Capítulo 22
Tyler me ajudou com o casaco, depois nos instalamos
para ver documentários na Netflix — aparentemente, o passatempo preferido de
Jim.
Tyler e eu sentamos no sofá, ao lado de Travis e
Abby. Trent e Camille fizeram uma cama no chão e sussurravam enquanto ele
desenhava na palma da mão dela com uma canetinha. Jim estava sentado em sua
poltrona reclinável, os olhos mais pesados a cada minuto.
Eu me aproximei do ouvido de Tyler.
— Onde está o Taylor?
— A caminho. Ele teve que cuidar de umas coisas
antes.
Eu assenti.
— E o mais velho? Thomas?
— É, ele foi convidado para ir à casa do chefe. Não
pôde recusar.
Assenti mais uma vez. Tyler se recostou na almofada
gasta do sofá, apoiando a mão no meu joelho. Ninguém nos incomodou em relação à
nossa amizade ambígua, como achei que fariam.
Todos ficamos sentados ali, passando tempo juntos no
que parecia ser um momento Maddox atipicamente calmo.
Assim que os créditos do segundo documentário da
noite começaram a aparecer, a porta da frente se abriu, e Taylor soltou sua
bolsa de viagem.
— Acordem, babacas! Cheguei!
Trent e Travis se levantaram num pulo e imediatamente
caíram em cima do irmão, todos os três saindo para a varanda com um barulho
seco. Depois de alguns segundos de luta, Tyler suspirou.
— Já volto.
Ele correu para ajudar o irmão gêmeo, e eu me encolhi
algumas vezes quando vi a briga se agravar.
Com certo esforço, Jim saiu da poltrona e foi até a
porta.
— Está bem, está bem! Já chega! — Ele usou o pé para
cutucar a montanha retorcida de Maddox, e Travis finalmente saiu do monte e
começou a separar os outros.
Abby balançou a cabeça, inabalável. Camille observou
do chão, nada preocupada. Os garotos entraram, respirando com dificuldade e
rindo, com manchas vermelhas no rosto e nos braços. Trent usou as costas da mão
para secar o lábio inferior que sangrava, e Travis apontou para ele e riu.
— Não pega no meu saco na próxima, palhaço — disse
Tyler.
Camille foi até a geladeira e voltou, dando uma
risadinha enquanto levava uma bolsa de gelo coberta com pano de prato até o
lábio de Trent.
— Deus todo-poderoso — disse Jim, voltando para a
poltrona.
Travis não parecia ter nem um arranhão, mas Tyler
mancou até chegar ao sofá.
— Uau — sussurrei.
Abby deu um tapinha no meu joelho.
— É melhor você se acostumar. É comum.
— Você está bem? — perguntei.
Tyler pousou a mão na minha virilha.
— Aquele pela-saco tentou arrancar o meu saco.
Trent inclinou a cabeça.
— Legal. Gostei dessa gíria.
— É australiana — comentou Tyler.
— Maneiro — disse Trent, fazendo que sim com a
cabeça.
— Significa Trenton — acrescentou Tyler.
Trenton franziu a testa enquanto todo mundo ria, até
mesmo Camille e Jim. Taylor correu até o pai, se abaixou para beijar o topo da
cabeça dele e depois subiu a escada.
— Vocês vão me fazer ter um ataque cardíaco — disse
Jim.
— Não, comer um quilo de bacon todo dia de manhã é
que vai te fazer ter um ataque cardíaco — disse Trent.
— Ele é um Maddox — comentou Travis. — Nunca perde.
Alguém bateu à porta, e ela se abriu, revelando um
casal mais jovem e um outro mais velho. O senhor se parecia muito com Jim.
Todos, menos Tyler e Jim, se levantaram de novo,
incluindo Abby. Ela jogou os braços ao redor de uma loira maravilhosa de pernas
compridas, e as duas conversaram sem parar durante dois minutos.
Tyler apontou.
— Aquela é a America. A melhor amiga da Abby e
namorada do Shepley. Ele é nosso primo. O pai dele, Jack, é irmão do meu, e a
mãe dele, Deana, é irmã da minha mãe.
Virei para encará-lo.
— Não consegui acompanhar.
Ele sorriu, esperando minha reação.
— O Shepley é nosso primo em dobro. Os dois casais de
pais são irmãos. Meu pai e o Jack. Minha mãe e a Deana.
— Então, o Jack e o Jim... a Deana e...?
