você procure outro lugar pra morar. Quero que
você fique. Não consigo pensar em algo melhor do que voltar para casa e te
encontrar, porra. — Ele fez uma pausa. — Por que você está me olhando desse
jeito?
Meu queixo estava apoiado no punho, que cobria parcialmente
minha boca. Só consegui balançar a cabeça.
— Você não me ama — disse Tyler, arrasado. Ele soltou o garfo
e desabou na cadeira.
— Não sei — falei, meus olhos ficando vidrados. — Como é que
você sabe?
— Porque estou morrendo de medo de te perder e nunca mais me
sentir assim em relação a alguém.
Engoli em seco, sabendo o que aconteceria em seguida. Era o
motivo pelo qual eu trabalhara tanto no apartamento. Eu queria deixar alguma
coisa boa para trás.
— Eu já sei disso. Quando eu te perder, sei que nunca mais
vou me sentir assim em relação a ninguém.
Um dos cantos de sua boca se curvou para cima, mas, quando
ele percebeu o que estava acontecendo, o sorriso desapareceu. Ele assentiu e
comprimiu os lábios, olhando para todos os pontos do chão antes de se levantar
e ir para o quarto. A porta bateu com força, e meus ombros ficaram tensos, meus
olhos bem fechados.
Segui pelo corredor e bati suavemente à porta.
— Tyler? Eu só... se eu pudesse pegar as minhas coisas...
Ele não respondeu, e eu empurrei a porta. Tyler estava
sentado no chão com os joelhos para cima, as costas no pé da cama.
— Só vou pegar minhas coisas e vou.
— Para onde você vai, Ellie? Fica.
— Não é justo com você.
Ele olhou para mim com os mesmos olhos cansados e destruídos
que eu vira tantas vezes.
— Você é a única mulher do mundo que eu conheço que poderia
dizer na minha cara que me ama ao mesmo tempo em que destrói o meu coração.
— Estou te fazendo um favor. Você só não sabe disso ainda.
— Mentira. Para de fugir, porra.
Apontei para a porta.
— Você já viu seus armários? Sua geladeira? Uísque, rum,
vodca, vinho barato e cerveja. Eu durmo em qualquer lugar onde desmaiar.
— Não na noite passada — ele disse.
— Coloco licor no café e levo para o trabalho. Sou
alcoólatra, Tyler.
Ele deu de ombros.
— Então vamos ligar para algum lugar. Colocar você em um
programa de reabilitação. Isso não significa que não posso te amar.
— Tínhamos um acordo.
Ele balançou a cabeça, olhando para o chão. Fechou um dos
olhos, porque a conversa toda era muito mais dolorosa do que ele imaginara.
— E se o fato de se apaixonar não partir seu coração, Ellie?
Somos felizes quando não estamos brigando sobre sermos felizes.
— Isso não é verdade — soltei.
— É verdade, sim. Todas as vezes em que você acha que estamos
emotivos demais ou felizes demais, você pisa no freio.
— Só estou tentando parar antes de começarmos.
Ele se levantou.
— Antes de começarmos? Eu acabei de dizer que estou
apaixonado por você!
— Você não sabe disso — falei, pegando minha bolsa e
enchendo-a com as poucas coisas que eu tinha.
Tyler se aproximou e agarrou meu pulso.
— Sabe como eu sei? Só o amor pode doer desse jeito.
Eu me afastei dele, pensando no garotinho da fotografia que
coloquei sobre o aparador.
— Eu fui sincera com você desde o início. Eu falei que não ia
conseguir. Você disse que aceitava.
— Bom, agora eu não aceito. — Ele estendeu as mãos, apontando
para o quarto. — Por que você fez tudo isso? Você fez um quarto pra nós só pra
me deixar sozinho nele?
— Eu queria que você lembrasse que eu não sou totalmente
horrível.
— Por que você se importa, porra? — ele se agitou.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto.
— Não mereço nada do que você tem a oferecer, Tyler. Adorei
estar com você enquanto você permitiu, mas qualquer coisa além disso...
Ele deu uma risada, incrédulo.
