Capítulo 23

— Sinto como se a gente morasse aqui — falei. Então coloquei as pernas no colo de Tyler e me ajeitei no desconfortável apoio de braço, que espetava minhas costas.

Ficamos sentados no terminal com malas cheias, além das nossas mochilas, presentes de Natal de Travis e Abby. Foi um presente brilhante, porque nem Tyler nem eu tínhamos pensado em precisar de mais espaço para os presentes que inevitavelmente receberíamos dos irmãos dele.

— Você ligou para a Fin? — perguntou Tyler. Ele falou de um jeito natural, me lembrando pelo menos uma vez por semana, desde o Dia de Ação de Graças, de ligar para a minha irmã.

— Antes de sairmos de casa.

— Eles ainda estão bravos por você não ir para o leste passar o Natal?

— Eu fui para o leste passar o Natal.

— Ellie. Quando você vai vê-los?

— Não começa — falei.

— Você não pode evitá-los para sempre.

— Não estou preparada. Farei isso quando estiver pronta.

— É a décima vez que ouço isso nas últimas três semanas — resmungou ele.

— Sério? Eu já te falei. Eu gosto do meu apartamento.

Ele assentiu, colocando um fone de ouvido na orelha mais distante de mim. Sorri, ciente de que ele queria manter a outra livre para o caso de eu ter mais alguma coisa a dizer. Ele mexeu no celular com o polegar, escolheu uma música e se recostou, segurando minhas pernas no colo com a mão livre.

A atendente no balcão chamou as pessoas que precisavam de mais tempo para embarcar, depois a primeira classe. Isso foi estranhamente divertido para mim, lembrando os dias em que eu já estaria em pé na fila com a minha família, esperando para ocupar um dos primeiros assentos — e isso foi antes do nosso jatinho particular.

Quando ela chamou nosso grupo, Tyler se levantou e pegou nossas mochilas e sua mala de rodinhas. Ergui a alavanca da minha e a puxei atrás de mim, rindo de como Tyler parecia sobrecarregado.

— Tudo bem aí? — perguntei.

— Ãhã.

— Tem certeza?

— Tudo bem, sim, baby.

Parei e o observei dar mais alguns passos, antes que ele percebesse o que tinha dito e virar para trás.

— O que foi?

— Você... não diz isso desde aquele dia na lanchonete com o Sterling.

— Quando eu beijei o seu rosto? — Ele deu uma risadinha, perdido nas lembranças.

— É, quando eu falei pra garçonete que você tinha clamídia?

Ele franziu a testa.

— Ela ainda pensa isso.

— Que bom — falei, passando por ele com uma ombrada.

Fizemos o check-in da bagagem no portão e seguimos a fila pela ponte de embarque até o avião. Fomos arrebanhados como gado até as poltronas 20C e 20D, e Tyler teve dificuldade para encontrar espaços vazios para nossas mochilas. Ele acabou colocando a minha no compartimento de bagagens do outro lado, uma fileira para trás, depois colocou a dele embaixo da poltrona, à sua frente. Em seguida caiu no assento e suspirou.

— Algum problema? — perguntei.

— Estou cansado. Você me deixou acordado a noite toda.

Pressionei o nariz delicadamente em sua bochecha, dando uma risadinha.

— Você não fez objeção.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Por que eu faria uma coisa idiota dessas?

— Não é o voo. Você está tenso a manhã toda.

Ele pensou no que queria dizer e suspirou.

— Só uma coisa na minha cabeça.

— Sobre mim? — perguntei, me ajeitando.

— Mais ou menos. Bom, é, mas é uma coisa que quero falar depois.

— Bom, agora você tem que me contar — falei.

Os passageiros ainda estavam entrando, lutando para encontrar espaço para suas malas de mão. Um homem algumas fileiras atrás xingava a comissária de bordo.

Tyler olhou para trás, analisando a situação.

— É um saco passar um fim de semana prolongado com você e depois ir sozinho pro meu apartamento.

— Você tem companhia em casa.

Ele franziu a testa.

— Ele nunca está em casa. Está sempre na casa da Falyn. Além do mais, não é ele que eu quero ver quando chego em casa.