— A Diane — disse Tyler com reverência.
Olhei para Deana, me perguntando se ela se parecia
com Diane e se isso era difícil para Jim e para os garotos. Ele parecia feliz
por eles estarem ali.
— Qual é o lance dos nomes? — perguntei.
— Não sei — respondeu Tyler. — Acho que é uma coisa
do meio-oeste. Meus pais tinham nomes com a mesma inicial dos irmãos, por isso
minha mãe fez isso com a gente também.
Taylor desceu a escada fazendo barulho e desabou
entre mim e Tyler. Tyler deu uma cotovelada forte no irmão gêmeo, e Taylor
uivou.
— Puta merda! — gritou Taylor.
— Maldição! Olha a boca! — disse Jim.
Jack ajudou Deana com o casaco, e ela o beijou no
rosto antes de ele se afastar para pendurálo no armário. Com a ajuda de
Shepley, Trenton pegou cadeiras da sala de jantar.
No instante em que Shepley sentou, os primos
começaram a interrogá-lo.
— Nada de aliança no dedo da Mare ainda, Shep? Você
não a ama mais? — perguntou Taylor.
— Cala a boca, babaca. Cadê sua acompanhante? —
devolveu Shepley.
— Bem aqui — disse Taylor, envolvendo o braço ao meu
redor. Ele beijou meu rosto, fazendo Tyler jogá-lo no chão.
Jim balançou a cabeça.
— A America só pode planejar um casamento de cada vez
— provocou Deana, piscando para Abby.
Taylor esfregou o cotovelo.
— Você já conheceu a Ellie? O pai dela é Philip
Edson. Da Edson Tech.
— Uau — disse America. — Quer dizer que você é
tipo... bilionária? — Ela agarrou o braço de Shepley. — Ela é herdeira! Acho
que já te vi na revista People!
— Essa é minha irmã, Finley. Meu pai é o bilionário.
Mas eu sou bem falida, posso te garantir — falei.
— Ah — disse America, parecendo envergonhada.
— A Ellie é fotógrafa da revista Opinião das
Montanhas — disse Tyler.
Taylor se meteu na conversa.
— Ela tira fotos de ação. As coisas dela apareceram
em cinco exemplares da revista durante o verão.
— Impressionante — disse Deana com um sorriso
simpático. — Parece que você está se saindo muito bem sozinha. Vou ter que
procurar essa revista pra ver seu trabalho.
De repente, Taylor e Tyler ficaram nervosos.
— Não está online. Vou tentar te mandar umas cópias —
falei.
Deana assentiu, satisfeita. É claro que eu não
mandaria nada para ela, não com o rosto sujo de Taylor e Tyler estampado no
artigo, cavando e provocando incêndios controlados com um maçarico.
Os irmãos gêmeos pareceram relaxar, escutando a
família botar o assunto em dia. Os pais de Shepley iam comemorar com a família
de Deana este ano e iam sentir falta das tortas de Abby.
No meio da visita, Thomas ligou, e o telefone passou
de mão em mão enquanto insultos, em vez de apelidos carinhosos, eram usados como
cumprimentos.
Jim e Jack bocejaram ao mesmo tempo, e Deana se
levantou.
— Está bem, temos que acordar cedo e dirigir durante
muito tempo. Vamos pra casa, meu amor.
Jack se levantou.
— Como posso argumentar com isso? — Ele beijou a
esposa, e Shepley e America também se levantaram. Eles abraçaram a mim e a
todos, acenando enquanto saíam para a varanda e seguiam para o carro de Jack.
Travis e Abby ficaram na janela abraçados, vendo-os
partir. Jim se levantou.
— Está bem. Vejo vocês de manhã, crianças.
Os garotos se levantaram e abraçaram o pai. Trenton
foi até a cozinha e voltou com um copo de água gelada antes de Jim conseguir
chegar ao corredor.
— Obrigado, filho — disse ele, tomando um gole no
caminho até o banheiro.
— Puxa-saco — sibilou Taylor.
— Eu simplesmente sei do que ele gosta, já que...
você sabe... estou aqui pra cuidar dele.
Todos rosnaram.
— Verdade, Trent — disse Tyler. — Vamos deixar essa
merda pra outro feriado.
Trenton levantou o dedo do meio, pegando as coisas
dele e de Camille.
— Vejo vocês amanhã, seus babacas.
— Boa noite, Trent — disse Abby.
Tyler se levantou e estendeu a mão.