— Você acha que não me merece. Ellie... — Ele segurou meus
ombros. — Eu sou um babaca. Confia em mim, sou eu que não mereço você. Mas
estou me esforçando. Falei pra mim mesmo algumas semanas atrás, quando eu...
que eu ia continuar tentando até te merecer.
Olhei para ele com os olhos semicerrados.
— Quando você o quê?
Ele trincou os dentes.
— Depois que você me disse que estávamos só trepando e
brigando, eu fui num bar pra encontrar o meu irmão.
— E daí?
— E daí — ele suspirou. — Apareceu uma garota. Eu não sabia
que ela conhecia o Taylor.
— Entendi, não precisa me contar.
— Não levei a garota pra casa nem nada; só a beijei. Mas tive
a intenção. Ela foi legal comigo. Eu não precisava me esforçar pra caralho pra
me sentir rejeitado.
Engoli em seco, com raiva da mágoa que estava sentindo.
— Tudo bem. Ela parece ótima.
— Não era você — disse ele.
Sequei o rosto.
— Aposto que ela não era fodida.
— Todos nós somos um pouco. Mas nem todo mundo usa isso pra
afastar as pessoas.
Ergui o queixo.
— E você decidiu que me amava depois de tentar levar alguém
pra casa. Isso é um belo sinal da nossa confusão, não acha?
— Ellie...
Fechei os olhos.
— Nunca tive a intenção de chegarmos tão longe. Nunca tive a
intenção de que isso significasse algo mais. Me deixa ir embora. Um de nós tem
que fazer isso.
Ele tirou as mãos dos meus ombros e soltou o ar que tinha
sido arrancado dele.
— Pra onde?
— Pra casa da Jojo.
Ele apontou com a cabeça para a porta.
— Vai.
Eu me abaixei para pegar a última camiseta, depois corri até
a lavanderia no fim do corredor e peguei mais umas roupas dobradas. Minha
mochila estava lotada, e eu comecei a encher um pequeno cesto de lavanderia de
plástico.
Estendi a mão para a porta, mas a mão dele estava sobre a
minha. Soltei um grito sussurrado, sabendo que, se ele dissesse mais uma
palavra, eu ficaria.
Ele encostou o rosto no meu, depois beijou a minha têmpora.
— Deixa eu te levar de carro.
Neguei com a cabeça.
Ele soltou a maçaneta, esperando que o encarasse. Quando fiz
isso, sua expressão me destruiu.
— Você ainda é minha amiga. Deixa eu te levar.
Eu assenti, observando-o pegar as chaves. Ele me levou até a
caminhonete, e eu o guiei até a revista. Não conversamos. Tyler apertava o
volante com tanta força que o nó dos dedos estava branco.
Quando apontei para o estacionamento dos fundos, ele franziu
a testa.
— Por que você me pediu pra vir até aqui, Ellie? A Jojo não
mora aqui.
— Tem um apartamento em cima. E eu tenho a chave — falei,
tirando a chave de Tyler do chaveiro.
Ele a pegou, olhando furioso para o metal na mão, depois
fechou os olhos.
— Ellie, ainda quero que você vá comigo para Illinois no
próximo mês.
Dei uma risada.
— Não posso conhecer sua família, Tyler. Você está louco?
— Já falei para o meu pai que você ia.
Franzi a testa.
— Por favor?
— Não podemos ser só amigos agora. Não depois de jogarmos
tantos eu te amo pelo ar. Não podemos recuar. Você estragou tudo.
— Você me estragou.
— Era sua vez.
Ele conseguiu dar uma risadinha, olhando para baixo.
— Sai da porra do meu carro, Edson.
— Claro — falei com um sorriso. — Te vejo por aí.
Peguei a chave embaixo da pequena pedra falsa perto da porta
dos fundos, depois acenei para
Tyler quando ele deu ré na caminhonete e se afastou. Assim
que entrei, arrastei a mochila e o cesto de lavanderia escada acima. O
apartamento estava perfeitamente limpo. Nenhuma decoração, nenhuma vela,
nenhuma foto de alguém que eu amava.
Sentei no chão e solucei, emocionalmente exausta, magoada e
aliviada.
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