Pisquei, percebendo instantaneamente aonde essa conversa chegaria.

— Ela ainda vai pra festa?

— Acho que sim — murmurou ele, acostumado com as minhas mudanças de assunto.

— Que foi? — falei, cutucando-o. — Você não gosta dela?

— Eles brigam muito.

— Hum, conheço um casal assim.

— Nós não brigamos. Não mais — disse ele. — Não há alguns dias, pelo menos.

— O que isso significa?

— Quero que você se mude para a minha casa — ele soltou.

— De onde veio isso? Começamos há um mês. Um passo de cada vez, Maddox.

Ele olhou ao redor, tentando falar baixo.

— Talvez eu precise de um compromisso mais firme.

Eu não estava mais me divertindo.

— Que porra é essa, Tyler? Você está se tornando uma namorada grudenta. Se enxerga!

— O quê? A gente não acabou de se conhecer. Toda vez que vou pra casa, só vejo você. A cabeceira que você fez, a decoração... é tudo você.

— E daí?

Ele abriu os joelhos e se largou no assento, feito uma criança emburrada.

— Você está agindo de um jeito tão estranho que eu nem sei como reagir.

Os músculos de seu maxilar se retesaram.

— Não estou ansioso pra essa festa.

— E...?

— Estou preocupado de as coisas ficarem esquisitas. Estamos num momento frágil.

— Num momento frágil? É você mesmo que está falando isso? E por que as coisas ficariam esquisitas?

A aeromoça começou a dar instruções quanto aos procedimentos de segurança, pedindo aos passageiros para colocar os dispositivos eletrônicos em modo avião. A mente de Tyler estava girando, mas não tinha nada a ver com o voo.

— A garota que eu beijei em Colorado Springs...

— Sim? — perguntei, me preparando para o que ele poderia dizer.

— Era a Falyn — disse ele finalmente. — Eu beijei a Falyn. — Ele virou para mim, desesperado. — Do mesmo jeito que aconteceu com você e o Taylor. Ela achou que eu era ele, eu achei que ela estava flertando comigo...

— Você beijou a Falyn, por isso está me pedindo pra mudar para a sua casa?

— Isso.

Balancei a cabeça.

— Você beijou a namorada do Taylor?

— Ela não era namorada dele ainda.

— Estou muito confusa. O que isso tem a vem com eu morar com você?

— Não sei, Ellie, estou surtando, porra. Eu nunca... — Ele segurou minha mão e a beijou. — Estou apaixonado por você. Você não fala aquilo desde o Dia de Ação de Graças. Você empaca toda vez que eu falo em morarmos juntos. Tudo bem, posso estar um pouco desesperado, mas não sei o que eu faria se você me desse um fora.

— Entendi.

Tyler ficou na expectativa, me aguardando continuar.

— Você está me pedindo pra morar com você porque, quando eu descobrisse sobre a Falyn na festa, seria mais fácil me impedir de te deixar? — soltei. — Você está brincando comigo, porra?

Ele se encolheu.

— Isso é tão... tão... romântico — rosnei.

Seus ombros despencaram.

— Você me odeia?

— Sim, mas não porque você beijou a Falyn.

Ele olhou para baixo, meio perdido.

— O último mês foi maravilhoso, Ellie. Exatamente como eu pensei que seria. Estou desesperado por causa da noite de Ano-Novo desde que descobri que ela estaria lá.

— Então você deveria ter me contado a verdade toda desde o início. Se você se lembrar, eu não me importei naquele momento também.

— Se importou, sim.

— Tudo bem, me importei, mas não foi um empecilho.

— Você está certa — disse ele, com raiva de si mesmo. — Você está certa. Não vai acontecer de novo.

— Beijar a Falyn, mentir ou me pedir pra morar com você?

Ele virou para mim, as sobrancelhas se unindo e formando uma ruga profunda entre elas.

— Uau — falei. — Acho que é a primeira vez que você realmente sente raiva de mim.

— Não é um bom sentimento — disse ele, com a testa ainda franzida.

O avião taxiou até a pista de decolagem e, cinco minutos depois, os motores nos empurraram para a frente, disparando pelo asfalto e depois para o ar.