— Acho que vou subir. Você vem?
Fiz que sim com a cabeça, me levantando e
espreguiçando. Olhei para a geladeira, e Abby fez um sinal com a cabeça,
suficiente apenas para eu notar.
— Acho que quero uma cerveja — disse ela. — Quer uma?
— Sim, vou tomar uma antes de subir — falei.
Abby atravessou a sala e abriu a porta da geladeira,
pegando duas garrafas e abrindo a tampa com a ajuda do balcão. Peguei uma
quando passei, e ela piscou. Tyler piscou também.
Nenhum dos dois estava tentando me incentivar, e sim
me fazer passar pela visita sem deixar o vício. Algo que só os filhos de um
alcoólatra poderiam entender.
Tyler me conduziu escada acima pela mão, depois pelo
corredor até seu quarto.
— Onde o Taylor vai dormir? — perguntei.
— No sofá — ele respondeu.
Inclinei a garrafa na mão.
— A Abby não deixa passar nada, né?
— Não. Ela definitivamente é a matriarca da família,
e, quando alguém entra, ela também cuida da pessoa.
— Ela está guardando seu segredo também.
Tyler estendeu a mão para trás e puxou a camiseta por
sobre a cabeça. Meus olhos analisaram os altos e baixos de cada músculo do seu
tronco. Ele já estava recuperando os quilos que perdera andando inúmeros
quilômetros nas montanhas durante o verão, parecendo-se como de costume, com o
corpo voltando à antiga forma.
— O que você quer dizer? — perguntou ele, me jogando
a camiseta.
— Ela sabe que você não trabalha com seguros. Você
basicamente se entregou quando contou a ela sobre o meu trabalho.
— Que nada — comentou ele, desabotoando a calça
jeans.
Deixei a cerveja de lado e tirei a roupa, vestindo
rapidamente a camiseta dele. Quando Tyler estava só de cueca boxer, olhou para
mim com um meio sorriso.
— Eu estava esperando que você fizesse isso.
— Bom, eu sabia que você não ia me dar a camiseta pra
eu lavar.
Ele deu uma risada, mas o sorriso desapareceu
rapidamente.
— Sobre o que você e a Abby conversaram lá fora?
Dei de ombros, mexendo na barra da camiseta de Tyler.
— Ela sabe. — Peguei a cerveja e tomei um grande
gole. — Foi por isso que ela garantiu que eu tivesse isto. Ela me disse pra
aceitar a oferta da Finley.
— Qual é? — perguntou ele.
— Ajuda. Tipo... — Deixei as palavras sumirem,
sentindo o rosto ficar muito vermelho. — Sou uma alcoólatra, e minha família
quer me mandar pra uma clínica de reabilitação.
— O que você acha disso? — perguntou ele, sem o menor
julgamento no olhar.
— Acho que eu quero ser feliz. Acho que tem um monte
de coisas que eu quero, mas tenho medo de falar em voz alta e fazer merda.
Suas sobrancelhas se aproximaram, com esperança e
desespero pesando em sua expressão.
— Fala mesmo assim.
Engoli em seco, nervosa.
— Quero ser nojenta com você.
Ele soltou uma risada, deu um passo e me puxou
delicadamente para si. Não falou nada durante um tempo, mas me abraçou,
encostando o rosto em meu cabelo.
— Você não pode simplesmente dizer? Só uma vez?
Olhei para ele, pensando em como as palavras ficariam
na minha boca, e o que aconteceria comigo se eu as dissesse. Eu não era
corajosa o suficiente para fazer duas confissões no mesmo dia. Eu me ergui na
ponta dos pés, encostando meus lábios nos dele.
Tyler ficou parado, me deixando beijá-lo, mas nada
mais. Estendi a mão e levei as dele para baixo da minha camiseta, até suas
palmas quentes segurarem meus peitos. Seu polegar acariciou meu mamilo, e eu
fechei os olhos, soltando um leve suspiro.
— Eu sei o que você está fazendo — sussurrou ele.
— E daí? — falei, beijando seu pescoço.
Ele se abaixou, passando a língua desde a pele macia
atrás da minha orelha até o colarinho da blusa, dando beijinhos no caminho de
subida. Suas mãos deslizaram para as minhas costas, e ele me puxou para perto,
levantando a camiseta até que ficássemos colados um no outro.
Então ele correu a ponta dos dedos pela minha coluna,
desceu até a minha bunda e me puxou para si com um aperto delicado.