Tyler deslizou a mão sobre a minha, apoiando a cabeça no assento.

— Eu não sabia como isso era apavorante — sussurrou ele.

— Eu te avisei — falei.

Seus olhos se abriram de repente, e ele virou para mim. Mesmo com as olheiras e a barba por fazer, ele era ridiculamente lindo.

— E eu disse que valeria a pena. — Ele apertou a minha mão. — E está valendo.

Sorri.

— Só porque eu não falo, não quer dizer que eu não sinta.

— Que você me ama? Por que é tão difícil pra você?

Dei de ombros.

— Sua família fala muito isso. A minha não. Só não me parece natural. Mas é verdade. Eu te amo. — Eu tinha que forçar as palavras, mas não o sentimento.

Ele beijou minha testa, e eu me aproximei, me aninhando no seu braço e o abraçando. Ele apoiou o rosto na minha cabeça, a respiração voltando ao normal, e dormiu até a comissária de bordo começar o último anúncio.

— Senhoras e senhores, estamos iniciando o procedimento de pouso. Por favor, retornem suas poltronas e mesinhas para a posição vertical. Verifiquem se os cintos de segurança estão bem presos e se todas as bagagens de mão estão armazenadas embaixo do assento à sua frente ou nos compartimentos superiores. Obrigada.

Tyler se mexeu, esfregando os olhos.

— Uau. Quanto tempo eu apaguei?

— Bom, estamos pousando, então... pouco mais de duas horas.

— Caralho. Acho que eu estava mais cansado do que eu pensava.

Estiquei o pescoço e me aproximei para beijar seu rosto, depois me ajeitei de novo quando começamos a descer. O aeroporto de Denver estava agitado e caótico como sempre, mas passamos com nossas novas malas de rodinha pelo terminal, até o trem e, finalmente, até o quinto andar, em direção à saída.

Tyler diminuiu o ritmo quando passamos pela esteira de bagagem, reconhecendo, antes de mim, o casal que acenava para nós.

— Não é...?

— Ah, porra — falei conforme meu estômago afundava.

Finley tirou os novos óculos escuros do rosto e veio rapidamente na minha direção em seus saltos Louboutin de quinze centímetros, com os braços estendidos.

Ela me abraçou, e eu olhei para Tyler, em pânico.

— Finley — disse ele, abrindo os braços para ela. — Bom te ver.

— Você também, mas estou abraçando minha irmã pela primeira vez em quase um ano — disse ela, continuando a me espremer. — Você pode esperar.

— Fin — falei, tentando manter o desprezo longe da voz. — Que surpresa!

— Eu sei — disse ela, finalmente me soltando e secando o rosto. — Eu não te avisei porque eu sabia que você ia dizer pra eu não vir. Faz dez meses, Ellie. Eu não podia te dar nem mais um dia. Você é minha irmã.

— Tenho ligado, como você pediu.

— Eu sei — disse ela, olhando para Marco. — Mas não é suficiente. Você é minha melhor amiga. — Seus olhos dançaram entre mim e Tyler. — O que foi? O que vocês estão me escondendo?

Tyler olhou para mim, e minha mente disparou em busca de uma mentira verossímil.

— Nós... humm... vamos morar juntos — falei.

Finley e Tyler me lançaram expressões idênticas.

— Vamos tentar levar minhas coisas antes do Ano-Novo. É uma péssima hora pra nossa primeira visita.

— Ah — fez Finley. Ela pareceu um pouco perdida, mas depois um sorriso se espalhou pelo seu rosto. — Bom, parabéns pra vocês dois! — E nos abraçou, sufocando Tyler com o ombro. — Isso é tão empolgante! Nossos pais estão loucos pra te conhecer — disse ela, apontando para ele com os óculos. — Eles adorariam ver sua casa nova. Eu também! — Ela entrelaçou as mãos. — Em Estes?

Tyler olhou para mim, boquiaberto, sem saber o que responder.

— Sim, em Estes Park — respondi. — Ele tem um apartamento do outro lado da cidade.

— Podemos ir agora? — perguntou Finley.

— Fin...

— Vim pro Colorado pra te ver. Literalmente não tenho mais nada pra fazer.

— ... ótimo. Isso é ótimo — falei, com os olhos arregalados e um sorriso forçado. Olhei para Tyler. — Hum... hum... querido, acho que eles podem nos acompanhar até o meu apartamento, né? Você pode me deixar lá. Sei que você tem muitas coisas pra fazer.

Ele falou querido sem som com uma expressão de repulsa no rosto, atrás de Finley. Lancei a ele um sorriso esperançoso que certamente me fez parecer uma lunática.

— Claro... querida — disse ele. — Você conhece essa região? — perguntou a Marco.

— Tenho GPS — Marco respondeu com um sorriso orgulhoso.

— Encontramos vocês no Peña Boulevard, na locadora de carros Avis, e vocês podem nos seguir a partir de lá.

— Vocês estão com fome? — perguntou Finley. — Devem estar.

— Não — respondi, balançando a cabeça rapidamente. — Na verdade, não.

— Ah. Está bem, então... encontramos vocês na Avis daqui a dez minutos.

— Perfeito — falei, sorrindo para os dois até eles saírem porta afora.

Tyler e eu não falamos até chegarmos à caminhonete e ele sentar no banco do motorista e fechar a porta.

— Isso é horrível! — gritei.

— Isso é maravilhoso, porra! — ele respondeu com um largo sorriso.

Olhei furiosa para ele.

— Eles vão pro meu apartamento. Vou ficar com a Fin a noite inteira. Ela vai descobrir sobre o Sterling até a hora do jantar. Estou fodida.

Tyler franziu o nariz.

— Não entendo sua estratégia, Ellie. Você não vê sua irmã há quase um ano para evitar que ela descubra algo que pode ou não fazê-la não ter mais vontade de te ver.

— Exatamente.

— Se você nunca mais vir sua irmã, que importância isso faz?

— Pelo menos ela não vai me odiar.

Tyler nos levou até a Avis, e eu acenei para Finley por trás da janela do passageiro da caminhonete. Os dois nos seguiram em direção ao norte, pela estrada com pedágio que levava a Estes Park.

Suspirei pela quarta vez em dez minutos.

— Ellie... — começou Tyler.

— Tenho menos de uma hora e meia pra descobrir o que fazer. O que você está fazendo? — soltei um grito agudo.

— O quê? — ele gritou de volta.

— Você está acelerando! Preciso de tempo pra pensar num jeito de mantê-la longe do meu apartamento!

Tyler diminuiu o peso do pé no acelerador, parecendo irritado.

— E se você falar que o apartamento está sendo dedetizado?

— Ela vai para o seu.

— E daí?

— Ela vai esperar que eu vá também.

— Está bem, então você fica enjoada de andar de carro no caminho até Estes.

— Gostei da ideia, mas é uma solução temporária para um problema permanente.

Tyler suspirou.

— Talvez... talvez você devesse simplesmente contar a ela.

— Você está louco? Quer que a Finley me odeie?

— Se fosse eu... — Ele hesitou. — Eu ficaria com mais raiva de você esconder a situação de mim. Ela vai superar, se você for sincera com ela.

— Não — falei, balançando a cabeça. — Você não conhece a Fin como eu. Ela guarda mágoa, e o Sterling...

— É um babaquinha idiota e chorão.

Fechei os olhos.

— Não fala isso pra ela.

Quando entramos no estacionamento da revista, meu coração começou a martelar, e minhas mãos ficaram molhadas de suor.

— Tem certeza que não quer que eu entre?

— Só o suficiente pra me seguir até o banheiro e...

Marco bateu na janela de Tyler. Ele olhou para mim, depois apertou o botão, esperando até que ela abrisse totalmente.

— Oi, a Ellie não está se sentindo bem. Acho que ela ficou enjoada da viagem de carro.

— Minha irmã não fica enjoada no carro — disse Finley, atrás de Marco. — Por que estamos no trabalho dela? Achei que íamos para o apartamento dela.

— O apartamento é aqui — explicou Tyler. — Em cima do escritório.

Finley sorriu.

— Fantástico. Então vamos.

Marco puxou uma enorme mala de rodinhas com várias bolsas de viagem empilhadas em cima pela calçada. Saí tropeçando da caminhonete.