— Fala, Ellie. Eu sei que você sente.
Eu me ajoelhei diante dele, e ele soltou uma
respiração confusa, apoiando as mãos nos quadris. Seu membro ficou
instantaneamente duro, escapando do confinamento da cueca boxer.
Segurei o elástico da cintura e o puxei, molhei a
palma da mão com a língua e estendi a mão até ele. Tyler gemeu quando comecei
de baixo e lambi até a base de seu pau.
Involuntariamente ele arqueou as costas e inclinou a
pélvis para a frente. Minha língua deslizou, suave porém firme, até a ponta, e
eu o engoli, gemendo quando senti a ponta atingir o fundo da minha garganta.
Segurei a base com a mão direita e, quando recuei,
segui o movimento com os dedos.
— Porra — disse Tyler, cuspindo a palavra.
Sorri, me aproximando de novo, engolindo ele todo,
engasgando um pouco quando a mão de Tyler segurou a parte de trás da minha
cabeça para entrar mais fundo. Arranhei levemente sua pele com os dentes ao
sair, saboreando os sons graves e guturais que ele emitia involuntariamente.
Antes de eu realmente começar, ele se afastou,
sentando na cama. E balançou a cabeça.
— Você sabe muito bem como mudar de assunto. Mas não
vou deixar você fazer isso desta vez.
Dei alguns passos e parei diante dele, enfiando o
polegar sob a cintura da minha lingerie, empurrando-a para baixo e sorrindo
quando ela caiu delicadamente no chão.
Tyler não se mexeu, e eu estendi a mão para ele,
deslizando seus dedos entre a minha pele. Conforme eu movia seus dedos em
círculos, inclinei a cabeça para trás e gemi. Seus dedos deslizavam com mais
facilidade quanto mais molhada eu ficava, e eu percebi que sua determinação
estava fraquejando.
Inseri dois dedos dele e dois meus em mim, gemendo alto.
Ele segurou a minha bunda e, em um movimento, nos virou e caiu em cima de mim
na cama que era sua desde a infância.
— Fala — disse ele, com a ponta de seu pau roçando na
minha pele tenra.
Desviei de seu olhar intenso e fechei os olhos, meu
corpo implorando para tê-lo dentro de mim.
— Me fode — falei, voltando a olhar para ele.
Coloquei as mãos em suas costas e o empurrei na minha direção, mas ele
resistiu.
— Você se importa pelo menos um pouco comigo? —
perguntou ele. — Você me odeia? São sentimentos mornos ou somos realmente só
amigos? O que quer que seja, Ellie, fala de uma vez, porra.
— Por que não podemos simplesmente fazer isso? —
indaguei, erguendo os quadris.
Tyler reagiu e se afastou, roçando os lábios no meu
maxilar.
— Te faço gozar a noite toda — ele sussurrou no meu
ouvido. — Só preciso de um pouco de sinceridade.
— Eu te amo — murmurei. Antes que eu conseguisse
terminar a frase, ele deslizou dentro de mim e gemeu ao mesmo tempo. Mordi seu
ombro, tentando abafar o grito enquanto ele se mexia dentro de mim.
Seu ritmo ficou mais lento quando ele se inclinou
para me beijar.
— Fala de novo.
— Eu te amo — falei sem hesitar.
Tyler ergueu meu joelho até ficar apoiado em meu
peito, me penetrando ainda mais fundo.
Então lambeu dois dedos e colocou a mão entre as
minhas pernas, circulando minha pele macia enquanto acelerava as estocadas.
Alguma coisa começou a crescer dentro de mim, familiar, mas diferente de algum
jeito. Quando minhas entranhas se contorceram, Tyler colocou a mão na minha
boca para abafar meus gritos, ao mesmo tempo me dominando e rosnando em meu pescoço.
Ele estremeceu, com a respiração tão pesada quanto a
minha. Meu pescoço estava arqueado para trás enquanto meu peito oscilava,
tentando inspirar o máximo de ar possível. Tyler mudou de posição, incendiando
minhas entranhas sensíveis e me fazendo gemer.
Ele beijou o canto da minha boca e caiu ao meu lado.
— Você prometeu a noite toda — sussurrei.
— Pode deixar. Você vai ter todas as noites.
Em seguida enterrou o rosto em meus cabelos, e eu
encarei o estrado de madeira da cama de cima, esperando que Abby tivesse razão.
Eu não queria enlouquecer de amor.
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