— O que está fazendo?

— Ah — disse Finley. — Você precisa de ajuda com a bagagem?

— Não. É um apartamento de quarto e sala. Por que você não fica na casa dos nossos pais?

Finley pareceu irritada.

— Porque os nossos pais estão lá, e eles não sabem que eu estou aqui. Se soubessem, estariam na sua porta, porque também estão desesperados pra te ver.

Finley girou nos calcanhares, me esperando com Marco na porta.

Mastiguei a unha do polegar e olhei para Tyler, ainda no banco do motorista.

— Em momentos como este, me arrependo de não ser religiosa.

— Quer que eu vá com você? — ele perguntou. — Pelo menos, me deixa ajudar com as malas.

Balancei a cabeça, derrotada.

— Não quero que veja isso.

Preocupado, Tyler acenou para mim, esperando até eu chegar à porta antes de ir embora. Levei Finley e Marco até o andar superior, conduzindo Marco para o sofá e Finley ao meu quarto.

— Que incrível! Eu estava preocupada com o que você poderia pagar com o seu salário, mas isto é sensacional! Parabéns, irmãzinha!

— Bom — falei, vendo-a desfazer as malas como se estivessem em chamas —, meu chefe me fez uma ótima proposta.

— Como é o apartamento do Tyler? É legal como o seu?

— Não — respondi, balançando a cabeça. — Mas é decente.

— Por que ele não se muda pra cá, então? E por que você ainda não começou a encaixotar as coisas?

— Acabamos de decidir isso no Natal.

— Graças a Deus estou aqui — disse Finley. — O Marco pode te ajudar a empacotar.

— Eu realmente... estou bem. O Tyler vem pra cá mais tarde. Nós meio que vamos fazer isso juntos.

— Não seja boba... — começou Finley, finalmente olhando para mim por tempo suficiente para ver o que eu sabia que ela veria. — O que você está escondendo de mim? Ah, que inferno, Ellie! Você está grávida? — ela gritou.

— O quê? Não! Mal consigo cuidar de mim. — Eu a deixei e fui até a cozinha, abrindo a geladeira e tirando a tampa da minha cerveja barata preferida.

— Eca, que porra é essa? — perguntou Finley.

— Cerveja — respondi, mostrando a garrafa. — Quer? — perguntei, com um resto da bebida ainda na boca.

— Não. Você desenvolveu uns hábitos abomináveis, que a mamãe definitivamente não vai gostar.

— Bom, não planejo me encontrar com ela, então tudo bem.

— Ellie — começou Finley.

— Eu falei pra eles. Os dois morreram pra mim.

— Que grosseria. Eles só estavam tentando te ajudar.

Terminei a garrafa e abri outra.

As narinas de Finley se expandiram.

— Estou vendo que funcionou.

Segurei o topo da porta aberta da geladeira com uma das mãos e, com a outra, me agarrei à cerveja como se minha vida dependesse dela.

— Fin. Eu te amo, mas você não pode ficar aqui. Encontra um hotel, vai pra casa dos nossos pais, mas preciso que você vá embora.

Finley me encarou, surpresa no início, depois magoada.

— Como foi que isso aconteceu? Como foi que nos afastamos tanto? Sinto que estou parada na frente de uma estranha.

— Podemos conversar amanhã, mas preciso fazer isso em pequenas doses. Pelo menos no começo. Tenho que empacotar minhas coisas. Tenho muito a fazer, e não é justo você cair na minha vida neste momento.

Ela fez que sim com a cabeça e fez um sinal para Marco. Ele guardou as coisas dele e foi até o meu quarto para fazer o mesmo com os poucos itens que ela havia desempacotado sozinha.

As rodinhas bateram ao descer cada degrau enquanto Marco levava a mala até o carro. Abracei minha irmã, e ela me segurou por um segundo a mais antes de virar em direção à porta. Quando pegou a maçaneta, olhou para mim por sobre o ombro.

— Tem mais alguma coisa. Você está tentando me proteger de alguma coisa. Não pensa que eu não percebi.

Fechei os olhos.

— Por favor, vai embora, Fin.

Ela mordeu o lábio, depois desapareceu porta afora.

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